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Categoria: Ateísmo

17 de Maio, 2018 Carlos Esperança

Humor – Um texto que circula pela NET

O INFERNO CIENTIFICAMENTE EXPLICADO

O Inferno, explicado por um estudante de Engenharia

O que se segue é (alegadamente) uma pergunta que saiu num exame de um curso de Engenharia numa universidade americana. A resposta de certo estudante foi tão criativa que o professor a partilhou por e-mail com vários colegas.

— Pergunta: O Inferno é exotérmico (liberta calor) ou endotérmico (absorve calor)?

A maioria dos alunos respondeu baseando as suas opiniões na lei de Boyle (o gás arrefece quando se expande e aquece quando é comprimido), ou nalguma variante disso. Houve um aluno que, no entanto, deu a resposta que se segue.

“Primeiro, precisamos de saber como a massa do Inferno está a variar com o tempo. Portanto, precisamos de saber a taxa a que as almas se estão a mover para o Inferno e a taxa a que o estão a deixar. Acho que podemos assumir seguramente que uma vez que uma alma entra no Inferno ela nunca mais de lá sai. Portanto, não há almas a sair. Para verificarmos qual a quantidade de almas que entram no Inferno, vamos olhar para as diferentes religiões que existem no mundo actual. A maioria dessas religiões afirma que quem não é membro dessa religião vai para o Inferno. Como há mais do que uma dessas religiões, e como as pessoas não pertencem a mais do que uma religião, podemos prever que todas as almas vão para o Inferno. Com as taxas de natalidade e mortalidade actuais, podemos esperar que o número de almas no Inferno aumente exponencialmente.

Agora, vamos olhar para a taxa de variação de volume do Inferno, porque a lei de Boyle afirma que, para que a temperatura e a pressão no Inferno se mantenham constantes, o volume do Inferno tem de se expandir proporcionalmente à medida que são adicionadas mais almas. Isto abre duas possibilidades:

1. Se o Inferno se expandir a uma taxa inferior à da taxa a que as almas entram, então a temperatura e a pressão no Inferno vão aumentar até ele explodir.

2. Se o Inferno se expandir a uma taxa superior à do aumento de almas no Inferno, então a temperatura e a pressão irão baixar até que o Inferno congele.

Então, qual das hipóteses é a correcta?

Se aceitarmos a afirmação da Mary no meu ano de caloiro de que “o Inferno vai congelar antes de eu ir para a cama contigo”, e tendo em conta o facto de que eu dormi com ela a noite passada, então a hipótese número 2 deve ser a verdadeira, e portanto tenho a certeza de que o Inferno é exotérmico e já congelou.

O corolário desta teoria é que, uma vez que o Inferno congelou, então já não aceita mais nenhuma alma e está, portanto, extinto, passando a existir apenas o Céu e provando assim a existência de um ser divino, o que explica porque é que ontem à noite a Mary gritava “Oh, meu Deus! Oh, meu Deus!”

Este estudante teve a única nota máxima!

16 de Maio, 2018 Carlos Esperança

Gazeta Ateísta

Por

ONOFRE VARELA

Fazer santos

Das várias actividades a que a Igreja se dedica, destacam-se estas três que me parecem principais: 

1) – Celebrações litúrgicas para prenderem os crentes ao culto carregando-lhes a bateria da fé; 

2) – Acções caritativas e gestão de instituições com subsídios estatais; 

3) – Produção de santinhos e santinhas, com o estatuto de deuses menores,para preencherem os altares das paredes dos templos, tendo por baixo caixinhas de ranhura para colecta, porque a Igreja, enquanto indústria do espiritual, obviamente não se governa sem o material

Vaticano tem um gabinete específico para a criação de santinhos, denominado “Congregação para a Causa dos Santos”, dirigido pelo cardeal Português José Saraiva Martins (Gagos de Jarmelo, Guarda, 1923. Presumo que ainda é vivo, mas não sei se estará no activo, pois os seus 95 anos poderão não lho permitir).

