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Categoria: Ateísmo

1 de Maio, 2018 Carlos Esperança

EUTANÁSIA 

Por

Onofre Varela

(Gazeta Ateísta)

Está na ordem do dia discutir-se a eutanásia, no sentido de se decidir legalizar, ou não, o direito à morte para aquele que a reivindica quando se encontra numa situação de doença irreversível com o anúncio de uma morte sofrida a acontecer em breve.

Aqui fica o que penso sobre o assunto, começando por uma declaração de interesse: Gosto muito de estar vivo e só me dá jeito morrer depois de ultrapassados, largamente, os 100 anos!… Agora vamos ao resto.

A vida de cada um só a ele pertence. Nem a família, nem o Estado e muito menos a Igreja, tem direito sobre a vida de qualquer cidadão, porque ela configura uma propriedade pessoal inalienável.

Se eu, quando enfermo e numa situação terminal (ou não terminal, mas que me deixa incapacitado de viver a vida como a programei, e não aceitando vivê-la de outro modo), entendo não ter condições dignas para continuar a viver, e, em consciência, decido sair da vida de um modo mais digno do que aquele que o suicídio me confere, tenho o direito de o reivindicar, e o Estado deveria estar habilitado para me conceder a concretização da minha última vontade.

O direito à eutanásia não configura nenhuma violência, pois ela só será aplicada a quem a deseja. Violência é alguém obrigar-me a viver contra a minha vontade, arvorando-se em dono do meu corpo e do meu pensamento. A legalização da eutanásia não obriga ninguém a morrer antes do seu tempo, pelo que quem não a aceita, não a terá. Mas quem não a aceita, contraria a minha vontade de a desejar e quer ver-me impossibilitado de usufruir dela, só porque ele não quer!… E esta posição é profundamente imoral, por muita “moralidade de cartilha” que se diga conter.

Não legalizar a eutanásia é que configura uma violência por obrigar alguém a viver sofridamente contra a sua vontade.

As vontades religiosas que preferem ter o doentinho ali, para lhe fazer carinhos até ao momento da partida, podem ser muito bem intencionadas… mas antes de tudo precisam da aceitação do paciente, porque este é quem sofre, tem vontade própria e o direito de a ver cumprida. Contrariar esta vontade alicerçando-se em fantasias religiosas, pode encher o ego do familiar ou do amigo religioso, mas não resolve o problema do doente, se este quer sair da vida sem sofrimento nem medidas paliativas.

A vontade do paciente é que deve fazer lei, se, em consciência e no gozo de todas as suas faculdades de raciocínio, ele deseja sair da vida pela porta da eutanásia. Cumprir o desejo do outro, quer seja para o confortar até à morte natural minimizando-lhe a dor, ou para lhe conceder a realização do desejo de sair da vida quando esta já não lhe interessa, é atitude profundamente humana e fraterna.

Obrigar alguém a viver sofridamente, só porque sim… contrariando a sua vontade em nome de uma moral quase sempre alicerçada no divino e, por isso mesmo, divorciada da realidade, é que me parece horrivelmente mau. Quem ataca o direito à eutanásia, não tem em atenção a vontade do outro, mas apenas a sua que quer ver privilegiada e decretada como lei, numa atitude egoísta e prepotente, querendo que toda a sociedade afine pelo seu pensamento, à boa maneira fascista. O que, no mínimo… não é democrático…

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)

20 de Abril, 2018 Carlos Esperança

O primeiro transplante

Em 23 de dezembro de 1954, o cirurgião americano Joseph Murrey realizou o primeiro transplante humano – um rim doado por um irmão gémeo ao outro, que estava a morrer de doença renal. A generosidade fraternal foi compensada com mais de 8 anos de vida do irmão transplantado que constituiu família e havia de gerar duas filhas.

Os crentes mais devotos de então consideraram que se tratou de uma profanação do corpo e que os médicos interferiram numa prerrogativa de Deus. Nesse dia os homens deram mais um pequeno passo para a sua emancipação e Deus um enorme trambolhão para o seu descrédito.

O êxito da operação foi também a vitória sobre a omnipotência e a omnisciência divinas cuja credibilidade sofreu um rude golpe. A partir de então, milhares e milhares de vidas puderam ser prolongadas graças à ciência.

