Sinopse
A PIDE/DGS acreditava que havia uma conspiração do Opus Dei para dominar o regime do Estado Novo. A polícia política estava convicta que, tal como já conseguira na Espanha de Franco, José Maria Escrivá, o polémico fundador da Obra, queria conquistar as elites que apoiavam o regime de Oliveira Salazar. Esta investigação histórica apresenta uma tese conspirativa que envolveria a Irmã Lúcia, o domínio do poderoso Banco da Agricultura e uma aliança tácita, que só acabou frustrada, com o cardeal patriarca Gonçalves Cerejeira. Os relatórios confidenciais da PIDE/DGS revelam mais de 30 anos de infiltração silenciosa do Opus Dei em Portugal e mencionam as tentativas de recrutamento de nomes como Marcello Caetano ou Adriano Moreira.
Eis um governante que jamais desiludiu. Sai no rescaldo de uma crise financeira como nunca tínhamos vivido. Sai depois de ter transformado um país, onde o franquismo ainda tem raízes, numa democracia laica e progressista. Foi um digno sucessor de Felipe González, honrado obreiro do projecto democrático que desmantelou o mais cruel e duradouro aparelho de repressão de um católico fascista que sobreviveu à derrota do nazi/fascismo.
Zapatero enfrentou as intrigas de Aznar, o humor de Bush, as provocações episcopais e as canonizações com que os dois últimos pontífices quiseram provocar a democracia. Não se vergou nem frequentou as missas em que o Papa e os bispos gostariam de vê-lo de joelhos.
Deixa um país com uma legislação progressista e sem as estátuas equestres de Franco. Deixa um país com um enorme índice de desemprego e com os problemas da crise que atingiu o mundo e se abateu em cheio na Europa, especialmente nos países do Sul.
Mas deixa, sobretudo, um exemplo de coragem e dignidade, de ética e honradez. Nem sequer indigita um sucessor. O PSOE que escolha. Ele cumpre os dois mandatos a que intimamente se propôs e será sempre uma reserva moral.
As palavras de renúncia a secretário-geral do PSOE não interessam ao Diário Ateísta, pois são de natureza política, mas a coragem com que enfrentou os papas, cardeais, bispos e padres ficará como um exemplo de quem não se verga perante as sotainas nem se ajoelha aos pés dos vendedores da fé.
Se a ICAR pretende exibir crucifixos nas escolas públicas deve aceitar expor o busto da República nas igrejas.
Este Sábado teve lugar no auditório da Biblioteca de Cantanhede um colóquio sobre religiões, organizado pelos alunos do 12.º ano da Escola Secundária.O auditório estava cheio.
Além do moderador, fizeram parte da mesa um membro da Fé Bahá’í, um budista, um ateu, em representação da Associação Ateísta (eu), um muçulmano, um judeu e um católico (padre).
De forma civilizada mas contundente esgrimi argumentos, não contra os crentes, mas contra as crenças. Outros, incluindo o padre católico, dedicaram-se a identificar a fé com a paz e o amor. Só o muçulmano defendeu a supremacia do homem sobre a mulher. A menstruação foi o único argumento, o que levou uma ateia a confrontá-lo com o despautério.
Finalmente houve uma prenda para cada orador. Uma excelente garrafa de vinho. Há muito que não me ria tanto como quando agradeci à comissão organizadora terem brindado o muçulmano com uma bela garrafa de vinho que, nesse momento, segurava sem que Maomé visse.
A Associação Ateísta Portuguesa (AAP), regozijou-se em Novembro de 2009, com a decisão do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, em Estrasburgo, proibindo os crucifixos nas escolas, considerando-os susceptíveis de perturbarem “as crianças de outros credos” e tendo, por isso, condenado a Itália.
A AAP vê agora, com perplexidade, o mesmo tribunal, perante o recurso italiano, revogar a doutrina que defendia a laicidade e a liberdade religiosa, sem privilégios para qualquer confissão e sem que os Estados se imiscuíssem sobre assuntos que pertencem ao foro individual. O TEDH considerou então – bem – a presença de crucifixos nas escolas «contrário ao direito dos pais de educarem os filhos de acordo com as suas convicções» e «ao direito das crianças à liberdade religiosa e de pensamento».
A exibição de símbolos religiosos particulares em edifícios públicos é tão inadmissível como seria a exibição do busto da República nas igrejas. Ignora o princípio da liberdade religiosa, a igualdade dos cidadãos e a separação do Estado e das Igrejas.
Deixar ao arbítrio dos Estados cuja Constituição é omissa em relação à imposição da laicidade (o que não é o caso da CRP) é estimular o proselitismo religioso e permitir a chantagem das confissões melhor instaladas nos aparelhos de Estado.