Há 30 anos a Enciclopédia Católica contava cerca de 5.000 santos. No pontificado de João Paulo II foram tantas as nomeações de candidatos aos altares que a lista quadruplicou, e hoje contempla perto de 20.000 nomes.

A abordagem desta tarefa medieval da Igreja fabricar santos no século XXI, só pode ser feita com humor para não afectar a qualidade de raciocínio de quem quer manter a sua sanidade mental!… 

Atribuir a qualidade de santo a um morto não é como medalhaum herói de guerra ou um bombeiro! A coisa fia mais fino, leva imenso tempo e precisa de um certificado de Deus!… Apenas o Santo António foi santificado no tempo recorde de 11 meses e meio, e a Santa Teresa conseguiu-em 28 anos, porque o Papa Pio XII estava muito necessitado de criar santinhos e fez dela a estrela do seu pontificado. Todos os outros cerca de 20.000 nomes levaram imenso tempo para serem santos. 

Os candidatos à santidade precisam de vencer três etapas. A saber:

1 – Veneração. É uma espécie de requisição de paróquia que aponta as qualidades do atleta para trepar a um altar.

2 – BeatificaçãoPrecisa de uma análise profunda para despistar reguilices e falcatruas, exigindo, pelo menos, um milagre comprovado por via das dúvidas.

3 – CanonizaçãoÉ a peneira mais fina que vai analisar a biografia do candidato, seguindo, passo a passo, todos os passos que o morto deu em vida na senda da santidade, e comprovar se Deus operou milagres através daquele intermediário. (Os parasitas intermediários estão em todo o lado!).

Ter o cadáver incorrupto ao fim do tempo regulamentar para levantar a ossada, já não vale como prova de aferição da santidade, porque se sabe que as características químicas do terreno, e a toma de medicamentos, pode preservar o corpo de qualquer patife. Então inventou-se este outro modo de fingir que se atribui seriedade ao acto de fazer santos, sempre de acordo com a vontade dos homens, mas apregoando ser pela vontade de Deus… que também foi inventado pelos homens!…

Onofre Varela

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)

7 de Maio, 2018 Carlos Esperança

A Liberdade Religiosa

Considerações, regime e soluções

Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião.

Declaração Universal dos Direitos Humanos

1. Um Mundo Plural

Actualmente, sempre que se fala em liberdade religiosa, somos de imediato remetidos para o desafio de se conviver num mundo plural. Por força da globalização e da maior facilidade de circulação de pessoas, as sociedades são cada vez mais multiculturais, compostas de indivíduos de diferentes origens, religiões, costumes e identidades. É neste contexto que a protecção contra a discriminação, em particular a discriminação directa ou indirecta baseada na religião ou nas convicções, assume um papel de grande relevo: trata-se, reconhecidamente, de um dos principais factores de sustentação e promoção da coesão económica e social, da solidariedade, da livre circulação das pessoas e do aumento do nível e qualidade de vida das populações.

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2 de Maio, 2018 Carlos Esperança

A mentira das religiões

Quando Deus ordenou a Abraão para lhe sacrificar o filho, o estúpido preparava-se para obedecer ao monstro que trazia em si. Valeu a Isaac que o pai, demente e subserviente a Deus, acabou por vê-lo substituído por outro animal que a cegueira mística projetou no altar do sacrifício.

É desse tresloucado que as religiões do livro se reclamam herdeiras, do louco capaz de imolar o filho por uma ilusão, disposto a derramar o sangue do inocente para obedecer à vontade de um patife imaginário.

Foi o Deus que, no Monte Sinai, havia de obrigar Moisés a descalçar-se antes de revelar a sua vontade e lhe ditar o futuro da humanidade, em data cuja falsificação é hoje uma evidência, e sentenças que só os doidos acolheriam. Mas o negócio à volta dos livrinhos sagrados originou falsificações ainda mais toscas e a perpetuação do deus abraâmico.

