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Categoria: Ateísmo

3 de Setembro, 2012 Carlos Esperança

Ateísmo e política ateísta

Por

João Pedro Moura

             1- De vez em quando, aparecem uns religionários a tecerem considerações provocatórias e cavilosas sobre os ateus, intentando confundi-los com políticos e políticas ateístas vigentes, de índole comunista e, sobretudo, no passado, tais como os regimes estalinistas.

2- Ora, “ateísmo” é uma coisa. “Política ateísta” é outra!

O ateísmo é um ideário que nega deus e, concomitantemente, denega as religiões.

O ateísmo não é uma doutrina política, portanto, nada concerne à política.

Do ateísmo não se pode extrair princípios políticos nem normativos sobre relações entre pessoas, em geral, ou familiares, em particular, nem questões de saúde, de justiça, de educação, etc. O ateísmo não concerne a nada disto.

Sendo assim, pode haver ateus desde nazi-fascistas a anarquistas…

“Política ateísta” é uma lei, ou um conjunto de leis e preceitos políticos, cerceadora e repressora das atividades religiosas.

Sendo assim, o que é que o “ateísmo” tem a ver com “política ateísta”?! Nada!!!

Um ateu, que defende o ateísmo, mas sem preconizar “políticas ateístas” é uma coisa; um ateu que também defende “políticas ateístas” é outra!

Analogicamente, também temos os que defendem o capitalismo, com ou sem sistema totalitário, a ingestão de bebidas alcoólicas, com ou sem bebedeiras, o cristianismo, com ou sem ideias e práticas totalitárias, etc.

3- Como os comunistas, na sua teoria e práxis de transformação radical da sociedade e nas suas análises materialistas, acometeram as “instituições burguesas” do poder dominante, incluindo a instituição religiosa, naturalmente propenderam para o estudo da origem e evolução da religião, como pilar da cultura e poder dominantes, e chegaram à conclusão, como outros ateus não-comunistas, que os deuses não têm bases históricas nem há provas da sua existência e que as igrejas sempre foram um sustentáculo dos sistemas políticos dominantes, tradicionais e conservadores.

Como os regimes comunistas são totalitários, daí a propensão dalguns desses regimes para políticas ateístas e de repressão das actividades religiosas, mormente no passado.

Mas o ateísmo nada tem a ver com o socialismo/comunismo!

O ateísmo é normal entre as pessoas de pendor “socialista” ou “comunista”.

Os “socialistas” e “comunistas” é que tendem, pelas razões referidas, para o ateísmo.

O “ateísmo” não é um ramo da “política ateísta” nem esta daquele!

4- É certo que o cristianismo, em geral, e o catolicismo, em particular, para só referir esta religião, também não é uma doutrina política. Todavia, ao contrário do ateísmo, é possível extrair princípios políticos do cristianismo, desde relações entre pessoas, em geral, e familiares, em particular, até normativos concernentes à sexualidade e alimentação…

Até existe um ideário político, chamado “democracia cristã” (actualmente bastante decadente…). Donde se conclui que há uma concepção política que se inspira no cristianismo…

5- O que é estranho é uma religião dita da “paz e amor” inspirar tanto ditador e ditadura ao longo da História:

a) Quase todas as ditaduras e ditadores da América Central e do Sul, e foram muitas dezenas, para não dizer todas e todos, nos séculos XIX e XX, intitularam-se católicos, como não podia deixar de ser no continente mais católico do mundo…

b) Quase todas as “ditaduras de direita” europeias, que perpassaram pela História do séc. XX, foram de inspiração católica: de Mussolini (embora o poder fascista, inicialmente, não fosse de inspiração católica…) até aos seus epígonos Franco e Salazar, passando pelos efémeros Pavelic/Stepinac, Tiso, etc…. com a bênção da Igreja Católica…

Infere-se, consecutivamente, que o cristianismo, em geral, e o catolicismo, em particular, não foi nem é doutrina repudiadora das ditaduras nazi-fascistas, pois que estas se reclamavam frequentemente daquela…

Pelo que, não se compreende muito bem como é que tanta “paz e amor”, de carácter religioso, inspiraram tanta guerra e ódio, de carácter político e social…

… A não ser que a religião, hipocritamente, servisse de indutor de mansuetude ovelhum (“paz e amor”) pelas massas populares dentro (para estarem bem controladas…) por um lado, e de ferocidade felina por certos pastores políticos dentro, por outro (para controlarem melhor essas massas populares…)…

6- a) Aliás, é nos países onde há mais ateus, incluindo os que, sem assim se intitularem, não ligam nada à religião, que se vive melhor:

– Países nórdicos, Japão, Holanda e, tendencialmente, toda a Europa Ocidental, de norte para sul, e, duma maneira geral, toda a Europa…

b)    É nos países mais religiosos que se vive pior:

– Toda a América Central e do Sul (católicos…)

– Todos os países muçulmanos (embora se viva melhor nos países petrolíferos, por isso mesmo…)

– Todos os outros, com destaque para África, em que o fanatismo religioso, ecléctico ou sincrético, católico ou muçulmano, está presente em grande número…

22 de Agosto, 2012 Carlos Esperança

A ICAR perde a Irlanda

Índice Global de Religiões e Ateísmo mostra que mais de metade dos irlandeses já não são religiosos

O último inquérito mundial remontava a 2005. Passados sete anos, o Índice Global de Religião e Ateísmo mostra que o número de ateus não tem parado de crescer e já representa 13% da população mundial. No total, mostra a sondagem feita em 57 países pelo Instituto WIN- -Gallup International, a população religiosa caiu 9% no mundo inteiro e nem os países com maior tradição católica escapam à tendência. É o caso da Irlanda, onde se verificou a maior quebra.

20 de Agosto, 2012 Carlos Esperança

Citação

Ateísmo: Toda a gente é ateia em relação milhares de deuses, a maioria em relação a todos os deuses menos um – mas alguns vão apenas mais um passo em frente no seu ateísmo. (Richard Dawkins, zoólogo, biólogo e escritor britânico de divulgação científica, defensor do ateísmo, 1941-.)

20 de Agosto, 2012 Carlos Esperança

O Papa também é guiado pelo Espírito Santo

Ex-mordomo do Papa afirma ter sido “guiado pelo Espírito Santo” para vazar documentos do Vaticano.

«Os documentos vazados apontavam caos de corrupção em negócios do Vaticano com empresas italianas, incluindo serviços superfaturados, e detalhavam rivalidades entre cardeais e conflitos a respeito da administração do banco do Vaticano.

De acordo com a denúncia judicial, o mordomo do papa afirma que sua motivação para o desvio desses documentos seria fazer uma “limpeza” na Igreja Católica, por ter visto “o mal e a corrupção em todo lugar da Igreja”. Ele disse ainda que quis, com a divulgação das informações, cortar o mal pela raiz, “porque o papa não estava suficientemente informado”».

Diário de uns Ateus – O mordomo usou como defesa a proposta defendida aqui. Infelizmente para ele o Vaticano não acredita no Espírito Santo e acusou-o de insanidade mental.

19 de Agosto, 2012 Carlos Esperança

E se a Associação Ateísta Portuguesa (AAP) convidasse os católicos para pensarem na fábula de Cristo e nas mentiras fundamentais da ICAR?

A Igreja Católica convida ateus e membros de outras religiões para uma missa de ação de graças pelos Jogos reservados a pessoas com deficiência, que se realizam em Londres de 29 de agosto a 9 de setembro.

“Esperamos que os atletas paraolímpicos do passado e do presente, católicos, cristãos, de outras religiões ou também ateus, estejam presentes na missa” marcada para 8 de setembro, afirmou James Parker, delegado da Conferência Episcopal de Inglaterra e Gales para a coordenação das Olimpíadas de 2012.

16 de Agosto, 2012 Carlos Esperança

O MEU ATEÍSMO

Por

ONOFRE VARELA

Já confessei aqui que não sou (ou não era) um atento leitor, nem frequente visitador, deste site sobre Ateísmo. Isso acontece porque os computadores não me atraem e sou informaticamente analfabeto por vontade e conta própria. E embora faça parte dos órgãos sociais de quatro associações (duas de arte, uma de jornalismo, e mais a
Associação Ateísta Portuguesa, cujo movimento para a sua formação iniciei no Porto em 1997), também confesso que as actividades associativas, bem como as empresariais ou políticas, ao nível directivo, não me cativam. Não tenho jeito para líder, nem para balir como cordeiro em redil.

Prezo muito a minha liberdade de acção, de pensamento e de expressão, e talvez este modo de estar na vida seja a consequência de sempre me dedicar às artes (sou pintor, ilustrador, caricaturista e cartunista, para além de escrever em jornais [escrevi e desenhei em todos os jornais do Porto desde 1969 até 2000] e já ter publicado meia dúzia de livros) cuja “praxis” é individual e solitária.

Mas, há dias, dei uma volta pelo arquivo deste portal e li o texto “Porque Sou Ateu?”, de Jaime Gralheiro, publicado em 16 de Julho último. Deste autor já li excepcionais textos, noutras fontes, e recomendo a releitura atenta das suas razões a quem, de religiosidade, de ateísmo e de Humanidades, tiver uma visão séria, e não se fique pelas picardias — que também li nos recados de rodapé do excelente texto que refiro — que denotam um total desrespeito boçal e ignorante, pelo homem de cultura que é Jaime Gralheiro.

