31 de Agosto, 2011 João Vasco Gama
Mais um vídeo sobre cristianismo e moralidade
E algumas questões pertinentes.
E algumas questões pertinentes.
Uma mudança desponta no horizonte do Brasil.
Além de ser a segunda unidade da Federação com menor número de católicos no Brasil, o Rio de Janeiro, que já começou a se preparar para receber o papa Bento XVI na Jornada Mundial da Juventude em 2013, é um dos locais com a maior proporção de ateus e agnósticos, perdendo apenas para Roraima. Recordista em espíritas e nas crenças afro, a cidade escolhida pelo Vaticano representa, de uma forma mais intensa, as transformações em curso nos quatro cantos do país (veja quadro).
Enquanto cerca de 190 mil pessoas deixam a Igreja Católica por ano, que ainda detém 68% da população como seguidora, a proporção de evangélicos dobrou na última década, representando atualmente cerca de 20% dos brasileiros. No Distrito Federal, o que mais chama a atenção é o número de ateus. Um em cada 10 moradores da capital não segue qualquer crença, bem superior à média nacional, de 6,7%. Os dados são do estudo Novo mapa das religiões, divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
«Se um homem achar uma moça virgem não desposada e, pegando nela pela força, deitar-se com ela, e forem apanhados, o homem que se deitou com a moça dará ao pai dela cinquenta siclos de prata, e porquanto a humilhou, ela ficará sendo sua mulher; não a poderá repudiar por todos os seus dias.»
Deuteronômio 22:28-29
Aos que alegarem que esta passagem está «fora do contexto» desafio que expliquem em que contexto é que é justo e razoável forçar uma vítima de violação a casar com o agressor.
É também conveniente lembrar as palavras de Jesus em Mateus: «Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim aboli-la, mas fazê-la cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido.»
Não… religiosos não querem que as pessoas se amem. Eles se sentem ofendidos. Amar, para eles, é pecado.
Brasileiros que se declaram protestantes ou evangélicos são o setor mais resistente na sociedade à união de casais do mesmo sexo, aponta pesquisa inédita divulgada nesta quinta-feira (28) pelo Ibope Inteligência. O segmento apresentou o maior percentual de pessoas contrárias à união –77% contra 23% de favoráveis –, que, em junho, foi aprovada pelos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
A pesquisa nacional, realizada entre os dias 14 e 18 de julho, apontou que 55% dos brasileiros são contrários ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A pesquisa ainda mostra a incoerência de (autodeclarados) ateus da pesquisa. Como se não soubessem que o preconceito aos homossexuais tem raízes quase que exclusivamente religiosas, 50% dos que se declararam ateus disseram ser contra a união homoafetiva.
E, por fim, a pesquisa mostra a contradição e incoerência de quase todos os entrevistados. Ela revela que a rejeição da população é sensivelmente menor em relação à possibilidade de um(a) amigo(a) se revelar homossexual. Para 73% dos brasileiros, por exemplo, essa hipótese não os afastaria de suas amizades. Outros 24% disseram que afastariam muito ou pouco e 2% não souberam responder.
Vai entender…
Sou da opinião que as crenças religiosas cristãs têm uma influência perniciosa na moralidade.
Este vídeo explica de forma muito clara e adequada algumas das principais razões pelas quais isso acontece:
Uma sátira perspicaz ás crenças associadas ao Mistério Pascal:
Embora tenha recorrido mais ao fogo do que à água, prefira a incineração ao banho e se dedique ao charlatanismo mais do que à ciência, a ICAR está longe da boçalidade do islão.
Os padres da ICAR, libertos da tonsura que os marcava como propriedade da Empresa, à semelhança do ferro que as ganadarias usam, os padres – dizia -, comportam-se hoje como pessoas normais enquanto não são solicitados a debitar os horrores eternos que o patrão reserva aos hereges, sacrílegos e apóstatas.
Aliás, a civilização atenuou-lhes o ímpeto purificador que, na ânsia de salvar almas, os levava a estorricar os corpos. E, assim, foi esmorecendo o desejo de converter ímpios à custa da tortura e a pia intenção de espalhar a boa nova eliminando relapsos.
A ICAR não é o bando de santos que fabrica com desvelo, a máquina de obrar milagres oleada com emolumentos das dioceses que submetem bem-aventurados à canonização, é uma empresa que vive do negócio da fé, da fábula de Cristo e do medo do Inferno.
Pior do que o clero católico são os judeus de trancinhas à Dama das Camélias, pastores evangélicos dos EUA e os mullahs. Pior que os bispos espanhóis são os talibãs do islão e só o Papa pede meças aos Ayatollahs.
Claro que a tara das religiões monoteístas está no coração dos mais pios, na cabeça dos prosélitos e na acção dos cruzados obsoletos que querem expandir a fé. É por isso que a ICAR conta na galeria dos bem-aventurados, alguns com milagres averbados e lugar reservado nos altares, sórdidas criaturas de escassa virtude e duvidosa santidade.
