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Categoria: História

23 de Junho, 2014 Carlos Esperança

A posse do rei de Espanha

Apesar de a monarquia ser uma instituição obsoleta, sem legitimidade, onde o poder se transmite por via uterina e se torna vitalício, o rei de Espanha portou-se melhor do que alguns republicanos, como se vê no post anterior.

As sotainas recolheram o cálice e a patena, os bispos a mitra e o báculo, e os cardeais o barrete. A cerimónia insalubre não teve lugar. O clero limita-se a mandar rezar.

21 de Junho, 2014 Carlos Esperança

Iraque – A invasão dos cruzados e as sequelas atuais

Os aliados confundiram a rapidez da vitória com a virtude da expedição, a febre de destruição com a sede de liberdade e usaram a crueldade do regime deposto para legitimar a agressão.

A passividade perante a fúria devastadora dos bandos ensandecidos deveu-se à cultura dos soldados americanos. Suspeitando que os sumérios fossem terroristas e os assírios financiadores da Al-qaeda, nas tábuas de gesso, com mais de cinco mil anos, temeram mensagens cifradas em escrita cuneiforme, e numa cabeça esculpida, da época suméria, viram um busto de Saddam.

Numa biblioteca a arder, com preciosidades únicas, julgaram ver a livraria do ministro da informação.

A inércia e incultura dos invasores criaram cáfilas de díscolos, numa orgia destruidora, e hordas de saqueadores em busca de despojos.

No Iraque, o povo que sobrou devastou palácios, arruinou o património, ajustou contas antigas e recentes, desfez o país que restava.

Os invasores não se limitaram a arrasar o país, quiseram apagar uma civilização.

Agora, onze anos decorridos, o País ameaça dividir-se. Acentuaram-se as rivalidades étnicas e religiosas e o ódio comum ao invasor transferiu-se para sunitas e xiitas, entre si, enquanto a sharia vai a caminho.

O julgamento de Saddam foi uma farsa em que o ditador humilhou e desmascarou o simulacro de tribunal que o julgou. Os crimes de Saddam não tinham defesa e o tribunal carecia de legitimidade. É difícil apurar a verdade num tribunal protegido por invasores que se basearam na mentira.

Saddam, num dos últimos dias de vida, acusou o ministério do Interior, dirigido por um xiita de montar esquadrões da morte que assassinavam sunitas, e afirmou que se tornara um órgão que matou milhares de iraquianos e os torturou.

Agora são sunitas os dementes da fé, alucinados do Profeta, o Misericordioso, que estão a vingar-se dos xiitas, enquanto o Irão entra para o Eixo do Bem e oferece auxílio contra os muçulmanos desvairados que só querem a vitória ou 72 virgens.

10 de Agosto, 2012 Carlos Esperança

Mulher e vítima, uma herança religiosa e tribal

A MULHER NA HISTÓRIA DA EUROPA…

DOS HOMENS…

Parirás com dor.
Bíblia.

A mãe não saberia dar vida. Ela é somente o vaso onde o germe vivo do pai se desenvolve. É ao pai que são devidos o respeito e o amor das crianças. Quem mata a mãe não é parricida.
Ésquilo.

Há um princípio bom que criou a ordem, a luz e o homem. Há um princípio mau que criou o caos, as trevas e a mulher.
Pitágoras.

A mulher é fêmea em virtude de uma certa falta de qualidades
Aristóteles.

Mulher, tu és a porta do Inferno, a via da corrupção, a aliada de Satanás. Deverias sempre vestir de luto e não te cobrires senão de andrajos e teres os olhos inundados de lágrimas. Tu és responsável pela a do género humano.
Tertuliano.

A mulher menstruada estraga as colheitas, devasta os jardins. mata as sementes, faz cair a fruta, mata as ovelhas e faz azedar o leite se lhe toca.
Plínio.

Um ser ocasional e acidental, a mulher
São Tomás de Aquino.

A gravidez não é mais do que a tumefação do útero.
São Tomás de Aquino.

É através da mulher que nos foi enviada a destruição; é através da mulher também que nos foi enviado o parto.
Santo Agostinho.

Nascemos entre os excrementos e a urina.
Santo Agostinho.

A mulher é feita para ceder ao homem e suportar-lhe as injustiças
Jean-Jacques Rousseau.

Ela foi dada ao homem para que ela faça filhos e ela pertence-lhe, como uma árvore com frutos pertence ao jardineiro.
Napoleão.

A mulher é uma propriedade que se adquire por contrato. Deveis ter horror às raparigas com instrução
Balzac.

Não tenham a mínima inquietação com os seus queixumes, os seus gritos, as suas dores. A natureza fê-la para suportar tudo. Filhos, pancada e desgostosos do homem.
Balzac

Devemos alimentá-las bem e vesti-las bem mas não as meter na sociedade. E não devem senão ler livros de piedade e de cozinha.
Byron.

Uma mulher, ao usar a sua inteligência torna-se feia, louca, macaca
Proudhon.

