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Categoria: Ateísmo

4 de Abril, 2014 Carlos Esperança

Um Governo que faz o que é preciso

Manuel Linda, novo bispo das Forças Armadas e de Segurança, comandante supremo de todos os católicos fardados, de Terra, Mar e Ar, incluindo as forças policiais, toma posse do cargo no próximo dia 8, terça-feira.

Reformado como professor, levantou-se o problema legal de lhe pagar o vencimento de major-general, dificuldade resolvida com a nomeação suplementar de capelão-chefe da Igreja católica. Os efetivos militares podem ser reduzidos, mas os efetivos eclesiásticos têm o quadro preenchido.

O novo general vai comandar um corpo de oficiais cuja hierarquia termina em coronel no Exército, Aviação e GNR, capitão-de-mar-e guerra na Marinha e superintendente na PSP, corpo altamente treinado a disparar bênçãos e a converter mancebos nas recrutas.

A partir da próxima terça-feira podem carecer de combustível as viaturas militares mas não faltarão óleos para o crisma; pode faltar verba para reparações, mas sobrará a água benta para abendiçoar viaturas e armas de guerra; podem ser canceladas manobras, por falta de verbas, sem que as missas sofram restrições.

Há em Portugal uma concordância presumida sobre o Serviço Nacional da Fé, sem taxas moderadoras, o que se compreende para consultas do corpo e seria inaceitável para os cuidados da alma. É a lógica que preside à nomeação dos capelães hospitalares onde o médico pode faltar mas está o capelão, onde podem faltar fármacos mas existe a unção.

Nas prisões, na ausência dos mais devotos, como Duarte Lima ou Oliveira e Costa, não faltam capelães para absolver quem esfaqueou a tia, aviou um ourives ou assaltou um banco.

Nas escolas cortam-se aulas de inglês e reduzem-se professores por falta de verbas, mas resistem os docentes de Educação Moral e Religião Católica, nomeados pelos bispos e pagos pelo erário público, sem necessidade de concurso e com o tempo de serviço a ser acumulado para passarem à frente de colegas de outras disciplinas.

É tão lindo ser português aqui, sem instrução, saúde ou pensão, mas com assistência na preservação da alma, rumo ao Paraíso. Pode ser intolerável o presente, mas será radiosa a eternidade.

23 de Março, 2014 Carlos Esperança

A CARNE DE JP2…

Por

João Pedro Moura

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.” João 6:56

Catur_quartel - Cópia

14 de Março, 2014 Carlos Esperança

Saramago, crenças e crispação

Incredulidade de Saramago

O tempo passou e a tensão diluiu-se entre os crentes que usavam uma linguagem cada vez mais crispada e intolerante para com o escritor que deu a Portugal um Nobel e à literatura portuguesa enorme prestígio. Ainda há trogloditas que não digerem o fascínio do escritor, lhe dirigem insultos e acalentam rancores.

Os bispos, padres e outros avençados do divino usam uma linguagem mais dissimulada e sonsa mas é igual o ódio que os devora e o ressentimento que manifestam.

Seria interessante, se não fosse perigosa, esta inquietação dos católicos em torno de Saramago. Este cumpriu o dever de dizer tudo o que disse, e o que mais lhe aprouve, e aqueles gozam de igual direito em relação a Saramago e ao ateísmo. Não assustando já as penas do Inferno, uma lucrativa invenção pia que rendeu grossos cabedais, deliram alguns com a situação de Salman Rushdie, vítima da demência de um aiatola que o condenou à morte por ter criticado o Islão. O que está em causa é a intolerância que em certas latitudes foi contida pelas democracias e em outras anda ainda à solta.

A ICAR abomina o riso e a felicidade mas é uma fonte de um e de outra. Torna felizes os que acreditam e diverte quem não a leva a sério.

