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Categoria: Ateísmo

16 de Dezembro, 2013 Carlos Esperança

As crenças, os crentes e a convivência pacífica

Há uns tempos fui convidado para um colóquio realizado sob os auspícios do «diálogo inter-religioso», circunstância que me fez refletir sobre a oportunidade da presença ateia num simpósio onde as conferências seriam proferidas por um budista, um judeu, um católico (padre), um protestante evangélico e um ateu.

Refletindo sobre o amável convite e, depois de ter pensado se a conferência de um ateu faria sentido, no âmbito de um diálogo inter-religioso, cheguei à conclusão de que, se alguém estaria a mais, seriam os crentes.

Lembrei-me do automobilista que ia em contramão na autoestrada e que, ao ouvir pela rádio que um condutor circulava do lado errado, pensou que eram todos. Acontece que no pensamento, tal como na condução, a verdade não se determina pelas maiorias. Não era por todos pensarem que o Sol girava à volta da Terra que Galileu estava errado ou a Terra interrompia o movimento de rotação.

Seja quem for que detém a verdade, aspeto que agora enjeito, pensei, e penso, que é mais fácil o diálogo entre quem não tem qualquer crença e mudará de opinião, se os factos ou a ciência o justificarem, do que entre os crentes, com verdades absolutas, irrevogáveis e eternas.

Os crentes estão cheios de certezas e os ateus crivados de dúvidas. Como método, parto do princípio de que todos podem ter razão ou de que esta não asiste a ninguém. Por isso entendo que a verdade não é passível de escrutínio. Esta postura serve-me no ateísmo e na política. A liberdade foi excomungada por Pio IX, o Islão julga-a obra de Satanás e os totalitarismos um furúnculo que corrói o poder absoluto.

Sem prejuízo das convicções profundas que me animam não abdico do contraditório. A intolerância nasce das verdades absolutas e da certezas eternas.

No fim desse colóquio, enquanto um dos crentes se furtou ao almoço, levando consigo o ódio, e outros crentes me olhavam com azedume, eu olhei-os com bonomia porque não combato os crentes, batalho contra as crenças.

14 de Dezembro, 2013 Carlos Esperança

Receita para fazer um santo


O Papa Francisco sucede a Barack Obama, que também já tinha sido eleito em 2008

 
CENA 1: Um certo Francisco dobra-se, perante as câmaras do mundo inteiro, para lava pés a doze pessoas. Pela primeira vez na história de 2 milénios, lembra-se de incluir, na cerimónia, essa espécie sub-humana que dá pelo nome de “mulher”.
 
Cai o pano…..
 
Comentários do público: “Ele é tão humilde ! Ele é tão bom ! Ele é tão generoso ! Vejam como se lembra de meter duas mulheres num grupo de doze seres humanos ! Não é extraordinário ? .”
 
CENA 2: “Mandela, líder histórico mundialmente considerado pelo seu papel em prol da paz, da justiça e dos direitos humanos, move. Francisco, esse primor de encenação, manda um representante de segunda linha, que isto de prestar homenagem aos que verdadeiramente lutam pelos direitos humanos é coisa para outros. Francisco dobra os joelhos perante humildes desconhecidos, para entreter parolos, mas é incapaz de fazer, o que muitos outros líderes mundiais fizeram: deslocar-se à África do Sul para homenagear, com sua presença, um HOMEM digno.”
 
Cai o pano !
 
Comentário dos tolinhos: “Francisco, como representante de deus na Terra, não se curva perante nenhum poder terreno ; só ajoelha perante os humildes para mais facilmente os entreter.” 
 
Cristianismo, a entreter tolos há dois mil anos !… 

9 de Dezembro, 2013 David Ferreira

Jurisprudência islâmica

O India Today, uma publicação semanal indiana, divulgou em 28 de novembro a compilação de algumas das mais puritanas fatwa islâmicas emitidas no Egipto durante a presidência do deposto líder Mohamed Morsi, uma listagem de verdadeiros atentados à dignidade humana a que a radicalização islâmica infelizmente nos vai acostumando.

Durante o curto mandato presidencial de Morsi, a Irmandade Muçulmana, uma organização fundamentalista que pretende estabelecer a sharia rejeitando o islamismo mais moderado, assim como alguns grupos igualmente violentos e fanáticos de salafistas, emitiram regularmente aguerridas fatwa contra as mulheres. Uma das que sobressai, indiscutivelmente, é a que refere que, uma vez que o género do vocábulo “mar” em árabe é masculino, se e quando a água do mar entrar em contato com a região pélvica da mulher, esta estará a cometer literalmente adultério, pelo que deverá ser punida. Nunca será demais realçar que, de acordo com a sharia, o corpo da lei religiosa islâmica, a pena padrão imposta a uma mulher por adultério é a lapidação, uma das formas de execução de condenados mais bárbara que a humanidade já concebeu.

