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Categoria: Humor

24 de Maio, 2015 Carlos Esperança

Há cheiros apelativos para os crentes

Bispa Sônia Hernandez lança perfume com cheiro de Jesus.

Publicado: em 19/04/2013 – às:13:05 por: Colunistas, Televisão

Bispa Sônia Hernandez lança perfume com cheiro de Jesus.

Bispa Sônia Hernandez lança perfume com cheiro de Jesus.

A Bispa Sônia Hernandez, lançou no último sábado (15) uma linha de cosméticos de  nome “De bem com a vida” no valor de R$ 79. O perfume “exala o bom cheiro de Cristo”, afirmou Fernanda, filha da Bispa.

Sônia afirmou que os Kit de produtos, vem da benção da Ceia de Oficiais, que diz que sementes que você nem lembrava que havia semeado iriam frutificar.  Segundo Sônia, os produtos demoraram alguns anos para chegar ao mercado por conta das pesquisas e desenvolvimento das embalagens e foram testados pessoalmente pela Bispa e sua  filha.

Agora, a novidade será lançar a linha de perfumes para homens, que será o kit do Apóstolo Estevam, marido dela, ambos fundadores da igreja evangélica Renascer em Cristo (*Com informações yahoo notícias).

17 de Março, 2015 Carlos Esperança

A fé é que os salva

Pela primeira vez na minha vida, na semana passada, fui a uma reunião da tão criticada Igreja Universal e partilhei as práticas e orações dos presentes.

De repente, o Pastor se aproximou do lugar onde estava, olhou-me fixamente e apontou-me o dedo.

Piedosamente, ajoelhei-me e ele colocou as suas mãos na minha cabeça e clamou em voz alta: Você vai caminhar!
Eu respondi-lhe baixo: mas não tenho nenhum problema de locomoção.

Ele ignorou minha resposta e quase gritando, voltou a exclamar: irmão, você vai caminhar!

Toda a Assembleia, com as mãos ao alto, começou a chorar: Você vai caminhar!

Mais uma vez, tentei explicar que não tinha nenhum problema com meus membros inferiores, mas foi em vão.
Cada vez mais forte e com mais energia, ele repetiu: Você vai caminhar!!!! , enquanto a Assembleia em transe gritava ainda mais forte: irmão, você vai caminhar!!!!

Optei por me calar e não dizer mais nada.
Quando o acto acabou deixei a Assembleia e, acreditem ou não, o maldito pastor tinha razão:

Tinham-me roubado o carro!!!!

28 de Novembro, 2014 Carlos Esperança

Resposta de Frei Bento à minha crónica pia

Por

Frei Bento

Caríssimo irmão em Cristo e estimado Carlos Esperança: noto, no seu artigo, extraordinários dotes de excelente plumitivo. Tal é inquestionável. Deploro, porém, a imensa ironia, a roçar o sarcasmo, imprópria de um ateu decente, tal é o conceito que faço do Carlos Esperança. Uma ironia própria de quem descrê, o que lamento, pois noto, em si, caro irmão em Cristo, uma cultura geral que era suposto levá-lo a acreditar em factos. Mas eu dou uma ajuda, já que estou, momentaneamente, sem grandes tarefas, visto o meu superior me ter, sem cacófato, proibido de exercer pastoral no hospital da Ordem. Algum filho da puta lhe disse que não havia doentes, e o meu superior perguntou-me “O que é que o irmão vai lá fazer?” A abadessa é que deve estar pior que estragada… Adiante.

Todo o seu maldosamente deturpado escrito assenta em dois vectores: o facto de Jesus não ter curado Lázaro, e o facto de ter sido necessário deslocar-se a Betânia para obrar. Obrar a ressurreição, naturalmente. Vamos por partes, irmão, que precisa de ver a Luz. Estávamos logo nos primórdios do calendário. Aliás, o actual calendário nem sequer existia, e as mulheres sabiam da aproximação do período menstrual pelas fases da lua. A tele-medicina, e é isto que importa, a tele-medicina ainda não tinha sido inventada. Claro que o irmão sabe disso, mas a má-fé tem destas coisas. Como queria que Jesus curasse um doente à distância? Àquela distância, ainda para mais, quando hoje, mesmo com os avanços da ciência, um médico não passa um récipe sem ver o doente? Pensa, o irmão Carlos, que Jesus era um embusteiro? Naturalmente, como a doença era galopante, só podia, Lázaro entrou na defunção antes de Jesus ter chegado. Claro que se fosse hoje, as coisas seriam diferentes, e o médico seria alvo de um inquérito, nem que fosse um mísero inquérito parlamentar, para não conduzir a lado nenhum. Mas note, caríssimo irmão: Jesus não era médico. Nem enfermeiro, sequer, como se prova pelo facto de nunca ter emigrado.