Do seu sincero e humilde texto ressalta esta verdade incontornável:
O ateu faz-se, não só porque pensa (os religiosos também pensam, por suposto…), mas principalmente pela especial excelência do seu pensamento.

(O ateu que se faz por si próprio, é de melhor qualidade do que o ateu induzido. Este, será igual [em sentido inverso] ao religioso que sai do aviário da catequese). O acto de pensar, para além de ser subversivo, pode ser comparado com o gosto pela música: há quem se fique pela adoração do Marco Paulo e da Ágata, e há quem prefira Zé Mário Branco e Manuel Freire!
Quer dizer: há o pensamento “pimba”, e o outro!…

Num plano mais elevado de pensamento, subimos degraus até Bach, Haydn, Chostakovich, Richard Wagner, Boccherini… e passamos pelos mestres da casa, Emmanuel Nunes, Victorino de Almeida, Fernando Lopes Graça, Carlos Paredes…

No mundo da Religião temos aqueles que pensam ao nível de Bach, mas a esmagadora maioria dos peões-militantes-de-base, que são os alimentadores da mesa farta dos melómanos Bachianos, não passam do nível… Quim Barreiros!

Alguns dos meus amigos ateus começaram por ser religiosos, tal como Jaime Gralheiro confessa, embora outros nunca tenham entrado numa igreja com espírito de crente por não terem sido contaminados em meninos.
E é nessa contaminação que reside o problema, e a diferença!…

A minha história de ateu começa pelo importante facto de os meus pais nunca me educarem na filosofia religiosa, mas no comportamento ético do respeito pelos outros e pela Natureza, impedindo a Igreja de me agrilhoar a mente, como faz aos cérebros tenrinhos. Estou eternamente grato aos meus pais, também, por isso.

Devo dizer que não fiz a comunhão, por um triz e por acaso! O meu pai, que nasceu em 1912, foi influenciado pelo anti-clericalismo da primeira República, mas não era fundamentalista e deixou à minha vontade fazer, ou não, a aprendizagem do Catecismo Católico, quando eu teria doze ou treze anos. Essa história conto-a no livro “O Peter Pan
Não Existe”, (Caminho, 2007) pág. 178 e seguintes.

Na adolescência não alinhava em missas, nem me considerava ateu ou agnóstico. O fenómeno religioso era-me indiferente. Passava-me ao lado vertiginosamente. Já estava incorporado no Exército quando comecei a pensar com mais qualidade na história de Deus e no hábito religioso dos meus camaradas, e tudo isso foi motivado pelo discurso de um padre militar, alferes-capelão.

Ser militar não era coisa que estivesse nos meus intentos, mas foi uma inevitabilidade a que não soube fugir. Naquele tempo a juventude tinha a vida parada, no mínimo, por três anos (no máximo, ficava estropiado ou morria) por causa do conflito armado com as Colónias, e muitos recusaram servir o Exército de Salazar e, clandestinamente, partiram para França e por lá ficaram, evitando, desse modo, participar na Guerra Colonial com a qual não concordavam.

A minha passividade reteve-me por cá, obrigando-me ao cumprimento do serviço militar obrigatório. Não declarei as habilitações académicas (3º ano de pintura) por recusa de dar o melhor de mim à ditadura de Salazar, e fui soldado raso, condutor. (De nada valeu esta minha repulsa pelo Exército, porque quem é portador de algo para dar, dá-o mesmo sem querer. No meu primeiro embate com a disciplina militar, fui condenado a quatro dias de prisão, que cumpri. E de África acabei por trazer três louvores!… Mas isso são contas de outro rosário).

Um dia, no quartel CICA 1, Porto, recebemos a visita do alferes-capelão e ouvimos o seu discurso. Estava ali para nos dar bons conselhos, disse ele. Já não recordo o teor da sua palestra, mas suponho ter sido semeada pela religiosidade alimentadora do espírito
de qualquer sacerdote, católico ou não, com a habitual e inabalável atitude de fé num deus supremo. Mas recordo o modo como ele rematou aquela sua apresentação, porque o registei numa espécie de diário que então fazia.

Disse-nos que devíamos seguir “um caminho certo” e “praticar o bem”, completando os seus anunciados conselhos com esta enigmática frase:
“Façam sempre o que a vossa consciência manda”.

Para mim era impossível ouvir aquilo e não reflectir… e ali andava surrealidade!
Imediatamente antes de aqueles recrutas entrarem naquela sala, tinham acabado de receber instrução de armamento, e uma arma é um objecto fabricado com o propósito de matar. O discurso do sacerdote teve como ilustração de fundo o som dos disparos que nos chegavam da carreira de tiro, os quais tinham o objectivo de apurar a pontaria para, na guerra, não se desperdiçar munições e ser-se certeiro na liquidação do inimigo. Cada tiro deveria corresponder a um cadáver.

