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Categoria: Ateísmo

30 de Maio, 2015 Carlos Esperança

Deus é sempre uma explicação por defeito

Por

Paulo Franco

Se há uma certeza que já podemos ponderar com elevado grau de certeza, após 10 000 anos a acumular conhecimento, é que a intuição humana engana-se demasiadas vezes.

Desde concluir que é o Sol que gira em volta da Terra até à conclusão de que os terramotos são o resultado de um Deus furioso com os seus filhos humanos desobedientes.

A nossa intuição conduziu-nos frequentemente a conclusões erradas sobre o funcionamento da natureza e do universo que só após o advento do pensamento cientifico puderam ser corrigidas.

Quando observamos as formas perfeitas das dunas junto à praia, onde as elevações e depressões adquirem um equilíbrio e uma graciosidade encantadores, intuitivamente somos levados a crer que alguma força Divina teve de intervir. Demorou tempo até percebermos que, afinal, era apenas a força erosiva do vento a funcionar.

Uma boa amostra de como a mente humana, desprovida de conhecimento cientifico, se precipita para conclusões fantasiosas é a quantidade de histórias mitológicas inventadas pelas antigas tribos autóctones americanas que viveram junto ao “Grand Canyon”. Elas nunca imaginaram ou sonharam que aquele monstruoso monumento natural com 446 Km foi “construído” durante 2 biliões de anos de história geológica “apenas” com a força erosiva da água do rio Colorado e do vento.

Na Idade Média aceitava-se como verdade inquestionável, nos meios académicos e religiosos, a teoria Geocêntrica de Aristóteles. Nada mais natural do que quem nunca saiu do seu ponto de observação, concluir que está no centro do universo. Com o advento do Renascimento, primeiro Copérnico e depois Galileu, deram início a uma revolução cultural só comparável à revolução encetada por Charles Darwin alguns séculos mais tarde com a teoria da Evolução.

Curiosamente, estes 3 heróis da História, apesar de separados por quase 4 séculos, tiveram de enfrentar a oposição poderosa e perigosa da Igreja Católica.

A teoria Antropocêntrica foi mais um equívoco gigantesco, desta vez vindo de interpretações bíblicas que nos colocavam como o centro da criação, menosprezando todo o resto do mundo animal e vegetal, reduzindo-os a meros utensílios ao serviço dos Todo-poderosos humanos.

E sobre o Espaço Sideral, que poderíamos nós intuir sobre coisas tão assombrosas como um Buraco Negro ou um Quasar?

O que a intuição humana contribuiu para o desenvolvimento da teoria da relatividade de Einstein ou para a física quântica?

O universo é contraintuitivo. Só o método cientifico garante alguma possibilidade de o compreender.

“Minha desconfiança é que o universo não é só mais estranho do que imaginamos, mas mais estranho do que podemos imaginar. Suspeito que haja mais coisas no céu e na Terra que se sonha, ou que se possa sonhar, em qualquer filosofia.” J.B.S. Haldane.

12 de Maio, 2015 Carlos Esperança

A estória de Deus

Qualquer que seja a sua opção religiosa, que pode ser nenhuma, tente ouvir estes argumentos. Se conseguir rebatê-los, tanto melhor; assim todos ficaremos melhor elucidados.

Veja AQUI.

11 de Maio, 2015 Carlos Esperança

Uma louca religiosa à solta

Por

Paulo Franco

A norte-americana Silvya Ann Driskell, de 66 anos, diz ser “embaixadora de Deus e do seu filho Jesus Cristo” e, nessa sua condição, vai processar todos os gays do mundo por desrespeitarem “as leis morais e religiosas”.

Numa petição de sete páginas que entregou, no dia 30 de Abril, ao tribunal de Omaha, no estado norte-americano do Nebraska, Driskell escreveu que a “homossexualidade é um pecado e os gays sabem que é pecado viver uma vida homossexual.”

Na carta, a mulher cita ainda passagens da Bíblia para sustentar as suas afirmações e desafia o juiz John M. Gerrard a não “julgar Deus”, reforçando que os homossexuais são “mentirosos, enganadores e traidores”.

Silvya Ann Driskell acrescenta: “Tenho 66 anos e nunca pensei ver o dia em que a nossa grande nação ou o nosso grande estado do Nebraska se tornariam tão complacentes à cumplicidade com o comportamento lascivo de algumas pessoas. Uma forma de destruir uma nação ou um estado é destruir os seus princípios morais.”

A mulher, apontada como sendo “louca” pelos media americanos, não recebeu resposta do tribunal à sua petição.