De acordo com o relatório, as fatwa emitidas por ambos os grupos radicais referiam as mulheres como estranhas criaturas, criadas apenas para o sexo. Consideravam as vozes das mulheres, o seu aspeto e a sua presença fora de casa como ofensivas, algumas ao ponto de considerarem a própria condição de mulher como uma ofensa.

Algumas das fatwa emitidas oficialmente incluíam:

– A proibição de a mulher comer determinados vegetais ou, inclusive, de tocar em pepinos e bananas, uma vez que o seu formato fálico lhes poderia despertar inconvenientes desejos sexuais;

– A ordem para as mulheres desligarem os sistemas de ar condicionado de suas casas na ausência dos maridos, uma vez que mantê-los ligados poderia indicar a um qualquer vizinho que estas se encontrariam sozinhas em casa, pelo que qualquer um deles poderia ser acometido do desejo de cometer adultério;

– O dever de casar após atingirem a provecta idade de dez anos, como forma de prevenir o desvio do “caminho certo”;

– A anulação do matrimónio se um casal for apanhado a praticar o coito em nudez integral;

– A autorização para o uso de mulheres como escudos humanos em períodos de confrontação violenta;

– A destruição das pirâmides e da esfinge, por serem imagens pagãs;

– A sanção da execução de todos os que se manifestassem contra o então presidente Mohamed Morsi;

– A proibição de cumprimentar cristãos a qualquer cidadão muçulmano.

Recordo o discurso do presidente norte-americano Barack Obama proferido durante a 67ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, onde referiu que o futuro não deve pertencer aos que difamam o profeta do Islão mas que, para se ser credível, também não deverá pertencer aos que assistem à profanação das imagens da figura de Jesus cristo sem condenar igualmente tal prática. Percebe-se a diplomacia e vislumbra-se o corretivo. Mas não podemos senão lamentar que em pleno séc. XXI figuras tão proeminentes da nossa sociedade se vejam obrigadas a ter que moderar publicamente comportamentos repugnantes por parte de organizações radicais cuja mundividência está tão afastada dos mais básicos direitos humanos como a sonda Voyager 1 do planeta Terra. E tudo graças a esse potente veneno esotérico que pode ser a religião quando a alienados paladinos da fé, tenha ela a proveniência que tiver, é reconhecido o direito de eternizarem crenças de sistemas culturais primitivos que, ungidos de um cunho divino socioculturalmente aceite, impõem a obrigatoriedade moral de um respeito muitas vezes imerecido, ao mesmo tempo que repelem a crítica demasiadas vezes manietada.

O Islão fundamentalista avança, como outrora avançou o cristianismo mais escorbútico. A princípio dissimulado, impudente logo que o consiga. Nem todo o Islão é radical, dirão uns. Sabemo-lo. Mas o futuro não pode pertencer a quem cobardemente o tolera com receio de ferir um segmento das suas próprias convicções.

25 de Novembro, 2013 David Ferreira

Humano, demasiado humano

“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigénito, para
que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”

João 3:16

 

São demasiado evidentes as crises de Transtorno Bipolar do Deus de Abraão enunciadas nos escritos que os seus seguidores consideram sagrados. Nestes se anuncia um Deus cujas metamorfoses existenciais são tão incompreensíveis à luz da razão como as metáforas que os apologistas lhes atribuem e os crentes acolhem indulgentemente. E mais incompreensíveis se tornam pelo facto de estarmos perante a descrição de uma alegada entidade infinitamente perfeita e poderosa. Porque, não obstante toda esta perfeição, não há doença do foro psiquiátrico que não lhe possamos diagnosticar, não há imperfeição que não lhe possamos encontrar. Assim como também não há virtude que não lhe possamos atribuir. E não poderia ser de outro modo uma vez que o resultado da construção simbólica de uma entidade criadora de toda a realidade percetível nunca poderia ser desconforme à predisposição interpretativa e analítica do órgão humano que a executa, mesmo que extrapolada para um plano distinto e puramente quimérico.

