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Categoria: AAP

21 de Março, 2016 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

Resposta ao pároco Renato Poças

Senhor padre

Agradeço a carta que enviou à Associação Ateísta Portuguesa (AAP) e que me mereceu a melhor atenção. Procurarei responder-lhe às perguntas que faz.

Pergunta o Sr. Padre em que é que o ato do PR (beija-mão ao Papa) nos [a nós, ateus] pode ter ofendido. A ofensa não foi feita aos ateus, mas ao carácter laico do Estado que representa e à separação da Igreja e do Estado que a Constituição da República exige.

– Se o Sr. Prof. Marcelo Rebelo de Sousa fizesse uma viagem privada, à sua custa, e não em representação do Estado, onde é o PR dos crentes, descrentes e indiferentes, tinha o direito de se prostrar perante quem considera o representante do deus do Sr. Padre e dele, não o de se colocar numa posição de inferioridade perante outro chefe de Estado, como se Portugal fosse um protetorado do Vaticano. (O beija-mão é um ato medieval de reverência do inferior para com o superior).

Pergunta a seguir: «… é possível um cidadão NEUTRALIZAR a sua identidade religiosa, sexual, cultural, politica, ideológica simplesmente porque assumiu uma função representativa de um povo?»

– Não se trata de neutralizar, trata-se de ser neutral, por obrigação constitucional e por respeito aos cidadãos que têm um deus diferente ou nenhum.

Diz que «Não pode ser exigido a um cidadão que a partir da tomada de posse como presidente passe a ser assexuado, a-religioso, apolítico, apartidário, etc.

– Quanto à sexualidade e à religião, são assuntos do foro íntimo do PR, não tendo de responder ou perguntar sobre os hábitos, frequência ou gostos. Já quanto ao carácter apartidário é desejável que o mantenha e, quanto à posição política, é obrigado a pautá-lo pela CRP.

Finalmente, apesar de respondidas as dúvidas que levanta, permita-me que lhe recorde a tragédia que tem sido para ateus, agnósticos, crentes de outras religiões e hereges a inexistência de laicidade nos países islâmicos, onde a supremacia da crença autóctone legitima a perseguição e o assassínio de todos os outros, tendo os cristãos sido vítimas, atitude que a Associação Ateísta Portuguesa (AAP) tem combatido por pensar que a liberdade religiosa é tão legítima como a do ateísmo e que um Estado confessional é tão perverso quanto um Estado ateu.

Dado que a Igreja católica demorou dois milénios a reconhecer a liberdade religiosa (admitida pelo Concílio Vaticano II, pela primeira vez, no início da década de sessenta do século passado), é legítimo que, para defesa comum, se junte agora aos ateus para reivindicar o carácter laico do Estado e exigir aos seus representantes o respeito pela separação da Igreja e do Estado.

Apresento-lhe, senhor padre, os meus cumprimentos republicanos, laicos e democráticos.

C. E.

21 de Março, 2016 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

Carta de um pároco para a AAP

«Começo por me apresentar. Sou padre católico e vivo neste momento na Diocese do Porto. Li o vosso comunicado.

Ele fez-me reflectir e tentar perceber em que ponto é que aquele ato vos pode ter ofendido. Prezo e respeito a liberdade religiosa que me permite a mim ser o que sou. Gostava de ter feedback neste meu contacto pois gostaria de apresentar mais algumas questões que poderiam ser respondidas em dezenas de criticas, likes e “deslikes” do facebook. Não o quero fazer porque as questões inquietam-me a mim e considero que neste caso só por esta via poderei ficar mais esclarecido. Não pretendo fazer debate, nem mesmo contra-ataque. Creio que isso não é útil para ninguém. Preciso apenas de compreender um pouco mais. Deixo como exemplo uma das minhas questões: é possível um cidadão NEUTRALIZAR a sua identidade religiosa, sexual, cultural, politica, ideologica simplesmente porque assumiu uma função representativa de um povo? Pode o cidadão Marcelo ser neutro lá porque é presidente da república? O povo sabia que ele é católico e isso contou para o ato eleitoral. Não pode ser exigido a um cidadão que a partir da tomada de posse como presidente passe a ser assexuado, areligioso, apolitico, apartidário, etc.

