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Categoria: AAP

8 de Abril, 2009 Carlos Esperança

AAP – Exposição/Reclamação

Na sequência do programa da Antena 1 – Pano para mangas – Excesso de zelo – João Gobern a AAP acaba de enviar a seguinte mensagem ao Senhor Provedor do Ouvinte:

No programa de hoje «Pano para mangas» o Sr. João Gobern, certamente por não ter compreendido o comunicado da Associação Ateísta Portuguesa (AAP) refere-se à «insuportável intolerância» dos «ataístas» e à «precipitação do comunicado» em que os ateístas se insurgem contra a participação de figuras do Estado na Comissão de Honra para a canonização de D. Nun’Álvares Pereira.

Apesar de nos acusar de lermos pouco e de nos recomendar um voto de silêncio, voto esse que nem a ditadura conseguiu impor a alguns de nós, o Sr. João Gobern confunde o que são as convicções pessoais do Sr. Presidente da República que – como diz – nunca escondeu, com a representação do Estado e o respeito que lhe devem merecer as outras crenças, descrenças e anti-crenças dos portugueses.

O problema não é o cidadão Cavaco Silva ser ou não ser católico, o problema é o Chefe de Estado ir a uma peregrinação ao Vaticano em representação de Portugal. Não cabe ao Estado decidir qual é a religião verdadeira, nem ao PR, ao presidente da AR e aos ministros, associarem-se  à distinção conferida por uma religião particular a D. Nuno, por ter curado a queimadela do olho esquerdo de D. Guilhermina de Jesus, feita com óleo fervente de fritar peixe.

Não discutimos o panegírico de João Gobern ao Condestável nem à prudência da Igreja católica por ter demorado tantos séculos a canonizá-lo, assunto sobre o qual lemos o suficiente para saber a razão. Cremos mesmo que o comunicado da Associação Ateísta Portuguesa apenas serviu de pretexto à homilia do jornalista, à genuflexão à sua Igreja e à subserviência ao Vaticano.

Em nome do pluralismo de opinião, pedimos à RDP que nos conceda o direito de resposta, quer ouvindo a Associação Ateísta Portuguesa, quer divulgando a nossa opinião que, aqui, reiteramos:

1 – O Estado laico é a condição essencial de uma democracia e, na opinião da AAP, fica irremediavelmente comprometido com a participação do PR, em nome de Portugal,  numa cerimónia de canonização, estabelecendo uma lamentável confusão entre as funções de Estado e os actos pios do foro individual.
2 – A AAP entende que o prestígio do Condestável não se dilata com o alegado milagre e que, se deus existisse, podia mais facilmente ter evitado os salpicos do óleo que queimaram o olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, enquanto fritava o peixe, do que ter de a curar para o beato virar santo.
3 – A AAP duvida da capacidade de um guerreiro morto, apesar de ilustre, para actuar como colírio e duvida de D. Guilhermina, que se lembrou de recorrer à intercessão de um herói, sem antecedentes no ramo dos milagres, em vez de procurar um oftalmologista.
E, finalmente, repudiamos que a peregrinação pia seja a expensas do Estado português.

6 de Abril, 2009 Carlos Esperança

A canonização de Nuno Álvares Pereira

Ateístas contra presença de figuras de Estado na canonização

A Associação Ateísta Portuguesa insurgiu-se contra a participação de figuras do Estado na Comissão de Honra para a canonização de D. Nun’Álvares Pereira, acusando-as de «burla pueril» e de «traição ao Estado laico»
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5 de Abril, 2009 Carlos Esperança

A canonização de Nuno Álvares Pereira

COMUNICADO da AAP

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) ficou perplexa com a canonização de Nuno Álvares Pereira, mas fica absolutamente indignada com a cumplicidade que os mais elevados dignitários de Portugal, nomeadamente o Sr. Presidente da República, emprestam ao acto que, na opinião desta Associação, é uma burla pueril.

A AAP entende que o prestígio do Condestável não se dilata com o alegado milagre e que, se deus existisse, podia mais facilmente ter evitado os salpicos do óleo que queimaram o olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, enquanto fritava o peixe, do que ter de a curar para o beato virar santo.

A AAP duvida da capacidade de um guerreiro morto, apesar de ilustre, para actuar como colírio e duvida de D. Guilhermina, que se lembrou de recorrer à intercessão de um herói, sem antecedentes no ramo dos milagres, em vez de procurar um oftalmologista.

Mas o que a AAP repudia veementemente, salvo o devido respeito, é a atitude do Sr. Presidente da República, Professor Cavaco Silva, que aceitou integrar a Comissão de Honra para a canonização de Nuno Álvares Pereira, que vai ter lugar a 26 de Abril, em Roma.

O Estado laico, condição essencial de uma democracia, fica, na opinião da AAP, irremediavelmente comprometido com a participação do PR que, de algum modo, estabelece uma lamentável confusão entre as funções de Estado e os actos pios do foro individual.

