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Categoria: Ateísmo

15 de Maio, 2016 Carlos Esperança

Fé e descrença – alguns números

(…) «Javier Elzo dá exemplos de percentagens de pessoas que se dizem religiosas em diferentes países. Itália, 74%; Rússia, 70%; Portugal, 60%; Estados Unidos, 56%; França, 40%; Espanha, 37%; Alemanha, 34%; Israel, 30%; Reino Unido, 30% e Suécia, 19%. Percentagens de pessoas que se dizem “ateus convictos”: Espanha, 20%; França, 18%; Alemanha, 17%; Suécia, 17%; Reino Unido, 13%; Portugal, 9%; Israel, 8%; Itália, 6%; Rússia, 5% (“por alguma razão, os estudiosos do fenómeno religioso na Rússia falam da era pós-ateia”). O número de cidadãos que se dizem ateus é superior na República Checa, 30%; Japão, 31%; Hong Kong, 34% e China, com 61%. Excluindo a China e o Japão, é na Europa que se concentra a maior parte de ateus. Mas, como a BBC acaba de anunciar, a China, apesar do controlo governamental, pode tornar-se já em 2030 o país com maior número de cristãos do mundo.» (…)

Padre Anselmo Borges, ontem, no DN.

10 de Maio, 2016 Carlos Esperança

E já é favor

Quando perguntaram a Einstein se acreditava em Deus, respondeu:

– ” Acredito no Deus de Spinoza que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe e não no Deus que se interessa em premiar ou castigar os homens”.

Diário de uns Ateus – Não é por acaso que a ICAR denomina o panteísmo como uma forma de ateísmo.

4 de Maio, 2016 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

Resposta ao CDS – Cc. Ministro da Educação e restantes grupos parlamentares.

Associação Ateísta Portuguesa

Resposta ao CDS Cc. Ministro da Educação e restantes grupos parlamentares

Exmo. Senhor Deputado Abel Baptista

Ref.ª: V/ DESPACHO – Associação Ateísta Portuguesa – Nota de carta ao Ministro da Educação.

Senhor deputado Abel Baptista,

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) tomou devida nota da posição do CDS, que V. Ex.ª nos transmitiu em relação à reclamação da AAP, enviada ao Senhor Ministro da Educação, pela iniciativa da diretora do Agrupamento de Escolas de Castelo de Paiva (AECP), Maria Beatriz Moreira Rodrigues e Silva, que, a “convite do Reverendo Padre F. Sérgio”, solicitou aos encarregados de educação autorização para que os alunos se pudessem deslocar, ao largo do conde, entre as 10 e as 11 horas do dia 13 de abril, acompanhados de professores e funcionários, para participarem na receção à «Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima» [sic].

Entendendo a AAP que a Sr.ª Diretora da AECP colidiu com a laicidade a que a escola pública está obrigada, reclamou junto do Sr. Ministro da tutela e deu conhecimento aos grupos parlamentares das questões levantadas e que, a seguir, repetimos:

a) se há alguma legitimidade ou utilidade na suspensão das aulas para participação de alunos do segundo e terceiro ciclos na cerimónia religiosa;
b) se aos alunos que eventualmente se recusaram a participar na referida cerimónia (difícil perante a militância pia da diretora) foram asseguradas aulas;
c) se as aulas sacrificadas pela devoção do órgão diretivo tiveram compensação;
d) se os alunos, professores e funcionários foram abrangidos por qualquer seguro e lhes foi facilitado transporte do Agrupamento até à Igreja Matriz e regresso, ou foram obrigados a deslocar-se a pé.
e) finalmente, se a laicidade da República Portuguesa, no caso da Escola Pública, é acautelada pelo Ministério da Educação e que providências serão tomadas para que outras escolas públicas não reincidam em semelhante prevaricação.

§

Não pode esta Associação deixar de manifestar a V. Ex.ª e ao CDS a sua perplexidade perante a resposta recebida porque, em vez de transmitir a posição do partido sobre as questões referidas, recebemos, com os cumprimentos que agradecemos, três parágrafos que transcrevemos, a seguir, e não resistimos a comentar:

«Graças a DEUS que nas escolas há diretores que são democratas e respeitam as opções religiosas de quem é religioso.
Era o que mais faltava uma escola não permitir que os seus alunos, inscritos na disciplina de EMRC não pudessem num ponto tão relevante para a sua crença participar, até quem sabe, em conjunto co os seus pais.
Da minha parte só posso dizer que Deus guarde a direção desta escola que assim procedeu.»