Para além disso, não pertencíamos ao Exército de um governo democrático que, em princípio, usaria as armas na defesa de causas nobres. Não! Nós prestávamos serviço num quartel das Forças Armadas de um país que tinha um governo ditatorial, anti-democrático, e que alimentava uma guerra colonialista em África, contra os povos que
reivindicavam independência.

Era esta a surrealidade que emoldurava a presença daquele padre com discurso moralista no quartel (!?), como se houvesse moral que se aproveitasse, na acção bélica daquele exército!… Em tal contexto, o que é que se devia entender por “caminho certo?” E “praticar o bem”?! Será certo, e bem, pertencer ao exército de um ditador?
Será certo, e bem, partir para uma guerra colonial, lutando contra os povos que pedem a independência? Como pode um soldado fazer sempre o que “a sua consciência manda?”

Os exércitos obrigam a uma “consciência colectiva”, onde o indivíduo não é respeitado como tal, e recrutam jovens imaturos destituídos de consciência crítica. Aquele padre estaria a tentar dizer-nos que quem não concordasse com a política do governo colonialista não deveria, em consciência, estar ali? Estaria a incentivar a deserção e a rebelia?! E ele? Porque estava ali? Porque não desertava?!

A sua consciência estava tranquila e harmonizada com a situação política do país, que as Forças Armadas defendiam e ajudavam a manter? Na sua consciência não lhe pesava o facto, nem o fardo, de servir nas fileiras do exército de um ditador? Ou navegava contra-a-corrente e tentava, camufladamente, alertar-nos para a política de que estávamos distanciados?!…

O seu discurso não passaria de um conjunto de palavras de circunstância, no fingimento de, ao serem ditas por um sacerdote católico, serem exemplo de uma autoridade moral? Será que eu entendi mal o seu recado, transformando-o na lógica do meu pensamento cívico e arreligioso?…

Numa palestra posterior o padre acabou por destruir a boa imagem que eu estava a construir de si imaginando as suas intenções subversivas secretas a partir do seu discurso que, de algum modo, me parecia revolucionário. Dessa vez disse-nos:

— Deus vê-nos e escuta os nossos mais secretos pensamentos, portanto devemos pensar e executar só o bem… e, até, devemos dar a última gota de sangue, dar a nossa vida, pela Pátria… (!?)

Desilusão!… Senti-me traído por aquele sacerdote, e deixei de prestar atenção ao seu discurso que se revelou tão infantil… tão ao estilo de história da carochinha e do Pai Natal, em contraste com o outro que me pareceu ter “miolo”! Lembrei-me imediatamente daquela anedota do Zéquinha, a quem o padre disse que devia portar-se bem porque Deus estava sempre ao seu lado testemunhando as suas acções. Intrigado, o Zéquinha perguntou:

— Deus também está ao meu lado quando brinco no quintal da minha avó?
— Claro que sim, meu filho…
— Ora, vá-se lixar… a minha avó não tem quintal!…

Esta infantilidade anedótica do alferes-capelão, passei a detectar em todos os discursos de padres, a partir daquele dia! Nas igrejas onde assisto a casamentos, a baptizados e a funerais, mas também nas palavras de bispos e de papas, difundidas pela imprensa, pela rádio e pela televisão, e ainda nas palestras ridículas e vigaristas das seitas ditas cristãs (tão ridículas e vigaristas como as católicas, mas com nuances), em espaços televisivos e radiofónicos. (Se Jesus Cristo tivesse sabido do lindo serviço que fazia, tinha ficado quieto e caladinho e não havia milagres para ninguém!… Isto, se acaso a figura histórica JC existiu realmente, para além do mito sobre o qual foi, estrategicamente, construído o Cristianismo!… O que não é totalmente claro).

Parece-me que todos os padres falam para uma assistência de criancinhas de infantário, ou para adultos com um considerável atraso mental, colocando-os ao nível dos putos de cueiros! Se eu ouvisse esses recados religiosos desde o berço, o meu cérebro tinha sulcos, abertos como caminhos, por onde escorriam os recados religiosos transformados em “inegáveis verdades”. Mas quando se ouve desses recados, já com cérebro adulto, o crivo do sentido crítico funciona e não deixa abrir caminho por aí, porque já se percebe que esse não é o caminho.

Por essa razão é que a ICAR e o Islão teimam em “educar” as criancinhas na sua estética religiosa, sulcando os seus cérebros com um arado diabólico, semeando-o de mitológicos santos e demónios, impedindo que os seus intelectos amadureçam com qualidade. É assim que se fabricam soldados para alimentar o exército de religiosos, e assim queria fazer o actor Tom Cruise, recentemente, ao cérebro da sua filha, na seita Cientologia, mas a mãe da criança teve a sensatez de o impedir (mais uma vez agradeço aos meus pais o terem-me poupado a essa maldade).