Esta mulher tem razão numa coisa: o Deus bíblico odeia, de facto, os homossexuais. E este é mais um triste episódio da homofobia bíblica a somar a tantos outros, desde crianças a envergar camisolas com a frase “God hates fags”, a lideres religiosos africanos, com a bíblia na mão, a exigir a pena de morte para os Homossexuais. Actualmente, existem 7 países onde a homossexualidade pode ser punida com pena de prisão ou até mesmo com a pena de morte.

9 de Maio, 2015 Carlos Esperança

O secularização francesa

La France compte une majorité d’athées et de personnes “sans religion”
Ces résultats ont été obtenus à partir d’une enquête publiée en 2012 à partir des réponses de 1671 personnes 37 %34 %29 %1 %Se déclarant religieuxSe déclarant non religieuxAthée convaincuNe sait pas / pas de réponse
Athée convaincu
● Position face à la religion en France: 29

40 % des Français se considèrent comme athées

En 2010, un autre sondage a permis de dresser un portrait religieux de la France : l’Eurobaromètre commandé par la commission européenne. Les réponses sont assez proches de celle du premier sondage : 40 % des Français se déclarent athées et environ un tiers « croient en un esprit ou une force supérieure ». Un avis plus nuancé mais qui les place tout de même dans les personnes « sans religion ». Près de 70 % des Français sondés ne se réclament donc d’aucune religion précise, même si un tiers d’entre eux croit en une forme de divinité.

4,5 % de Français catholiques vont encore à la messe
En savoir plus sur http://www.lemonde.fr/les-decodeurs/article/2015/05/07/une-grande-majorite-de-francais-ne-se-reclament-d-aucune-religion_4629612_4355770.html#cQKRTLLZ8CQjkxHE.99

Fonte: Le Monde

7 de Maio, 2015 Carlos Esperança

Os transplantes, a ressurreição da carne, a vida eterna e o ámen

Há 60 anos (dezembro/1954) o cirurgião americano Joseph Murrey realizou o primeiro transplante humano, um rim doado por um irmão gémeo a outro que estava a morrer de doença renal. A generosidade fraternal foi compensada com mais de 8 anos de vida do irmão transplantado que constituiu família e havia de gerar duas filhas.

Os crentes mais devotos de então consideraram tratar-se de uma profanação do corpo e que os médicos se imiscuíram numa prerrogativa de Deus. Nesse dia os homens deram mais um passo na sua emancipação e Deus um enorme trambolhão.

O êxito da operação foi uma vitória sobre a omnipotência e a omnisciência divinas cuja credibilidade sofreu um rude golpe. A partir daí, milhares de vidas foram prolongadas graças à ciência.

Para os que acreditam na vida eterna e na ressurreição da carne, deve dar-lhes volta à cabeça, no caso de a terem, o que acontecerá no vale de Josafat (entre Jerusalém e o Monte das Oliveiras), no dia bíblico do Juízo Final.

O Deus deles, cruel e medonho, lá estará a julgar vivos e mortos, perante uma enorme confusão em que à gravidade dos problemas logísticos se junta a berraria de quem pede a devolução do fígado, os que reclamam os rins próprios, aqueles que exigem de volta o coração ou procuram o esqueleto dividido por centenas de próteses de acidentados.

Deus começa a ter problemas complicados. O melhor é desistir dessa ideia maluca da ressurreição e manter-se na clandestinidade a que se remeteu após o género humano ter decidido pensar.

29 de Abril, 2015 Carlos Esperança

A misericórdia de Deus: a maior de todas as contradições

Por

Paulo Franco

Mário (nome fictício) é um homem de meia idade que vive na Guatemala num meio social pobre e que tem de ter 2 empregos para sustentar a sua relativamente numerosa família. É pedreiro a tempo inteiro e faz “biscates” como assassino a soldo.
Esta última frase é dita, aparentemente, com uma normalidade absurda mas é reflexo da dura realidade vivida actualmente na Guatemala, onde a taxa de assassinatos é das mais altas do mundo.

(A Guatemala tem lutado contra uma onda de crimes violentos por mais de uma década. Os homicídios chegaram ao pico de 6 498 em 2009 e deram ao país uma das maiores taxas de assassinatos per capita do mundo, de acordo com dados da ONU.
Os poderosos cartéis da droga mexicanos, que disputam território para transportar cocaína sul-americana para os EUA, espalharam suas brutais tácticas pela Guatemala, contribuindo para os altos índices de criminalidade).

Mário recebe cerca de 2 000 € por cada pessoa que mata, e já matou 17 pessoas. Recebeu a sua primeira arma aos 14 anos, assassina pessoas desde essa altura e afirma sem pudor que gosta muito do que faz. Perto do local onde guarda a sua arma, guarda também uma bíblia que recebeu como oferta dos seus país.