Entre as fogueiras índias e as novenas católicas não há dados que indiciem a supremacia de umas sobre as outras quanto à eficácia na pluviosidade. As penas do chefe índio e o camauro do papa só diferem sob o ponto de vista estético. Os vestidinhos de seda do pontífice não se distinguem das vestes dos feiticeiros pelo ridículo, apenas pelo luxo e o conforto.

A cigana que lê a sina não é menos eficaz a espantar os maus olhados do que um padre a esconjurar os espíritos malignos e a garantir o Paraíso. Às vezes a clientela é a mesma e procura na água benta o sinergismo das mezinhas e rezas ciganas.

Um feiticeiro que em África receita uma poção de corno de rinoceronte moído só é mais antipático do que o padre que celebra a missa de ação de graças e ministra a comunhão porque põe em perigo a extinção de uma espécie animal, mas não é diferente a eficácia sobre a convalescença de um doente ilustre.

O batismo com água benta é mais inócuo do que uma circuncisão, que deixa marcas, ou uma excisão, que põe em risco a vida e destrói de forma irreversível a felicidade sexual.

Mas não há motivo para não nos rirmos dos rituais religiosos. Poucas encenações são tão hilariantes.

7 de Março, 2014 Carlos Esperança

“DEUS DÁ LIBERDADE AO SER HUMANO PARA FAZER O BEM OU O MAL”

Por

João Pedro Moura

1-      Esta é a enorme e fundamental falácia de todos os religionários…

Para a mente simplória e sumamente estúpida dos crédulos divinais, deus seria como que uma mera autoridade, dador benévolo de liberdade, para o bem e o mal, mas isento de responsabilidades, se a criatura se orientasse para o “mal”…

… Mas não pode ser!

2- E não pode ser, porque o tal deus não é, apenas, uma mera autoridade concessora de liberdades, mas, essencialmente, um criador, no dizer dos crédulos…

Ora, se é um criador, não pode ficar ilibado do mal, pois que “criou” pessoas maléficas, isto é, pessoas que se sentem impelidas para fazerem maldades. Pessoas que até podem, toda a vida, andarem certinhas sem fazer mal a ninguém, mas, um dia, cometeram um crime e uma maldade das grandes, para só falar das grandes…

3- Acresce que os crédulos do divino cometem um erro fundamental, também, de conceberem o tal deus como um ser antropomórfico que, supostamente, daria liberdades e que depois ignora o que se passaria no futuro, como qualquer ser humano concessor de liberdades aos outros…

…Mas deus não ignora e sabe sempre o que se passará no futuro… de resto, como se passou no passado…

… Porque deus é … deus… criador, governador e justiceiro, omnipotente, omnisciente e omnipresente…

4- Logo, deus, na medida em que criou um indivíduo que vai causar males, é responsável pela malevolência, pois sabe que tal indivíduo vai ser maléfico, porque assim deus o criou…

5- Portanto, se tanto pode haver “mal” como “bem”, para nada serve o culto a tal divindade…

6- Se deus deu liberdade às massas geológicas para elas se movimentarem devagarinho, sem causar estragos, ou rapidinho, causando mortes e destruições, para nada serve cultuar-se tal aberração… pois que esta é caprichosa… no bem e no mal…

7- Por isso, o raciocínio lógico do genial filósofo grego, Epicuro (341-270 a.C.), na questão divina, quando comentou um incêndio num templo, no seu tempo, é simplesmente devastador:

“O fogo chegou à casa do vosso Deus e consumiu-a. Pergunto-vos: por que razão não evitou esta calamidade, se realmente é justo e bom?

            Ou ele a quis evitar, mas não pôde; ou pôde e não quis; ou não quis nem pôde, ou, enfim, quis e pôde.

            Se quis e não pôde, é impotente; se pôde e não quis, é perverso; se não pôde nem quis, é  impotente e perverso; se pôde e quis, é monstruoso.

            Assim, para que prestais culto a semelhante divindade?”

Pergunto-me como é que os crédulos responderão a isto?…

5 de Março, 2014 Carlos Esperança

Os dilemas pios

In Penso, logo sou ateu.