O deus que espia no quintal de quem não tem quintal… e que condena à morte o seu amado filho-proveta… para nos salvar (!!??…), não pode ser coisa séria, nem convencer ninguém que pense e que não ouça Quim Barreiros!…

A experiência militar que me esperava nas matas dos Dembos, no norte de Angola (Dez. 1965 – Fev. 1968), foi trágica e mostrou-me a presença constante da morte. O medo pavoroso que sentimos pela irremediável morte, é o grande responsável pela sedimentação das crenças religiosas. Todas elas pretendem fintar a morte, propagandeando uma outra vida para além dela. É este o segredo do marketing religioso: aceitar a morte como passagem para o “reino de Deus” onde se desfrutará de felicidade inaudita! E a alma, que é etérea — logo, destituída de sistema nervoso — quando é enviada para o inferno, sofre abundantemente!… Mitologia pura, deglutida até à última garfada pelos religiosos seguidistas, incapazes de criticarem a ementa que lhes é servida em chip cerebral.

Nas matas dos Dembos vi de perto camaradas caídos em combate, e ajudei o médico numa autópsia. A morte rondava a cada hora de cada dia, e passei noites debaixo de fogo. Perante aquela situação de desespero prolongado, percebi a necessidade que os meus camaradas tinham de consumir o produto-droga-Deus, na procura de um conforto para as suas angústias. Assistiam fervorosamente às missas campais, movidos pela tal promessa de vida eterna, e na presunção de que se adorassem Deus e lhe rezassem com frequência desmedida, estariam protegidos em combate!

Conversei com camaradas protestantes que me diziam assistirem às missas católicas por ser “o sítio do encontro com Deus”. Compreendi todas as suas motivações, mas nunca senti necessidade delas. O que senti, isso sim, foi desconforto por ser o único, de entre os jovens militares que ali esperávamos o correr do tempo para regressarmos às nossas famílias a salvo, que não alinhava em conceitos religiosos. Não tinha ninguém com quem pudesse conferir os meus pontos de vista contra-a-corrente !…

A constante presença da morte não era agradável, mas era uma condição natural da vida, embora ali o drama do fim prematuro fosse ampliado pela situação de guerra, o que, certamente, valorizava o sentido religioso dos meus camaradas de infortúnio. O conceito de Deus estava nas suas cabeças, mas não na minha. Não havia deus algum que desviasse uma bala que viesse na minha direcção, e essa era a realidade científica que a fantasia de Deus não alterava. A diferença estava na qualidade do meu pensamento, e na qualidade do pensamento de todos os meus camaradas.

Era a tal questão da música !… Chostakovich ou Quim Barreiros ?… (Na altura, era mais Ray Charles ou Roberto Carlos ?). Percebi a infantilidade das suas crenças, e passei a interrogá-los sobre a sua fé, começando aí a fazer a minha colecção de conceitos
religiosos, com espírito de aprendiz de Antropologia. Não negava as suas convicções, nem os incentivava a prossegui-las ou a deixá-las. Só queria saber como era. Motivava a conversa como ignorante que era nas coisas que à “razão” da fé pertenciam, ouvia, aprendia e armazenava.

Assim fiz quando, em 1968, regressei à vida civil. Movido pela curiosidade religiosa que a experiência militar me proporcionou, obriguei-me a ler a Bíblia, a Tora, o Corão e textos budistas (Udãna, la Palabra de Buda. Barral Editores, 1972). Passei a frequentar missas católicas, com atenção e intenção crítica, conversei com padres e percebi o funcionamento do culto. Li filósofos e ensaístas. Os clássicos Feuerbach, Shopenhauer, Hobbes, Kant, Espinosa, Nietzsche… mas também o Catecismo Católico, Santo
Agostinho, David Hume, Pascal, Pierre Teilhard de Chardin… e mais Sartre, Roland Barthes, Bertrand Russel…

Tudo isto fiz durante um período de cerca de 25 anos, com sentido antropológico, numa atitude de aprender o comportamento humano perante o fenómeno religioso, e não animado de espírito guerreiro ao serviço do “anti-Cristo”, nem, tão pouco, na “procura de Deus”, do que não necessito absolutamente e em definitivo. Nem, ainda — como se vê pelo tempo dilatado —, com interesse de tirar um curso apressado de Religião, ao estilo dos cursos de Miguel Relvas!…

O fenómeno religioso, embora me interesse culturalmente, nunca constituiu matéria de extrema importância para a minha vida. Não é daí que eu tiro o meu sustento, apesar de me sentir bem lendo, pensando e escrevendo sobre o tema, e sempre fui muito passivo perante as religiões e as opiniões dos religiosos. Só me afirmei ateu, convicta e conscientemente, quanto já contava mais de 40 anos de idade. Mantenho-me tolerante, mas, às vezes (muito raramente), “salta-me a tampa” e assumo um discurso não habitual em mim, que não é antropológico do ponto de vista científico, mas que descamba mais para o estilo Gil Vicentino! Não sou santo e já não tenho idade nem paciência para aturar insolentes.

