Loading

Categoria: Cristianismo

29 de Março, 2014 Carlos Esperança

O antissemitismo cristão

Surpreende o vigor com que o cristianismo e, em particular, o catolicismo nega quase vinte séculos de antissemitismo militante, hoje menos virulento do que o islâmico.

Martinho Lutero que conhecia a Bíblia tão profundamente quanto a corrupção papal, dizia dos judeus: «são para nós um pesado fardo, a calamidade do nosso ser; são uma praga no meio das nossas terras». (1543)

Quanto à ICAR não é preciso recordar o tribunal do Santo Ofício, basta relembrar as declarações papais ou citar as abundantes e descabeladas manifestações de ódio que a o Novo Testamento destila.

Eloquente, chocante e demente foi a atitude do cardeal da Alemanha, Bertram, ao saber da morte do seu idolatrado führer Adolfo Hitler. Já nos primeiros dias de maio de 1945, com a derrota consumada (a rendição foi no dia 8), ordenou que em todas as igrejas da sua arquidiocese fosse rezado um requiem especial, nomeadamente «uma missa solene de requiem, em lembrança do Führer». Entretanto o católico Salazar decretou três dias de luto pelo facínora.

Para alguns católicos e, sobretudo, para ateus, agnósticos e fregueses de outras religiões, é preciso dizer-lhes que, de acordo com a liturgia do requiem, uma missa solene de requiem se destina a que os devotos possam suplicar a Deus, Todo-Poderoso, a admissão no Paraíso do bem-aventurado em lembrança de quem a missa é celebrada.

Os quatro Evangelhos (Marcos, Lucas, Mateus e João) e os Atos dos Apóstolos são uma fonte de ódio antijudaico cristão tal como o Corão para os muçulmanos. Felizmente, os cristãos, sobretudo os católicos, leem pouco a Bíblia e creem vagamente no conteúdo.

Porém, em períodos de crise, há o risco de se agarrarem ao livro sagrado como os alcoólicos à bebida e, tal como estes, sem discernimento ou força anímica para renunciarem à droga, impedidos pela habituação e dependência que os escraviza.

O livre-pensamento é uma tentativa séria para promover uma cura de desintoxicação.

 

25 de Março, 2014 Carlos Esperança

O sexo dos anjos e a política europeia

Constantinopla já estava cercada pelos turcos otomanos, mas, antes da queda iminente, os teólogos discutiam, com ardor científico, a dúvida perturbadora do sexo dos anjos.

Todos sabemos que os zelosos funcionários alados, que a vontade divina distribuiu por rígida hierarquia, não podem ser desprezados, nem que o céu caia em cima dos devotos e eminentes investigadores.

Para os menos versados na hierarquia celeste, decalcada da militar, ou vice-versa, aqui fica por ordem decrescente a fauna que povoa o Paraíso:

– Serafins, Querubins e Tronos (oficiais generais); Dominações, Virtudes e Potestades (oficiais superiores); Principados, Arcanjos e Anjos da Guarda (subalternos). Convém esclarecer que Lúcifer, caído em desgraça, era um Serafim, não um anjo de segunda linha ou mero alcoviteiro, ao nível do arcanjo Gabriel.

A importante discussão não foi interrompida nessa terça-feira, em 29 de maio de 1453, em que o sultão Maomé II destruiu o Império Romano do Oriente e fez de Constantino XI Paleólogo o último imperador bizantino, cuja alma logo enviou para o Paraíso.

Nesse dia, a Idade Média expirou na Europa e apenas o sexo dos anjos e o seu nebuloso método de reprodução continuaram uma incógnita.

Lembrei-me da discussão quando foram anunciados os resultados da eleições francesas. O PCP logo descobriu que o PSF foi o culpado e o PS português emitiu um comunicado a dizer que o maior aliado da direita é o PCP. Independentemente da razão que a ambos decerto assiste, e que a este Diário pouco interessa, preocupa-me o ardor dos teólogos da política, mais interessados na caça ao voto do que nos esforços comuns para conter a extrema-direita que surge apoteótica, católica, esquecida a linhagem fascista e a matriz genética donde provém.

Em 1453 acabou a Idade Média – sei que os historiadores inventaram outras divisões –, e agora pode começar o fim da Idade Contemporânea. A vida é um eterno retorno mas as pessoas serão já outras.

2 de Fevereiro, 2014 David Ferreira

Jesus, esse revolucionário incompreendido

Esqueçamos a metáfora. Ponhamos de parte a subjectividade interpretativa de textos avoengos que o passado e os adeptos da sua eternização nos legaram como herança. Tomemos como real a romantizada história dessa enigmática personagem que uns misóginos psicopatas utilizaram como pilar mor para a fabricação da mais poderosa instituição a que a humanidade alguma vez se viu subjugada. Façamos de conta que Jesus, mais tarde Cristo, de facto existiu e que disse precisamente o que vem relatado nos evangelhos sinóticos, numa época primitiva em que o plágio intelectual e a pirataria cultural eram o único meio de passar informação ou de subtrair reconhecimento.