Não se pode imaginar uma olimpíada feminina. Seria impraticável, inestética e incorreta.
Pierre de Coubertln

O destino da mulher deve permanecer o que é: na juventude uma coisa adorável e deliciosa; na idade madura, o de uma esposa querida. (…) o desejo do êxito numa mulher é uma neurose, o resultado de um complexo de castração do qual só se curará através de uma total aceitação do seu destino passivo. A mulher… um homem falhado.
Freud.

Citações recolhidas em .Sexologia, de Gilbert Tordjman, e em Assim seja Ela, de Benoite Grautt.

(Citações enviadas pelo leitor CF)

17 de Abril, 2012 João Vasco Gama

Desconversão – em português

aqui partilhei uma excelente série de vídeos sobre uma experiência de desconversão. Pela forma séria, sofisticada e apelativa como está construída e pela clareza e pertinência dos argumentos apresentados, sugeri vivamente o seu visionamento completo.

Recentemente descobri que essa série foi legendada em português. Agradecendo a quem fez a tradução, aproveito para divulgar a série de novo neste espaço.

Aqui está um dos melhores vídeos da série, o momento da desconversão, desta feita legendado em português:

PS- Não esquecer de activar as legendas, para quem não tem essa opção por omissão.

24 de Janeiro, 2012 João Vasco Gama

Os dez mandamentos

Este vídeo é uma sátira muito bem feita, relativa à alegação disparatada de que o enquadramento jurídico ou moral das sociedades ocidentais é baseado nos 10 mandamentos.

30 de Outubro, 2011 João Vasco Gama

O escândalo dos bebés roubados

Este vídeo descreve e analisa factos perturbadores ocorridos durante o regime de Francisco Franco. Entre 30 mil e 300 mil bebés foram roubados aos pais e vendidos com a colaboração da Igreja Católica. Sugiro o visionamento completo:

11 de Julho, 2011 Carlos Esperança

Factos e documentos

Carta da Irmã Lúcia (“pastorinha” de Fátima) ao Cardeal Cerejeira (salazarista): “Salazar é a pessoa por Ele (Deus) escolhida, para continuar a governar a nossa Pátria, a ele é que será concedida luz e graça para conduzir o nosso povo pelos caminhos da paz e da prosperidade.”

21 de Abril, 2011 C. S. F.

Grande Cisma do Ocidente, Cisma Papal ou Grande Cisma – III

Parte III

3 PAPAS, DOIS EM ROMA, UM EM AVINHÃO

Gregório XII, papa de Roma de 1406 a 1415. Prometeu acabar com o cisma, mas não o fez.
Em 21 de Setembro de 1407 o papa Bento XIII e o futuro Gregório XII marcaram um encontro em Savona, mas só o primeiro compareceu. O segundo fê-lo esperar muito pretextando a ocupação de Roma e os seus assuntos internos.

Então, nove cardeais de Gregório desertaram e negociaram com os de Avinhão em total desobediência aos dois papas. Realizaram um concílio geral com alguns cardeais de Avinhão em Pisa, em 25 de Março de 1409. O Concílio Pisano, visava a extinção do Grande Cisma do Ocidente. Participaram o arcebispo de Lisboa, João, o bispo de Lamego e mais dois teólogos portugueses.
Eram cerca de 500 clérigos, bispos, seus delegados, abades, capítulos de catedrais e universitários reuniram uma assembleia na cidade de Pisa que condenou os papas, os destituiu por serem hereges e elegeram Alexandre V como papa legítimo que faleceria um ano depois.

Decidiram depor os dois papas em 5 de Junho de 1409. Condenaram o papa Benedito XIII de Avinhão e Gregório VII de Roma e elegeram Alexandre VI que reinou de 1406 a 1410. Foi papa com outros dois, um de Avinhão, um de Roma, tendo estes dois últimos recusado demitir-se.

Papa Alexandre VI de Roma de 1406 a 1410. Eleito no concílio de Pisa, em substituição dos dois existentes, que se recusaram a acatar e decisão. Coexistiu com mais dois papas, um de Avinhão, um de Roma!
Passeava em Pisa num burro branco, vestido de papa.
Famoso glutão. Passava o tempo a comer, servido por quatrocentas mulheres (?).
Excomungou os outros dois papas e estes excomungaram-no.
Reconvocou o concílio de Constança e em seguida abdicou.

Os papas tentaram subornar-se, espiar-se, enganar-se e matar-se uns aos outros, com auxílio de espiões, assassinos e mercenários.

Bento XIII ficou como único papa e foi ordenado cardeal, bispo do Porto, em Portugal.

