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Categoria: Cristianismo

28 de Outubro, 2022 João Monteiro

“Amai os vossos inimigos”

Texto de Onofre Varela, previamente publicado na imprensa

Enquanto cristãos (nós, Portugueses), por questões culturais, temos mais inclinação para a leitura dos Evangelhos do que para o Velho Testamento, e encontramos neles a exaltação das boas práticas sociais baseadas na fraternidade, com a intenção de se propagar a Paz entre os povos, o que só é possível almejar se cada um de nós entender o outro e respeitar as suas ideias quando são diversas das nossas. 

Não tenho dúvidas de que tais ensinamentos (atribuídos a Jesus) fazem parte da aspiração de todos nós, independentemente do lugar e da etnia a que pertencemos, e nos acompanha através de todos os tempos, no sentido de que seja possível almejar uma sociedade perfeita, sem guerras nem diferenças sociais. Bem sei que estas premissas são consideradas utópicas… mas não são impossíveis. 

Nas palavras de Lucas, no Sermão da Montanha (6; 27-39), estão contidos todos os modos de bem viver em comunidade quando esta é sadia. Vejamos o que nos diz ele (percorrendo o mesmo caminho já percorrido por Mateus [5; 1-12]): “A vós que me escutais digo o seguinte: amai os vossos inimigos e fazei bem aos que vos odeiam; a quem te bater numa face oferece-lhe a outra; a quem te roubar a capa dá-lhe também a túnica; dá a todo aquele que te pede, e quando levarem o que é teu, não reclames; tal como queres que as pessoas procedam contigo, procede com elas da mesma maneira”. 

A estes ensinamentos seguem-se algumas perguntas para aclarar propósitos: “Se amais aqueles que vos amam, que agradecimentos mereceis? Também os pecadores fazem o mesmo. E se emprestais àqueles de quem esperais receber, que agradecimento mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores a fim de receberem o equivalente. Amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem nada esperar em troca. Não julgueis para que não sejais julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados; dai, e ser-vos-á dado”. 

Algum dos meus leitores conhece algum católico (ou crente num qualquer outro formato de fé) que proceda assim, conforme os mandamentos que considera sagrados? Quantos são os que emprestam dinheiro sem cobrar juros? Conheceis um banco, sequer, que tenha uma acção social e fraterna para com os seus clientes trabalhadores por conta de outrem? Algum banco já perdoou a dívida do empréstimo para habitação, em vez de tomar a casa e colocar o cliente na rua? (Mas o Novo Banco já perdoou grande parte da dívida de Luís Filipe Vieira!). 

No ano 2020 Jardim Gonçalves, presidente do Banco Comercial Português e membro destacado da seita vaticana Opus Dei, viu anulado, pelo Tribunal da Relação, o seu complemento de reforma no valor de 175 mil euros mensais (não é gralha: são 175.000 € por mês!) e o profundamente religioso católico e opusdeísta, não gostou de lhe ser permitido receber, “apenas” cerca de 70.000 euros, e recorreu da decisão do tribunal. Esta atitude do banqueiro tem algum resquício de “atitude cristã” ou da “santidade comportamental” propalada pelos membros da seita?… 

Relativamente ao mandamento que fala no dever de “amar os inimigos”, quantos são os profundamente católicos comedores de hóstias, que não amam, sequer, os amigos, quanto mais os inimigos?!… (É uma pergunta… não um julgamento). Quanto a julgar… já todos nós fomos “condenados” pelo julgamento de muitos dos nossos vizinhos e conhecidos, mesmo pelos mais fervorosamente crentes e tementes a Deus Nosso Senhor! Parece que até eu já fui alvo de julgamento por quem não me conhece, nada sabe de mim, nunca comigo falou e nem me viu!… 

As igrejas e as seitas ditas evangélicas são antros de hipocrisia e de interesses materiais camuflados pela espiritualidade religiosa? Quem souber que responda (ressalvando as raríssimas excepções à regra).

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)

OV

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
25 de Outubro, 2022 João Monteiro

Honestidade papal

Texto de Onofre Varela

Em Janeiro de 1999 a cadeira de S. Pedro estava ocupada pelo Papa João Paulo II (JP2).

Em alguns dos seus discursos dirigidos ao mundo, eu sentia que o Papa usava de alguma honestidade intelectual.

Particularmente em dois deles, essa honestidade foi tão notória que não me parecia ser o discurso de um Papa tradicional… pelo menos não era habitual ouvir tais palavras saindo da boca de personagens com responsabilidades eclesiásticas.