Hoje, perante o facto de um licenciado (médico, por exemplo) encarar o conceito de Deus com a mesma religiosidade demonstrada por um servente de pedreiro analfabeto, continuo a interrogar-me: Será que o licenciado não aprendeu nada, ou o analfabeto sabe muito?!…

Na verdade, crença e conhecimento (crer e saber) são matérias que não cabem no mesmo saco. São como água e azeite. Não se misturam nem têm índole semelhante. São, até, antagónicas, como o são os polos magnéticos. Repelem-se. Mas a primeira pode encontrar-se em cabeças recheadas com a segunda… quando se bebe da taça religiosa até ao fim, em catequeses e missas, na meninice!

Espanto-me com a recusa, ou incapacidade, que esse indivíduo intelectualmente superior tem, de apartar o mito do real! Acaba por fazer uma salada com ingredientes que não ligam! O resultado dessa experiência culinária, só pode ser… uma estupidificante diarreia mental !…

De facto o cérebro do Homem é complexo… e a música também. E a culinária… já agora !…

A religiosidade também pode ser manifestada em idade adulta, por quem não teve iniciação em criança, o que é mais raro mas acontece, e eu conheço um caso. Cada indivíduo, quando é dono da sua consciência, trilha caminhos próprios, motivados no seu querer e pelo seu crer. São interesses sempre iniciados por algo que vai funcionar como espoleta.

Na política aconteceu o mesmo depois do “Verão quente” de 1975. Filhos de comunistas, em regiões marcadamente de esquerda, filiaram-se no CDS. E alguns pais da ala mais direitista do espectro político da jovem democracia portuguesa, viram os seus filhos a militarem no PCP! A rebeldia contra o poder e a autoridade dos pais, pode criar destes fenómenos sociais, na política e na religião.

Obviamente (porque, realmente, não sou antropólogo, e não obstante a minha tolerância) não me coíbo de criticar costumes da Igreja, e de seitas religiosas que nascem como cogumelos em estrumeira para explorarem o sentido religioso dos mais despossuídos de tudo: de dinheiro, de sentido crítico, de qualidade de pensamento e de vida… e do resto.

Exploração que confirma o facto de Deus ser a pior invenção do Homem, porque tem, na subtil clonação das mentes, um dos aproveitamentos mais maldosos das religiões, criando “batalhões” que se servem de Deus para explorarem, chularem, sugarem e vigarizarem os crentes, que são, sempre, as vítimas culturalmente mais indefesas…

E isso devia constituir crime.

Onofre Varela

11 de Agosto, 2012 Carlos Esperança

Uniões proibidas, citadas por Deus a Moisés

Por

Leopoldo Pereira

Estava eu a fim de resumir os conteúdos, quando me apercebi de que o melhor seria mesmo copiar na íntegra o texto bíblico, por certo bem mais apetecível na sua forma original.

Antes disso e concretamente para os que teimam em não ler o Livro Sagrado, quero relembrar que nos tempos antigos Deus falava muito, especialmente com os Profetas. Moisés terá sido, em meu entender, o mais solicitado, isto a avaliar pelas conversas que chegaram até nós! É de admitir que a maior parte delas se tenha diluído no tempo, lamentavelmente.

Aqui fica um apontamento desses inúmeros contactos, que Deus começava quase sempre de forma idêntica e com a modéstia que Lhe era característica:

“Diz aos filhos de Israel: Eu sou o Senhor, o vosso Deus. Não vos comporteis como na terra do Egipto, onde habitastes, nem como costumam comportar-se na terra de Canaã, para onde vos levo; não sigais os seus estatutos, mas praticai as minhas normas e guardai as minhas leis, deixando-vos guiar por elas. Eu sou o Senhor, vosso Deus. Guardai os meus estatutos e as minhas normas, que dão vida a quem os cumpre. Eu sou o Senhor.