1 – O CDS, salvo o devido respeito, desconhece e despreza a Constituição da República Portuguesa;
2 – O CDS confunde a democracia com a fé, o direito constitucional com o canónico e a escola pública com as sacristias e, em nome do Deus do Sr. Deputado, apoia o atropelo grosseiro à laicidade praticado pela diretora da AECP;
3 – O CDS, considerando, como legítimo, o ‘direito’ à substituição das horas letivas por manifestações religiosas, deixa transparecer o desejo de transformar a escola pública em madraças romanas onde o catecismo se sobreponha ao programa escolar;
Finalmente, o senhor deputado signatário, ‘a nível pessoal’, pede a Deus «que guarde a direção da escola que assim procedeu». Em suma, substitui o pensamento político por uma homilia e o sentido de Estado pelo proselitismo.
Agradecendo o envio da piedosa prosa que, alheia às questões levantadas na reclamação da AAP, o hão de convencer da utilidade para remissão dos pecados e salvação da alma,

Apresentamos, a V. Ex.ª e ao CDS, saudações republicanas, laicas e democráticas.

a)Direção da AAP

28 de Abril, 2016 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

Na sequência do atropelo à laicidade nas escolas de Castelo de Paiva, que interromperam as aulas para que os professores, funcionários e alunos fossem esperar a imagem de “Nossa Senhora de Fátima” [sic], dentro do horário letivo, a AAP reclamou junto do ministro da Educação, dando conhecimento aos grupos parlamentares.

Email recebido do PEV:

«Grupo Parlamentar Os Verdes [email protected] por gmail.com
Anexos12:17 (Há 4 horas)

para Associação Ateísta Portuguesa

Exmo. Senhor,

Encarregam-me os senhores deputados – Heloísa Apolónia e José Luís Ferreira – de acusar a receção e agradecer a sua mensagem eletrónica, acompanhada pela carta que endereçou ao Ministro da Educação, que mereceu a sua melhor atenção.

Sem mais de momento, apresentamos os melhores cumprimentos,

Joana Gomes da Silva
Chefe de Gabinete»

26 de Abril, 2016 Carlos Esperança

A arte do ludíbrio

Texto retirado do livro de Daniel C. Dennett “Quebrar o feitiço”,
por
Paulo Franco.

A postulação de efeitos invisíveis e indetetáveis que (ao contrário dos átomos e dos germes) são sistematicamente imunes a confirmação ou não-confirmação é tão comum nas religiões que esses efeitos são por vezes considerados definitivos. Nenhuma religião carece deles e algo que não os possua não é realmente uma religião, por muito que seja assim considerada a outros títulos.

Por exemplo, os sacrifícios intrincados a deuses encontram-se em toda a parte e, evidentemente, em nenhum lugar os deuses emergem da invisibilidade e se sentam para saborear o belo porco assado ou beber o vinho. O vinho é vertido sobre o chão ou no fogo, onde os deuses podem apreciá-lo numa privacidade inobservada e o consumo dos alimentos realiza-se queimando-o ou delegando-o aos xamãs, que os comem como parte dos seus deveres oficiais – que conveniente!

Como de costume, não temos de implicar os xamãs, individualmente, ou mesmo como um grupo difuso de conspiradores, na elaboração desta base racional, já que ela
poderia surgir através da replicação diferencial de ritos, mas os xamãs teriam de ser bastante obtusos para não apreciar tanto esta adaptação como a necessidade de afastar as atenções dela. Nalgumas culturas, surgiu uma solução mais igualitária: toda a gente come os alimentos que, de alguma forma, foram também consumidos de forma invisível e não-destrutiva pelos deuses. Os deuses têm o seu tributo e nós sentamo-nos à mesa também. A transparência deste arranjo tão conveniente não será arriscada? Sim, pelo que é quase sempre protegida por um segundo véu: “Estes mistérios ultrapassam toda a compreensão! Nem sequer tente compreendê-los!” O mais frequente é que seja providenciado um terceiro véu: é proibido fazer demasiadas perguntas sobre estes mistérios.

Duas outras práticas correntes dos xamãs são os truques de mãos, tais como a ocultação de entranhas de animais que podem depois ser milagrosamente «removidas» do torso da pessoa afetada, numa «cirurgia psíquica», e o truque de estar amarrado de pés e mãos e, de alguma forma, fazer com que a tenda abane ruidosamente. No enorme espaço de planeamento intencional de possibilidades, estas três formas parecem ser as mais acessíveis para criar efeitos «sobrenaturais» espantosos para impressionar os clientes, já que têm sido redescobertas repetidamente.

Um dos factos mais interessantes sobre estes atos inconfundíveis de ludíbrio é que os seus praticantes, quando pressionados por antropólogos indagadores, exibem uma vasta gama de reações. Por vezes, obtemos uma admissão franca de que estão conscientemente a usar truques dos espetáculos de magia para enganar os clientes, o que, ocasionalmente, defendem como o tipo de «desonestidade sagrada» (pela causa). E noutros casos, o que é mais interessante, uma espécie de nevoeiro santo de incompreensão e mistério abate-se de súbito sobre o entrevistado, protegendo-o de outros questionários corrosivos.

Estes xamãs não são exatamente burlões nem todos, pelo menos – mas, no entanto, sabem que os efeitos que obtêm são segredos do ofício que não devem ser revelados aos não-iniciados, sob pena de os seus efeitos serem diminuídos. Todos os padres e pastores, todos os imãs e rabinos, todos os gurus sabem a mesma coisa, e a mesma gradação, da plena consciência à inocência, pode encontrar-se hoje em dia nas práticas dos pregadores revivalistas, como foi revelado em “Marjoe”, o documentário vencedor de um Óscar que seguiu Marjoe Gortner, um jovem pregador evangélico carismático que perdeu a fé, mas voltou a ser pregador para revelar os truques do ofício.