Quem acredita na vida eterna e na ressurreição da carne, há de perturbar-lhe a cabeça, no caso de a ter, o que sucederá no Vale de Josafat, entre Jerusalém e o Monte das Oliveiras, no dia do Juízo Final. O Deus deles, cruel e medonho, lá estará a julgar os vivos e os mortos, perante uma enorme confusão em que à gravidade dos problemas logísticos se juntará a berraria de quem pede a devolução do fígado, dos milhares que reclamam os rins próprios, daqueles que exigem de volta o coração ou procuram o esqueleto dividido por centenas de próteses após o acidente rodoviário.

Deus começa a ter problemas complicados. O melhor é desistir dessa ideia maluca da ressurreição e manter-se na clandestinidade a que se remeteu após o género humano ter decidido pensar.

14 de Abril, 2018 Carlos Esperança

Crer e saber

Por

ONOFRE VARELA (Gazeta Ateísta)

O Homem é um animal dotado de inteligência, o que o torna superior aos restantes animais seus companheiros da vida na Terra. Por isso mesmo é, também, um ser religioso por excelência, cuja característica de animal inteligente o levou à criação dos conceitos do belo, do sagrado e dos deuses, e à consequente prática de cultos religiosos. A Igreja pretende ser proprietária do conceito de Deus – sobre o qual se erigiram civilizações – mas, na verdade, do mesmo modo como a Língua que falamos é propriedade nossa, também o conceito de Deus a todos pertence, independentemente de seguirmos, ou não, uma religião, porque o conceito dos deuses é uma invenção da espécie Homo sapiens sapiens. Nessa pretensão de posse, a Igreja Católica já perseguiu e puniu com tortura e morte quem se atreveu a abordar a divindade fora do âmbito da sua fé, e o Islamismo extremista ainda hoje mata em atentados terroristas praticados em nome de Deus com os assassinos a gritarem “Allahu akbar” (Alá é grande). No século XXI voltamos à barbárie, desta vez refinada, que os mais bem intencionados de nós já tinham arrumado nas prateleiras da História mais macabra e longínqua.

Crer em Deus não é o mesmo que saber sobre Deus. O saber precisa de conhecimento, obrigando à constante renovação das ideias, sem o que, o verdadeiro saber não existe. A par disto há a considerar que o saber é lento, frio e racional. A crença, não! A crença é emotiva, ferve em pouca água e, por vezes, provoca danos irreversíveis. Na crença afirma-se sem se saber, com a mente aquecida pela emoção cega. O crente não sabe, de saber certo, aquilo que afirma saber, porque crer não é saber. Por muito que o leitor creia que o comboio parte ao meio-dia, vai perdê-lo se não souber que ele parte às dez horas da manhã! A crença rejeita a dúvida e afirma a certeza na fé.

O saber obriga à constante investigação e abertura ao que é duvidoso, novo e contraditório. Sem esta atitude de curiosidade e humildade, podemos ser crentes… mas nunca seremos sabedores. Em tudo, na vida, por uma questão de honestidade para connosco e com os outros, e até para que cada um sinta segurança no seu próprio raciocínio, é indubitavelmente preferível que se saiba, do que se creia.

Há que dizer que as religiões também são “modos de saber”, no sentido emocional da crença. Isto é: quando “eu sei que Deus existe porque o sinto”, adquiro um “saber” que ninguém destruirá, pois o meu sentimento mais profundo me diz estar a verdade do meu lado. É este “saber” que faz a “razão” dos crentes… embora não seja saber, nem razão, na verdadeira acepção dos termos, porque não pode ser aferido pelo saber das ciências, nem pela razão filosófica enquanto forma de chegar a conclusões reais, porque estas são contrárias àqueles saberes que não passam da imaginação que a fé alimenta. É este “saber religioso” que constrói fundamentalistas. E alguns deles… até são criminosos!

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)

12 de Abril, 2018 Carlos Esperança

Todos somos ateus

Não há a mais leve suspeita ou o menor indício de que Deus exista, nem qualquer sinal de vida da parte dele. No entanto, o ónus da prova cabe a quem afirma a sua existência e, sobretudo, a quem vive disso.

