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Categoria: AAP

12 de Agosto, 2013 Carlos Esperança

DN – Suplemento Q – LER (2) – FIM

Suplemento Q_o convidado. DN – 10_06_2013

Convidado como presidente da Associação Ateísta Portuguesa, deixo aqui as respostas que dei:

LER

«Porque não sou cristão» – Neste livro, Bertrand Russel, insigne matemático, filósofo e escritor, galardoado com  o prémio Nobel da Literatura, prestou um enorme contributo à causa do ateísmo. O seu ateísmo, que não era militante, impediu-lhe a docência numa Universidade americana, tal a sanha que o ateísmo despertava, e ainda desperta.

No fundo invocou dois argumentos para justificar o título e o conteúdo do livro. Um argumento intelectual, que o impedia de acreditar em afirmações que não pudessem ser comprovadas; e outro, de natureza moral, que o impelia a ter valores civilizados e humanistas completamente inexistentes na época em que Deus foi criado.

De facto, hoje, quando a pena de morte é um símbolo de atraso civilizacional, é com espanto que vemos o Deus que os homens criaram a exigir tal sacrifício, por vezes por razões tão fúteis como a apostasia e a blasfémia. B. Russel foi um verdadeiro pedagogo.

***

Antigo Testamento – É uma obra cuja leitura é recomendada pela Associação Ateísta Portuguesa (AAP). Estando na origem dos três monoteísmos ninguém ficará indiferente ao potencial de violência que contém. São particularmente significativos o Levítico e o Deuteronómio cujos horrores ultrapassam os preconizados pelos três outros livros que integram o Pentateuco.

Não foi por acaso que a Igreja católica proibiu a leitura da bíblia durante muitos séculos. Desde as contradições que encerra, até à fragilidade das afirmações científicas, há matéria suficiente para desconfiar de um Deus, se o houvesse, que fosse tão violento e reduzisse a criação humana a um mero trabalho de olaria. Mas o que mais perturba, mesmo quem tem convicções firmes sobra a natureza humana do AT, é o seu carácter misógino, que está na origem de séculos de sofrimento por metade da Humanidade –as mulheres. Veja-se, aliás, que a libertação da mulher foi conseguida, onde foi, no último século e sempre contra a vontade das religiões que a reduzem à menoridade, com especial violência no Islão.

***

Deus não é grande – Christopher Hitchens procura demonstrar através deste livro como a religião envenena tudo. Foi um ateísta militante que deu uma notável conferência, uma das últimas, na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa.  Este notável jornalista, escritor e crítico literário dedicou uma parte importante da sua vida a combater as religiões.

Talvez nenhum outro ateu tenha sido tão inflamado na defesa do ateísmo, uma opção filosófica que, contrariamente ao cristianismo e islamismo, não costuma ser prosélita.

A sua inteligência e sagacidade fez do livro «Deus Não É Grande» («God Is Not Great», no original), um libelo implacável contra a influência deletéria das religiões. Era temido pela rapidez do raciocínio e argúcia argumentativa.

Este livro é, para os ateus, uma referência que estimula o estudo das religiões. Hitchens, baseado nos textos ditos sagrados, documenta à saciedade como Deus é um reflexo do nosso medo da morte e desmascara, de forma inexorável, os dogmas responsáveis pela violenta repressão sexual e pelos caminhos ínvios que a humanidade, refém desses dogmas, percorreu.

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O Conde de Abranhos – Eça de Queirós é um notável retratista. No Conde de Abranhos, mais do que a ironia, é o sarcasmo que domina a imagem impiedosa de uma figura do Constitucionalismo. Misto de biografia e de romance, Eça escreve a história privada de Alípio Abranhos e a sua ascensão social, num delírio de humor e escárnio com que cria uma figura de que todos os regimes, todos os países e todas as épocas têm um avatar.

A descrição do Conde de Abranhos, cuja origem se perde numa genealogia suspeita, entre relações adúlteras e a roda de crianças abandonadas de um convento, é uma sátira ao oportunismo de um medíocre bacharel em direito que passa por deputado e chega ao ministério.

Este exercício de humor corrosivo ficou como imagem de marca do grande romancista. A biografia deste político constitucionalista, pela pena do seu secretário e dedicado biógrafo, Z. Zagalo, é uma das mais demolidoras críticas com que Eça de Queirós criou mais um personagem da sua imensa galeria de retratados.

1 de Julho, 2013 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa. Exposição ao M. E. C.