Neste filme perturbante e inesquecível, revela como faz as pessoas desmaiarem quando põe as mãos sobre elas, como as incita a fazerem declarações apaixonadas do seu amor por Jesus, e principalmente, como as leva a despejarem a carteira na bandeja da coleta.

13 de Abril, 2016 Raul Pereira

Ovelhas tresmalhadas na Dinamarca

Cerca de três mil pessoas abandonaram a “Folkekirken“, a igreja oficial do estado dinamarquês, após a “Ateistisk Selskab” ter feito uma campanha nacional alertando para a redução de impostos caso o fizessem.

Apesar de ser um dos países mais seculares do mundo, a Dinamarca continua a manter um ministério para a igreja do estado, que é financiada por impostos directos e largamente subsidiada pelo reino, entre outras particularidades curiosas.

A campanha da Sociedade Ateia Dinamarquesa está a ser considerada um caso de grande sucesso, pois o processo de abandono é complicado e moroso.

12 de Abril, 2016 Carlos Esperança

A existência de Deus

Naturalmente que, a existir, pode mover ações judiciais contra o Diário de uns Ateus ou ser processado ou objeto de apostas, como aqui se refere.

3 de Abril, 2016 Carlos Esperança

Religiões, tolices e crimes – O combate necessário e urgente

Não há qualquer religião cujo deus defenda o respeito pelas outras e, muito menos, por não crentes. Quanto maior é a crença de alguém por outra vida, depois da morte, menor é a tolerância pelas posições divergentes na única e irrepetível vida que nos coube.

“A religião é um instrumento de paz” é o lugar-comum, politicamente correto, repetido à exaustão e cuja falsidade não é posta em causa, às vezes – e bem –, para evitar gestos primários de vingança contra minorias, e, quase sempre, para impedir a reflexão sobre o passado histórico da religião autóctone.

O facto de se permitirem as frases anteriores, não se deve à indulgência do catolicismo, mas ao facto de ter sido politicamente reprimido na Europa. A liberdade religiosa só foi aceite pelo catolicismo no Concílio Vaticano II, há meio século, uma decisão que ainda provocava azedume em João Paulo 2 e Bento 16. Na Arábia Saudita deixavam em risco a ligação da cabeça ao tronco.

“Só um Estado não confessional pode garantir a liberdade religiosa de todos”, dizia no DN, ontem, o padre Anselmo Borges, afirmação que ainda provoca a ira dos crentes que ficam insatisfeitos com as delícias que Deus lhes reserva, após a morte, e não dispensam a vindicta contra os que prescindem da conversão.

Os cristãos aceitam que a Bíblia, tantas vezes alterada ao longo dos séculos, com vários Evangelhos considerados apócrifos, não foi ditada por Deus. É apenas a sua expressão humana, e têm, além disso, o NT que, salvo o vigoroso antissemitismo, que se explica por ter sido uma cisão do judaísmo, é um avanço na humanização dos preconceitos das tribos patriarcais da Idade do Bronze de que o AT é um documento histórico e literário.

O Corão, cópia grosseira do cristianismo e do judaísmo, foi ditado pelo Arcanjo Gabriel a Maomé, o ‘último profeta’, entre Medina e Meca, a última vez que Deus falou, através do anjo. Assim, é inexequível refazer o que foi ‘revelado’ ao beduíno analfabeto, apesar de o texto atual ser do ano 800 da era vulgar, de predicação apaixonada nas mesquitas e ensino obrigatório nas madrassas, v.g.:

“Sabei que aqueles que contrariam Alá e seu mensageiro serão exterminados, como o foram os seus antepassados; por isso Nós lhes enviamos lúcidos versículos e, aqueles que os negarem, sofrerão um afrontoso castigo.” (Alcorão, Surata 58:5)
“Ó fiéis, combatei os vossos vizinhos incrédulos para que sintam severidade em vós; e sabei que Alá está com os tementes.” (Alcorão, Surata 9:123)

Em vez de se permitir à extrema-direita europeia combater os crentes, urge combater as crenças; em vez de se negociarem os refugiados com a Turquia, deve ser-lhes imposto o respeito pelos padrões civilizacionais europeus, incluindo a igualdade de género; em vez de se promover o diálogo inter-religioso e o multiculturalismo, deve exigir-se a renúncia aos valores que os mullahs exaltam e com que hordas de muçulmanos exultam; em vez de orações pela paz, é mais profícuo vigiar quem promove e financia a guerra santa.

Se nas mesquitas, igrejas ou sinagogas, sedes de clubes ou partidos políticos, se prega o ódio e incita à violência, exige-se vigilância, denúncia, medidas de coação, julgamento e repressão política, segundo as normas do Estado de direito e não do direito teocrático.