Mário é assassino e sabe que isso está errado mas acredita que, no final da sua vida, se pedir com absoluta convicção e sinceridade perdão ao Deus católico será perdoado e irá para o céu quando morrer. Tal como Mário, muitos mafiosos são crentes na misericórdia divina e estão certos de que irão gozar as delícias do “paraíso católico”.

Esta ideia de um assassino crente no perdão divino parece obscena e aberrante mas está perfeitamente enquadrada no ideário católico ao ponto de a “Misericórdia de Deus” figurar como “imagem de proa” das promessas saídas da boca de qualquer Padre, Bispo, Cardeal ou Papa. Para esta malta, o maior perigo do mundo actual não é nem o terrorismo nem as alterações climáticas. Para a hierarquia superior da Igreja católica, o maior perigo do mundo actual é o crescimento do ateísmo.

Assim, com palavras doces e mansas, vão dizendo que até o maior dos assassinos (pecadores) se poderá salvar dos tormentos do inferno enquanto para os descrentes, naturalmente, Deus reserva-lhes um lugar muito especial para a eternidade.

Alguém consegue vislumbrar algum resquício de moralidade nesta questão?

28 de Abril, 2015 Carlos Esperança

Religião e alienação

Por

Paulo Franco

Existem muitas formas de alienação da realidade. Todas elas tóxicas mas com consequências muito diferentes umas das outras. O álcool e as drogas são um meio para a alienação tal como a religião ou a crença em cartomantes.

A forma como atulhamos as nossas mentes com crenças religiosas ou místicas altamente bizarras (para não dizer dementes), é também um sintoma desta incapacidade que o cérebro humano tem para lidar com o “absurdo da existência”. Mas o “absurdo da existência” só é sentido enquanto tal quando não conseguimos “ver” a incrível sorte de estarmos a usufruir de milhares de milhões de anos de evolução, que nos trouxe até aqui e que nos permite contemplar a vida com um grau de compreensão nunca antes experimentada por um ser vivo no planeta Terra.

O que mais perturba quando se tenta demonstrar o lado pernicioso e falso da crença religiosa é que poderá estar-se a tentar destruir aquilo que parece dar sentido à vida de muitas pessoas. É frustrante perceber que milhões de pessoas não percebam o quanto são mais maravilhosas e verdadeiras as descobertas de Charles Darwin ou de Albert Einstein (e muitos outros imbuídos do mesmo espírito) em comparação com crucificações, profecias, demónios, diabos, purgatórios ou deuses causadores de
genocídios e supremos legisladores de leis obtusas.

Um bêbado, com o cérebro encharcado em álcool, até pode sentir-se feliz quando está no auge do seu inebriante estado de alienação. Poderá mesmo sentir-se completamente feliz por ver todas as correntes limitadoras do seu espírito de repente quebradas e enfim sentir-se livre como nunca, não sentindo, qual momento de glória, os constrangimentos que as convenções sociais habitualmente o inibem. Mas isso em nada contribui para que a sua vida se torne mais digna ou mais respeitável.

Da mesma forma que um peregrino que vai percorrer 200 Km para Fátima; ou um Filipino que, no Domingo de Páscoa, se autoflagela e se deixa crucificar; ou um membro da Opus Dei que se atormenta com o cilício bem apertado na perna deve
alguma vez ver o seu acto de autoflagelação elogiados. Em vez de elogios, devem ser criticados e denunciados como actos absurdos e irracionais de quem está intoxicado com a ideia obscena de que existe uma qualquer entidade divina que se delicia
ao contemplar estes sacrifícios em seu nome.

Tal como foi dito pelo brilhante Christopher Hitchens, a religião envenena tudo.

27 de Abril, 2015 Carlos Esperança

As religiões e os pressupostos imorais

Por

Paulo Franco

Já várias vezes foi afirmado por alguns pensadores que existe uma infantilização dos adultos como se esse fenómeno fosse um subproduto do desenvolvimento da cultura através das novas tecnologias do século XXI, que, supostamente, têm contribuído para a descaracterização e fragilização da personalidade dos indivíduos adultos.

A forma como as pessoas encaram a religião, a forma como lidam com a sua crença em Deus, demonstra, a meu ver, que essa infantilidade dos adultos não é um fenómeno exclusivo do século XXI mas sim, um subproduto do nosso processo evolutivo.

Vejam este exemplo: imaginem que eu tenho 2 irmãos. Imaginem que o meu pai trata muito bem os meus 2 irmãos, com muito amor, carinho e protecção, e a mim, sem nenhuma razão, me odeia e despreza. Qual seria a postura moral correcta dos meus 2 irmãos? Ficarem todos contentes e felizes com as atitudes do pai carinhoso e protector que recebem ou ficarem indignados por o seu irmão não ser tratado da mesma maneira?