Não há deus ou divindade, seja antropomórfica, zoomórfica ou mero fenómeno natural personificado ao qual o método da ignorância atribuiu qualidades sobrenaturais, que não possua características humanas. No seu apogeu, são todas tirânicas e narcisistas, nunca prescindindo de oferendas ou sacrifícios, tanto físicos como espirituais, para apaziguar uma necessidade de veneração excessivamente doentia para seu próprio bem.

Mas talvez nenhuma outra entidade consiga ser tão maquiavélica como este Deus do deserto que surge pela calada a Moisés no Monte Sinai a proibir e a caluniar outros deuses, requerendo no mesmo sussurro transcendente permanente sacrifício e mortificação. Um Deus bipolar capaz de uma birrenta carnificina diluviana com que brinda a sua criação, incapaz de a moderar ou ajuizar, para permitir mais tarde um repovoamento à custa da consanguinidade (o que poderia explicar muito do que se passou a seguir). Um Deus capaz de dar em sacrifício o seu único filho para que todo o que nele venha a crer possa conquistar a vida eterna, mas que não deixa provas credíveis da sua passagem pelo mundo físico, afogando novamente a humanidade, desta vez em obscurantismo e especulação.

Entre apresentar-se à humanidade e revelar o grandioso mistério ou manter-se intangível e inatingível, escolhe precisamente a opção que permite a subjetividade interpretativa e alimenta o egocentrismo doutrinário, perpetuando a confusão de Babel. Este é um Deus que prefere dividir para reinar. Um Deus, diria, quase humano, demasiado humano.

12 de Novembro, 2013 Carlos Esperança

BÍBLIA – CONTRADIÇÕES (4 de 4)

Por

João Pedro Moura

15- Quando Jesus foi crucificado, o que é que os soldados deram de beber a Jesus?

Vinho e fel: Mateus, 27,34, diz que Jesus, depois de provar, rejeitou.

       Vinho e mirra: Marcos 15,23

16- Que fez Jesus imediatamente após o seu baptismo?

Foi para o deserto onde esteve 40 dias e foi tentado pelo diabo: Marcos 1,12-13.

       Chamou pelos seus discípulos e foi para o casamento de Caná: João 1,35-43 afirma que no dia seguinte ao seu baptismo, Jesus passou pelo local do baptismo e falou com os presentes e levou-os à sua casa.

Em João 2,1-4, no terceiro dia após o seu baptismo, Jesus esteve na boda de Caná…

17- Jesus acreditava que testemunhar para si mesmo, tornava o seu testemunho inválido ou válido?

Inválido: João 5,31.

       Válido: João 8,14.

18- As mulheres que visitaram o túmulo de Jesus foram logo avisar os discípulos para lhes dizerem que Jesus tinha ressuscitado?                      

Elas foram logo a correr, avisar os discípulos: Mateus 28,8.

       Elas fugiram assustadas do túmulo e não avisaram ninguém: Marcos 16,8

19- Quem comprou o Campo do Oleiro com o dinheiro que Judas recebeu em pagamento da sua traição de Jesus?

Os chefes dos sacerdotes: Mateus 27,6-7.

       Judas: Actos dos Apóstolos 1,18.

Não coincidem com a bebida dada ao Jesus crucificado…

Um disse que o JC, depois do batismo foi para o deserto, durante 40 dias, com o diabo a “tentá-lo”; outro disse que, depois do batismo, juntou discípulos e levou-os a casa dele e, uns dias depois, foi tudo para as bodas de Caná, comer e beber…

Um disse que o Jesus rejeitava a validade do próprio testemunho, num momento, mas aceitava a validade do mesmo, noutro momento da narrativa…

Atentai bem nisto:

João 5, 31: “Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro.”
João 8, 14: “Respondeu Jesus, e disse-lhes: Ainda que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque sei de onde vim, e para onde vou; mas vós não sabeis de onde venho, nem para onde vou.

Um disse que as mulheres, testemunhas do túmulo vazio, foram logo avisar os apóstolos; outro, sobre o mesmo caso, disse que elas fugiram assustadas e não avisaram ninguém…

Um disse que foram os chefes dos sacerdotes que compraram o campo de Oleiro, com o dinheiro que Judas recebeu pela traição; outro disse que foi o próprio Judas que comprou tal campo e nele se enforcou…

Mas que palhaçada vem a ser esta???!!!

Alguém percebe alguma coisa disto???!!!

Como é que um livro “inspirado por Deus”, tratando, ipso facto, de coisas sérias, narra e afirma coisas díspares???!!!

