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Categoria: Cristianismo

20 de Março, 2021 João Monteiro

Papa discrimina uniões homossexuais

Em Outubro passado, o Papa Francisco defendeu a regulação do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, através de uniões de facto para casais homossexuais, o que pareceu um distanciamento da posição tradicional da Igreja. Porém, no início desta semana o Vaticano veio dar o dito por não dito, como noticia o jornal Público. Afinal, os padres não podem aprovar uniões de casais do mesmo sexo, nem abençoar essas uniões.

Verifica-se assim que há crentes de primeira categoria e outros de segunda categoria. Uns podem casar-se, a outros é negado o sacramento católico. Não deixa de ser irónico que uma instituição que prega o amor, acabe por penalizar pessoas que escolhem amar quem bem lhes apetece.

Fico satisfeito por o casamento civil ser para todos, de modo a que qualquer pessoa se possa casar independentemente de quem escolhe para viver. Mas lamento que os homossexuais católicos não possam celebrar uma festa religiosa como gostariam, estando limitados por motivos retrógrados da Instituição que seguem. Por solidariedade a todos nessa situação, mesmo não perfilhando a mesma crença, espero que com o tempo haja mudanças.

Deixo os meus votos para que todos sejamos felizes e que continuemos a espalhar amor à nossa volta.

Imagem de Chickenonline por Pixabay
24 de Dezembro, 2018 Carlos Esperança

Desejo a tod@s um Feliz Solstício de Inverno

Quando os deuses e deusas eram criados à medida das necessidades humanas, eram bem mais diversificados na forma e na substância com que eram idealizados, e diferentes as latitudes e culturas da sua criação.

Foi na Idade de Bronze que patriarcas de tribos nómadas inventaram o deus único, para todas as angústias e medos, sonhos e pesadelos, amores e ódios, criado à sua imagem e semelhança, a exigir imolações bárbaras, para acabar resignado a orações e aos óbolos necessários para alimentar a multidão de funcionários que lhe preservaram a memória e a moldaram ao longo da História, ao sabor dos tempos.

Há dois mil e vinte e tal anos, em data ignorada e local diferente do que lhe atribuíram, foi registado na Palestina o único deus verdadeiro, à semelhança de deuses mais antigos, parido de mãe virgem, no solstício de inverno, judeu circuncidado, desembaraçado em pregações e milagres.

Quem diria que, da primeira cisão triunfante do judaísmo, do golpe de génio de Paulo de Tarso e da necessidade de Constantino unificar o Império Romano, nasceria um deus universal, o mais benigno ícone monoteísta dos dias atuais! São irrelevantes a genealogia do novo deus, os milagres que obrou e as parábolas que lhe atribuem.

Hoje, dia que lhe deram para nascer, é noite de esquecer tragédias e lembrar, no milagre do nascimento, o prodígio da vida, e fazer da alegria de um ágape a festa da família, e do primeiro dia do ano, no calendário gregoriano, o dia da Fraternidade Universal.

Feliz Solstício de Inverno e Bom Ano Novo, car@s amig@s, e exonerem a santidade da ceia de todos os pecados.

P. S. – Façam como eu, não agradeçam, vão para dentro e agasalhem-se, está um frio de rachar. E, por cada solstício de inverno, há outro, de verão, no hemisfério oposto.

31 de Agosto, 2018 Vítor Julião

Queres ser um cristão?

 
Se queres ser um cristão, deixo-te aqui uns pontos que te deves lembrar sempre de modo a facilitar-te a entrada nessa crença duma forma suave e sem confusões.
 
Eis o que precisas saber:
 
