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Categoria: Ateísmo

31 de Dezembro, 2012 Carlos Esperança

Feliz 2013

Feliz Ano Novo

Feliz Ano Novo

Diário de uns Ateus deseja aos colaboradores e visitantes um 2013 tão feliz quanto possível.

28 de Dezembro, 2012 Carlos Esperança

O ateísmo e a cólera pia

Já disse numerosas vezes que a religião e o ateísmo não atestam a bondade de ninguém. Há crentes bem formados e ateus malévolos.

Estaline não era melhor do que Urbano II e Mao, embora mais pudico, não era menos sinistro do que os Bórgias ou pio IX. Acontece que os crentes o são por hábito, desde crianças, por herança familiar ou ainda por constrangimento social, enquanto os ateus o são por não acreditarem em afirmações que carecem de provas.

Não conheço um único ateu que se regozije por ter libertado da hóstia e da genuflexão um crente, mas noto que os créus exultam quando colocam de joelhos um agnóstico ou fazem rastejar um crente de uma religião concorrente.

Os homens não se dividem em crentes e não crentes, separam-se por preconceitos e por intoxicações que os funcionários de Deus fomentam nas madraças, mesquitas, pagodes, sinagogas e catedrais. Há quem prefira rastejar como os répteis a andar de pé como os primatas evoluídos.

A piedade, em vez de apelar à inteligência e à solidariedade, conduz à rivalidade e ao ódio. Um ser imaginário é capaz de transformar em feras o mais pacífico dos homens. Deus é uma tragédia que as multinacionais da fé exploram.

A água benta tem efeitos mais demolidores do que os cogumelos mais venenosos e os sinais cabalísticos, com que o clero hipnotiza os crentes, transformam uma pessoa de bem num cruzado ou num terrorista suicida. O ateísmo não é uma religião mais que disputa o mercado da fé, é a opção filosófica que contraria a superstição e mitiga o ódio que as crenças destilam.

27 de Dezembro, 2012 Carlos Esperança

O POLICARPO E A VIRGINDADE

Por

ONOFRE VARELA

O Jornal de Notícias de 25 de Dezembro dá conta do discurso de Natal do cardeal José Policarpo. Trata-se do mais dogmático discurso de púlpito que um sacerdote pode dar aos seus fiéis reunidos em missa, sintonizados para aceitarem tudo quanto o padre deixe sair da boca, para uma clientela do falso, do dogma e da fé sem reservas. O cardeal-patriarca José Policarpo já me habituou a ver no seu discurso recados para mentecaptos.

Desta vez reafirmou a virgindade de Maria, sintonizado com o que o seu patrão B16 escreveu no livro “A infância de Jesus”, acabado de editar. Disse que “foi a entrega de todo o seu ser ao amor Deus”, o que permitiu a Maria gerar Cristo, e que a virgindade de Maria é uma verdade inequívoca da fé. E disse mais isto: que “o amor de Deus é
criador, pode fecundar e fazer germinar a vida”, sublinhando dois momentos cruciais da criação divina. O primeiro diz que “só a terra era virgem”, e o segundo afirma que a criação se dá quando “o amor criador fecunda uma mulher virgem”.

O homenzinho deve estar transtornado!… Tantos anos casto, sem experimentar o acto sexual com uma mulher de verdade, com amor carnal vero, com paixão e entrega, provocou-lhe estes “desarrincanços fornicais” que ninguém entende!…

Disse ainda que a virgindade de Maria serve de modelo à Igreja que aproveita a germinação no seu próprio seio, “o Filho de Deus feito Homem”. A Igreja toma a boleia e “gera todos os homens que se tornaram filhos de Deus”! E disse mais: que “a Igreja é continuamente fecundada pelo amor de Cristo, que a ama como um Esposo”(!!!).