João XXIII, antipapa de 1410 a 1415. Por morte de Alexandre V de Pisa, foi eleito Baltazar Cossa, nobre empobrecido, pirata napolitano e praticante de ”luxúrias antinaturais”, com o nome de João XXIII, antipapa de Pisa (não confundir com João XXIII dos tempos recentes, de Roma).
Estudou direito. Bom para os negócios. Vigarista. Descarado e libertino. Guloso e devasso, tinha relações sexuais mesmo com duas irmãs.
Pouco depois da entronização entrou em guerra com o rei de Nápoles, foi derrotado. Refugiou-se em Florença, onde instalou a cúria.
Contava com o enérgico apoio do imperador alemão Segismundo da Hungria que detestava os franceses e os romanos
Tornou-se, depois de ser papa, tesoureiro papal do papa romano Bonifácio IX.
Usou o suborno e prostitutas controladas por si para dominar as pessoas. Sedutor de mulheres às centenas, cobrava imposto às prostitutas, condenava facilmente pessoas à morte. Perseguiu e bateu nos judeus. Mutilava os cardeais. Era jogador.
Matou numerosas pessoas em Bolonha.
Destituído pelo Concílio de Constância, por ateísmo, corrupção, incesto, adultério, corrupção e homicídio.
etc., foi preso na Baviera, mas comprou a sua liberdade, regressou a Itália onde viveu sumptuosamente em Florença, por cortesia do seu amigo banqueiro Cosimo de Médici.
Morreu em 1419 sem ser papa, mas era bispo na altura. Donatello concebeu-lhe o túmulo no baptistério octogonal da Catedral de Florença.
No século XX houve outro papa como mesmo nome para disfarçar os actos deste.
(mais…)

19 de Abril, 2011 C. S. F.

Grande Cisma do Ocidente, Cisma Papal ou Grande Cisma – II

Parte II

CISMA
ENTRE OS PAPAS DE ROMA E DE AVINHÃO
DE 1378 A 1418

Os concílios passaram a sobrepor-se aos papas.
O Cisma é resolvido com o Concílio de Constança, só em 1418.

Quando morreu Gregório XI eclodiram tumultos em Roma, por temor de nova eleição de um papa estrangeiro. Exigiram um papa romano ou, pelo menos italiano. A Itália estava em grande desordem e descontente por a maioria dos cardeais serem franceses ou seus aliados. Exigiam um papa italiano, como antes era tradição.
Quando morreu o papa, o conclave dos cardeais reuniu-se de imediato, para impedir a vinda dos cardeais que permaneciam em Avinhão.
Os magistrados da cidade, para tornar possível a reunião, ameaçaram os habitantes que praticavam a violência, expulsaram da cidade os nobres influentes e reforçaram a guarnição da cidade. Mas avisaram os cardeais que tinham de eleger um papa italiano, romano de preferência.
O povo ameaçava violentamente os cardeais quando se dirigiam ao conclave. Os amotinados tocavam os sinos da cidade (mesmo os do Vaticano) a apelar à revolta e atacavam o conclave tentando atravessar o tecto da sala da reunião com lanças e ameaçando queimar o edifício.
Como não existia um cardeal italiano elegível, os cardeais decidiram escolher rapidamente Bartolomeu Prignano, um funcionário experiente do papado, que não pertencia ao Sacro Colégio e imediatamente o cardeal Orsini (família patrícia romana de origem etrusca) foi à janela anunciar a escolha.
Quando viram o cardeal na janela a multidão aumentou o barulho de tal modo que todos julgaram ter ouvido “Ide à basílica de São Pedro!”
Todos pensaram que o cardeal de São Pedro tinha sido eleito, um italiano muito velho e doente. Um prelado francês, ao perceber-se do engano, gritou: “Bari! Bari!”.
Os romanos perceberam erradamente que o escolhido era o cardeal francês limusino Jean Bar, ficaram furiosos e invadiram o Vaticano.
Os cardeais, com medo de morrerem, sentaram o cardeal de S. Pedro no trono e vestiram-no de papa.
O velho era inválido, estava muito cansado, aterrorizado e exaltado. Cercado pela multidão, amaldiçoava todos os que se ajoelhavam para receber a sua bênção.
Levou tempo até que o povo se apercebesse que tinha sido enganado.

Foi depois eleito Bartolomeu Prignano, arcebispo de Bari, por ser napolitano, para equilibrar o peso dos cardeais franceses regressados de Avinhão e os desejos dos romanos de terem um papa romano. Reinou de 1378 a 1389,
Prignano foi muito maltratado pelos cardeais e esperou muito para ser empossado.
Na festa de coroação insultou e quis agredir um cardeal francês. Tentaram destitui-lo.
Adoptou o nome de Urbano VI.
Era prepotente, violento, de palavras grosseiras. Bêbado com mau génio. Comportou-se de forma muito autoritária. Atacou com violência os cardeais, acusando-os de avidez, de serem muito ricos e de costumes duvidosos.
Reprimiu violentamente os cardeais que o tinham elegido.
Os cardeais franceses, um número considerável da alta hierarquia católica, fugiram para Agnani, a pretexto do calor, por serem odiados pelo novo papa, destituíram Urbano VI e elegeram um novo papa, novamente francês, Clemente VII, um cruel militar, em Fond, perto de Nápoles, com o apoio tácito dos cardeais italianos. Tentou impor-se em Itália, mas não o conseguiu. Refugiou-se em Avinhão.
(mais…)