Esqueçamos, disse, o obscurantismo metafísico urdido para controlar a excessividade exibicionista e controladora da testosterona ou os estouvados impulsos púberes do estrogénio. Jesus de Nazaré, a personagem vagamente histórica que as mentes mais perversas e conservadoras preferem cultuar no auge da decadência e do sofrimento foi, sobretudo, e muito mais do que lhe acrescentaram postumamente, um revolucionário, um humanista dedicado, um iluminado precoce, apesar de atormentado pela compreensível crendice mais desesperada, um placebo antidepressivo numa época enclausurada pela selvajaria mais descontrolada.

Nos dias que correm, Jesus seria catalogado como um fanático e perigoso ideólogo de esquerda, um anarquista pós-punk, um yuppie pacifista adepto da contraceção e das praias de nudismo, um alienado rastafári a declamar poemas de amor em pelo no alto de uma montanha após incendiar uma plantação de cannabis, ou quiçá, benzei-vos, um comunista militante, porque ateu para com os antiquados, sádicos e narcisistas deuses capitalistas, excessivamente neoliberais. Apoiaria a Greenpeace, lutaria pelos direitos dos animais, seria membro do movimento LGBT, lutaria pela igualdade da mulher, estaria sempre do lado das minorias castradas de voz e sempre contra as vozes autoritárias do poder hereditário ou ilicitamente açambarcado. Um verdadeiro homem do povo, para o povo e com o povo. Não por ser igual a tantos, mas por a tantos reconhecer a diversidade e as fraquezas. E por a tantos vislumbrar o potencial. E porque a todos Deus criara. Tal como eram. Fossem como fossem. Porque tudo criara, afinal. E quem são os homens para questionar a criação de Deus?

Pasme-se pois, porque creiam que de pasmo aqui se trata, que, volvidos dois milénios (mais ano, menos ano), sejam precisamente os avatares das personagens que Jesus criticou veementemente, os espíritos mais conservadores, elitistas, reaccionários, calculistas e oportunistas, ou simplesmente insensatos, os que mais aguerridamente lhe usurpam o imaginário procurando impor aos restantes um tipo de mundividência em nome de quem categoricamente se entregou à morte para a achincalhar.

Estes que em seu nome falam são os que insistem em misturar o seu abastardado sistema de crenças, impregnado de uma idolatria que os antigos mandamentos já haviam condenado, com o governo dos homens, esquecendo o que ele disse, antecipando em séculos a laicidade: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.”

Estes são os que falam da necessidade de uma interpretação metafórica para tudo o que à luz do pensamento moderno possa parecer descabido, mas que continuam sem compreender a simbologia bem atual do episódio dos vendilhões do templo; ou que ele entraria em Fátima (um exemplo entre tantos) não de mãos postas e olhar de celibatário sensaborão, mas de cajado em riste, pronto a escavacar a gigantesca tabanca comercial com que os vendilhões do templo atestam os cofres do Vaticano com os parcos tostões que os vendilhões da banca caridosamente permitiram poupar.

Estes são os que no novo oeste negam a ciência e a evolução e lançam guerras santas contra outras de igual índole em terra deserta, e para muitos ainda plana, esquecendo que todos os rostos têm duas faces. E que estas faces, apesar de opostas, são semelhantes e completam o todo.

Estes são os que julgam quem nasce diferente, quem pensa diferente, apenas por não serem iguais à maioria, e se esquecem que o homem aconselhou a não julgar, para não se ser julgado, porque com o juízo com que se julga assim também se será julgado. Ou que atire a primeira pedra o que não tiver defeitos ou não tenha cometido erros. Ou que quem violar os mandamentos será declarado o menor no Reino dos Céus, o que engloba a totalidade da espécie humana.

A história da humanidade é tantas vezes feita de incongruências… Como é possível que alguém que hoje seria visto como um revolucionário de esquerda, passe o cunho ideológico, alguém que lutou pelos mais básicos direitos humanos,  tenha sido utilizado após a sua morte como símbolo para a implementação de sequiosos, torpes e retrógrados valores clericais e da frívola ideologia da direita mais reacionária?

A segunda vinda de Jesus Cristo está prevista na sua biografia não autorizada. Talvez seja por isso que os usurários do seu pensamento insistem em mantê-lo pregado na cruz. Não vá ele próprio tecê-las…

Esqueçamos, então, o obscurantismo. E façamos de conta que tudo isto é real.

6 de Novembro, 2013 Carlos Esperança

BÍBLIA – CONTRADIÇÕES (3 de 4)

Por

João Pedro Moura

11- Quando Jesus foi crucificado, as mulheres presentes estavam perto da cruz ou observavam-no ao longe?

Estavam perto: João 19,25.

       Estavam longe: Marcos 15,40; Mateus 27,55; Lucas 23,49.

12- Os 2 criminosos, crucificados com Jesus, insultavam-no em conjunto ou só um criminoso é que o fazia?

Os dois: Marcos 15,32 e Mateus 27,44.

       Só um: Lucas 23,39-42 diz que só um é que o insultava e que o outro defendia Jesus.

13- Quem era o avô paterno de Jesus?