Stepinac e Pavelic, Escrivà e Franco, Videla e Pinochet, Salazar e Moussolini, Bernard Law e Hans Hermann Groer, Marcincus e Rouco Varela, Voityla e Rätzinger, são grãos da seara arroteada pela ICAR.
Stepinac esteve ligado ao campo de extermínio de Jasenovac, comandado pelo franciscano Miroslav Filipovic, o Frei Morte no lúgubre testemunho dos sobreviventes ortodoxos sérvios. JP2 canonizou o carrasco católico e desprezou os mártires sérvios vítimas do campo de horror de Jasenovac.
É esta gente, este bando de fanáticos e assassinos que a Igreja vai procurando branquear como se fossem beneméritos ou, pelo menos, cidadãos recomendáveis.
A Jugoslávia foi desmembrada com o apoio do Vaticano e da Alemanha tendo a católica Croácia servido de detonador de mais uma tragédia na região.
Na Irlanda do Norte os orangistas e os católicos continuam a odiar-se fraternalmente lembrando com bombas a Reforma e a Contra-reforma.
Nos textos anteriores referi cinco condições que um conjunto de relatos deveria respeitar para justificar a confiança de um historiador nos eventos relatados:
-serem feitos por quem observou o(s) evento(s)
-serem recentes face ao(s) evento(s) descrito(s)
-serem feitos por parte desinteressada
-serem de fontes independentes entre si
-serem consistentes
No segundo texto mostrei que a maioria dos académicos acredita que não são verificadas as duas primeiras condições, no terceiro mostrei o mesmo em relação às duas condições seguintes, e no quarto texto mostrei o mesmo em relação à quinta condição.
Existe, no entanto, uma outra condição que justifica não apenas uma falta de confiança no relato, mas uma confiança activa na sua falsidade – a contradição com outros factos históricos estabelecidos.
Claro que, se um conjunto de fontes que, por respeitar todas as cinco condições mencionadas, mereça a nossa confiança relatar algo contrário a factos históricos estabelecidos, o historiador fica perante um problema. Terá de avaliar se as fontes usadas para estabelecer esse facto merecem mais ou menos confiança que as novas fontes analisadas, e essa avaliação pode ser difícil.
Mas se um conjunto de fontes que não mereça a nossa confiança (por várias razões diferentes) relatar algo contrário a factos históricos estabelecidos, o historiador terá de concluir, sem grandes hesitações, que o relato feito por estas fontes – por equívoco ou por outras razões – é falso. A fonte como um todo passa a merecer ainda menos confiança.
Isto ocorre com os evangelhos. Veja-se o caso do massacre dos inocentes referido em Mateus:
«Quando Herodes percebeu que havia sido enganado pelos magos, ficou furioso e ordenou que matassem todos os meninos de dois anos para baixo, em Belém e nas proximidades, de acordo com a informação que havia obtido dos magos.
Então se cumpriu o que fora dito pelo profeta Jeremias: “Ouviu-se uma voz em Ramá, choro e grande lamentação; é Raquel que chora por seus filhos e recusa ser consolada, porque já não existem”.»
É de notar que não existe qualquer referência histórica a um evento desta magnitude. Nenhum cronista, nenhum outro relator mencionou este alegado massacre de dimensões «bíblicas». Mas, mais que isto, este episódio coloca o nascimento durante o reinado de Herodes o grande, o qual terminou no ano de 4 a.C.
Veja-se agora esta passagem de Lucas relativa ao recenseamento de Quirino:
«E aconteceu naqueles dias que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse (Este primeiro alistamento foi feito sendo Quirino presidente da Síria). E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade.
E subiu também José da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de David, chamada Belém (porque era da casa e família de David), a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida.»
Existem referências históricas ao recenseamento de Quirino. Mas ele terá ocorrido nos anos 6-7 d.C.
Ora ninguém pode ter nascido simultaneamente antes de 4 a.C., e em 6 ou 7 d.C.
E as contradições com os factos históricos estabelecidos não terminam por aqui. Os romanos não faziam receseamentos simultâneos em todo o Império, e certamente não exigiam que famílias inteiras retornassem às terras dos seus ancestrais.
Nos comentários aos textos anteriores, vários crentes alegaram que nada têm a obstar à falta de confiança que os evangelhos merecem do ponto de vista estritamente histórico. Que, ao invés de documentos históricos fiáveis que nos permitam elucidar com alguma confiança a respeito dos factos ocorridos, são descrições míticas, com um objectivo simbólico e teológico, e que é como tal que devem ser lidos e analisados.
No que diz respeito ao ponto de vista estritamente histórico, estamos certamente de acordo.
A Igreja Católica Apostólica Romana não é a única que se auto-intitula «Católica» (completa, universal) – entre outras, a Igreja de
Inglaterra também se considera «Católica e Reformista».