Eu não sei que leituras anda a fazer o senhor José Policarpo, nem que medicamentos toma. Mas parece-me que a literatura mais aproximada do seu discurso será a revista “Heros” ou a “Playboy”!…

A notícia termina com uma referência aos ateus (ou não crentes), que, parece, são gente a preocupar cada vez mais as mentes dos cardeais. Evocou novamente o papa B16 para sublinhar que até os descrentes trazem inscrita a exigência daquilo que vale a pena e que permanece sempre. “Há muitas pessoas que, embora não reconhecendo em si mesmas o
dom da fé, todavia vivem uma busca sincera do sentido último e da verdade definitiva acerca da sua existência e do mundo”.

Quer ele dizer, na sua, que só a fé é o motor de busca das verdades. E que o descrente, não o sabendo em consciência, tem a centelha da fé com que Deus ilumina as mentes preocupadas com o sentido da verdade!

Ó senhor cardeal, olhe que não…

Bem sei que lhe dá jeito transferir para o seu credo as atitudes positivas dos não crentes, mas olhe que isso é desonestidade!… É apropriação ilícita da obra dos não crentes sem respeitar os direitos de autor, e insinuando que o autor, afinal, não é o não crente, mas
Deus! Seja crente, mas seja, também, intelectualmente honesto.

Os não crentes não recebem nada de Deus. E os crentes também não! Nem o senhor, por mais que afirme que sim! Nós só podemos colher os frutos das árvores que os dão… e não há árvore de onde germine o fruto-Deus. Esse fruto não existe e por isso ninguém o pode cultivar nem colher… mas pode-se colher (e bem) da fé dos crentes… mas isso já é outra conversa.

Na sua cabeça o senhor pode dar largas às suas fantasias e criar os frutos-deuses que quiser, e falar por eles. Na sua mente pode plantar um pomar de árvores que dão anjos, e também pode dizer que a Igreja é fecundada pelo amor de Cristo que a ama como um esposo… mas se teima nesse discurso não conte comigo para testemunhar a sua sanidade mental!

Já garanto a sua razão quando diz que o amor é criador. É sim senhor. Comprovo-o. Foi assim que eu e a minha mulher concebemos uma filha, e foi assim que ela nos deu dois netos. Mas olhe que essa tarefa nos obrigou a deitarmo-nos na cama, nus, e trocarmos fluidos corporais numa luta corpo-a-corpo com todo o prazer que esse acto, denominado
amor, nos arrancou com orgasmos! É assim que se faz filhos. Foi assim que os seus pais o fizeram, senhor cardeal, aceitando que o senhor foi concebido por uma relação normal, e não por uma violação criminosa.

E se acaso Jesus Cristo existiu realmente, e se foi parido por Maria, ela teve que se deitar com um homem e ser penetrada pelo pénis do companheiro.

O José ou outro qualquer… já que os católicos teimam em chamar pai adoptivo a José!…

26 de Dezembro, 2012 Carlos Esperança

Os fantasmas do único Estado totalitário da Europa – o Vaticano

Há temas, ditos fraturantes, que a ICAR gostaria de silenciar. O aborto, a eutanásia e o casamento de homossexuais são os que mais a crispam e apaixonam. E, no entanto, não podem ser ignorados nem perpetuamente adiadas as soluções legais.

A moral não é universal nem legitima a imposição de todas as normas e, muito menos, a punição pela sua transgressão. O divórcio, por exemplo, será um mal, mas não deve ser proibido e só a intolerância religiosa e a cumplicidade da ditadura o limitou e, na prática, impediu, até ao regresso à democracia. O adultério é decerto ruim e, no entanto, ninguém de são juízo se atreveria a propor uma punição legal, mas é bom lembrar que foi esse o crime que levou Camilo Castelo Branco ao cárcere.

Os que hoje ainda se opõem à descriminalização do aborto são os que, já depois do 25 de Abril, não aceitavam que o risco de vida da mãe, as malformações fetais e a violação fossem motivos legítimos para a interrupção voluntária da gravidez, como se a lei impusesse a obrigação e não, apenas, consagrasse a permissão.