Jacob: Mateus 1,16

       Eli: Lucas 3,23

14- Quantos cegos Jesus curou à saída de Jericó?

1: Marcos 10,46 e Lucas 18,35.

       2: Mateus 20,30.

Caros leitores:

Segundo Mateus, os antepassados de Jesus até á 5ª geração foram: José, Jacob, Matã, Eleazar, Eliud.

Segundo Lucas, foram: José, Eli, Matat, Levi, Melqui.

Portanto, não só não coincidem até à 5ª geração, que é a mais próxima e mais suscetível de recordação, como não coincidem no resto da genealogia, que Mateus remonta e termina em Abraão, e Lucas até … Adão… mesmo sabendo que este teve 2 filhos, Caim e Abel, que não poderiam procriar, a não ser com a mãe, e que, portanto, não puderam dar origem à continuação da espécie humana…

…Mas nós estamos cá!… porque a Bíblia arranjou mulher para Caim, não se sabe donde…

Adiante…

Como se este mistifório religioso não bastasse para descredibilizar a narrativa bíblica, ainda temos mais um pormenor:

A que propósito os bíblicos evangelistas pegam no José, pacato carpinteiro, que tinha casamento aprazado com a Maria, e lhe atribuem a paternidade do Jesus, depois de os narradores terem dito que Maria “achou-se grávida pelo Espírito Santo” e não pelo Zezinho da carpintaria???!!!

Assim, pegam neste putativo pai Zezinho e fazem remontar, a partir do mesmo, a ascendência do Jesus!!!

Quando se vê logo, na cena bíblica, que o dito JC se originou a partir duma inseminação artificial, digo, divinal, que injetou na virginal  Maria uma boa carga de espermatozóides “Premium” da seleta ganadaria do jardim da celeste corte…

5 de Novembro, 2013 Carlos Esperança

Cristãos escandalizados

Coisas da vida…

Cristianos se escandalizan al descubrir que su Iglesia tiene forma de pene

www.diarioveloz.com

Vecinos de Dixon, en el estado estadounidense de Illinois, se sorprendieron al comprobar como se ve su templo, desde el Espacio.
3 de Outubro, 2013 Carlos Esperança

A BÍBLIA E A ESCRAVATURA

Por

João Pedro Moura

Os religionários da Bíblia, quer vetero quer neotestamentários, são esclavagistas, são submissos à autoridade e pregam isso, conforme se lê abaixo.

Segue-se que, dessa caterva dócil, não poderão advir rebeldes antiautoritários ou contestatários, concomitantemente.

Só poderão provir rebanhos, em pose de mansuetude ovelhum, afeiçoados e submissos aos sistemas dominantes, mas contumazes, se necessário for, na (re)afirmação da sua doutrina, fútil e inútil.

Donde se infere que não há libertação, pela religião, nomeadamente esta, mas antes amarras opressivas a um deus de fancaria e aos senhores proprietários de escravos.

A defesa da escravidão, numa religião, mostra a sua verdadeira face, horrenda e opressora.

Mas parece que os cristãos, os maiores religionários da Bíblia, não reparam nisso…

Ora aqui está um artigo para reparar a falta…

 

ANTIGO TESTAMENTO:

“Se comprares um servo hebreu, seis anos servirá; mas ao sétimo sairá livre, de graça.
Se entrou só com o seu corpo, só com o seu corpo sairá; se ele era homem casado, sua mulher sairá com ele.
Se seu senhor lhe houver dado uma mulher e ela lhe houver dado filhos ou filhas, a mulher e seus filhos serão de seu senhor, e ele sairá sozinho.”
Êxodo 21:2-4

“E quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das nações que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas.
Também os comprareis dos filhos dos forasteiros que peregrinam entre vós, deles e das suas famílias que estiverem convosco, que tiverem gerado na vossa terra; e vos serão por possessão.
E possuí-los-eis por herança para vossos filhos depois de vós, para herdarem a possessão; perpetuamente os fareis servir; mas sobre vossos irmãos, os filhos de Israel, não vos assenhoreareis com rigor, uns sobre os outros.”
Levítico 25:44-46

“O servo não se emendará com palavras, porque, ainda que entenda, todavia não atenderá.
(…) Quando alguém cria o seu servo com mimos desde a meninice, por fim ele tornar-se-á seu filho.”
Provérbios 29:19 e 21

NOVO TESTAMENTO

“Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal;
E, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo;”
Mateus 20:26-27

“E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites;”
Lucas 12:47

“Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo;”
Efésios 6:5

“Todos os que estão sob o jugo da escravidão devem considerar os próprios senhores como dignos de todo o respeito; para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados. Os que têm senhores fieis não os desrespeitem, por serem irmãos; ao contrário, sirvam-nos ainda melhor, porque são fieis e amigos de Deus, que se beneficiam de seus bons serviços.”

1 Timóteo 6: 1, 2

“Exorta os servos a que se sujeitem a seus senhores, e em tudo agradem, não contradizendo,”
Tito 2:9

“Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos senhores, não somente aos bons e humanos, mas também aos maus.”
1 Pedro 2:18