No fim de cada ano, em Meca, mais de três milhões de intoxicados pelo Corão prestam vassalagem a Maomé, um rude pastor de camelos que acreditava falar com Deus. Ainda hoje há indivíduos assim, desde a liderança de grandes nações até – o mais frequente –, aos serviços de psiquiatria dos hospitais. Têm em comum conversas com o Divino.

Aliás, não é monopólio de uma religião o curto-circuito dos neurónios dos crentes. Uns odeiam o porco porque o profeta, que não era um modelo de asseio, embirrou com o bicho; outros não usam preservativo porque o almocreve de Deus o condena na teologia do látex; muitos fazem jejum; quase todos viajam de joelhos e viram o rabo em sentido contrário ao altar onde presumem um deus que julgam omnipresente.

Os muçulmanos não podem urinar virados para Meca; os católicos não o podem fazer nos bispos; todos temem os padres e receiam duvidar de Deus.

A religião é o pântano da fé onde os homens perdem o senso e ganham medos, onde a razão dá lugar à superstição e a dignidade se esvai de joelhos ou de rastos.

1 de Maio, 2018 Carlos Esperança

EUTANÁSIA 

Por

Onofre Varela

(Gazeta Ateísta)

Está na ordem do dia discutir-se a eutanásia, no sentido de se decidir legalizar, ou não, o direito à morte para aquele que a reivindica quando se encontra numa situação de doença irreversível com o anúncio de uma morte sofrida a acontecer em breve.

Aqui fica o que penso sobre o assunto, começando por uma declaração de interesse: Gosto muito de estar vivo e só me dá jeito morrer depois de ultrapassados, largamente, os 100 anos!… Agora vamos ao resto.

A vida de cada um só a ele pertence. Nem a família, nem o Estado e muito menos a Igreja, tem direito sobre a vida de qualquer cidadão, porque ela configura uma propriedade pessoal inalienável.

Se eu, quando enfermo e numa situação terminal (ou não terminal, mas que me deixa incapacitado de viver a vida como a programei, e não aceitando vivê-la de outro modo), entendo não ter condições dignas para continuar a viver, e, em consciência, decido sair da vida de um modo mais digno do que aquele que o suicídio me confere, tenho o direito de o reivindicar, e o Estado deveria estar habilitado para me conceder a concretização da minha última vontade.

O direito à eutanásia não configura nenhuma violência, pois ela só será aplicada a quem a deseja. Violência é alguém obrigar-me a viver contra a minha vontade, arvorando-se em dono do meu corpo e do meu pensamento. A legalização da eutanásia não obriga ninguém a morrer antes do seu tempo, pelo que quem não a aceita, não a terá. Mas quem não a aceita, contraria a minha vontade de a desejar e quer ver-me impossibilitado de usufruir dela, só porque ele não quer!… E esta posição é profundamente imoral, por muita “moralidade de cartilha” que se diga conter.

Não legalizar a eutanásia é que configura uma violência por obrigar alguém a viver sofridamente contra a sua vontade.

As vontades religiosas que preferem ter o doentinho ali, para lhe fazer carinhos até ao momento da partida, podem ser muito bem intencionadas… mas antes de tudo precisam da aceitação do paciente, porque este é quem sofre, tem vontade própria e o direito de a ver cumprida. Contrariar esta vontade alicerçando-se em fantasias religiosas, pode encher o ego do familiar ou do amigo religioso, mas não resolve o problema do doente, se este quer sair da vida sem sofrimento nem medidas paliativas.

A vontade do paciente é que deve fazer lei, se, em consciência e no gozo de todas as suas faculdades de raciocínio, ele deseja sair da vida pela porta da eutanásia. Cumprir o desejo do outro, quer seja para o confortar até à morte natural minimizando-lhe a dor, ou para lhe conceder a realização do desejo de sair da vida quando esta já não lhe interessa, é atitude profundamente humana e fraterna.