Nesse dia, JP2, usando de honestidade intelectual, tentou pôr as coisas nos seus devidos lugares colocando a crença numa prateleira própria, mas com vasos comunicantes com a prateleira da Ciência.

Disse ele que o céu não é um lugar paradisíaco situado algures para lá das nuvens, mas que é, isso sim, uma boa relação psicológica com (a ideia de) Deus; e que o inferno é a total ausência dessa relação.

Foi um discurso que por me parecer autêntico eu aplaudi, e que vinha na sequência de um outro onde JP2 afirmara que “Deus não é um velho com barba”, mas sim “uma relação psicológica com a ideia da divindade”. Totalmente certo!

Finalmente eu ouvia um discurso sério saído da boca de um Papa!…

Recordo que fazia uma viagem de automóvel quando ouvi estas afirmações de JP2 num bloco noticioso da rádio e, entusiasmado com a honestidade do Papa, esperei por notícias bombásticas nos jornais do dia seguinte… mas nada aconteceu!

Nesse dia havia um qualquer jogo de futebol entre duas equipas consideradas importantes, num qualquer campeonato também importantíssimo para a tribo do futebol, e a imprensa deu destaque ao jogo da bola em todos os dias da semana, esquecendo o discurso do Papa! É sempre assim… as coisas verdadeiramente importantes para o pensamento, são atropeladas pelas notícias futebolísticas que os responsáveis pela informação jornalística colocam em nível superior, exaltando-as, dando-as a comer aos consumidores ávidos do supérfluo, esquecendo o que realmente é importante (ou devia ser) para o intelecto de qualquer cidadão.

O jornal Público foi o único diário nacional que noticiou o discurso do Papa, mas com pouca visibilidade. Acabei por me informar mais e melhor na imprensa espanhola, pela qual também fiquei a saber que os padres Dominicanos se apressaram a divulgar diversa leitura do discurso papal, reafirmando as tradicionais imagens do céu paradisíaco, do inferno medonho e tenebroso, e da figura de Deus com barba alva, tal e qual como foi pintado pelos artistas da Idade Média e da Renascença.

E quando Ratzinger assumiu o seu papel de Papa no teatro da Santa Sé, tratou de oficializar as tradicionais imagens de fé medievais e despediu o director do Observatório Astronómico do Vaticano, alegadamente por ter apoiado JP2 na recuperação da memória de Galileu Galilei na onda de perdões que varreu a Igreja Católica em 2000, o ano do seu jubileu.

Para Ratzinger, Galileu não é recuperável… e cá para mim, Ratzinger (todos os “Ratzingeres” deste mundo e da Igreja) não têm recuperação possível!

O trono do Vaticano, abandonado por Ratzinger que resignou ao cargo, foi ocupado por Mário Bergoglio (Francisco I) em Março de 2013, que se mostrou um homem mais cordato, mais humano, mais atento às realidades, olhando o mundo tal como ele se apresenta na realidade, sem o enfeitar com as vestes místicas como muitos sacerdotes afirmam ser.

A honestidade intelectual é o que se espera de quem exerce cargos tão importantes para o mundo, como se reconhece serem os políticos com responsabilidades de governação… e o Papa, por ser o monarca de uma igreja com tantos aderentes.

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)

OV

20 de Março, 2021 João Monteiro

Papa discrimina uniões homossexuais

Em Outubro passado, o Papa Francisco defendeu a regulação do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, através de uniões de facto para casais homossexuais, o que pareceu um distanciamento da posição tradicional da Igreja. Porém, no início desta semana o Vaticano veio dar o dito por não dito, como noticia o jornal Público. Afinal, os padres não podem aprovar uniões de casais do mesmo sexo, nem abençoar essas uniões.

Verifica-se assim que há crentes de primeira categoria e outros de segunda categoria. Uns podem casar-se, a outros é negado o sacramento católico. Não deixa de ser irónico que uma instituição que prega o amor, acabe por penalizar pessoas que escolhem amar quem bem lhes apetece.

Fico satisfeito por o casamento civil ser para todos, de modo a que qualquer pessoa se possa casar independentemente de quem escolhe para viver. Mas lamento que os homossexuais católicos não possam celebrar uma festa religiosa como gostariam, estando limitados por motivos retrógrados da Instituição que seguem. Por solidariedade a todos nessa situação, mesmo não perfilhando a mesma crença, espero que com o tempo haja mudanças.

