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Categoria: Ateísmo

5 de Dezembro, 2015 Carlos Esperança

Diário de uns Ateus

Este espaço mantém-se não por mera teimosia mas pela importância de divulgar mais amplamente comunicados e outras atividades da Associação Ateísta Portuguesa (AAP).

Pessoalmente, depois de uma dúzia de anos, algo cansado e esgotado, vou tentando que não seja mais uma voz que se cale e mais um espaço de contestação à superstição e à natureza perversa das várias religiões que desapareça.

Continuo a distinguir os crentes das crenças e a preferir crentes pacíficos e generosos a ateus violentos e desmiolados.

Já várias vezes afirmei e não me cansarei de o repetir, há crentes bem formados e ateus execráveis, tal como é verdadeiro o inverso. Sei que há ateus fascistas e estalinistas mas não representam, seguramente, os sócios da AAP cujo carácter humanista e espírito democrático é um traço comum.

Basta a tragédia das religiões com dogmas, proselitismo e caráter belicista. Não devem os ateus, agnósticos, céticos, enfim, os livres-pensadores imitarem por mimetismo a onda de violência que as religiões transportam.

Deus é a mais infeliz criação humana. Em nome de uma quimera morrem diariamente milhares de inocentes e, paradoxalmente, há quem sacrifique a vida, a sua e a dos outros, por um ente imaginado pelos patriarcas tribais da Idade do Bronze.

Enquanto persistir a nocividade das religiões, já que a falsidade é menos perigosa, este e outros meios de divulgação do livre-pensamento serão aproveitados para desmascarar o espírito beato, vingativo e agressivo dos que não se contentam com as mentiras que lhes ensinaram em crianças e insistem em obrigar os outros a perfilhá-las.

29 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

O vírus do conflito, confusão e caos. O lado negra do discurso religioso

Por
Paulo Franco

As 3 maiores religiões monoteístas do mundo têm na essência do seu discurso o germe do conflito e a génese necessária para criar a confusão e o caos nas relações humanas.
Ao dispensar as evidências ou as provas empíricas para sustentar as suas afirmações dogmáticas extraordinárias, estes 3 grandes grupos humanos põem-se a jeito para entrar em conflito entre si mesmos e com o resto do mundo.

Existem várias regras indispensáveis na comunicação humana para que se evitem os conflitos. Eis algumas escolhidas aleatoriamente:

1º “Quem faz uma afirmação extraordinária, tem de apresentar provas extraordinárias”.

2º “Os conceitos de Ética e Moral têm de estar em concordância com os direitos naturais mais básicos de humanidade, liberdade, igualdade e justiça”.

3º”Os critérios de avaliação dos comportamentos têm de ser coerentemente igualitários em todos os momentos da comunicação”.

As 3 maiores religiões monoteístas espezinham completamente estas 3 regras básicas da comunicação humana. Ao abraçarem a crença naquele Deus dos seus livros sagrados; ao aceitarem os comportamentos desajustados e cruéis desse Deus; ao considerarem sagrados livros auto contraditórios e incoerentes na sua génese semântica e no seu conteúdo antimoral e antiético.

Mesmo na versão mais moderada destas religiões isto é absolutamente verdade. Um cristão, um ateu, um muçulmano ou um judeu jamais poderão concordar entre si se conversarem sobre demónios, anjos, infernos, purgatórios ou virgens parideiras de Deuses. Se houver bom senso e civilidade, o conflito será apenas no campo da retórica oral; se não houver bom senso e civilidade, o conflito poderá descambar para uma
batalha violentamente sangrenta, como aliás já aconteceu.

Se um ateu tentar convencer um cristão de que existe um papa-formigas invisível que é condutor de um porta-aviões invisível sem apresentar provas de fenómeno tão inverosímil, e se o tentar forçar a acreditar nisso ameaçando-o com a tortura eterna, parece-me razoável acreditar que esse cristão terá um sentimento de repugnância idêntico ao que um ateu sente confrontado com a promessa/ameaça de inferno se, quando confrontado com a ideia de uma virgem que tem filhos, mortos que ressuscitam e bolachas transformadas no corpo de um indivíduo morto e ressuscitado há 2 000 anos, lhe é ordenado que acredite em tais fenómenos sem qualquer prova ou réstia de discurso racional.