Obrigar alguém a viver sofridamente, só porque sim… contrariando a sua vontade em nome de uma moral quase sempre alicerçada no divino e, por isso mesmo, divorciada da realidade, é que me parece horrivelmente mau. Quem ataca o direito à eutanásia, não tem em atenção a vontade do outro, mas apenas a sua que quer ver privilegiada e decretada como lei, numa atitude egoísta e prepotente, querendo que toda a sociedade afine pelo seu pensamento, à boa maneira fascista. O que, no mínimo… não é democrático…

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)

20 de Abril, 2018 Carlos Esperança

O primeiro transplante

Em 23 de dezembro de 1954, o cirurgião americano Joseph Murrey realizou o primeiro transplante humano – um rim doado por um irmão gémeo ao outro, que estava a morrer de doença renal. A generosidade fraternal foi compensada com mais de 8 anos de vida do irmão transplantado que constituiu família e havia de gerar duas filhas.

Os crentes mais devotos de então consideraram que se tratou de uma profanação do corpo e que os médicos interferiram numa prerrogativa de Deus. Nesse dia os homens deram mais um pequeno passo para a sua emancipação e Deus um enorme trambolhão para o seu descrédito.

O êxito da operação foi também a vitória sobre a omnipotência e a omnisciência divinas cuja credibilidade sofreu um rude golpe. A partir de então, milhares e milhares de vidas puderam ser prolongadas graças à ciência.

Quem acredita na vida eterna e na ressurreição da carne, há de perturbar-lhe a cabeça, no caso de a ter, o que sucederá no Vale de Josafat, entre Jerusalém e o Monte das Oliveiras, no dia do Juízo Final. O Deus deles, cruel e medonho, lá estará a julgar os vivos e os mortos, perante uma enorme confusão em que à gravidade dos problemas logísticos se juntará a berraria de quem pede a devolução do fígado, dos milhares que reclamam os rins próprios, daqueles que exigem de volta o coração ou procuram o esqueleto dividido por centenas de próteses após o acidente rodoviário.

Deus começa a ter problemas complicados. O melhor é desistir dessa ideia maluca da ressurreição e manter-se na clandestinidade a que se remeteu após o género humano ter decidido pensar.

14 de Abril, 2018 Carlos Esperança

Crer e saber

Por

ONOFRE VARELA (Gazeta Ateísta)

O Homem é um animal dotado de inteligência, o que o torna superior aos restantes animais seus companheiros da vida na Terra. Por isso mesmo é, também, um ser religioso por excelência, cuja característica de animal inteligente o levou à criação dos conceitos do belo, do sagrado e dos deuses, e à consequente prática de cultos religiosos. A Igreja pretende ser proprietária do conceito de Deus – sobre o qual se erigiram civilizações – mas, na verdade, do mesmo modo como a Língua que falamos é propriedade nossa, também o conceito de Deus a todos pertence, independentemente de seguirmos, ou não, uma religião, porque o conceito dos deuses é uma invenção da espécie Homo sapiens sapiens. Nessa pretensão de posse, a Igreja Católica já perseguiu e puniu com tortura e morte quem se atreveu a abordar a divindade fora do âmbito da sua fé, e o Islamismo extremista ainda hoje mata em atentados terroristas praticados em nome de Deus com os assassinos a gritarem “Allahu akbar” (Alá é grande). No século XXI voltamos à barbárie, desta vez refinada, que os mais bem intencionados de nós já tinham arrumado nas prateleiras da História mais macabra e longínqua.