  • Maria ficou grávida dum pombo.
  • Maria teve um bebé mas continuou virgem.
  • Jesus era o bebé mas também era o seu pai e o seu filho.
  • Uns dizem que Jesus nasceu em Belém mas era de Nazaré, não falava hebraico mas sim, aramaico.
  • Jesus não esteve aqui para mudar as leis, mas acabou com uma quantidade delas.
  • Jesus viveu, morreu e agora está vivo outra vez. Esteve cá mas foi embora e vai voltar outra vez.
  • Jesus era um judeu e foi morto por judeus mas não pelos judeus, por orar a Deus e portanto, isso tornou-o um cristão e Deus para todos, excepto para os judeus.
  • O primeiro cristão era um judeu. Foi crucificado para os judeus pelos romanos, assim o afirma um cristão romano que era um judeu.
  • Os romanos mataram judeus e cristãos até que começaram a adorar um judeu, tornaram-se cristãos e mataram mais judeus.
  • Existe um só Deus mas são três: o pai, o filho e o espírito santo.
  • Paulo é o Saulo e Simão é o Pedro.
  • O diabo é um anjo e uma serpente que fala.
  • Deus libertou os escravos do Egipto mas só quando o faraó os libertou.
  • Um pescador apanha homens e não peixes.
  • O vinho é sangue e o pão é carne.
  • Um peixe não é carne e não se pode comer carne à sexta-feira, portanto, come-se peixe com pão que é carne.
  • Deus fez tudo e todos, mas ele é cristão e os judeus são o seu povo escolhido.
  • O imperador Constantino e o seu papel na igreja Católica e na Bíblia, é história que não interessa.
  • Na bíblia, as partes absurdas são alegorias e textos para interpretar, mas o melhor é deixar esse livro para os padres.
  • Deves chatear todos os não cristãos a aderirem à crença, e em caso de recusa, ameaça-os com uma estadia eterna no inferno, mas sempre dizendo que Deus é amor.
  • O papa tem sempre razão e jamais erra, mesmo estando totalmente errado.
 
Espero ter ajudado os novos cristãos a inteirar-se e a integrar-se nesta “bela” crença.
 
 
27 de Julho, 2018 Carlos Esperança

Veículo litúrgico movido a feno

Bispo ortodoxo grego diz que culpa dos incêndios é do ateísmo de Tsipras

Polémico bispo ortodoxo grego de Calávrita afirmou no seu blog na terça-feira, que “os ateístas do Syriza são a causa do desastre”. Outros clérigos ortodoxos criticam afirmações.

Os fogos na Grécia já fizeram 80 mortos e mais de uma centena de feridos

O bispo ortodoxo Ambrósio de Calávrita, afirmou numa publicação no seu blog que a causa dos trágicos de incêndios é o “primeiro-ministro ateu”. O religioso afirmou ainda que “os ateístas do Syriza são a causa do desastre” porque “o seu ateísmo chama a fúria divina”. Nas redes sociais outros responsáveis da igreja ortodoxa e criticaram as declarações, como revela o jornal Ekathimerini. O arcebispo de Atenas reiterou que Ambrósio estava a “expressar a sua opinião pessoal”.

19 de Julho, 2018 Vítor Julião

Será que deus inspira as nossas invenções?

Eu sou provavelmente um dos poucos ateus que frequentam a igreja regularmente. Na verdade, é muito possível que eu seja um frequentador da igreja mais ativo do que muitas pessoas chamadas religiosas. O famoso ditado “esposa feliz, vida feliz” efetivamente explica porque eu participo, ela é muito religiosa e insiste em que os meus filhos sejam expostos. Estou aqui para garantir que entendi os acontecimentos atuais para explicar de maneira eficaz as alternativas para os meus filhos. A minha esposa, por sua vez, apoia os meus esforços para ampliar a compreensão científica e cultural das crianças (até agora elas tem tido cerca de 90% ou mais, nos testes em matemática e ciências). As crianças mais velhas já leram Dawkins e Hawking. O facto de terem uma ampla exposição a várias visões de mundo, leva a que surjam algumas perguntas interessantes por parte das crianças. No carro, a caminho de casa vindo da igreja, no domingo passado, meu filho (11 anos) parecia confuso com algo que ele aprendeu na escola dominical (chocante, certo?)

“Pai?” Perguntou ele do banco de trás, “O meu professor terminou a lição de hoje louvando a Deus por todas as coisas que ele nos deu: remédios, internet, aviões e outras invenções que ele disse ajudarem a espalhar a palavra de Deus, ajudando a tornar mais fácil, os missionários a chegar ao seu povo. ”

“Ok, essa é uma maneira de ver as coisas. Qual é a tua pergunta? ”, respondi eu.

“Se Deus é real e inspira inventores ou cientistas a descobrir coisas novas como a medicina ou algo assim, por que ele esperaria centenas de milhares de anos para fazer isso? Quero dizer, os humanos existem há muito tempo e poderiam ter usado os antibióticos já à 100 000 anos atrás, certo?

Mas que pergunta perfeita: por que um pai e criador benevolente e amoroso, iria esperar tanto tempo para “inspirar” a humanidade em coisas vitais para a nossa sobrevivência contínua e conforto vitalício?

Hebreus 4:13 diz: “Nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante dos olhos daquele a quem havemos de prestar contas.”.