O mesmo acabará por acontecer com a eutanásia, como já acontece com os casamentos dos homossexuais, cujo precedente existe em vários países europeus, apesar do terrorismo ideológico com que os adversários se opuseram. Convém repetir que são direito que se consagram e não obrigações que se impõem.

O que surpreende nos adversários das alterações legais liberalizadoras, ou da simples discussão, não são as opiniões que perfilham, é o ódio que nutrem pelas ideias que colidem com as suas.

Há pessoas para quem a liberdade religiosa se confunde com o direito ao proselitismo e a exigência de conversão dos réprobos. Não lhes passa pela cabeça que a conversão e a apostasia, a ortodoxia e a heterodoxia, a devoção e o agnosticismo, a beatice e o ateísmo são direitos que se inserem na liberdade religiosa que, até hoje, só a laicidade do Estado conseguiu tornar efetiva.

26 de Dezembro, 2012 Carlos Esperança

O Vaticano e o discreto namoro com o nazismo

Os 70 anos da mensagem natalícia de Pio XII

Por eu 24/12/2012 às 00:59

http://www.youtube.com/watch?v=mJgj-XTGVaU
http://www.youtube.com/watch?v=Jr5Q5Volv88

http://www.radiovaticana.org/bra/Articolo.asp?c=47351
IGREJA CATÓLICA ALEMÃ INDEMNIZA 594 ESCRAVOS DO NAZISMO 

http://www.radiovaticana.org/bra/Articolo.asp?c=195190
IGREJA NA ALEMANHA RECONHECE QUE EXPLOROU CERCA DE 6000 DEPORTADOS DURANTE O NAZISMO
No Natal de 1942, Pio XII fez um discurso natalício na Rádio Vaticana em plena 2ª guerra mundial.

http://www.vatican.va/holy_father/pius_xii/speeches/1942/documents/hf_p-xii_spe_19421224_radiomessage-christmas_po.html

No discurso, Pio XII condenou claramente o comunismo (“a Igreja condenou os vários sistemas do socialismo marxista e condena-os ainda hoje como é seu dever e direito permanente de preservar os homens de correntes e influências que põem em risco a sua salvação eterna.”) , mas não condenou Hitler e nem os cúmplices dele: Mussolini, Franco*, Pétain**, padre Tiso***, Ante Pavelic****, Hideki Tojo***** etc. No máximo, Pio XII disse uma mensagem ambígua (“Este voto deve-o a humanidade às centenas de milhares de pessoas que sem culpa nenhuma da sua parte, às vezes só por motivos de nacionalidade ou raça, se vêem destinadas à morte ou a um extermínio progressivo.”), mas sem mencionar os agressores. A crítica explícita de Pio XII ao comunismo e a recusa de crítica ao nazismo(na mensagem natalina) se deu por causa de seu anticomunismo ferrenho. Pio XII considerava Hitler uma “ponta-de-lança” contra o comunismo(depois dos fiascos alemães em Stalingrado e Kursk, Pio XII certamente ficou desesperado).Quando a guerra acabou, o Vaticano, com a conivência de Pio XII, ajudaria Eichmann, Mengele. Pavelic**** e outros nazis a fugirem para a América do Sul (“Ratlines”).

*ditador espanhol, ajudou Hitler na guerra com a Divisão Azul.

** chefe do regime de Vichy (França); perseguiu judeus e a Resistência.

*** ditador eslovaco; perseguiu judeus, ciganos e opositores.

**** ditador croata, promoveu genocídio de sérvios, ciganos, judeus e opositores com a cumplicidade ativa do clero croata. Os crimes de Pavelic chocavam inclusive os nazistas.