Acresce um outro pormenor: vamos supor, por hipótese meramente académica, que Jesus curava Lázaro à distância. Em teoria, podia fazê-lo, já que a Deus nada é impossível, embora Jesus ainda não fosse deus, pois só passou a sê-lo após o Concílio de Nicéia. Nessa hipótese, como é que se garantiria que a cura tinha sido feita por Jesus, e não por outro trapaceiro qualquer.

E pronto, parece estar claro que aquela frase, ali no meio «Então, este que deu a vista ao cego não podia também ter feito com que Lázaro não morresse»? não tem a mínima razão de existir, graças à minha explicação. E só não lhe chamo “erudita explicação”, porque a minha imensa humildade o impede.

Saúde e merda, que Deus não pode dar tudo

 

30 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

Momento zen de quarta_ 29_10_2014

O inefável João César das Neves (JCN), na última homilia, «Exterminador Implacável», foi buscar um dos pecados mortais – o orgulho –, considerado por Evágrio Pôntico, um monge escritor e asceta do séc. IV, era vulgar, como muito ruim.

JCN não refere o autor pio nem o método usado para medir o orgulho e a sua gravidade relativa, mas segue-o na severidade que atribui a tão grave pecado, capaz de despachar a alma do orgulhoso, em grande velocidade, para as profundezas do Inferno.

Na sua exegese, o orgulho é «maleita muito pior do que o ébola, o cancro ou diarreia». Comparar a diarreia ao ébola é porque teme a primeira, apesar de ser nele frequente, e não faz ideia do que é o segundo, mas em pecados o especialista é JCN.

O devoto perora sobre os 7 pecados capitais, que algum papa recente já passou a 8, com a desenvoltura com que debita orações ou aperta o cilício, e recorre a santos doutores na defesa da gravidade do ‘orgulho’ cuja cultura pia lhe permite chamar também ‘soberba’. Depois de referir que «Na tradição cristã (…) é este o pecado de Satanás e também de Adão e Eva», arrasa os céticos com esta demolidora citação:

«São Tomás de Aquino explica: “A soberba encerra a gravidade máxima, pois nos outros pecados o homem afasta-se de Deus por ignorância, fraqueza ou busca de outro bem, enquanto a soberba se afasta de Deus precisamente por não se querer submeter a Ele e à sua lei (…)” (Summa Theologiae II-II 162, 6)».

Pode não se perceber a que propósito traz à colação os nomes de Merkel e Salgado, mas recorre à biologia para defender a gravidade do ‘orgulho’, «maleita tão virulenta, que chega a infectar através da própria vacina: muitos somos orgulhosos da falta de orgulho, gabando-nos da nossa enorme humildade» – afirma JCN em exaltação pia e autocrítica.

Seguindo as regras da melhor parenética, JCN execra a moléstia mas receita o antídoto: «Como o quinino na malária ou a insulina na diabetes, apenas uma droga pode controlar o orgulho: humildade». Embora esteja desatualizado meio século em relação ao quinino, prescreve o remédio salvador para o orgulho, que não aparece «nas formas habituais de xarope, comprimido ou vaporizador, mas em pastilhas (…) nas páginas de um livro: A Prática da Humildade (Paulus), escrito há cerca de 150 anos por Vincenzo – Cioacchino Pecci. A referida raridade do produto no circuito comercial explica-se, em parte, por o seu humilde autor ser mais conhecido como Papa do que como químico farmacêutico».

JCN termina em êxtase místico esta inspirada homilia, citando Leão XIII, São Pedro, o beato Pio IX e São João Paulo II, referindo leituras sacras, «grandes obras doutrinais e pastorais, como as encíclicas Aeterni Patris (1879) sobre a filosofia cristã e Rerum Novarum (1891)», sem esquecer o objetivo sagrado da homilia, este momento zen de quarta, «combater o terrível e peganhento muco da soberba». Esqueceu outros fluidos, tal como esqueceu o papa Francisco cuja santidade profissional o levará a esgotar o bicarbonato de todas as farmácias próximas da madraça de Palma de Cima.