Caso queiram ajudar-me nestas minhas dúvidas ficarei grato. Não pretendo que concordem comigo e assumo que discordo da vossa leitura mas gostava de fazer o esforço mental e intelectual de compreender a vossa argumentação que de momento me parece desenraizada da identidade humana, por isso gostaria de refletir mais.

Caso não queiram aceitar o desafio apenas peço que mo digam para não ficar à espera ou não ficar com a sensação que simplesmente ignoraram o meu pedido.

Fiquem bem

a) renato poças

20 de Março, 2016 Carlos Esperança

AAP – Correio dos leitores

From: José Miguel Loureiro

Subject: Ignorancia

 

Message Body:

O vosso objectivo 1 e 3 estão em conflicto. Paradoxal promever igualdade entre religiões quando outro objectivo vosso é a vossa divulgação.

Deviam considerar seriamente mudar o vosso nome, porque vocês são uma religião.

Ser ateu implica por definição a não promoção da religião, e o vosso primeiro ojectivo é a vossa promoção.

Já agora, conheci esta página pela noticía de critica ao presidente da republica por beijar a mão do papa, que acho novamente que vai contra todos os principios do ateismo que a vossa associação parece desconhecer.

Se não acreditam em Deus, o beijo do presidente ao papa não tem significado, se não tem significado, não pode ser criticado.

Acho sinceramente que deviam repensar e estudar o significado do ateismo.

 

This mail is sent via contact form on AAP – Associação Ateísta Portuguesa http://www.aateistaportuguesa.org

 

Carlos Esperança <[email protected]>

23:22 (Há 0 minutos)

 

para José,

Senhor José Loureiro:

Como todas as cartas merecem resposta, agradeço a que enviou à AAP e acuso a sua receção.

Compreenderá que tenhamos posições divergentes e, embora agradeçamos a tentativa de nos «explicar o significa ser ateu», reservamos para a nossa consciência a explicação que perfilhamos.

 

Respeitando todos os crentes, seja qual for o deus do Sr. José Loureiro, não deixaremos de combater a superstição e as mentiras que as religiões fomentam.

Desejando que o seu desabafo seja levado em conta no dia em que for chamado à divina presença do deus em que acredita, congratulamo-nos por lhe ter dado oportunidade de mostrar a sua fé.

Apresento-lhe os meus melhores cumprimentos.

a)

19 de Março, 2016 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

Comunicado

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) ficou perplexa com a foto de Sua Excelência, o Presidente da República Portuguesa a beijar a mão do Papa romano, na visita de Estado.

O cidadão Marcelo Rebelo de Sousa pode manifestar perante o Papa a reverência que achar adequada à sua fé pessoal. Mas o Presidente da República, em representação oficial de todos os cidadãos de Portugal, de todos os credos e de nenhum, não se pode inclinar subservientemente e deixar-se fotografar num ato humilhante de vassalagem a um líder religioso.

Portugal não é protetorado do Vaticano e o PR sacristão. Ao bajular o Papa não cumpriu uma visita de Estado, levou a cabo uma promessa pia, denegriu a imagem de Portugal e traiu a laicidade.

A AAP lamenta que o presidente de todos os portugueses se pretenda reduzir a um mero presidente dos católicos portugueses, excluindo os que, mesmo sendo católicos, honram o carácter laico da Constituição.

a) A DireçãoLogo_AAP

10 de Dezembro, 2015 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

Exmo. Senhor
Prof. Dr. Manuel Heitor
Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
C.C. Reitor da Universidade de Coimbra

Senhor Ministro,

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP), tomou conhecimento de um insólito convite que a Universidade de Coimbra endereçou aos corpos docente e discente para uma “Missa de Homenagem à Padroeira da Universidade, a Imaculada Conceição”, missa celebrada no dia 8 de dezembro, pelas 11H00, na Sé Nova.

