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Categoria: Livros

2 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

Ateísmo contra o proselitismo

Recentemente personalidades distintas do jornalismo, das ciências e da cultura sentiram necessidade de dar púbico testemunho das suas convicções ateias. Foram afectadas na sua tranquilidade e ganharam inimigos de estimação. Nada somaram ao seu bem-estar e ao prestígio, apenas correram riscos e despertaram críticas, ódios e vilipêndios.

Pode perguntar-se o que levou Christopher Hitchens, Sam Harris ou Richard Dawkins, por exemplo, a entrarem em polémicas com adversários poderosos e pouco leais, a enfrentarem o poder das sotainas e a legião de oportunistas que se promoveu à custa da piedade pública e da indiferença privada.

Creio que foi um sobressalto cívico que os impeliu para uma batalha que, não sendo fácil, pode evitar as guerras que o fanatismo promove, que as religiões preparam com a demência prosélita que católicos, protestantes evangélicos, cristãos ortodoxos, judeus sionistas e muçulmanos xiitas ou sunitas se esforçam por travar em nome de um Deus cuja existência é eliminada pela probabilidade estatística e pela razão.

A reflexão científica e filosófica arrasa os mitos da religião. As descobertas científicas cobrem de ridículo os livros sagrados, as novas gerações desprezam os mitos e os rituais que duraram séculos e, finalmente, a perda do poder temporal das Igrejas conduziu à progressiva secularização da sociedade, à indiferença religiosa e ao ateísmo.

A perda de poder, aliada à forte competição religiosa pelo mercado da fé, assanhou o clero e enraiveceu fanáticos, ansiosos por fazerem regressar a humanidade à Idade Média.

Foi a consciência desse perigo que levou vários intelectuais a manifestarem-se contra a superstição e a agressividade dos vários credos em confronto. «Deus não é Grande», «O Fim da Fé» e a «Desilusão de Deus» são alguns dos mais recentes livros com as mais consistentes denúncias do perigo que as religiões representam para a paz e o progresso.

Desmascarar as mentiras pias é mais do que um dever, é um serviço público prestado à humanidade. 

30 de Maio, 2007 Helder Sanches

Christopher Hitchens: o quarto cavaleiro do Apocalipse

Richard Dawkins, Sam Harris e Daniel Dennett têm sido, durante os últimos tempos, os nomes mais sonantes na cena internacional a exporem o ridículo e os perigos da fé e da religião. Cada um no seu próprio estilo, têm conseguido captar a atenção dos media, principalmente nos EUA, onde o ateísmo ainda é visto pela grande maioria como uma espécie de doença que coloca na testa o selo “Inferno Express”.

Por outro lado, pode-se especular que esta recente coincidência de autores sobre o tema ateísmo – e a importância que lhes é dada – não passará de uma reacção social a dois mandatos de G. W. Bush, caracterizados por uma maior teocratização do discurso de Estado e por uma maior influência dos grupos cristão conservadores nas decisões de Washington.

Seja como for, é de salientar a publicação de mais uma obra de relevo a questionar a utilidade e a sanidade do fenómeno religioso. “God is Not Great: How Religion Poisons Everything” é o titulo do mais recente livro de Christopher Hitchens. O The New York Times publicou recentemente um excelente artigo sobre Hitchens e a sua mais recente obra. “In God, distrust“, por Michael Kinsley, é uma leitura recomendada. Nota: disponível apenas para subscritores, mas a subscrição é grátis.

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)

30 de Março, 2007 Ricardo Alves

«O Fim da Fé», de Sam Harris, agora em português

No Diário Ateísta, temos acompanhado o sucesso editorial dos livros de Sam Harris, «The End of Faith» e «Letter to a Christian Nation». Temos também disponibilizado vários vídeos do autor. O primeiro livro, que nos EUA vendeu meio milhão de exemplares, acaba de ser publicado em português, na Tinta da China, com o título «O Fim da Fé – Religião, Terrorismo e o futuro da Razão». Que eu saiba, é o mais violento dos manifestos anti-religiosos já publicados no século 21 (ou, mais concretamente, o mais violento manifesto contra as religiões baseadas na fé). Todavia, merece-me algumas discordâncias de ordem científica e política. Depois da publicação do livro de Onofre Varela, mais um sinal de que o intenso movimento editorial de livros sobre ateísmo começa finalmente a chegar a Portugal.
22 de Fevereiro, 2007 Ricardo Alves

É hoje!