***** premier japonês; o Japão cometeu muitas atrocidades em territórios ocupados (estupros; assassinatos em massa; “experiências científicas” horrendas, como amputação de membros e vivisecção). O Japão chegou a ocupar áreas com significativas populações católicas (Indochina, Timor Leste, Filipinas…) sem qualquer condenação de Pio XII.

Nota: Na época da mensagem natalina do Pio XII, a Alemanha estava perdendo em
Stalingrado (e pra piorar havia perdido em El-Alamein; os Aliados
desembarcaram no Marrocos e Argélia controlados por Pétain**)

25 de Dezembro, 2012 Carlos Esperança

QUEM FOI O AVÔ DE JESUS?

Por

João Pedro Moura

Mateus 1:1-17:
“1- Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.

2- Abraão gerou a Isaque; e Isaque gerou a Jacó; e Jacó gerou a Judá e a seus irmãos;

3- E Judá gerou, de Tamar, a Perez e a Zerá; e Perez gerou a Esrom; e Esrom gerou a Arão;

4- E Arão gerou a Aminadabe; e Aminadabe gerou a Naassom; e Naassom gerou a Salmom;

5- E Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede; e Obede gerou a Jessé;

6- E Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias.

7- E Salomão gerou a Roboão; e Roboão gerou a Abias; e Abias gerou a Asa;

8- E Asa gerou a Josafá; e Josafá gerou a Jorão; e Jorão gerou a Uzias;

9- E Uzias gerou a Jotão; e Jotão gerou a Acaz; e Acaz gerou a Ezequias;

10- E Ezequias gerou a Manassés; e Manassés gerou a Amom; e Amom gerou a Josias;

11- E Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos na deportação para babilônia.

12- E, depois da deportação para a Babilónia, Jeconias gerou a Salatiel; e Salatiel gerou a Zorobabel;

13- E Zorobabel gerou a Abiúde; e Abiúde gerou a Eliaquim; e Eliaquim gerou a Azor;

14- E Azor gerou a Sadoque; e Sadoque gerou a Aquim; e Aquim gerou a Eliúde;

15- E Eliúde gerou a Eleázar; e Eleázar gerou a Matã; e Matã gerou a Jacó;

16- E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama o Cristo.

17- De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e desde Davi até a deportação para a Babilónia, catorze gerações; e desde a deportação para a Babilónia até Cristo, catorze gerações.”

Isto é, segundo Mateus, o avô paterno (o materno não conta para o registo bíblico…) da personagem bíblica Jesus foi… Jacob…

Vejamos agora a genealogia, segundo Lucas:

Lucas 3:23-38:

“23- E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos, sendo (como se cuidava) filho de José, e José de Heli,

24- E Heli de Matã, e Matã de Levi, e Levi de Melqui, e Melqui de Janai, e Janai de José,

25- E José de Matatias, e Matatias de Amós, e Amós de Naum, e Naum de Esli, e Esli de Nagaí,

26- E Nagaí de Máate, e Máate de Matatias, e Matatias de Semei, e Semei de José, e José de Jodá,

27- E Jodá de Joanã, e Joanã de Resá, e Resá de Zorobabel, e Zorobabel de Salatiel, e Salatiel de Neri,

28- E Neri de Melqui, e Melqui de Adi, e Adi de Cosã, e Cosã de Elmadã, e Elmadã de Er,

29- E Er de Josué, e Josué de Eliézer, e Eliézer de Jorim, e Jorim de Matã, e Matã de Levi,

30- E Levi de Simeão, e Simeão de Judá, e Judá de José, e José de Jonã, e Jonã de Eliaquim,

31- E Eliaquim de Meleá, e Meleá de Mená, e Mená de Matatá, e Matatá de Natã, e Natã de Davi,

32- E Davi de Jessé, e Jessé de Obede, e Obede de Boaz, e Boaz de Salá, e Salá de Naassom,

33- E Naassom de Aminadabe, e Aminadabe de Arão, e Arão de Esrom, e Esrom de Parez, e Perez de Judá,

