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Categoria: Ateísmo

29 de Novembro, 2009 Carlos Esperança

Hipócritas

Por favor, não me rotule – Deixe-me crescer e escolher por mim” é o lema que aparece entre fotografias de duas crianças aos saltos, com um grande sorriso na cara, numa imagem que pretende revelar liberdade e felicidade.

Nota: Os «ateus» que defendem as religiões, como acrescenta o artigo, são crentes disfarçados. Parecem muçulmanos a defender a carne de porco.

27 de Outubro, 2009 Ricardo Alves

A raiz do problema

No Diário de Notícias, e talvez sem se aperceber, João Miguel Tavares (JMT) vai à raiz do problema levantado por Saramago. E a raiz do problema é esta: «só quem acredita que a Bíblia tem alguma relação com a palavra de Deus está habilitado para sobre ela fazer considerações éticas». JMT, note-se, não põe em causa a liberdade de expressão: o que ele reprova é que quem não tem fé se pronuncie sobre a Bíblia. Na sua opinião, «um ateu (…) tem de olhar para a Bíblia como olha para outro livro qualquer: estética e nada mais». Mais concretamente: «faz tanto sentido o ateu Saramago dizer que “a Bíblia é um manual de maus costumes” como faria dizer que “as obras de Shakespeare são um catálogo de barbaridades”».

Acontece que eu desconfio (e com boas razões) que quando alguém diz a JMT que as obras de Shakespeare retratam o pior da natureza humana, ele concorda e encolhe os ombros. Pelo contrário, quando  Saramago disse o mesmo da Bíblia, ele deu um pulo e foi escrever um artigo de jornal. É justamente por a Bíblia ser a «palavra de Deus» para tanta gente que não a podemos tratar como as obras completas de Shakespeare. Ninguém se apoiou nas obras de Shakespeare para defender a Inquisição, a escravatura, ou ditadura de Salazar. Ninguém fica indignado por se dizer que há episódios hediondos na dramaturgia shakespeareana. Pelo contrário, muita gente utilizou (e utiliza) a Bíblia para transformar a «palavra» (más palavras) em «acção» (más acções).

Como ateus, é evidente que sabemos que a Bíblia é literatura (geralmente da má, mas essa é apenas a minha opinião «estética»). Mas enquanto tanta gente a considerar como um livro «especial», não podemos tratá-la como se fosse mera literatura inconsequente.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
26 de Outubro, 2009 Ricardo Alves

Um silogismo delicioso

Encontrado no Que Treta!:

«1 – Jesus morreu crucificado para nos salvar
2 – Os romanos crucificaram Jesus
3 – Os Romanos salvaram-nos».

24 de Outubro, 2009 Ricardo Alves

Ateísmo e anti-teísmo

No seu artigo de hoje no Diário de Notícias, o padre católico Anselmo Borges distingue o Caim de Saramago das declarações do escritor sobre a Bíblia. Gostou do livro, classifica as declarações como «ignorância arrogante». Afirma que «perante o Deus de Saramago, só haveria uma atitude digna para o crente: ser ateu».

Já li e ouvi muitos católicos dizerem isto. Acontece que estão a incorrer numa confusão. Não é por fazer um juízo de valor (ético) sobre o Deus da Bíblia que eu sou ateu. É por fazer um juízo de facto (científico) sobre as alegações da existência de «Deus», sobre a origem do universo, sobre a «vida depois da morte» e sobre a «ressurreição», que sou ateu. E comigo muitos outros, que fundamentam (quando necessário) o seu ateísmo em Bertrand Russell, Carl Sagan ou Richard Dawkins, e na ciência em geral.  Somos ateus porque temos a certeza quase total de que aquele «Deus» não pode existir no universo que conhecemos. A questão de saber se o «Deus» da Bíblia e das suas múltiplas intepretações é justo, cruel ou tirânico é uma questão separada, e que não nos torna mais ou menos ateus.

Efectivamente, eu rejeito que o «Deus» da Bíblia seja justo, amoroso ou misericordioso. Mas isso não tem nada a ver com a questão da existência. É por saber (com um grau de certeza maior do que saber se vai chover amanhã) que não existe, que sou ateu. Se eu estivesse convencido da existência de «Deus», a questão seria outra. Em primeiro lugar, não seria ateu. Mas, por rejeitar as suas crueldades e ensinamentos imorais, não lhe prestaria culto e revoltar-me-ia contra os seus actos. Seria, então, anti-teísta. O que é outra coisa.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

12 de Outubro, 2009 Carlos Esperança

Guiné Equatorial

O país é de maioria católica, reflectindo assim, o colonialismo ocidental. 88,8% da população intitula-se católica e 4,6% têm religiões tribais. Já o islamismo representa apenas 0,5% da população, enquanto que os ateus representam 5,9% da população.

