29 de Janeiro, 2024 Onofre Varela
Mais uma atitude positiva do Papa Francisco – I
A seita de extrema-direita católica denominada Opus Dei (OD) nasceu na mente do beato Balaguer em 1928 e teve o seu desenvolvimento durante o Franquismo. Admirador confesso de Hitler e de Francisco Franco, o padre Balaguer odiava republicanos e comunistas. Disse, um dia, que “era um exagero afirmar que Hitler tinha matado seis milhões de judeus”… pois, na sua opinião, “Hitler não era mau. Só tinha matado três ou quatro milhões” (?!).
O Papa João Paulo II (JP2) promoveu a seita OD por dívidas de gratidão que contraíu com Balaguer por ter sido fornecedor de dinheiro ao Vaticano nos momentos difíceis. Durante o seu papado a OD tomou excessiva dimensão dentro da Igreja, o que não era bem visto por muitos bispos… e, provavelmente, nem o próprio Balaguer teria imaginado ter sido possível conseguir tanto poder dentro da Santa Sé.
A OD sempre funcionou com secretismo na aproximação aos poderes políticos e económicos dos países onde se estabelece, assumindo atitudes semelhantes às acções desenvolvidas pelos partidos da Direita, incluindo os não democráticos. A seita está hoje presente em 68 países e, segundo as suas próprias informações, é composta por cerca de 93.500 membros laicos e 2000 sacerdotes (El País Semanal de 27/08/2023).
Não é possível confirmar estas declarações exactamente pelo secretismo em que a OD está envolvida. O seu património não é totalmente conhecido pelas mesmas razões, mas sabe-se que é imenso. A “Obra” (termo com que os seus membros gostam de referir a seita), está muito bem implantada na Europa e na América Latina, possuindo vários estabelecimentos, desde grandes empresas a Universidades. Eu próprio tenho um certificado de uma formação de jornalista que fiz no Centro de Formação de Jornalistas, no Porto, em Junho de 1995, ministrada pela Universidade de Navarra que pertence à OD.
Os Jesuítas nunca foram “às missas de Balaguer” nem aprovam a imagem do “santinho” já colocada numa parede do Vaticano. Recentemente (8 de Agosto último) o Papa Francisco I promulgou leis que retiram à OD a excessiva influência que JP2 lhes conferiu e que mantinha na Igreja desde há 50 anos. Os observadores da Igreja vêem nesta atitude de Francisco o epílogo de crescentes tensões entre a organização conservadora OD, e os Jesuítas que (muitos dos seus membros) têm uma visão mais progressista da Igreja.
Com este “motu próprio” de Francisco, a seita Balagueriana fica impedida de ordenar sacerdotes, e o seu máximo responsável não pode ser bispo. Perde independência e tem de prestar contas ao Vaticano.
Esta é mais uma atitude positiva de Francisco I a merecer o aplauso dos ateus pela decência nela contida.
Embora os ateus não façam parte da Igreja (logo, não teriam direito à opinião sobre as coisas internas do culto), na verdade fazem parte da sociedade onde a Igreja Católica se estabelece… por isso não podem alhear-se dos fenómenos sociais que, em algum momento, acabam por tomar parte da vida de todos nós… ateus incluídos.
(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)
OV