34- E Judá de Jacó, e Jacó de Isaque, e Isaque de Abraão, e Abraão de Terá, e Terá de Nacor,

35- E Nacor de Seruque, e Seruque de Ragaú, e Ragaú de Fáleque, e Fáleque de Éber, e Éber de Salá,

36- E Salá de Cainã, e Cainã de Arfaxade, e Arfaxade de Sem, e Sem de Noé, e Noé de Lameque,

37- E Lameque de Metusalém, e Metusalém de Enoque, e Enoque de Jarete, e Jarete de Maleleel, e Maleleel de Cainã,

38- E Cainã de Enos, e Enos de Sete, e Sete de Adão, e Adão de Deus.”
Segundo Lucas, o avô da personagem Jesus foi… Heli…

Isto é, dois evangelistas, Mateus e Lucas (que ninguém sabe quem foram…), que deveriam orientar o povo cristão na senda do … cristianismo, contradizem-se na genealogia desse deus de fancaria, num ponto fundamental: a origem do homem mais importante da humanidade, segundo os cristãos…
… Logo, duas proposições contraditórias anulam-se mutuamente. Pelo que, não há genealogia e, por isso, não há Jesus…

Mas, admitamos que há um Jesus na Bíblia…

Então, como é que esse deus, um deus, não consegue inspirar corretamente os escribas que traçaram a sua suposta genealogia???!!!

Mais e pior:

Como é possível traçar uma genealogia duma suposta criatura humana a partir do seu pai… putativo: José???!!!

Mais e pior ainda:

Adão conheceu Eva e ambos conceberam Caim e Abel. Então, como é que em Génesis, 4, 17, se diz: “Caim conheceu sua mulher, que concebeu e deu à luz Henoc…”???!!!
Donde é que veio essa mulher, se só existiam Adão, Eva, Abel, entretanto assassinado, e Caim???!!!???!!!
E em Génesis 5 aparece outra descendência de Adão, totalmente diferente, que teria vivido 930 anos e gerado um filho aos 130 !…

Alguém entende alguma coisa disto???!!!
Bem digo eu que a religião é a coisa mais estúpida do mundo e… arredores…!

24 de Dezembro, 2012 Carlos Esperança

A LEI FÍSICA DO DEUS DE ABRAÃO

Por

DAVID FERREIRA

À medida que o universo se expande continuamente após a grande explosão inicial, o Deus de Abraão vai sendo empurrado para além da sua fronteira, despersonalizando-se à velocidade da luz, até não ser mais que uma ideia.

Tal como o universo, quando a libido da curiosidade do homem se tornou demasiado densa e compacta para ser contida nessa pequena bolha constritora e opressiva da crença e da superstição, explodiu com o fulgor de uma supernova, algo ignoto até então, e abriu-se em flor irradiando um clarão tão forte que cegou demónios e desasou anjos, desintegrou medos e mortalizou anseios de imortalidade. Então, lentamente, como um ofídio que rasga a casca do ovo ansiando lamber um ar mais fresco, a vontade de conhecer intrínseca e ancestral rompeu grilhões, desvirginou lascivamente a inanidade do pensamento e fez-se dilatar naturalmente ao sabor da liberdade.

Mas a crença e a superstição já tinham gerado o mito, um desmesurado sonho narcísico projectado no interior espelhado das pálpebras dos seus criadores, que o tinham alimentado em demasia até à obesidade mórbida, sempre faminta. E esse mito, demasiado pesado para se expandir, permanece ainda hoje enclausurado no mesmo local insignificante e remoto onde nasceu e floresceu, agora uma miragem falaz descarnada pelo Sol abrasador e psicadélico do deserto, retraindo-se proporcionalmente à medida que o seu âmago imaterial se afasta, até à implosão.

Ou até não ser mais que uma ideia.