«Defendo que o conceito e factor civilizacional denominado Deus, não só não é intocável como é assunto a merecer a maior e a mais viva das discussões no sentido de espevitar consciências que, mesmo fechadas ao tema, sofrem indelevelmente, sem o saberem, dos males provocados pela exploração da ideia de Deus que a todos vitimiza.

É provável que a abordagem do fenómeno Deus possa ser efectuada de outra maneira. Eu preferi não ter medo das palavras e usá-las para transmitir, rigorosamente, o que penso. Não me preocupei com a escolha de termos «politicamente correctos» mas sim com a eleição das frases que me pareceu poderem transmitir, com a limpidez de pura água, a minha sensibilidade sobre o tema, sempre com a preocupação de não ofender os crentes, pois sei que de sensibilidades e água somos todos nós compostos!»

Será hoje às 18h30m, no 121 da Avenida Almirante Gago Coutinho, em Lisboa, o lançamento daquele que creio ser o primeiro livro especificamente sobre ateísmo publicado por um português nos últimos 40 anos. Vemo-nos lá!

17 de Fevereiro, 2007 Ricardo Alves

O ateísmo activo e optimista de Onofre Varela

«Não construí a sociedade que herdei, não estou satisfeito com ela, nem me satisfaz a ideia do previsível futuro que vejo a ser esboçado por aqueles que assumiram a responsabilidade de gerir os povos, nem pelo clero que, paralelamente a tal gestão, pretende influenciar destinos pela via mitológica. É da realidade da época e do meio em que vivo, e dos sentimentos que essa realidade em mim despertou, que nasceram a curiosidade, a ira, a calma e a ansiedade que me incendiaram paixões. Foi sobre isso que escrevi, com a convicção de que fui honesto comigo, e de que usei a crítica com o devido respeito à religiosidade de quem crê.»

(Onofre Varela, nas páginas finais de «O Peter Pan não existe – Reflexões de um Ateu»; a apresentação do livro em Lisboa será já na quinta-feira.)

15 de Fevereiro, 2007 Ricardo Alves

Finalmente um livro sobre ateísmo!

O livro «O Peter Pan não existe – Reflexões de um Ateu», da autoria de Onofre Varela, será lançado no dia 22 de Fevereiro, às 18h30m, na sede da Editorial Caminho (Av. Almirante Gago Coutinho, 121, em Lisboa).

O Onofre Varela participou, com os colaboradores portugueses do Diário Ateísta, nos Encontros Nacionais de Ateus de Dezembro de 2003 (em Coimbra) e de Setembro de 2004 (em Lisboa). O sítio original do «ateismo.net», actualmente suspenso, incluía alguns textos seus. Fez uma carreira de cartunista, o que explica a magnífica capa que se pode apreciar ao lado.

Num momento em que se publicam vários volumes sobre ateísmo no mundo anglo-saxónico e francófono (nenhum dos quais mereceu a atenção das editoras portuguesas, sabe-se lá porquê…), o livro do Onofre Varela vem suprir uma lacuna na nossa paisagem cultural. (Se não me falha a memória, é o primeiro livro português especificamente sobre ateísmo desde a morte de Tomás da Fonseca, em 1968…)

A apresentação do livro em Lisboa estará a cargo de um tal Ricardo Alves. Estais convidados.

13 de Fevereiro, 2007 Ricardo Alves

Sabiam?

Sabiam que a Marktest publicou este excelente livro que recolhe as crónicas e outros escritos do «nosso» Carlos Esperança?

Para alguém da minha geração, para além do prazer de apreciar a escrita do Carlos Esperança, e as suas estórias bem contadas, este livro permite conhecer um pouco do mundo, (para mim) distante e quase incompreensível, que era a Beira Interior no terceiro quartel do século passado, entre a catequese terrorista da ICAR, a pobreza e o futebol, as procissões e a «Índia portuguesa», os padres informadores da PIDE, os contrabandistas e as aulas do liceu, e depois o Martinho da Arcada antes da guerra colonial, as praias da Caparica nos anos 60 e finalmente o 25 de Abril. Compreender o que foi tudo isto não é óbvio para quem só tem memória da democracia.

A partir de 1974, dão-se umas alfinetadas valentes numas figuras que sobraram do antigamente e que parecem não sabê-lo (como os seguidores de Josemaría Escrivá e o pai do Dinis de Santa Maria), e, após o 11 de Setembro, surge a preocupação com o islamismo e outros clericalismos, e a sua vacina: a laicidade.

Tudo numa prosa de fazer inveja, e com o humor do Carlos.

(É pena que não esteja nas livrarias.)