Ninguém de vós se aproximará de uma parenta próxima, para ter relações sexuais com ela. Eu sou o Senhor. Não tenhas relações sexuais com a tua mãe. Ela é de teu pai, e é tua mãe; não tenhas relações sexuais com ela. Não tenhas relações sexuais com a concubina de teu pai, pois ela pertence ao teu pai. Não tenhas relações sexuais com a tua irmã, seja por parte de pai ou de mãe, nascida em casa ou fora dela. Não tenhas relações sexuais com as tuas netas, pois elas são a tua própria carne. Não tenhas relações sexuais com a filha da concubina de teu pai, pois ela é tua irmã. Não tenhas relações sexuais com a tua tia paterna, pois ela é do sangue de teu pai. Não tenhas relações sexuais com a tua tia materna, pois ela é do sangue de tua mãe. Não ofendas o teu tio, irmão de teu pai, tendo relações sexuais com a mulher dele, pois ela é tua tia. Não tenhas relações sexuais com a tua nora, pois ela é a mulher do teu filho. Não tenhas relações com a tua cunhada, pois ela pertence ao teu irmão. Não tenhas relações sexuais com uma mulher e com a filha dela, nem com a neta dela. São parentes e isso seria uma infâmia. Não cases com uma mulher e com a irmã dela, criando rivalidades. Não tenhas relações sexuais com uma mulher durante a menstruação.
Não sacrifiques um filho teu a Moloc, profanando o nome do teu Deus. Eu sou o Senhor.
Não te deites com um homem, como se fosse com uma mulher: é uma abominação. Não te deites com um animal, pois ficarias impuro. A mulher não se entregará a um animal, para ter relações sexuais com ele, pois seria uma depravação. (…)

Todas estas abominações foram cometidas pelos habitantes que habitaram nesta terra antes de vós, e a terra ficou impura. Todo aquele que cometer uma destas abominações será excluído do seu povo.

Portanto, respeitai as minhas proibições, não seguindo nenhuma dessas práticas abomináveis, que eram feitas antes de vós chegardes. Não vos torneis impuros com elas. Eu sou o Senhor vosso Deus”.
NOTA: Fica-se admirado como a malta da “velha guarda” era tão maldosa! Creio que os egípcios não apreciarão esta parte da sua História (a ser verdadeira…).
Sacrificar um filho ao ídolo Moloc não, mas ao Senhor… (o filho de Abraão conseguiu fugir ao pai, lembram-se?).

L. Pereira, 11-8-12

11 de Agosto, 2012 Carlos Esperança

A CASTRAÇÃO SACERDOTAL

Por

ONOFRE VARELA

Os sacerdotes católicos começam por ser (e são-no por toda a vida) homens. Uma boa parte deles, provavelmente, constituirá uma colecção de homens frustrados. E isto porque a condição sacerdotal que assumiram na juventude, operou desvios nos seus modos de pensar e comportar.

Um dos desvios foi-lhes imposto pela proibição de darem uso ao sexo que, quer o papa queira, quer não, os padres possuem. O sexo tem uma função específica que vem escrita no caderno de encargos de cada um, que é o código genético, e negá-lo… é um berbicacho!…

O instinto sexual é uma condição natural. Funciona como mola impossível de conter para perpetuar a espécie. E todos os seres vivos (vegetais incluídos) o fazem das mais variadas maneiras e nas mais incríveis situações. Alguns deles até morrem depois da missão cumprida, como o louva-a-deus e o salmão. Os homens também estão,
incontornavelmente, abrangidos por essa lei natural.

Os padres católicos, porém, estão impedidos de serem homens biológica e psicologicamente inteiros, o que, se em alguns indivíduos acaba por ser uma condição pacífica, em muitos outros não o será, já que a condição de macho, de uma espécie inteligente e erótica (e o erotismo é importante), é-lhes negada, proibida e censurada.
A lei clerical que os impede de se realizarem sexualmente pode modificar (e modifica) o comportamento social de alguns indivíduos de sotaina e cabeção.

Dir-me-ão que há quem consiga viver casto, sem actividade sexual. É verdade que sim. (Ó p´ra mim!… À porta dos 70, já não me afadigo como aos 20 e aos 40!…). O cérebro dos humanos opera milagres! As possibilidades comportamentais do Homem são imensas, como ser inteligente e racional que é. O Homem é o único ser que se adapta a
quaisquer condições, inclusive àquelas onde as possibilidades de vida são impossíveis (como, por exemplo, navegar o espaço para lá da camada protectora da atmosfera), graças ao seu poder inventivo, à técnica e às capacidades específicas do cérebro que possui.

Há quem viva sexualmente casto e em harmonia, quando a condição da castidade parte de si mesmo. Sendo assim, a sua situação psicológica, muito provavelmente, será perfeita, porque se trata de uma opção pessoal. É como viver só, rejeitando a compartilha do apartamento.