 

23 de Dezembro, 2012 Carlos Esperança

A “LUZ” DA BÍBLIA…

Por

JOÃO PEDRO MOURA

Génesis 1:1-19

“1- No princípio criou Deus os céus e a terra.

2- E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.

3- E disse Deus: Haja luz; e houve luz.

4- E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.

5- E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.

6- E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.

7- E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi.

8- E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo.

9- E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi.

10- E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e viu Deus que era bom.

11- E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente está nela sobre a terra; e assim foi.

12- E a terra produziu erva, erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente está nela conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom.

13- E foi a tarde e a manhã, o dia terceiro.

14- E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos.

15- E sejam para luminares na expansão dos céus, para iluminar a terra; e assim foi.

16- E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas.

17- E Deus os pôs na expansão dos céus para iluminar a terra,

18- E para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas; e viu Deus que era bom.

19- E foi a tarde e a manhã, o dia quarto.”

Compare-se a contradição antinómica e, por isso, fatal, entre os versículos 3-5, o “primeiro dia da criação”, e os 14-19, “quarto dia da criação”…
… No primeiro dia da obra divinal, “deus” criou a “luz”, com que separou o “dia” da “noite”, mas essa “luz”, que deveria ser o sol, era abstrata… pois o sol só foi criado, segundo o Génesis, ao quarto dia…

Deste despautério insanável, emerge um duplo quesito:

1- Se o dia, período de 24 horas, exprime a alternância entre a luz diurna e as trevas noturnas, isto é, entre o sol estar e não estar acima da linha do horizonte, como é possível que o deus infalível tenha criado a “luz” e a consequente alternância entre dia e noite, sem ter criado previamente o sol???!!!

2- Se o movimento aparente do sol é que marca a sucessão dos dias, então o que foram os 3 primeiros dias da criação… sem sol???!!!

Eu explico: é que os néscios que fizeram a Bíblia, neste caso, o Génesis, não sabiam da ligação da aurora ao sol. Pensavam que a primeira luz diurna, a aurora, era uma luz abstrata, desligada do sol.
Daí que esses néscios tenham posto o seu deus a criar luzes sem nexo com a realidade, no primeiro dia, e a verdadeira luz solar, no quarto dia…
Ainda bem que os copistas monásticos medievais, que copiaram e recopiaram o despautério bíblico, não repararam e, portanto, não corrigiram este e outros dislates …
… Assim, podemos ter este registo fóssil para nos divertirmos… e para mostrarmos a inanidade da obra…

Donde emerge um duplo silogismo, mas em que só um é verdadeiro:

1- Deus é perfeito;
a Bíblia é inspirada por deus;
Logo, a Bíblia é perfeita.

Ou…

2- A Bíblia é imperfeita;
a Bíblia é inspirada por deus;
logo, deus é imperfeito.

Acrescento, apenas, que os deuses imperfeitos não existem, por contradição antitética…

Mas eu ainda poria estoutro silogismo:

A Bíblia foi criada por pessoas crédulas;
As pessoas crédulas são mais falíveis;
Logo, a Bíblia … não foi inspirada por deus…

E eis que a Bíblia, através do Génesis, “chumba” logo no exame inicial, isto é, no exame divino da “criação”.
Basta uma única contradição, para reprovar uma obra “inspirada” por “deus”, o infalível…
… Mas há mais…