É evidente que se os meus 2 irmãos forem pessoas com decência e responsabilidade jamais aceitariam de bom grado serem bem tratados e verem um seu irmão, sem nenhuma razão justificativa, ser desprezado e mal tratado. Só um crápula sem
escrúpulos, ou alguém totalmente imaturo e infantil é que aceitaria, sem problemas de consciência e sem se revoltar, que o seu pai desprezasse um seu irmão.

Ora esta metáfora serve na perfeição para estabelecer um paralelismo com a religião.

Os crentes “sentem” que Deus (o Pai) os protege e ama, mas não querem saber dos milhões de seus “irmãos” que Deus despreza e não cuida. Veneram apaixonadamente um “Pai” que parece proteger e amar uns e despreza e odeia outros.
Como classificar esta atitude dos crentes senão como uma expressão escandalosa de infantilidade ou falta de escrúpulos?

É para mim chocante que um crente diga, com a complacência de um santo, que um ateu, simplesmente porque pensa de forma diferente de um crente, vai ser castigado por toda a eternidade. Por muito fantasiosa, infantil e estúpida que seja esta condenação, ela revela um total desapego à humanidade e à noção mais elementar de justiça.

Os peregrinos de Fátima acreditam que “Nossa Senhora” os protege e ajuda na sua caminhada para o Santuário e parecem não querer saber das pessoas que morrem ao fazer esse mesmo trajecto. Então essas pessoas não estão a caminhar para o Santuário de Fátima com a mesma fé? Não mereceriam também receber a mesma “ajuda” e a mesma “protecção”?

Esta mesma perspectiva é possível observar nas 3 grandes religiões monoteístas.

É claro que é injusto classificar os crentes como alguém sem escrúpulos ou exagerar na acusação de serem infantis porque, acima de tudo, não podemos esquecer que estamos a ser enganados com histórias que nos são contadas desde sempre. Mas é inquietante estas forma erradas de raciocínio serem tão comuns.

Talvez não seja fácil a um ateu provar que a religião está assente em pressupostos falsos, mas é fácil provar que a religião está assente em pressupostos imorais.

É compreensível que milhões de pessoas acreditem em Deus porque assim foram ensinados. O que é incompreensível é que o venerem. No mínimo deviam estar completamente indignados com a Sua indiferença. Aqueles que “acordam” e percebem isto, rapidamente percebem a ilusão e o engano.

23 de Abril, 2015 Carlos Esperança

Respeitar a fé ou ajoelhar

A maior alfabetização, os avanços da ciência e da técnica, a progressiva secularização da sociedades e a conquista gradual de direitos e liberdades, vieram pôr em xeque as armas principais da evangelização religiosa – a prisão, a tortura, as perseguições e os autos de fé. Sobram o medo do Inferno, o embuste dos milagres, a coação psicológica e a proteção concordatária ou a promiscuidade com o poder, à ICAR, aos evangélicos e aos cristãos ortodoxos. E, claro, o poder totalitário e as práticas execráveis determinadas pelo Corão, aos muçulmanos.

Quando a violência religiosa está contida, surgem apelos ao respeito pela fé, como se nas sociedades democráticas e liberais alguém estivesse limitado na prática da oração, na frequência da Igreja, na degustação eucarística, nas passeatas piedosas a que chamam procissões ou nas novenas a pedir a interferência divina na pluviosidade. Acontece que, enquanto os governos laicos se distraem ou são cúmplices, nascem nichos com virgens nas esquinas, crescem capelas no alto dos montes, pululam crucifixos nos edifícios públicos e nos largos urbanos, crismam-se com nomes de santos os hospitais públicos e as ruas das cidades e cria-se um ambiente beato e clerical.

Ao apelar ao respeito pela fé não se pretende, apenas, a liberdade de culto, exige-se que não se desmascarem os milagres, não se investiguem os Evangelhos, não se duvide da existência de Deus ou da virgindade de Maria. Em nome do respeito pela fé, dificulta-se a divulgação da ciência e facilita-se a propaganda religiosa. A fé é o alibi para a impunidade com que as Igrejas pregam a mentira, manipulam consciências, aterrorizam os crentes e fazem esportular o óbolo.

O respeito pela fé é a defesa intransigente do direito ao culto, não o silêncio perante a mentira, a conivência com a fraude, a passividade com o proselitismo.

Respeitar a fé é despenalizar a superstição, descriminalizar as autoflagelações, absolver a ida à bruxa ou ao confessionário, enfim, permitir o retorno à Idade Média a quem o faça de livre vontade, vigiando os métodos e exigindo respeito pelos direitos humanos contidos na Declaração Universal, que o Vaticano considerava de inspiração ateia.

Claro que a liberdade não é criação divina. Nem a democracia um sonho eclesiástico.