9 de Dezembro, 2009 Carlos Esperança
Falar sem dizer nada
CIDADE DO VATICANO, 9 DEZ (ANSA) – O papa Bento XVI defendeu que “o indivíduo é a origem do mal”, ao discursar para cerca de seis mil pessoas durante a audiência geral de hoje, no Vaticano.
O que o papa diz é cada vez mais irrelevante mas há pessoas que persistem em acreditar no regedor daquele bairro de 44 hectares que Benito Mussolini transformou em Estado.
O deus do papa não é um deus original, nem recomendável, apesar das metamorfoses a que o Iluminismo o obrigou, da urbanidade a que as leis democráticas o submeteram e da contenção que a modernidade lhe impôs.
As pessoas que acreditam no deus que alimenta o papa, os bispos e a infindável legião de parasitas da fé, convencem-se que esse deus é omnipotente e omnisciente, espécie de bruxo encartado que pode e faz tudo quanto quer.
Ora, se o tal deus que criou o mundo e do barro fez o homem, numa olaria rudimentar, e é assim tão poderoso, comete um acto de cobardia ao imputar ao homem a culpa que lhe cabe, fugindo às responsabilidades de criador e acusando a criatura.
A única desculpa é esse deus não existir e o papa ter necessidade de manter o negócio à custa do medo, da ignorância e das ameaças. E, com seis mil pessoas, a apreciarem o vestidinho do papa, este teria de dizer qualquer coisa para interessar a clientela.
É cada vez mais difícil ganhar a vida sem trabalhar.