Que Sua Excelência acredite na cura milagrosa do olho esquerdo da D. Guilhermina, a nível pessoal, é um direito que a AAP defende, mas que participe, em nome de Portugal, num acto de marketing e no obscurantismo religioso da Igreja católica, é uma posição que nos entristece e nos envergonha como cidadãos.

A AAP denuncia a manobra obscurantista em curso e apela ao espírito crítico dos portugueses para que não creiam em afirmações infundadas ou, pelo menos, façam a distinção entre as crenças pessoais e o reconhecimento estatal da superstição.


Associação Ateísta Portuguesa
– Odivelas, 05 de Abril de 2009

21 de Março, 2009 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa

Assunto: A viagem de Bento XVI a África

COMUNICADO

À Comunicação Social

Bento XVI declarou, no início da sua primeira visita ao continente africano, que “não se resolve o problema da SIDA com a distribuição de preservativos” e que, “pelo contrário, (a sua) utilização agrava o problema”.
A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) repudia solenemente estas graves e falsas afirmações e, sabendo que 67% das pessoas infectadas com SIDA vivem na África subsariana, lamenta a viagem do Papa católico a África e os consequentes prejuízos irreparáveis na luta contra a dramática epidemia.

Estas afirmações do Papa, ao arrepio dos conhecimentos científicos, em colisão frontal com as recomendações dos organismos internacionais, nomeadamente a OMS, e com grave prejuízo dos esforços das autoridades sanitárias para debelarem o flagelo, contribuem para tornar mais dramática a situação e mais difícil o seu controlo.

Com estas palavras, a visita do Papa a África torna-se numa calamidade que contribui para a degradação das condições sanitárias e para o recrudescimento da epidemia da SIDA. As crenças de Bento XVI contrariam os conhecimentos epidemiológicos e as suas declarações agravam os perigos de comportamentos sexuais de risco e da propagação da SIDA.

A reprovação do preservativo, o meio mais eficaz de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, é moralmente injusta e cientificamente insustentável. Ao defender dogmas religiosos sem considerar a tragédia humana que daí resulta, o Papa declara-se como um dos responsáveis pelo agravamento da epidemia e pela sabotagem dos esforços dos organismos de combate à SIDA.
Deste modo, a AAP condena, em nome da paz,  da liberdade e da felicidade humanas, o comportamento imoral do Papa e apela a que a representação do Vaticano nas organizações internacionais de saúde seja suspensa até à retractação, sem subterfúgios, destas alegações inadmissíveis.
Finalmente, a AAP exorta a Conferência Episcopal Portuguesa a demarcar-se das infelizes e graves afirmações papais sob pena de se tornar cúmplice da sabotagem no combate à SIDA.

Bastavam a África a fome, as epidemias e o tribalismo. Era escusada a viagem papal.

Associação Ateísta Portuguesa – Odivelas, 20 de Março de 2009

6 de Março, 2009 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa – Exposição/Reclamação ao CEMGFA

Exmo. Senhor
General Luís Valença Pinto
Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA)
[email protected]
Av. Ilha da Madeira, 1
1400-204 Lisboa

Senhor General Luís Valença Pinto,

Excelência:

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP), à semelhança de numerosos portugueses, nomeadamente do malogrado primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro, duvida da utilidade de uma Concordata entre o Estado Português e o Estado do Vaticano e lamenta, aliás, um tratado que privilegia uma religião ao arrepio da laicidade do Estado.

Além da Concordata, a AAP condena a presença de clérigos nas Forças Armadas Portuguesas (FAP), seja qual for o deus que adorem, as orações que debitem ou os rituais que observem.

A AAP repudia a insólita proposta do Estado Maior General das Forças Armadas para que o Estado do Vaticano nomeie um bispo para comandar os católicos fardados.

Em primeiro lugar, não vê a AAP necessidade de clérigos para prestarem assistência religiosa às FAP, tal como não vê a utilidade de padres privativos para estivadores, professores, médicos ou bombeiros, por exemplo, por não faltarem missas, novenas, terços e sacramentos, em templos, fora da instituições militares.

Depois, e é a soberania que está em causa, considera a AAP absolutamente intolerável que um estado estrangeiro – o Vaticano – possa nomear oficiais das FAP, padres ou bispos, cuja fidelidade à Pátria pode ser objecto de suspeita.

Portugal não é um protectorado do Vaticano e as suas Forças Armadas não podem ser infiltradas por um Estado não democrático e alheio à União Europeia.
Salvo o devido respeito pela devota intenção de V. Ex.ª,  a Associação Ateísta Portuguesa considera uma humilhação para as Forças Armadas Portuguesas permitir que o Estado do Vaticano nomeie oficiais, independentemente das funções a que se destinem.

Assim, pede a AAP que seja abandonada urgente e definitivamente a proposta para que o Vaticano infiltre as Forças Armadas Portuguesas e aguarda que essa decisão lhe seja transmitida para tranquilidade dos portugueses, em geral, e dos nossos associados, em particular.

Aguardando as VV/ notícias,

Apresentamos-lhe os nossos cumprimentos,

Associação Ateísta Portuguesa, Odivelas, 06 de Março de 2009