Crer em Deus não é o mesmo que saber sobre Deus. O saber precisa de conhecimento, obrigando à constante renovação das ideias, sem o que, o verdadeiro saber não existe. A par disto há a considerar que o saber é lento, frio e racional. A crença, não! A crença é emotiva, ferve em pouca água e, por vezes, provoca danos irreversíveis. Na crença afirma-se sem se saber, com a mente aquecida pela emoção cega. O crente não sabe, de saber certo, aquilo que afirma saber, porque crer não é saber. Por muito que o leitor creia que o comboio parte ao meio-dia, vai perdê-lo se não souber que ele parte às dez horas da manhã! A crença rejeita a dúvida e afirma a certeza na fé.

O saber obriga à constante investigação e abertura ao que é duvidoso, novo e contraditório. Sem esta atitude de curiosidade e humildade, podemos ser crentes… mas nunca seremos sabedores. Em tudo, na vida, por uma questão de honestidade para connosco e com os outros, e até para que cada um sinta segurança no seu próprio raciocínio, é indubitavelmente preferível que se saiba, do que se creia.

Há que dizer que as religiões também são “modos de saber”, no sentido emocional da crença. Isto é: quando “eu sei que Deus existe porque o sinto”, adquiro um “saber” que ninguém destruirá, pois o meu sentimento mais profundo me diz estar a verdade do meu lado. É este “saber” que faz a “razão” dos crentes… embora não seja saber, nem razão, na verdadeira acepção dos termos, porque não pode ser aferido pelo saber das ciências, nem pela razão filosófica enquanto forma de chegar a conclusões reais, porque estas são contrárias àqueles saberes que não passam da imaginação que a fé alimenta. É este “saber religioso” que constrói fundamentalistas. E alguns deles… até são criminosos!

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)

12 de Abril, 2018 Carlos Esperança

Todos somos ateus

Não há a mais leve suspeita ou o menor indício de que Deus exista, nem qualquer sinal de vida da parte dele. No entanto, o ónus da prova cabe a quem afirma a sua existência e, sobretudo, a quem vive disso.

Cada religião considera falsas todas as outras e o deus de cada uma delas, afirmação em que certamente todas têm razão. Os ateus só consideram falsa uma religião mais e mais um deus, o que, no fundo, faz de todos ateus. E não é no sentido grego, em que ateu era o que acreditava nos deuses de uma cidade diferente, é no sentido comum da negação de Deus [com maiúscula para o deus abraâmico] ou de qualquer outro.

Todos somos hoje ateus em relação a Zeus, Osíris ou ao Boi Ápis, como amanhã outros serão em relação a Vishnu, Shiva e Brahma ou ao Pai, Filho e Espírito Santo da trindade cristã. Os deuses de hoje serão os mitos do futuro. Outros serão criados, por necessidade psicológica, para servirem de explicação, por defeito, a todas as dúvidas, e de lenitivo a todos os medos.

A morte, a angústia que desperta, o fim biológico de todos os seres vivos, é o maior dos medos. Deus é o mito bebido no berço, a esperança de outra vida para além da morte, a boia dos náufragos que se habituaram a acreditar desde crianças e se conformaram com a pueril explicação da catequese e se intimidaram com a dúvida. Os constrangimentos sociais ou/e a repressão violenta ao livre-pensamento tem perpetuado mitos milenares.

A crença, em si, não é um perigo nem ameaça, perigoso é o proselitismo, essa demência de quem não se contenta em ter um deus para si e exige que os outros também o adotem e o adorem. A vontade evangelizadora transforma as religiões em detonadoras do ódio e a competição entre elas em rastilho da violência.

A fé, vivida por cada um, é inócua; transformada em veículo coletivo de conquista ou aglutinação de povos, torna-se um instrumento de violência. É por isso que os Estados devem ser neutros, em matéria religiosa, para poderem garantir a liberdade de todos.

5 de Abril, 2018 Carlos Esperança

Gazeta ateísta

Por

ONOFRE VARELA

Estórias de Jesus.