Que ideia linda. Deus, o grande criador dos céus e da terra, vê e conhece a todos. Nada é “escondido dele” como o versículo diz.

Usando essa lógica (como a professora da escola dominical fez), pode-se supor que, em 1546, quando Girolamo Fracastoro propôs, pela primeira vez, as ideias fundamentais que acabariam se tornando na Teoria Microbiana da Doença, Deus o abençoou com esse conhecimento. As pessoas que pensam dessa maneira, devem assumir que Deus já sabia sobre os microorganismos, porque os criou. Vírus e bactérias de todos os tipos, são os frutos de seus trabalhos criativos divinos, certo? Se tu fosses um crente, terias que responder “sim”. Mesmo os poucos fundamentalistas que afirmam que Satanás criou todas as coisas negativas na Terra, teriam que reconhecer que um Deus todo-poderoso, todo sabedoria, compreende a menor das complexidades desses organismos “malignos”.
No entanto, ele esperou até hoje…

Marcos 1:34 diz de Jesus: “e Jesus curou muitos que sofriam de várias doenças. Também expulsou muitos demónios; não permitia, porém, que estes falassem, porque sabiam quem ele era.”.

Outra ideia linda. Aqui nós temos Jesus (Deus em forma humana para a maioria dos cristãos) curando os enfermos. Eu gosto de imaginá-lo colocando as suas mãos sobre as suas cabeças perturbadas, dizendo alguma oração, e “voilá”… curado.

É dito que este verso aconteceu cerca de 1 500 anos antes que as primeiras ideias, que mais tarde se formaram na Teoria Microbiana da Doença, fossem “inspiradas”. Isso significa que, se esta fosse uma história verdadeira, Jesus sentou-se no chão, cara a cara com dezenas de pessoas doentes ou perturbadas, curando-as com palavras mágicas, sabendo o tempo todo que as suas doenças não tinham nada a ver com demónios. Ele, se quisermos acreditar na sua divindade, deveria saber que a “Criança Doente A” tinha paralisia cerebral e não um “demónio” no corpo, e que a “Mulher Doente B” estava a morrer de gripe e não sendo afligida “por uma maldade”. No entanto, esse nosso “salvador” preferiu não nos dizer nada disso, e, pelo contrário, ele continuou a sua magia como se também tivesse assumido que o diabo, ou alguma outra força mitológica, era o culpado.

O atual Presidente e Profeta da Igreja SUD (Mórmon) gosta de contar uma história da sua antiga carreira como cirurgião cardíaco. Em meados da década de 1960, ele foi questionado várias vezes por um homem de Utah, por um pedido de ajuda com um problema cardíaco que a medicina ainda não tinha encontrado uma solução para tratar. Esse homem disse ao Nelson que Deus o havia orientado a procurar a ajuda dele e que, com fé, Nelson saberia o que fazer. Então o jovem médico concordou em realizar uma cirurgia exploratória de coração aberto. Depois de cortar o homem, Nelson relembra: “Então, na minha mente, havia linhas pontilhadas mostradas neste anel que contém aquela válvula tricúspide: ‘Faça uma dobra aqui, uma dobra ali.’ Não foi perfeito, mas o paciente desfrutou dum ótimo resultado”. Esse procedimento tornou-se posteriormente o padrão internacional para esse tipo de problema.

Outras formas de cirurgia de coração aberto, foram realizadas desde 1801. Foram 160 anos antes da cirurgia “Jesus Take the Wheel” de Nelson. Estima-se que mais de um milhão de pessoas no mundo desenvolvido, morreram de problemas cardíacos semelhantes durante esses anos. Mais de um milhão de mortes antes que Deus decidisse inspirar um cirurgião, um cirurgião entre milhares de outras pessoas que devemos supor serem igualmente “dignas” desse conhecimento.
No entanto, ele esperou até hoje…

Aceitar a proposição de que a invenção e a inovação de qualquer coisa útil, são simplesmente inspirações de Deus em seres humanos dignos, é ignorar as tremendas quantidades de mortes e sofrimento mergulhadas em camadas como rochas sedimentares sob essas descobertas. Todas as vidas salvas pela penicilina, estão no cimo de milhões de outras pessoas ao longo da história humana, deixadas por “Deus” para morrer de morte dolorosa e evitável. Que tipo de criador sociopata e instável reteria propositadamente informações vitais aos seus “filhos”?

Provavelmente um que, na verdade, não existe.

Traduzido de Adam Harrison