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Categoria: Ateísmo

3 de Abril, 2013 Carlos Esperança

A vida, a morte, a ressurreição e o sermão ímpio

Na última sexta-feira, adjetivada de santa, a cristandade chorou a morte matada de Jesus Cristo (JC), judeu utilizado por Paulo de Tarso na cisão com o judaísmo, e às 00H00 de domingo houve euforia com a ressurreição, todos os anos repetida. Nos três dias de luto, nunca três dias tiveram tão poucas horas, puseram de lado a carne, sobretudo de porco e, presume-se, também aquela que dá origem ao pecado da luxúria.

JC, antes de proceder à sua ressurreição e de ter subido ao Céu com os órgãos intactos, incluindo o santo prepúcio que, só em Itália, chegou a gozar o ouro de igual número de relicários, antes de um papa acabar com as peregrinações e a disputa sobre o verdadeiro, com a alegação de que a subida ao Céu não podia deixar resíduos, JC já tinha treinado o truque da ressurreição num pobre diabo, que referirei adiante, onde ganhou prática.

Sabe-se que JC morreu no Gólgota onde o dedicado Cireneu o ajudou a arrastar a cruz e, embora com algumas discrepâncias, o Novo Testamento encarregou-se da narrativa da morte, da ressurreição e das conversas com pessoas das suas relações antes de subir ao Céu. Sabe-se que deu nas vistas nos últimos três anos de vida em que se dedicou aos milagres e à pregação, atividades frequentes para quem fugia ao setor primário. Um dos milagres, quiçá o que lhe valeu a divindade, milagre só repetido para si próprio, foi o da ressurreição de Lázaro. Hoje os milagres são pífios e basta a cura da queimadela de um olho com óleo de fritar peixe, suprindo o colírio, para canonizar um bem aventurado.

O homilia da ressurreição de Lázaro é, ainda hoje, um comovente exercício da divina omnipotência. Era este sermão que cabia fazer ao pároco de uma aldeia da Beira, num qualquer domingo depois do Pentecostes, quando ficou afónico. Não se atrapalhou o padre e ordenou ao sacristão, inexperiente na parenética, que fosse ele, a substituí-lo.

Depois das peripécias da recusa, que por economia dispenso de referir, o padre garantiu estar a seu lado para emendar algum erro improvável a quem sabia de cor o sermão que tinha ouvido dezenas de vezes. E assim fez.

Tal como combinado, o sacristão advertiu os paroquianos que ia dizer o sermão pelas razões conhecidas, e começou:

– Queridos irmãos, naquele tempo estava Jesus e alguns apóstolos, com a mesa e a mala, a fazer milagres à beira do Lago de Genesaré, hoje chamado de Tiberíades, e veio junto dele um coxo e disse: «Senhor, curai-me» e o Senhor curou-o; veio depois um cego com igual pedido e o Senhor curou-o; e fez o mesmo com sifilíticos, leprosos e paralíticos. Já Jesus tinha arrumado a mala e ainda vieram junto dele as irmãs de Lázaro, chorosas, e lhe disseram: «Senhor, o nosso irmão morreu; Senhor, valei-nos». O Senhor disse-lhes: ide e orai e elas assim fizeram.

O Senhor foi junto da campa de Lázaro e ordenou-lhe: Lázaro, levanta-te e anda. E ele andeu…

– «andou, estúpido!» balbuciou-lhe do lado o padre, afónico, e o sacristão continuou…

– andou estúpido algum tempo e depois curou-se.

1 de Abril, 2013 Carlos Esperança

A Páscoa da ressurreição

Se há coisa que me agrade é uma boa ressurreição. É um número interessante para quem não se resigna à defunção e uma delícia para quem sabe que a vida é irrepetível.

O que me custa é a cobertura obsessiva à ressurreição anual do mesmo defunto. Não há canal português onde, desde os filmes às procissões, das missas às bênçãos papais, das crucificações às flagelações, se possa assistir, pelo menos, à notícia do aparecimento de um novo lince na serra de Malcata.

O defunto provisório chega todos os anos após o IMI enviado pelas Finanças.

31 de Março, 2013 Carlos Esperança

Pedido unilateral do Papa

Papa pede aos incrédulos para «arriscarem aceitar Deus» (DN)

Os ateus pedem ao Papa para «arriscar a dúvida»

(Diário de uns Ateus)

24 de Março, 2013 Carlos Esperança

O Papa dos pobres…

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O PAPA DOS POBRES…

 

 

Por

João Pedro Moura

O papa Chico parece que se inclinou para o apostolado dos pobres…

Matéria esta que nem é original, na Igreja, mas se avigorou com o novo papa…

Os pobres para aqui… e os pobres para acolá… parece ser o lema dele…

Quanto às causas da pobreza… ainda não disse nada…

… Nada de novo, também, nessa matéria, quanto à essência do discurso eclesiástico e papal… diferentemente de Francisco de Assis, antigo boémio medieval, que, nos primórdios do séc. XIII, com 20 e poucos anos, na Praça de Santa Maria, em Assis, se despojou das roupas e das riquezas, ante o seu pai, o bispo e demais assistentes, e partiu nu para junto dos pobres…

Uma frase que Francisco de Assis ouviu numa missa, serviu de chamamento à sua mudança de vida:

Mateus 10:7-10

“E, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus.
Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demónios; de graça recebestes, de graça dai.
Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos,
Nem alforges para o caminho, nem duas túnicas, nem alparcas, nem bordão; porque digno é o operário do seu alimento.  “

Mas isso já passou…

Esta nova palhaçada papal, “os pobres”, veio para ficar e vai fazer carreira, porque não falta matéria-prima que a alimente…

Prevejo um revigoramento da figura papal, personificada no Chico esperto do Bergoglio, que encontrou um bom e sensível filão para cativar apoios e esconjurar velhas, repetitivas e corrosivas malevolências, decerto que inspiradas pelo Maligno…

Entretanto, vejamos as imagens, que ilustram este artigo, dalguns “pobres”, comodamente sentados na Praça de S. Pedro, assistindo à pomposa cerimónia do início do pontificado do “papa dos pobres”…

20 de Março, 2013 Carlos Esperança

MARIA CAVACO SILVA E O VÉU

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Por

João Pedro Moura

O que é que aquela senhora está ali a fazer de véu na cabeça???!!!