Pois… coisas sérias!…

7 de Novembro, 2013 Carlos Esperança

O ateísmo e o deus de cada um

Às vezes, por ironia, provocação ou humor, dizem-me: você é ateu, graças a Deus. E é um facto, contrariamente ao que julgam.

Tal como o anticlericalismo só existe porque há clericalismo, também o ateísmo é fruto do ser imaginário que os homens criaram para ser a explicação por defeito para tudo o que desconhecem, a boia de salvação para todas as aflições e a esperança que resta para o que não tem remédio –, a própria vida e o seu fim.

Sem teísmo não existiria ateísmo. O primeiro é a tese, o segundo a antítese. A dialética entre um e outro levam ao livre-pensamento. Há quem cristalize numa religião, a que se habituou desde a nascença, e quem se interrogue sobre a verosimilhança das verdades que as religiões consideram imutáveis.

A crença é tão legítima como a descrença ou a anticrença. Grave é quando alguma delas produz um efeito nefasto e atenta contra os direitos humanos. Não há mal em acreditar que existe o Abominável Homem das Neves, o monstro de Loch Ness ou as adoráveis sereias, havendo no último caso testemunhos de pessoas tão credíveis como Cristóvão Colombo, que afirmou tê-las avistado nas costas da América.

Estes exemplos, que hoje merecem apenas sorrisos, não são menos incoerentes do que o nascimento de um deus, de uma virgem e de uma pomba, e, no último caso, a descrença provoca o ódio, a violência e, quiçá, a morte. O que pode levar pessoas normais a odiar a dúvida religiosa e a tolerar a descrença sobre as vacinas ou sobre uma lei da Física?

Só um processo de fanatização, apoiado por um forte dispositivo ideológico e um forte aparelho repressivo, onde não faltam os constrangimentos sociais, pode perpetuar uma ideologia patriarcal, nascida na Idade do Bronze, numa cultura tribal e xenófoba.

Depois…bem, depois os interesses criados tendem a perpetuar-se.

6 de Novembro, 2013 Carlos Esperança

BÍBLIA – CONTRADIÇÕES (3 de 4)

Por

João Pedro Moura

11- Quando Jesus foi crucificado, as mulheres presentes estavam perto da cruz ou observavam-no ao longe?

Estavam perto: João 19,25.

       Estavam longe: Marcos 15,40; Mateus 27,55; Lucas 23,49.

12- Os 2 criminosos, crucificados com Jesus, insultavam-no em conjunto ou só um criminoso é que o fazia?

Os dois: Marcos 15,32 e Mateus 27,44.

       Só um: Lucas 23,39-42 diz que só um é que o insultava e que o outro defendia Jesus.

13- Quem era o avô paterno de Jesus?

Jacob: Mateus 1,16

       Eli: Lucas 3,23

14- Quantos cegos Jesus curou à saída de Jericó?

1: Marcos 10,46 e Lucas 18,35.

       2: Mateus 20,30.

Caros leitores:

Segundo Mateus, os antepassados de Jesus até á 5ª geração foram: José, Jacob, Matã, Eleazar, Eliud.

Segundo Lucas, foram: José, Eli, Matat, Levi, Melqui.

Portanto, não só não coincidem até à 5ª geração, que é a mais próxima e mais suscetível de recordação, como não coincidem no resto da genealogia, que Mateus remonta e termina em Abraão, e Lucas até … Adão… mesmo sabendo que este teve 2 filhos, Caim e Abel, que não poderiam procriar, a não ser com a mãe, e que, portanto, não puderam dar origem à continuação da espécie humana…

…Mas nós estamos cá!… porque a Bíblia arranjou mulher para Caim, não se sabe donde…

Adiante…

Como se este mistifório religioso não bastasse para descredibilizar a narrativa bíblica, ainda temos mais um pormenor:

A que propósito os bíblicos evangelistas pegam no José, pacato carpinteiro, que tinha casamento aprazado com a Maria, e lhe atribuem a paternidade do Jesus, depois de os narradores terem dito que Maria “achou-se grávida pelo Espírito Santo” e não pelo Zezinho da carpintaria???!!!

Assim, pegam neste putativo pai Zezinho e fazem remontar, a partir do mesmo, a ascendência do Jesus!!!

Quando se vê logo, na cena bíblica, que o dito JC se originou a partir duma inseminação artificial, digo, divinal, que injetou na virginal  Maria uma boa carga de espermatozóides “Premium” da seleta ganadaria do jardim da celeste corte…