As religiões pedem respeito pelas suas crenças extravagantes. Mais. Exigem respeito. Então se temos de respeitar as extravagantes crenças dos cristãos, judeus e muçulmanos sem estes apresentarem qualquer prova, por uma razão de igualdade de tratamento, também temos de respeitar a crença disparatada de papa-formigas invisíveis a pilotar porta-aviões invisíveis.

Se temos de respeitar toda e qualquer ideia sem nunca podermos usar o humor ou a sátira para as ridicularizar ou para as colocar em causa, estamos a aceitar que todas as regras da comunicação possam ser quebradas achando ingenuamente que assim será possível entendermo-nos algum dia.

10 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

Sempre é melhor do que a fé

CRIANÇAS ATEIAS SÃO MAIS GENEROSAS E ALTRUÍSTAS, DIZ ESTUDO
Uma investigação da Universidade de Chicago revela que as crianças que não acreditam em Deus são mais altruístas e mais dispostas a ajudar o próximo do as que são criadas num ambiente religioso.
Um estudo americano realizado com crianças – com idades compreendidas entre os 5 e os 12 anos – revela que os indivíduos criados em ambientes religiosos têm menos atos de generosidade para com o próximo do que aqueles que não têm qualquer ligação com a religião. Uma conclusão surpreendente uma vez que a generosidade e bondade são valores que fazem parte da educação religiosa que lhes foi incutida pelos pais.

4 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

Coisas do paraíso e mais além

Por
Paulo Franco

“O paraíso é a ausência do Homem”. Emil M. Ciora.

Em muitas ocasiões onde é referida a extraordinária capacidade que a imaginação humana tem revelado para conceber soluções tecnológicas complexas para os problemas humanos, é salientado que existe uma desproporção enorme entre as possibilidades criativas infinitas da imaginação humana e as possibilidades práticas reduzidas de concretizar essas criações imaginadas.

Desde que nos tornamos Homo-Sapiens, e isto quer dizer exactamente que a evolução dotou o nosso cérebro com capacidades nunca antes vistas, passamos a ter possibilidades infinitas de interpretar o mundo e recriá-lo, o que nos rodeia e outros mundos mentalmente imaginados. O decorrer dos milénios tornou-nos ainda mais
engenhosos e complexos a engendrar mundos imaginários, soluções possíveis, sonhos individuais ou meramente objectivos de vida. Tendo em conta que apenas uma muito reduzida percentagem de humanos tem (ou teve) meios económicos e materiais para realizar sonhos imaginados nos seus cérebros, podemos facilmente concluir que a grande maioria dos humanos alguma vez existentes sofre (ou sofreu) de enormes
frustrações por ver o fruto das suas criações mentais ou desejos mais profundos impossibilitados de se concretizarem. É verdade que a grande, grande maioria dos humanos têm (ou tiveram) como principal preocupação a subsistência básica, mas isso nunca impediu alguém de sonhar.

Ora talvez possamos imaginar também que o paraíso prometido pelas muitas religiões existentes não seja outra coisa se não um projectar do nosso imaginário colectivo para uma dimensão de existência onde todos os sonhos, de todas as pessoas (só as boas, as que obedecem Deus, claro) são potencialmente realizáveis. A ambiguidade com que as principais religiões falam desse paraíso que nos é prometido para o depois da morte revela que é uma projecção esperançosa de um mundo desejado mas desconhecido,
que nos abre um leque alargado de possibilidades imaginárias para aí finalmente sermos felizes. A glória de Deus, com a sua luz radiante do paraíso cristão, ou os rios de mel do paraíso do Islão poderão ser interpretadas como formas poéticas de designar uma outra dimensão existencial onde tudo, idealizado ou sonhado por nós, será finalmente possível de realizar.

Ser ateu é um luxo aparentemente pouco acessível à maioria das pessoas. Tendo em conta os acontecimentos trágicos, bem conhecidos da História, que têm afectado particularmente pessoas religiosas onde milhões têm sucumbido, deveria surpreender-nos a todos que não haja mais ateus no mundo.