Exmo. Senhor

Ministro da Educação e Ciência

Prof. Dr. Nuno Crato

Rua da Imprensa à Estrela, 4

1200-888 Lisboa

http://www.sec-geral.mec.pt/

 

Exmo. Senhor Prof. Dr. Nuno Crato,

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) tem recebido várias queixas de pais de alunos em relação à forma agressiva como as Escolas de várias Dioceses promovem as aulas de EMRC, pelo que vem expor e solicitar o seguinte:

O objetivo dos professores de EMRC é explicitamente revelado pela diocese do Porto em Educar, em tempo de escombros, revelando o proselitismo de que vários pais se queixam. Foram distribuídas, como oferta aos alunos, 75 mil pulseiras com a mensagem “EMRC! Eu quero.”, tendo sido impostas, dentro da escola pública, à revelia dos pais, durante o último ano letivo, em diversas escolas, e enviadas pelo correio (não havendo, nesta última situação, objeções da AAP).

Há queixas, que a AAP não pode comprovar, sobre a receção inamistosa aos pais que foram reclamar e, num caso, também sem possibilidade de averiguação, de represálias sobre o aluno.

Independentemente da convicção desta associação, de que a escola pública não deve ser um veículo de promoção de religiões particulares, está em causa, segundo as referidas queixas, um proselitismo incompatível com a laicidade do Estado que a CRP consagra.

A colocação de pulseiras, dentro da escola pública, contribui para a discriminação dos que a não aceitam e transforma-se num instrumento de coação para os filhos dos pais que não querem confiar a formação moral e religiosa aos agentes da Igreja católica.

Assim, vimos solicitar que seja feito um inquérito, nomeadamente ao agrupamento de escolas de Stº Tirso e, em especial, à Escola Tomás Pelayo onde a direção do referido agrupamento parece colaborar com o proselitismo musculado.

Em nome da laicidade e da liberdade religiosa, a AAP solicita a V. Ex.ª que mande averiguar as queixas apresentadas em relação a várias escolas e pede para ser informada das conclusões e providências para que a escola pública não se transforme em sacristia.

Esperando que o próximo ano letivo decorra sem proselitismo religioso nas escolas públicas,

Apresentamos os nossos cumprimentos e aguardamos as informações que a este respeito se digne mandar transmitir-nos.

Odivelas, 01 de julho de 2013

Associação Ateísta Portuguesa

27 de Junho, 2013 Carlos Esperança

O horror da ICAR ao ateísmo (2008). Resposta da AAP

Exmo. Senhor (Carta registada em 2 de Junho de 2008)
Dr. Jorge Ortiga
Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa
Quinta do Cabeço, Porta D
1885-076 MOSCAVIDE

 

Excelência:

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP), recentemente constituída, felicita V. Ex.ª pela recente reeleição como presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e aproveita para lhe expor alguns pontos de vista susceptíveis de corrigir tomadas de posição com que, talvez por desconhecimento, alguns bispos têm atacado o ateísmo e os ateus, embora lhes respeite o direito de expressão constitucionalmente consagrado.

A AAP revê-se na Declaração Universal dos Direitos do Homem e na Constituição da República Portuguesa. Defende a liberdade, sem privilégios para qualquer religião, bem como o direito à crença, não-crença ou, mesmo, à anti-crença e exige a neutralidade do Estado em matéria confessional.

A AAP assegura a V. Ex.ª que defenderá qualquer religião que, eventualmente, venha a ser perseguida por religiões concorrentes ou por algum Estado ateu que venha a surgir, tão perverso como os confessionais. O Estado deve ser neutro.

Dividem-nos profundas divergências de carácter filosófico e uma visão antagónica da Criação, pensando os ateus que foram os homens que criaram Deus e a ICAR que foi o contrário, mas nada justifica que não possamos ter uma relação urbana entre adversários que, jamais, devem ser inimigos.

Da AAP pode a ICAR contar com a ausência de proselitismo, a não admissão de sócios menores de 18 anos e a renúncia à excomunhão de qualquer opção religiosa, filosófica ou política. Os ateus são tolerantes e cultivam o pluralismo.

Recentemente, o senhor Patriarca Policarpo considerou o ateísmo o «maior drama da humanidade», afirmação de rara benevolência para com as religiões e cujo excesso não se justifica com os habituais exageros publicitários. Para nós, ateus, homens e mulheres que vivemos bem sem Deus, os grandes dramas são a fome, as doenças, as guerras, o terrorismo, a pobreza, o analfabetismo e os cataclismos naturais. Nunca veríamos nas religiões ou numa corrente filosófica «o maior drama da humanidade», e sabemos como as primeiras os provocaram e ainda provocam.