Quem assim se comporta está a cumprir a sua vontade e a viver de acordo com ela. A sua condição de macho — o instinto sexual desse indivíduo —, não está a ser violentada, já que ser casto é uma opção própria, ditada pelo seu cérebro, por isso, intrínseca ao seu modo de pensar e de sentir. É o seu desejo. O mesmo não se poderá dizer quando a condição de castidade lhe é imposta; lhe chega de fora de si, em forma de lei escrita e com superiores hierárquicos fiscalizadores, como polícias de trânsito a
avaliarem o seu modo de conduzir. As reacções psicológicas desse indivíduo — interno de um seminário e rodeado de machos com os mesmos instintos sexuais a serem, coercivamente, refreados —, não será, certamente, as mesmas do outro que não é casto por imposição, mas por opção.

A Igreja é cheia de homens a quem foi imposta a castidade contra a sua vontade natural, e que transportam esse dilema nos seus cérebros, convivendo mal com ele todos os dias das suas vidas. Má convivência que, necessariamente, se reflectirá nas suas atitudes comportamentais. Mas a Igreja também tem sacerdotes que se relacionam sexualmente, numa situação obrigatoriamente clandestina, compensando o seu lado afectivo (e erótico) na relação sexual como prémio do desejo.

Estas relações, para os seus intervenientes, só têm a negatividade de serem clandestinas, imprimindo-lhes algo de relação incompleta e “pecaminosa”. Como relação secreta, não se pode mostrar aos outros a felicidade que se sente por amar fisicamente aquela pessoa!
Quanto à relação em si, desde que partilhada com parceiros (mulher ou homem, tanto dá) de maioridade e por vontade própria, ela é perfeita!

E como todos nós sabemos, por notícias que às vezes vêm a público, a Igreja enferma do crime de pedofilia, a juntar a tantos outros crimes e atitudes prepotentes que brotam do seu útero parideiro de desgraças, juntamente com mais uma colecção enorme de abusos de vária ordem contra a sociedade onde a Igreja se estabeleceu, e principalmente
contra as mulheres que são as eternas e preferidas vítimas do conceito do deus patriarcal, arcaico, homófobo e castigador.

Dirão os religiosos, na condição de advogados do diabo, que os crimes de pedofilia na classe clerical não são da Igreja, enquanto instituição, mas, apenas e só, de alguns sacerdotes.
Claro que sim! Mas um só que fosse, já era demais para a santidade de que a ICAR se apregoa. Um só energúmeno padre que abuse sexualmente de uma criança, é uma aberração da instituição, mercê da moral que a Igreja diz representar!

Na realidade, o número de padres pedófilos e abusadores sexuais de menores e de portadores de deficiência, é imenso!
E estes crimes são, habitualmente, silenciados pela hierarquia da Igreja. Os casos que chegam às páginas dos jornais serão, apenas, uma gota de um oceano de maldades.
A condição de “animal-predador-sexual”, no homem comum, é limada pela ética comportamental aprendida no meio que o formatou desde o berço como animal gregário que é, e pela lei instituída na sociedade, o que o impede de, quando estimulado pelo instinto sexual, violar todas as mulheres com que se cruza na rua.

Mas este homem comum, foi educado para se insinuar, escolher mulher, conquistá-la, namorar, e, por vontade dos dois, viver em comum e envolver-se numa troca de sexo, de saliva e de outros fluídos corporais numa dádiva mútua. Disto (que é bom!…), os padres estão proibidos de usufruir!

A Santa Madre Igreja e o papa, que é seu parceiro (B16, não esqueçamos, provém da ala mais extremista, direitista, estúpida, retrógrada, prepotente, arcaica, medieval e tenebrosa da ICAR), batem o pé para que assim continue a ser, permitindo-se os desvios que a Natureza opera nas cabeças sacerdotais (há religiosos que também são autores de actos positivos? Um dia falarei sobre isso).

A Igreja esquece que os padres, lá por serem padres, não deixam de ter erecções… e reprimi-las é anti-natural, embora esteja de acordo com o sacro-sadismo de infligir auto-sofrimento para atingir a santidade (!) e, se calhar, por essa via, conseguir um orgasmo…

Coibir a sexualidade é um acto psicologicamente violento, não sendo, por isso, um bom princípio para se ser uma pessoa de bem e conviver em harmonia consigo e com os outros.
Tenho para mim que quem não tem uma relação sexual que o satisfaça, não pode ser boa pessoa. E mais: provavelmente será azedo no modo de se expressar e conviver. Azedume que se nota em alguns recados de rodapé que estes textos às vezes suscitam… não é?!…

A esses espíritos azedos de fel, permito-me sugerir-lhes que conquistem uma mulher e se deitem com ela (*).
Vão ver que é bom!… e vão-me agradecer a sugestão!…
Vá… experimentem!…

(*) – Não sei se terão estaleca para isso. Se calhar só têm força na língua para vomitar insultos…

Onofre Varela.