Desde as tragédias que têm acontecido nas peregrinações gigantescas a Meca no mundo islâmico (só este ano, mais de 700 mortos); a tragédia do holocausto, na 2ª guerra mundial, que liquidou mais de 6 milhões de judeus; as milhares (ou milhões) de pessoas que morreram na Europa Cristã com as cruzadas contra o Islão e a inquisição; os milhares de hindus que têm morrido nas suas, também gigantescas, peregrinações religiosas; se nenhum dos seus múltiplos Deuses puderam evitar estas mortes, então o que seria necessário acontecer para convencer estas pessoas de que o conceito “Deus” afinal é uma ilusão, um engano?

Mas afinal qual será a razão para que uns vejam na ausência de protecção divina uma prova da sua inexistência e outros, teimosamente, permaneçam crente?

As pessoas que se mantêm crentes contra todas as evidências estarão possivelmente ainda impreparadas para abandonar a esperança de um dia vir a realizar-se e a concretizar-se enquanto projecto ambicionado e imaginado. A magia que possíveis truques de ilusionismo possam surgir de uma fada escondida ao fundo do jardim parecem conferir ao imaginário destas pessoas uma aura de sobrenaturalidade, e isso abre ao sonhador as portas para uma multiplicidade infinita de possibilidades no mundo da fantasia, e claro, é por esse fascínio inebriante e mágico, que viabiliza a realização de todos os sonhos, que anseiam encontrar no “outro mundo”.

Será talvez esta a explicação para que as promessas do paraíso pós-morte surjam como cogumelos em todos os pontos do mundo onde prolifera a religião.

“Os cães são o nosso elo com o paraíso. Eles apenas nos amam, sem condições.
Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde, é voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não era tédio, era paz”. Milan Kundera.

“O paraíso é um conto de fadas para pessoas com medo do escuro”. Stephen Hawking

1 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

O animal que se tornou num Deus

Por

Casa do Oleiro

Há 70 000 anos, o Homo Sapiens ainda era um animal insignificante preocupado consigo próprio, num canto de África. Nos milénios que se seguiram transformou-se no senhor do mundo inteiro e num dos flagelos do ecossistema. Hoje está prestes a tornar-se num Deus, preparado para adquirir não só a juventude eterna como também as capacidades divinas da criação e da destruição.

Infelizmente, o domínio Sapiens na Terra produziu, até agora, pouco de que possamos orgulhar-nos. Dominamos o meio envolvente, aumentamos a produção de alimentos, construímos cidades, estabelecemos impérios e criamos extensas redes de comércio.

Mas diminuímos o nível de sofrimento no mundo?

Vezes sem conta, um aumento considerável do poder humano não correspondeu,
necessariamente, ao bem estar do Sapiens individual, provocando também, por norma, um enorme sofrimento aos outros animais.

Ao longo das últimas décadas conseguimos, por fim, fazer um progresso real no que diz respeito à condição humana, com a redução da fome, de pragas e das guerras. No entanto, a situação dos outros animais está a deteriorar-se mais rapidamente do que nunca e os melhoramentos da humanidade são demasiado recentes e frágeis para serem certos.

Além disso, apesar das coisas espantosas que os humanos são capazes de fazer, continuamos sem ter a certeza dos nossos objectivos e parecemos estar mais desligados que nunca. Avançamos das canoas para as caravelas, para barcos a vapor, para vaivéns espaciais – mas ninguém sabe para onde vamos.

Estamos mais poderosos do que alguma vez estivemos, mas não fazemos a
mínima ideia do que fazer com todo esse poder.

Ainda pior: os humanos parecem mais irresponsáveis do que nunca.

Deuses auto-proclamados, com apenas as leis da física para nos fazer companhia, não somos responsabilizados por ninguém. Estamos, assim, a espalhar o caos sobre os nossos companheiros animais e o ecossistema envolvente, em busca de pouco mais do que o nosso próprio conforto e divertimento sem, no entanto, nos darmos por satisfeitos.

Existirá algo mais perigoso do que Deuses insatisfeitos e irresponsáveis, que não sabem o que querem?

Este texto foi retirado do livro de Yuval Noah Harari “Sapiens: de animais a Deuses”.

28 de Outubro, 2015 Carlos Esperança

A Frase

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