Cada religião considera falsas todas as outras e o deus de cada uma delas, afirmação em que certamente todas têm razão. Os ateus só consideram falsa uma religião mais e mais um deus, o que, no fundo, faz de todos ateus. E não é no sentido grego, em que ateu era o que acreditava nos deuses de uma cidade diferente, é no sentido comum da negação de Deus [com maiúscula para o deus abraâmico] ou de qualquer outro.

Todos somos hoje ateus em relação a Zeus, Osíris ou ao Boi Ápis, como amanhã outros serão em relação a Vishnu, Shiva e Brahma ou ao Pai, Filho e Espírito Santo da trindade cristã. Os deuses de hoje serão os mitos do futuro. Outros serão criados, por necessidade psicológica, para servirem de explicação, por defeito, a todas as dúvidas, e de lenitivo a todos os medos.

A morte, a angústia que desperta, o fim biológico de todos os seres vivos, é o maior dos medos. Deus é o mito bebido no berço, a esperança de outra vida para além da morte, a boia dos náufragos que se habituaram a acreditar desde crianças e se conformaram com a pueril explicação da catequese e se intimidaram com a dúvida. Os constrangimentos sociais ou/e a repressão violenta ao livre-pensamento tem perpetuado mitos milenares.

A crença, em si, não é um perigo nem ameaça, perigoso é o proselitismo, essa demência de quem não se contenta em ter um deus para si e exige que os outros também o adotem e o adorem. A vontade evangelizadora transforma as religiões em detonadoras do ódio e a competição entre elas em rastilho da violência.

A fé, vivida por cada um, é inócua; transformada em veículo coletivo de conquista ou aglutinação de povos, torna-se um instrumento de violência. É por isso que os Estados devem ser neutros, em matéria religiosa, para poderem garantir a liberdade de todos.

5 de Abril, 2018 Carlos Esperança

Gazeta ateísta

Por

ONOFRE VARELA

Estórias de Jesus.

Em Novembro de 2012 foi lançado no mercado um livro biografando Jesus Cristo (o terceiro de uma colecção de três), da autoria de Ratzinger, então Papa Bento XVI. Convenhamos que Jesus Cristo, enquanto personagem histórica, é dono de uma biografia difícil, se não mesmo impossível, de escrever. Já na versão de Homem-Deus, as coisas estão facilitadas… por aí podemos dizer dele os maiores dislates que, se não ofenderem os crentes e roçarem as estórias contadas pelos evangelistas e propagadas pela Igreja durante dois milénios, não as contrariando, essas narrativas ficcionadas serão tomadas como a mais alva pureza das realidades.

Uma biografia tem de partir de um ponto de vista histórico. Não há outro modo de a fazer que não seja relatar os episódios que fizeram a vida real de uma pessoa concreta. Se a obra ultrapassa esta baliza, deixa de se denominar biografia, para passar a ser ficção, romance, ensaio, romance histórico, biografia ficcionada ou… expressão de fé… que é aquilo que a obra de Ratzinger é: a expressão subjectiva da sua fé em Jesus Cristo. E só assim deve ser entendida.

Enaltecer a subjectividade é o que faz o partidarismo, seja político ou religioso. Tomar partido por algo ou por alguém, é colocar-se ao lado de uma corrente de pensamento, por muito que a racionalidade e a História possam garantir o erro dessa corrente. As visões contrárias à natureza das coisas nunca são avalizadas pelas disciplinas científicas que as estudam… por isso a História não garante que seja verdadeiro o teor da maioria dos livros biografando Jesus, os quais não contêm História, mas sim estória (conto popular ficcional… como é a Estória da Carochinha!).

A afirmação de que Deus existe tem por base a crença, não passando de uma convicção. A ideia de Deus permite várias interpretações e discussões, desde logo a sua estranha natureza, até à necessidade que dele muitos sentem e dependem, em consequência dos banhos de religiosidade de que foram vítimas na infância.

Todos nós temos direito às nossas convicções, e a defesa de uma convicção só pode ser rotulada de acto desonesto se o seu defensor tiver consciência da “inverdade” que apregoa; e só é vigarice se, conscientemente, ele quiser comprar a concordância do outro, sabendo que lhe está a vender gato por lebre. Quando o defensor de uma ideia está convicto daquilo que defende, presumindo estar com a verdade, ele é honesto nas suas afirmações e deve ser respeitado na “sua verdade”.