A AAP, alheia a missas e à Imaculada Conceição, ficou estupefacta com o convite do Reitor e do Capelão, função esta que desconhecia numa Universidade do Estado, cuja laicidade data de 1910 e que a atual Constituição da República Portuguesa tornou irreversível.

Não surpreende que o Sr. Capelão, existindo, perfilhe o dogma da Imaculada Conceição que o papa Pio IX decidiu em 1854, o que surpreende é a inédita cumplicidade do Reitor de quem se espera a defesa da laicidade, uma conquista civilizacional e uma obrigação constitucional.

Por considerar que o Reitor da Universidade de Coimbra violou os deveres de isenção a que é obrigado em matéria religiosa e que, como Reitor, não pode assumir como seu o Deus do Sr. Capelão, vem protestar junto de V. Ex.ª contra a grave violação do espírito e da letra da Constituição da República Portuguesa.

A AAP, confiando na defesa da neutralidade do Estado em matéria religiosa, pelo Governo que V. Ex.ª integra, espera ser esclarecida sobre este lamentável incidente e sobre as medidas que a tutela pretende tomar para evitar futuros atropelos ao carácter laico das instituições do Estado.

Aguardando a resposta de V. Excelência,

Apresentamos-lhe os nossos melhores cumprimentos,
Odivelas, 9 de dezembro de 2015

a) A direção da AAP

24 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

AAP – Desabafo de um sócio

Sócio R. M. R.

É mais um episódio de sabotagem dessa organização terrorista designada por igreja católica apostólica romana (icar) às tentativas de apostasia.

Compreendo as motivações de quem solicita a apostasia, por parte de ateus e ateias, que foram batizados e que não querem ser integrados nas estatísticas da icar. Eu também estou nessa situação. Ou pior, estou a ser perseguido por fundamentalistas católicos e um dos impactos dessa perseguição, tem resultado numa situação (…), desde Abril de 2011.

Retransmito uma opinião que já manifestei há uns dois anos. Promover uma movimentação social, que envolva milhares de pessoas, no sentido de realizarem a apostasia, parece-me positivo. Contudo, tal implica uma desvantagem de que a icar se está a aproveitar e bem.

Se por consciência individual na qual assumimos publicamente, por palavras e atos, que somos ateus (ou ateias), é porque somos ateus. Em termos estatísticos a instituição que tem autoridade para contabilizar as pessoas segundo a sua posição religiosa, agnóstica ou ateísta, é o Instituto Nacional de Estatística (INE). A icar não tem essa legitimidade. A partir do momento em que nos consideramos ateus, o batismo a que fomos sujeitos, perdeu qualquer razão de ser.

Deste modo, a Apostasia só tem sentido como simbologia de rotura com o catolicismo. O seu lado negativo é o de que, mesmo que não o queiramos, estamos a pedir autorização à icar para que nos reconheça como não católicos e a icar sabe muito bem aproveitar esse poder que os/as apóstatas lhe estão a dar, negando a apostasia e submetendo-os a uma linguagem ultrajante.

Saudações ateístas. Viva o Ateísmo e a Liberdade!

15 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

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À Embaixada de França

[email protected]

Senhor Embaixador Jean-François BLAREL

Excelência:

A Direção da Associação Ateísta Portuguesa (AAP), profundamente consternada com o terrorismo que ontem ensanguentou a França e feriu o mundo civilizado, vem por intermédio de V. Excelência, apresentar condolências às famílias das vítimas e ao povo francês.

A AAP pede ainda que transmita ao Presidente da República e ao seu Governo a nossa solidariedade com a laicidade de que a França é pioneira e exemplo, e cujo reforço se exige para a defesa da civilização, da democracia e da convivência que são apanágio da Europa.

O proselitismo religioso não é apenas nocivo e prejudicial, é – como tragicamente se vê – letal e potencialmente destruidor da civilização.

Na defesa de uma sociedade plural não se pode contemporizar com o extremismo totalitário, religioso ou outro.

Contamos com a determinação francesa para que a razão se sobreponha aos dogmas e a cidadania à barbárie que alguns confundem com multiculturalismo.

Odivelas, 14 de novembro de 2015

a) A Direção da AAP