No dia 13 de Maio, o senhor cardeal Saraiva Martins, pesquisador de milagres e criador de beatos e santos, presidiu em Fátima à «peregrinação contra o ateísmo na Europa». Sem aumento de orações ou sacrifícios podia ter incluído mais quatro continentes mas, Excelência, por que motivo a peregrinação foi «contra o ateísmo» e não a favor da fé? É o espírito belicista dos cruzados que ainda corrói a mente do vetusto cardeal da Cúria?

Nós, ateus, somos a favor da liberdade, da democracia, do livre-pensamento e da ciência, contra o obscurantismo, a mentira, o medo e o pensamento único. Somos contra a xenofobia, o racismo, o anti-semitismo e qualquer forma de violência ou de discriminação por questões de raça, religião, nacionalidade ou sexo.

Se V. Ex.ª partilhar algum ou alguns dos nossos pressupostos éticos ou filosóficos pode contar com a nossa solidariedade.

Apresento-lhe as minhas cordiais saudações

Pela Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

8 de Junho, 2013 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP) – 5.º Aniversário

Associação Ateísta Portuguesa – 5.º Aniversário

Mensagem

 Ao celebramos o 5.º aniversário da Associação Ateísta Portuguesa (AAP) saúdo todos os sócios, ateus e ateias, os que vieram e os que não puderam vir, e ainda os agnósticos, racionalistas e todos os livres-pensadores, especialmente os que vivem em países onde são perseguidos e mortos pelo fanatismo das teocracias ou marginalizados pelo poder, onde as religiões se infiltraram no aparelho do Estado.

A minha solidariedade, neste momento, vai sobretudo para os resistentes ao processo de reislamização na Turquia, que ora proíbe carícias em público, ora restringe a venda e o consumo de álcool e não tardará a banir a carne de porco, a impor cinco orações diárias, normas de vestuário, hábitos alimentares e, finalmente, a sharia, de acordo com o Corão.

A AAP repudia o proselitismo e não será a central de propaganda que incense o ateísmo ou promova a xenofobia. Defende, sim, a laicidade do Estado, e não se calará perante a ameaça de religiões, que fomentam a xenofobia, o racismo, a misoginia e a homofobia.

Vemos com preocupação, os judeus das trancinhas à Dama das Camélias, a promover o sionismo, levando a violência e a morte à faixa de Gaza, e, com igual repulsa, islamitas a imporem a sharia na Palestina.

Por todo o lado, do protestantismo evangélico ao cristianismo ortodoxo, do catolicismo dos exorcismos e milagres ao fascismo islâmico, do judaísmo sionista ao hinduísmo das castas e vacas sagradas, as religiões rivalizam em malignidade com a sua falsidade.

Em Portugal, com o agravamento das condições económicas e sociais, a Igreja católica faz valer esse ultraje à Constituição – a Concordata –, e a Lei da liberdade religiosa feita à medida dos privilégios que reduzem Portugal a protetorado do Vaticano. A fé não se pode impor por tratados nem os Estados assumir a sua difusão. A laicidade é requisito da tolerância e garantia da liberdade para todas e cada uma das religiões.

Os professores de Religião católica, nomeados e exonerados discricionariamente pelos bispos, mas pagos pelo Estado, doutrinam adolescentes nas escolas públicas enquanto aumentam o poder na educação e na assistência, particulares, à medida que o SNS vai sendo desmantelado.

O feriado do 5 de outubro, data emblemática do regime e da separação da Igreja e do Estado, foi suprimido em conluio com a Igreja católica, a única que acrescenta aos 52 domingos, os únicos feriados religiosos que existem, em igualdade com os cívicos.

Cabe à AAP lutar para que, neste período de crise, o IMI e o IRC sejam estendidos às instituições da Igreja católica. Os privilégios de que goza são uma ofensa à laicidade e fonte de injustiça, em concorrência desleal com lares, hospitais, universidade, editoras, colégios e outros estabelecimentos comerciais não isentos de impostos. A AAP defende a igualdade dos cidadãos perante a lei e a laicidade do Estado, respeitando os crentes e combatendo o poder das religiões, rumo a uma sociedade onde as crenças particulares não interfiram nos assuntos de Estado.

Porque pensamos que não há sociedades livres sem respeito pela liberdade individual e pela igualdade de género, repudiamos a moral imposta pelas religiões, gozando a vida, este bem único e irrepetível a fruir até ao limite do nosso prazo ou da nossa decisão.