23 de Setembro, 2009 Ricardo Alves

Sobre o «Portal Ateu»

Fui fundador da Associação República e Laicidade, já lá vão mais de seis anos, e continuo seu dirigente. Fui fundador da Associação Ateísta Portuguesa, mais recentemente, mas não pretendo ser mais do que associado de base: interessa-me muito mais promover a laicidade do Estado do que difundir o ateísmo, pela simples razão de que, para mim, o essencial não é que as pessoas acreditem ou deixem de acreditar em «Deus» ou na astrologia, mas, isso sim, que sejam livres e iguais independentemente da religião que tenham ou não.

Não me imagino sócio da associação «Portal Ateu – Movimento Ateísta Português». Primeiro, porque já existe uma Associação Ateísta Portuguesa, dinamizada por pessoas que sempre foram dedicadas, competentes, coerentes e leais. E porque, significativamente, a ânsia de demarcação não contribuiu para que a nova associação tivesse um nome original: ficou-se praticamente por um plágio do nome da associação que já existe e que, se tem algum grande defeito, é o de tentar conciliar indivíduos com opiniões tão fortes e díspares como os ateus. Aliás, também é significativo que afirmem não querer «bater na religião», quando o «Portal Ateu» faz isso mesmo em grande parte dos seus artigos.

Finalmente, não deixa de ser (ainda) significativo que as caras conhecidas da nova associação de ateus, o Ricardo Silvestre e o Helder Sanches, acusem a AAP de ter pouca visibilidade – e que o Portal Ateu nada tenha feito para contribuir para essa mesma visibilidade. Tudo isto me tira qualquer vontade de ser conotado com esta nova associação.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

31 de Agosto, 2009 Fernandes

De Deus pode dizer-se tudo

De Deus pode dizer-se tudo –ad libitum- pois d`Ele nada se sabe.
A hipótese de um deus seja ele qual for, é cada dia que passa menos plausível, à luz da ciência e suas descobertas acerca da natureza e origem da vida. As velhas crenças das religiões e as metafísicas que as sustentam entraram inevitavelmente em decadência. A ciência moderna já não se ocupa de essências, espécies ou formas, mas sim de factos, experiências e dados empíricos, contribuindo assim para modificar a auto-compreensão do homem.
Deus, esse ser exterior que ensina ao homem o “sentido da criação”, é desmascarado pela actividade científica que mostra o realismo do universo e desmantela a noção “Ser”, que sustém todo o edifício especulativo religioso, dissolvendo-o paulatinamente apesar de este ainda manter a sua inércia na mentalidade ocidental.
As coisas são o que são, nem mais. Na realidade, o ser humano é que confere sentido a tudo o que existe e atribui a importância relativa ao seu processo individual e colectivo, sem necessidade de recorrer a revelações divinas, apesar de reconhecer que ainda há homens de ciência que se deixam sucumbir pelo consolo da fé.
Falar do “sentido” da criação do universo, recorrendo a um ser transcendente exterior a todo o processo científico, no contexto da realidade empírica, é uma falácia. Mas é aqui que descansa toda a verborreia dos teólogos pois como é lógico, nenhuma forma experimental conseguirá alguma vez explicar ou provar a falsidade do discurso religioso, quando este se veste de uma roupagem acerca da qual não é possível imaginar uma situação empírica observável que o contradiga.
Dizer que Deus existe e que deu um sentido ao universo, é um discurso teológico vazio, sem qualquer valor cognitivo para a ciência. Uma proposição só tem pertinência científica se puder ser refutada por dados empíricos.
Assim sendo: – De Deus pode dizer-se tudo pois acerca d`Ele nada se sabe.

28 de Agosto, 2009 Fernandes

Uma questão de liberdade

O Paganismo foi o mecanismo de que o Império Romano habilmente se dotou para ultrapassar as divergências étnicas e religiosas. O povo conquistador acolhia no seu panteão as divindades do conquistado, enriquecendo dessa maneira as suas mitologias. Só mais tarde, da recusa em prestar juramento ao Imperador e quando o cristianismo se transformou em religião oficial do estado passando de perseguida a perseguir, essa prática desapareceu.

Desde então e até aos nossos dias raras vezes a força das ideias conseguiu emancipar-se do poder religioso dominante, sendo uma das excepções o chamado Século da Luzes, cujos efeitos ainda subsistem.

Hoje porém, e numa tentativa de impor valores ditos perdidos, oferecem-nos uma visão unilateral do mundo da qual fica excluído todo e qualquer espírito crítico. Entrámos novamente num conformismo intelectual, numa tentativa de legitimar a autoridade das religiões reveladas, especialmente a denominada tradição judeo-cristã.

Alguns atribuem tal facto ao desmoronamento das ideologias laicas, com a queda do muro de Berlim.

É interessante ver os ideólogos comprometidos com o regime, adaptarem o discurso ao novo contexto, renunciando o que antes sacralizavam, inventando uma linguagem nova e uma nova moral não menos autoritária que a anterior.

Estes novos ideólogos misturam perigosamente política com religião como se a violência justificada por Deus nunca tivesse existido, como se o passado tivesse desaparecido da memória colectiva, e utilizam os horrores do nazismo e as experiências falhadas do comunismo/socialismo, assim como a violência dos últimos atentados terroristas, para Satanizar todos aqueles que não estão dispostos a abdicar da sua Liberdade de agir e pensar.