Por isso aceito a subjectividade de Ratzinger, embora não concorde com ela. E todos nós sabemos, pela História, que através dos tempos o Ser Humano conseguiu a audácia de criar fundamentos intelectuais que lhe permitiram direccionar o seu entendimento para a interpretação naturalista, distanciando-se dos mitos que as religiões defendem como verdade e dos quais se alimentam.

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)

16 de Março, 2018 Carlos Esperança

Momento de Poesia

Adeus, Stephen Hawking…

 

Foste habitar aquela estrela, que descobriste,
e pela qual te apaixonaste,
depois de teres encontrado Deus
num buraco negro, onde ELE se escondia,
para o obrigares a renegar tudo o que ELE dizia
sobre a criação do Universo e da vida humana…

Do teu corpo morto fizeste uma nova vida
para o nosso espanto,
pois não temos a tua força nem a tua inteligência
nem sabemos devorar as insónias
das galáxias, das estrelas, dos planetas e dos cometas
e tudo aquilo que a Física Quântica
provoca nas nossas cabeças
com as suas insondáveis incógnitas…

Nasceste no dia em que Galileu, há trezentos anos, morreu,
e morreste no dia em que Einstein nasceu,
na ponta final de dois séculos atrás,
e eu não sei se isto não foi uma partida de Deus,
para vos catalogar à entrada do céu…

O que eu sei é que vais levar os seus corações na tua mão
para que a Física vença a ignorância
e triunfe no meio das trevas e da escuridão…

Adeus, Stephen Hawking…

Alexandre de Castro

Lisboa, Março de 2018

15 de Março, 2018 Carlos Esperança

Stephen Hawking – A voz da ciência

Aos 76 anos faleceu o mais notável físico contemporâneo, que uniu a cosmologia e a termodinâmica, e se tornou um divulgador extraordinário da ciência.

Sem poder falar foi a voz mais escutada, sem se mover, viajou intensamente e, fazendo ‘bom uso do seu tempo’, escreveu o famoso livro «Breve História do Tempo». Com «Aos Ombros de Gigantes, as Grandes Obras da Física e da Astronomia», «O Fim da Física», «A Natureza do Espaço e do Tempo», «O Universo numa Casca de Noz» e outros, desafiou a espada de Dâmocles que sobre ele pendia e ontem se soltou.

Tudo na vida deste cientista de rara intuição e excecional capacidade intelectual foi um verdadeiro paradoxo. Condenado pela doença, libertou-o a ciência, abandonado pelos músculos, mantiveram-no os neurónios, e não deixou que a debilidade física o reduzisse à inutilidade ou que a razão cedesse às crenças: «Não é necessário invocar Deus para acender o pavio e colocar o universo em movimento»; «Vida além da morte? “Isso é um conto de fadas para pessoas com medo do escuro”. Estudou e fez luz sobre os buracos negros, desafiador, controverso, algumas vezes incoerente, sempre lúcido e carregado de humor.

Amou e foi amado. Fez filhos, escreveu livros, desbravou a ciência, cumpriu-se.

Viveu 44 anos preso a uma cadeira de rodas e 32 a comunicar através de um sintetizador de fala, sem deixar de participar em conferências, investigar, percorrer os caminhos da vida e os da Física, a ensinar.

O universo foi o seu domicílio e as leis da Física a sua religião. Continua a habitar o seu lugar de sempre, fiel à religião que abraçou. Imortal. Ateu.

15 de Março, 2018 Carlos Esperança

Sobre os ateus da AAP

Há quem nos ache supérfluos, indignos e malformados, quem julgue a nossa presença inútil, prejudicial ou perigosa, quem gostasse de nos calar, amordaçados ou erradicados. E nós, ateus, teimosamente vivos, perante a indiferença divina e o espanto dos crentes, persistimos em ser voz ao serviço da liberdade, do livre-pensamento e da descrença.

Todas as religiões que disputam os negócios da fé se julgam inspiradas no único Deus verdadeiro, donde se conclui facilmente que na melhor das hipóteses todas são falsas e só uma é autêntica ou, no caso mais provável, que nenhuma delas passa de um embuste de que se alimentam os parasitas da fé à custa dos ingénuos.