Caros ateus e ateias, bem-vindos ao almoço do 5.º aniversário da AAP. Viva o livre-pensamento.

Coimbra, 08-06-2013

7 de Junho, 2013 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP) – 5.º Aniversário

Como é do conhecimento dos sócios, realiza-se amanhã o habitual almoço de convívio anual.

Se alguns ateus que não pertençam à AAP quiserem dar-nos o prazer da sua companhia podem  comunicar a presença por mail para a AAP.

O almoço terá lugar às 13 Horas, amanhã, dia 8, em Coimbra.

Restaurante Cantinho dos Reis

Terreiro Erva 16/7

3000-153 COIMBRA

Saudações ateístas

15 de Maio, 2013 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

Do endereço [Jesus é o Cristo <[email protected]>] a Associação Ateísta Portuguesa (AAP) acaba de receber este texto:

“Para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor”

I Coríntios 1:31

Muitos confiam em si mesmo e atribuem as suas vitórias ao seu próprio esforço. No entanto, Paulo nos adverte a nos gloriarmos não em nós mesmos, mas em Cristo. Se existe alguma coisa boa dentro de nós, é o fato de Jesus Cristo habitar em nosso coração. O verdadeiro cristão confia somente em Cristo, e não no dinheiro, na inteligência, na beleza ou em qualquer outra coisa.
Jesus voltará em breve
Diário de uns Ateus: A ameaça do regresso não nos assusta.
15 de Março, 2013 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP) Carta aos sócios

Prezado consócio:

«É com profunda alegria que, em meu nome pessoal e em nome de todo o povo português, saúdo o Papa Francisco», lê-se numa mensagem de felicitações enviada por Cavaco Silva ao Papa Francisco I, divulgada na página da Presidência da República na Internet.
***

As saudações do senhor presidente da República ultrapassam a mensagem protocolar habitual para chefes de Estado e, com acentuado cunho pessoal, manifesta «profunda alegria» na saudação ao novo chefe do único Estado totalitário da Europa.

Creio que todos os membros da Associação Ateísta Portuguesa terão, como eu, ficado perplexos pela saudação ao Papa Francisco «em nome de todo o povo português».

Não me revendo na alegria nem na representação que Sua Excelência se atribui para um ato de genuflexão pia, lamento que o respeito que a Constituição impõe para com o PR, não tenha correspondência no respeito que deviam merecer a Sua Excelência os ateus, agnósticos, livres-pensadores e outros cidadãos que condenam o Papa e o Vaticano.

Acresce que o novo papa é claramente homofóbico e misógino, para além das relações suspeitas que teve com Videla, circunstâncias que seguramente merecem aos ateus da AAP o maior repúdio e a mais viva indignação.

Na impossibilidade de recolher a opinião dos colegas da Direção, em tempo útil, para elaborar um comunicado consensual, como é nosso hábito, não quero deixar de lhe transmitir o meu repúdio por termos sido incluídos na «profunda alegria» do PR, certo de que todos desprezamos as teocracias e defendemos afincadamente a laicidade do Estado, constitucionalmente consagrada e debilmente respeitada por Sua Excelência o Presidente da República.

Com a certeza de que continuo em sintonia com as centenas de sócios da AAP, apresento-lhe as minhas cordiais saudações ateístas.

AAP, 14 de março de 2013

a) Presidente da Direção

P. S. A presente carta será publicada no Diário de uns Ateus.

28 de Janeiro, 2013 Carlos Esperança

Veja amanhã no Diário de Notícias

Debate encerra Grande Investigação DN

Auditório do DN encheu para ouvir os cinco oradores convidados para debater o papel do Opus Dei na Igreja e na sociedade
O ambiente plural do debate que hoje encerrou a publicação da Grande Investigação DN sobre o Opus Dei foi um dos aspetos destacados pelos oradores Anselmo Borges, padre e professor de Filosofia, Ludwig Krippahl, vice presidente da Associação Ateísta Portuguesa, Manuel Morujão, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, Pedro Gil, diretor do gabinete de imprensa do Opus Dei e Tolentino Mendonça, vice-reitor da Universidade Católica.

“Parte integrante da Igreja”, como defendeu Manuel Morujão, o papel do Opus Dei na sociedade e na Igreja Católica foram os temas em destaque, sem esquecer as particularidades da obra fundada em 1928 pelo padre aragonês Josemaria Escrivá de Balaguer.

A relação com a cultura, nomeadamente a existência de livros desaconselhados à leitura, a função das mulheres e as penitências pessoais encorajadas pela obra foram alguns dos tópicos discutidos.