É norma da casa, obrigar as senhoras a usarem véu, ante o papa???!!!

Se não é, para que é que ela usa???!!!

Qual a relação entre usar véu e estar diante do papa???!!!

Nos tempos hodiernos, ver uma mulher a usar véu ante o papa, sem que o seu homem também use, remete-nos para costumes ancestrais, em que as mulheres usavam véu nas igrejas, sobretudo até ao Concílio Vaticano II, embora não fosse obrigatório…

…Mas o véu era sinal de submissão feminina, recato, pudor, enfim, coisas totalmente dissonantes, há muito tempo, com a igualdade entre homens e mulheres, trazida pela mentalidade contemporânea dos “direitos humanos”…

Uma mulher de véu submisso é rebaixar-se à condição inferior das mulheres de antanho e equiparar-se à condição das mulheres muçulmanas, que o usam…

Nos tempos bíblicos, havia mulheres com véus, em sinal de submissão feminina, mas também algumas sem o mesmo, em sinal de libertação feminina…
As que não usavam eram, normalmente, as prostitutas, viúvas e esposas adúlteras… porque não tinham dono…

Mas, para esclarecer as coisas, não há nada como consultar o verdadeiro fundador do cristianismo, Paulo de Tarso, que traça a doutrina cristã, isto é, paulina, em matéria capilar…
…Dando para fazer uma ideia da conceção cristã sobre a mulher…

1 Coríntios 11:3-15:

Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo.
Todo o homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça.
Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada.
Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu.
O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem.
Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem.
Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem.
Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos.
Todavia, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem, no Senhor.
Porque, como a mulher provém do homem, assim também o homem provém da mulher, mas tudo vem de Deus.
Julgai entre vós mesmos: é decente que a mulher ore a Deus descoberta?
Ou não vos ensina a mesma natureza que é desonra para o homem ter cabelo crescido?
Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu.

 

 

14 de Março, 2013 Carlos Esperança

O Papa, a Igreja e o mundo

Os católicos desejavam um papa novo e saiu-lhes um novo papa, naturalmente santo por exigência do cargo, para receber a tiara, o solidéu branco, a romeira, sapatos vermelhos que na Páscoa passam a cetim branco, a infalibilidade e a diocese de Roma, que vagara.

O Espírito Santo, que ainda resiste na mitologia cristã, herdado de antigas civilizações, desinteressou-se dos consistórios em 1621, após a aclamação de Gregório VI, altura em que os cardeais acreditavam ser iluminados pela 3.ª pessoa da Trindade. Talvez por isso, o culto foi-se apagando e resiste apenas em zonas isoladas, de que a ilha de S. Miguel, nos Açores, é exemplo.

Na prática a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) tornou-se politeísta e guarda da Trindade apenas a segunda pessoa – Cristo –, o ícone da instituição. A devoção viajou para a Virgem Maria, com mais heterónimos do que Fernando Pessoa, e para os santos criados em doses industriais nos dois últimos pontificados, sob a influência da prelatura Opus Dei.

O papa Francisco, discípulo de Loyola, com aproximação ao movimento reacionário Comunhão e Libertação, constitui uma derrota para o antecessor, que conservou a vida, a santidade e o pseudónimo, mas perdeu o camauro, o anel, a batina do pescador e o alvará para criar cardeais e santos. Sabe-se que B16 nomeava os bispos argentinos sem consultar a Conferência Episcopal, claro sinal de rutura com o episcopado autóctone.

Jorge Bergoglio, que escolheu o pseudónimo de Francisco, a quem a presidente Cristina Kirchner apodou de medieval e inquisitorial, é francamente homofóbico e misógino mas nisso mantém apenas uma linha de continuidade.

A cumplicidade da ICAR com as ditaduras não é uma característica argentina mas uma tradição ancestral. O atual papa está beliscado pelas relações com Videla e é acusado de ter sido cúmplice da ditadura mas no último consistório foi usado pelos cardeais liberais para barrar o caminho a Ratzinger tendo capitulado perante a bem organizada campanha do que viria a ser B16 e agora papa emérito.

Os jesuítas são conhecidos pela sua grande cultura e, nos últimos tempos, por uma visão progressista dentro da ICAR. O perfil conservador do papa Francisco parece afastá-lo da congregação que tem a tradição de recusar báculos, mitras e barretes cardinalícios mas «o caminho faz-se caminhando» e Francisco começa agora a viagem como papa.

A sua longevidade vai depender mais das relações que mantiver com o IOR, o banco do Vaticano, do que da vontade divina. A pedofilia e a lavagem de dinheiro no IOR são os maiores desafios do novo papa, além de fixar a clientela que lhe resta na Europa e fazer face ao proselitismo agressivo do fascismo islâmico.

Não são fáceis os desafios que enfrenta mas com dois papas a rezar o mundo fica mais protegido. Ámen.

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