Os ateus respeitam os crentes e desprezam as crenças. São como médicos que cuidam os doentes e atacam as doenças; são solidários com os que sofrem e abominam os que incentivam o sofrimento; defendem a felicidade, o conhecimento e a razão e combatem a resignação, a subserviência e a superstição.

A AAP não defende posições racistas, discriminações com base no sexo, na religião ou em qualquer outro pressuposto. Não fomenta o nacionalismo ou o belicismo e reitera, a cada momento, a determinação na defesa dos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Qual a religião que se conforma com tais princípios? Defendemos a liberdade, os direitos humanos e a democracia. Combatemos a pena de morte, a prisão perpétua e a tortura. Somos contra o racismo, a xenofobia e a discriminação sexual.  Há alguma religião que nos acompanhe? Quem é intolerante?

É ignóbil que alguém procure impedir a prática de uma religião, mas é ainda mais abjeto haver quem imponha, um hábito a que não renunciam facilmente os prosélitos dos diversos credos, determinados a fazer cumprir a vontade do deus a que se encontram avençados, escravos da vontade divina imaginada na mente embotada dos seus padres.

As sociedades que aprofundam o laicismo não põem em causa o exercício da liberdade religiosa, e as que se submetem a uma Igreja facilmente confiscam todas as liberdades em nome de um Deus que não existe, com uma sanha persecutória e uma vocação totalitária própria de quem se julga detentor de verdades absolutas.

14 de Março, 2018 Raul Pereira

Stephen Hawking (1942-2018)

Stephen Hawking

When people ask me if a god created the universe, I tell them that the question itself makes no sense. Time didn’t exist before the big bang, so there is no time for god to make the universe in. It’s like asking directions to the edge of the earth (…). We have this one life to appreciate the grand design of the universe, and for that I am extremely grateful.” — Stephen Hawking.

5 de Março, 2018 Carlos Esperança

Gazeta Ateísta

Por

ONOFRE VARELA

A CONVICÇÃO DOS CRENTES 

Enaltecer a subjectividade é o que faz o partidarismo, seja ele político, religioso, ou de qualquer outra índole. Tomar partido por algo ou por alguém, é colocar-se ao lado de uma corrente de pensamento defensora de um determinado ponto de vista, o qual –quando não é aferido por uma ciência – é, sempre, subjectivo; portantoapenas diverso do ponto de vista do outro.

As visões contrárias à natureza das coisas, nunca são avalizadas pelas disciplinascientíficas que as estudamNinguém pode negar que dois mais dois são quatro… amatemática garante-o sem lugar a dúvidas nem a subjectividades. No quadro científiconinguém pode afirmar que dois mais dois são cinco (embora os sofistas o possam fazer… mas é logro!).

A garantia de que Deus existe ou que não existe, tem por base a crença ou a descrença, e não passa de uma convicção. Não havendo uma disciplina científica que garanta estar a verdade de um dos lados, a subjectividade faz lei para qualquer afirmação, e cada um defende a sua com a mesma licitudeA ideia de Deus permite várias interpretações e discussõesdesde logo sobre sua estranha natureza, e não define nada de real, deabsolutamente concreto e palpável.

Todos nós temos direito às nossas convicções. E a defesa de uma convicção só pode ser rotulada de acto desonesto se o seu defensor tiver consciência da “inverdade” que apregoa; e só é vigarice se, conscientemente, ele quiser comprar a concordância do outro sabendo que lhe está a vender gato por lebre.

Quando o defensor de uma ideia está convicto daquilo que defende, porque acredita naquela forma tal como a descreve, não concebendo outra ideia para aquilo que é a sua convicção, presumindo estar com a verdade, o defensor dessa ideia é honesto nas suas afirmações e deve ser respeitado na “sua verdade”… embora possa estar errado!…

É este erro que faz a “verdade” das religiões quando afirmam a existência real de uma divindade.

E tenho muitas dúvidas na honestidade da maioria dos sacerdotes. Penso que a sua intelectualidade lhes sussurra a mentira que impingem aos crentes… mas é com isso que enchem a barriguinha e se rodeiam de mordomias. Não é por acaso que o nosso muitopobre povinho lhes outorga autoridade e lhes presta subserviência!…

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)