Quando tomei contacto com o Anglicanismo, considerei de imediato que o conceito fazia pouco sentido – a Igreja universal, de todos os povos do mundo, era a Igreja de Inglaterra? O que teriam os ingleses de tão especial para acreditarem que Jesus os teria escolhido a eles para edificar a sua Igreja?
Na altura era Cristão, e sempre me tinha parecido claro o universalismo da mensagem de Jesus, a ideia de que nenhum povo seria superior a outro, aliás um valor que ressoou com os meus valores pessoais, sendo que eu ainda hoje me identifico com a famosa frase de Sócrates (um universalista bem anterior a Jesus) «não sou ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo.».
Por outro lado, também me parecia que a mensagem de Jesus era uma mensagem espiritual, da superioridade do plano espiritual sobre o plano temporal. Todos bem sabemos que a história da ICAR só faz sentido assumindo que muitos clérigos nunca acreditaram nesta hierarquia de valores, mas pelo menos na actualidade é bastante claro que o Papa católico é antes de mais o líder da ICAR, e apenas subordinada a essa função está a sua liderança política do Vaticano.
No caso da Igreja Anglicana, acontece o oposto: o chefe de estado da nação Inglesa é por inerência o líder supremo da Igreja de Inglaterra – nunca compreendi como é que os cristãos poderiam aceitar este absurdo, esta flagrante inversão hierárquica, de subordinar um cargo espiritual a um cargo político, no contexto da mensagem de Jesus.
Estava, claro está, cego perante os absurdos que eu próprio, enquanto cristão, aceitava.
Como é que os Anglicanos aceitavam que a «verdadeira Igreja» tinha nascido da forma como a sua Igreja tinha nascido? Com um líder político promíscuo que acreditava que o seu poder pessoal lhe deveria dar direitos especiais, e que usou este mesmo poder para que lhe fosse permitido fazer aquilo que outros não podiam (casar-se várias vezes), mesmo que para isso tivesse de criar uma nova Igreja, e fazer escorrer rios de sangue? Seria este o meio através do qual Deus edificaria a «verdadeira Igreja Universal»?
A Igreja criada por Henrique VIII pretendia ser uma réplica da ICAR, mas com diferenças perfeitamente injustificáveis (a meu ver) para um cristão. Claro que estava enganado: ser educado desde pequeno a acreditar em algo torna muitas vezes difícil identificar o seu absurdo.
De qualquer forma, a evolução da Igreja de Inglaterra foi, a meu ver, positiva. Foram caminhando no sentido de aceitar a Ordenação de mulheres, e de sacerdotes abertamente homossexuais, coisa que, na minha perspectiva de quando era cristão, era mais compatível com a mensagem de tolerância de Jesus.
Hoje discordo dessa minha posição: creio que o sexismo e a homofobia da ICAR são bem mais compatíveis com os textos que os cristãos consideram sagrados (incluindo os do Novo Testamento). Ainda assim, tenho mais simpatia pela inconsistência da Igreja de Inglaterra a este respeito, do que pelo sexismo monolítico e coerente da ICAR, que continua a vedar o sacerdócio às mulheres, e pela sua homofobia flagrante, que continua a considerar pecaminosa qualquer relação sexual entre pessoas do mesmo sexo.
Por outro lado, a Igreja de Inglaterra mantém-se numa situação que considero de abuso tremendo, pelos privilégios políticos que mantém, em flagrante desrespeito pelo princípio de separação entre Igreja e o Estado que deveria estar presente em todas as democracias modernas.
Como exemplo da dimensão do abuso, menciono apenas que vinte e seis Bispos e Arcebispos desta Igreja têm assento na Câmara dos Lordes, sendo-lhes assim garantido poder político, sem que os cidadãos tenham eleito estas figuras.
Um triste golpe no laicismo que permite que as diversas religiões convivam pacificamente num mesmo país. Quem lê a nova lei, fútil e inútil, promulgada no Rio de Janeiro, pensa até que não há problemas de verdade para resolver por lá.
O governador Sérgio Cabral (PMDB) sancionou lei de autoria do deputado evangélico Edson Albertassi (PMDB), 42, que obriga as bibliotecas do Estado a terem Bíblia. A biblioteca que descumprir a lei será multada em R$ 2.130 e, no caso de reincidência, em R$ 4.260.
A lei é polêmica porque o Estado, por ser laico, não pode fazer imposições de cunho religioso, ainda mais em se tratando de uma determinação que beneficia uma única denominação, no caso a cristã. A lei deixa de fora, por exemplo, livros espíritos, ao Corão e ao Torá.
O mesmo deputado apresentou projeto de lei para cada uma destas propostas: instituição do ensino religioso obrigatório, leitura da Bíblia antes do começo das aulas, isenção de IPVA às igrejas e de ICMS na compra de automóveis e a inscrição da frase “Deus seja Louvado” nas contas das concessionárias de serviços públicos. Albertassi é diácono da Assembleia de Deus de um templo da cidade de Volta Redonda.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.