Deixo os meus votos para que todos sejamos felizes e que continuemos a espalhar amor à nossa volta.

Imagem de Chickenonline por Pixabay
24 de Dezembro, 2018 Carlos Esperança

Desejo a tod@s um Feliz Solstício de Inverno

Quando os deuses e deusas eram criados à medida das necessidades humanas, eram bem mais diversificados na forma e na substância com que eram idealizados, e diferentes as latitudes e culturas da sua criação.

Foi na Idade de Bronze que patriarcas de tribos nómadas inventaram o deus único, para todas as angústias e medos, sonhos e pesadelos, amores e ódios, criado à sua imagem e semelhança, a exigir imolações bárbaras, para acabar resignado a orações e aos óbolos necessários para alimentar a multidão de funcionários que lhe preservaram a memória e a moldaram ao longo da História, ao sabor dos tempos.

Há dois mil e vinte e tal anos, em data ignorada e local diferente do que lhe atribuíram, foi registado na Palestina o único deus verdadeiro, à semelhança de deuses mais antigos, parido de mãe virgem, no solstício de inverno, judeu circuncidado, desembaraçado em pregações e milagres.

Quem diria que, da primeira cisão triunfante do judaísmo, do golpe de génio de Paulo de Tarso e da necessidade de Constantino unificar o Império Romano, nasceria um deus universal, o mais benigno ícone monoteísta dos dias atuais! São irrelevantes a genealogia do novo deus, os milagres que obrou e as parábolas que lhe atribuem.

Hoje, dia que lhe deram para nascer, é noite de esquecer tragédias e lembrar, no milagre do nascimento, o prodígio da vida, e fazer da alegria de um ágape a festa da família, e do primeiro dia do ano, no calendário gregoriano, o dia da Fraternidade Universal.

Feliz Solstício de Inverno e Bom Ano Novo, car@s amig@s, e exonerem a santidade da ceia de todos os pecados.

P. S. – Façam como eu, não agradeçam, vão para dentro e agasalhem-se, está um frio de rachar. E, por cada solstício de inverno, há outro, de verão, no hemisfério oposto.

31 de Agosto, 2018 Vítor Julião

Queres ser um cristão?

 
Se queres ser um cristão, deixo-te aqui uns pontos que te deves lembrar sempre de modo a facilitar-te a entrada nessa crença duma forma suave e sem confusões.
 
Eis o que precisas saber:
 
  • Maria ficou grávida dum pombo.
  • Maria teve um bebé mas continuou virgem.
  • Jesus era o bebé mas também era o seu pai e o seu filho.
  • Uns dizem que Jesus nasceu em Belém mas era de Nazaré, não falava hebraico mas sim, aramaico.
  • Jesus não esteve aqui para mudar as leis, mas acabou com uma quantidade delas.
  • Jesus viveu, morreu e agora está vivo outra vez. Esteve cá mas foi embora e vai voltar outra vez.
  • Jesus era um judeu e foi morto por judeus mas não pelos judeus, por orar a Deus e portanto, isso tornou-o um cristão e Deus para todos, excepto para os judeus.
  • O primeiro cristão era um judeu. Foi crucificado para os judeus pelos romanos, assim o afirma um cristão romano que era um judeu.
  • Os romanos mataram judeus e cristãos até que começaram a adorar um judeu, tornaram-se cristãos e mataram mais judeus.
  • Existe um só Deus mas são três: o pai, o filho e o espírito santo.
  • Paulo é o Saulo e Simão é o Pedro.
  • O diabo é um anjo e uma serpente que fala.
  • Deus libertou os escravos do Egipto mas só quando o faraó os libertou.
  • Um pescador apanha homens e não peixes.
  • O vinho é sangue e o pão é carne.
  • Um peixe não é carne e não se pode comer carne à sexta-feira, portanto, come-se peixe com pão que é carne.
  • Deus fez tudo e todos, mas ele é cristão e os judeus são o seu povo escolhido.
  • O imperador Constantino e o seu papel na igreja Católica e na Bíblia, é história que não interessa.
  • Na bíblia, as partes absurdas são alegorias e textos para interpretar, mas o melhor é deixar esse livro para os padres.
  • Deves chatear todos os não cristãos a aderirem à crença, e em caso de recusa, ameaça-os com uma estadia eterna no inferno, mas sempre dizendo que Deus é amor.
  • O papa tem sempre razão e jamais erra, mesmo estando totalmente errado.
 
Espero ter ajudado os novos cristãos a inteirar-se e a integrar-se nesta “bela” crença.