Em Novembro de 2012 foi lançado no mercado um livro biografando Jesus Cristo (o terceiro de uma colecção de três), da autoria de Ratzinger, então Papa Bento XVI. Convenhamos que Jesus Cristo, enquanto personagem histórica, é dono de uma biografia difícil, se não mesmo impossível, de escrever. Já na versão de Homem-Deus, as coisas estão facilitadas… por aí podemos dizer dele os maiores dislates que, se não ofenderem os crentes e roçarem as estórias contadas pelos evangelistas e propagadas pela Igreja durante dois milénios, não as contrariando, essas narrativas ficcionadas serão tomadas como a mais alva pureza das realidades.

Uma biografia tem de partir de um ponto de vista histórico. Não há outro modo de a fazer que não seja relatar os episódios que fizeram a vida real de uma pessoa concreta. Se a obra ultrapassa esta baliza, deixa de se denominar biografia, para passar a ser ficção, romance, ensaio, romance histórico, biografia ficcionada ou… expressão de fé… que é aquilo que a obra de Ratzinger é: a expressão subjectiva da sua fé em Jesus Cristo. E só assim deve ser entendida.

Enaltecer a subjectividade é o que faz o partidarismo, seja político ou religioso. Tomar partido por algo ou por alguém, é colocar-se ao lado de uma corrente de pensamento, por muito que a racionalidade e a História possam garantir o erro dessa corrente. As visões contrárias à natureza das coisas nunca são avalizadas pelas disciplinas científicas que as estudam… por isso a História não garante que seja verdadeiro o teor da maioria dos livros biografando Jesus, os quais não contêm História, mas sim estória (conto popular ficcional… como é a Estória da Carochinha!).

A afirmação de que Deus existe tem por base a crença, não passando de uma convicção. A ideia de Deus permite várias interpretações e discussões, desde logo a sua estranha natureza, até à necessidade que dele muitos sentem e dependem, em consequência dos banhos de religiosidade de que foram vítimas na infância.

Todos nós temos direito às nossas convicções, e a defesa de uma convicção só pode ser rotulada de acto desonesto se o seu defensor tiver consciência da “inverdade” que apregoa; e só é vigarice se, conscientemente, ele quiser comprar a concordância do outro, sabendo que lhe está a vender gato por lebre. Quando o defensor de uma ideia está convicto daquilo que defende, presumindo estar com a verdade, ele é honesto nas suas afirmações e deve ser respeitado na “sua verdade”.

Por isso aceito a subjectividade de Ratzinger, embora não concorde com ela. E todos nós sabemos, pela História, que através dos tempos o Ser Humano conseguiu a audácia de criar fundamentos intelectuais que lhe permitiram direccionar o seu entendimento para a interpretação naturalista, distanciando-se dos mitos que as religiões defendem como verdade e dos quais se alimentam.

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)

16 de Março, 2018 Carlos Esperança

Momento de Poesia

Adeus, Stephen Hawking…

 

Foste habitar aquela estrela, que descobriste,
e pela qual te apaixonaste,
depois de teres encontrado Deus
num buraco negro, onde ELE se escondia,
para o obrigares a renegar tudo o que ELE dizia
sobre a criação do Universo e da vida humana…

Do teu corpo morto fizeste uma nova vida
para o nosso espanto,
pois não temos a tua força nem a tua inteligência
nem sabemos devorar as insónias
das galáxias, das estrelas, dos planetas e dos cometas
e tudo aquilo que a Física Quântica
provoca nas nossas cabeças
com as suas insondáveis incógnitas…

Nasceste no dia em que Galileu, há trezentos anos, morreu,
e morreste no dia em que Einstein nasceu,
na ponta final de dois séculos atrás,
e eu não sei se isto não foi uma partida de Deus,
para vos catalogar à entrada do céu…

O que eu sei é que vais levar os seus corações na tua mão
para que a Física vença a ignorância
e triunfe no meio das trevas e da escuridão…

Adeus, Stephen Hawking…

Alexandre de Castro

Lisboa, Março de 2018