P.S. – Genesis só há (houve) um: o de Peter Gabriel (o melhor vocalista do mundo), Phil Collins (um dos dois melhores bateristas do mundo), Mike Rutherford, Steve Hackett e Tony Banks, mais umas contribuições avulsas doutros.
Genesis foi a maior banda de “rock sinfónico” (o melhor tipo de música de sempre) do mundo, pontificando, sobretudo, na década de 70.
O Genesis de “Trespass”, “Nursery Cryme”, “Foxtrot”, “The Lamb Lies Down on Broadway”, “Selling England by the Pound” e os registos espantosos de “Supper`s Ready”, a melhor faixa musical de todos os tempos, 24 minutos de portento, do primeiro ao último minuto, faixa essa superiormente tocada no duplo álbum, ao vivo, “Seconds Out”. E o melhor álbum ao vivo desde a “criação” bíblica do mundo: “Genesis Live”, um portento de 5 faixas… a saber, por ordem crescente de portento: “Get`em Out by Friday”, “Watcher of the Skies”, “The Return of the Giant Hogweed”, “Musical Box” e “The Knife”…
Isto sim, é que era o Genesis!…
Agora, o da Bíblia!…

23 de Dezembro, 2012 Carlos Esperança

Dízimo, logo há dinheiro

Por

Kavkaz

Entregar o dízimo é uma expressão utilizada para convencer os crentes a financiarem, manterem e enriquecerem as organizações religiosas. O dízimo corresponderá ao valor de 10 % do produto ou receita obtida pelos fiéis e tem a sua origem teórica ou teológica no Antigo Testamento, no Gênesis: “E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo” (Gên 14, 20). Já no livro Deuteronómio o dízimo aparece como uma ordem a cumprir pelos crentes. Em De 14, 22-29 e De 26, 12 o dízimo é um imposto a ser pago para os fiéis beneficiarem da boa disposição dos “pastores”.

No Novo Testamento a ideia do dízimo já é o da criação de um fundo colectivo de modo comunista: os crentes vendiam tudo o que possuíam (100 %) e entregavam a receita aos pés (veja-se a deferência) dos apóstolos (At 2, 44-45 e At 4, 34-35). Quem não entregasse aos apóstolos 100 % de tudo o que tinha vendido era admoestado publicamente e perseguido até morrer de vergonha (At 5, 3-10).

As religiões cobram sempre dinheiro ou produtos e serviços aos seus fiéis para a manutenção e enriquecimento dos grupos religiosos. Tentam transmitir a ideia de que o pagamento dos dízimo será uma vontade expressa dos deuses. Conseguirão, assim, a multiplicação dos imóveis e terrenos que as organizações religiosas possuem, o pagamento dos salários e reformas aos funcionários, formação, despesas de habitação, água, luz e telefone, etc. Há muitos interesses onde podem gastar e aplicar o dinheiro dos crentes. Por vezes utilizam parte desse dinheiro para ajudar pessoas com dificuldades económicas e fazem disso publicidade para obterem respeito e aceitação da comunidade envolvente.

O dízimo não é sempre o valor fixo sobre os rendimentos dos crentes. Há grupos religiosos que aplicam o imposto de 10 %. Há outros que, tendo em conta as dificuldades dos crentes em pagar tal valor elevado, acabam por ser mais flexíveis e pedem aos crentes para serem eles próprios tão generosos quanto possam nas sua dádivas aos pastores. O crente tem a ideia de que em troca do dízimo receberá a vida eterna. O dízimo é pagamento adiantado. A contrapartida feliz será recebida depois dele morrer. Entretanto, ficará mais pobre!

Quem recebe o dízimo dos crentes é que já pode ter uma vida feliz e rica ainda antes de morrer. As organizações religiosas possuem ao seu dispor grandes riquezas sem muito esforço, nem grandes canseiras ou sobressaltos. São terrenos, imóveis, obras de arte, ouro, jóias, valores enormíssimos de dinheiro. Subtraem-se, sempre que podem, ao pagamento de impostos ao Estado sobre as fortunas que possuem.

Os crentes já têm de pagar impostos ao Estado e que podem ser bem superiores aos 10 % dos seus rendimentos. Mas têm contrapartidas que usufruem. Obtêm serviços de educação, saúde, constroem-lhes estradas, pontes, têm empresas públicas diversas para os servir. Já as religiões constroem-lhe ilusões e prometem aos crentes o céu depois deles serem enterrados.