A Associação Ateísta Portuguesa repudia e lamenta uma decisão jurídica que abre espaço ao regresso das lutas religiosas numa Europa herdeira do Iluminismo, num espaço de liberdade onde as querelas religiosas foram ultrapassadas, depois de muitas lutas, com a separação dos Estados e das Igrejas.
Numa altura em que o proselitismo dos diversos credos assume níveis perigosos de confronto, é um retrocesso civilizacional estimular querelas ultrapassadas e abrir uma crispação que só a laicidade consegue conter.
Associação Ateísta Portuguesa – Odivelas, 18 de Março de 2011
Olhos de verme marinho provam teoria da evolução
Olhos rudimentares encontrados em larvas de braquiópodes completaram uma famosa lacuna da teoria de Darwin
A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) observa, há muito, a falta de rigor e o exagero com que as diversas religiões manipulam o número dos seus crentes, em especial a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), para propaganda e obtenção de privilégios.
Seria inócuo o abuso dos números se não fossem usados para pressões sobre os Governos e a obtenção de benefícios indevidos, que roçam a imoralidade na nomeação discricionária de professores de Religião, em benefícios fiscais, na captura do ensino, saúde e assistência, em condições de privilégio face a outros grupos de cidadãos, num excesso que compromete a laicidade a que o Estado está constitucionalmente obrigado.
Aproximando-se o censo de 2011, e sendo esta operação a única que permite a contagem oficial do número de crentes de cada religião, para fins meramente estatísticos, como é justo, a AAP apela a todos os ateus, cépticos, agnósticos e livres-pensadores para que assinalem a sua condição de cidadãos «sem religião». Evita-se assim que as religiões exagerem o número de crentes que reivindicam, incluindo os que, por tradição familiar ou coacção social, foram baptizados e inscritos numa religião em que não acreditam.
No questionário individual, a pergunta 36 [Resposta Facultativa (Decreto-Lei n.º 226/2009 de 14 de Setembro)] pede para se indicar a religião, destinando a casa n.º 8 para assinalar «Sem Religião». Para defesa da verdade e correcção da falsidade dos números, a AAP reitera o seu pedido para que todos, crentes ou não, respondam com honestidade à referida pergunta.
A Associação Ateísta Portuguesa solicita a divulgação deste comunicado à Comunicação Social e pede a todos os portugueses o empenhamento cívico no censo de 2011.
Associação Ateísta Portuguesa – Odivelas, 14 de Março de 2011
Concordo totalmente com o teor do comunicado.
Há anos fui obrigado pelos meus médicos a fazer duas operações num hospital de uma ordem religiosa. Em ambos os casos fui assediado por padres, monges e freiras quando, antes e depois das intervenções, me achava mais fragilizado e dependente e sem capacidade de recusar o “serviço”.
Numa ocasião, já tonto dos medicamentos, tive de aturar a ladainha melosa duma freira, falsamente caridosa, no momento da perda de consciência! A mulher injectava-me enquanto praticava o seu autoritarismo religoso intolerável. Para todos é desleal e destrutivo. mas o que será para idosos e pessoas muito doentes, em grande desespero, religiosas ou não…?
Há dias fui fazer exames a mais um desses hospitais. A qualidade dos serviços foi péssima, nas relações humanas, na pontualidade e na eficácia dos serviços prestados! Tudo o menos “cristão” possível!
Além disso as instalações, de qualidade arquitectónica (funcionalidade e estética) mais ou menos aceitáveis, continham por todo o lado “obras de arte” (feitas por curiosos) e reproduções de imagens religiosas totalmente descabidas e do mais baixo nível artístico!
Que pensarão os crentes de outras religiosas e os ateus obrigados a utilizarem este “serviço público”?
Localiza-se no centro de Lisboa. O que será nos hospitais “religiosos” da província?
É tempo de o Estado deixar de subsidiar e dar lucro à Igreja Católica alienando-lhe parte do serviço público de saúde, só porque na nossa História passada os descobrimentos, o colonialismo e a pobreza do país deram origem a ordens religiosas de caridade que prestavam, com utilidade nas épocas passadas, os serviços de saúde.
O Estado não deve apoiar a extrema riqueza da Igreja Católica, um dos maiores ou o maior proprietário fundiário e empresário do país!
Assiste-se à paulatina destruição da organização moderna da sociedade que a revolução liberal de há dois séculos e as reformas do Estado Novo (até esse!) e da democracia do 25 de Abril proporcionaram ao povo português à custa de muita luta e perda de vidas!
Em todos os sectores, em especial no ensino e na saúde a um grave retrocesso civilizacional, muitas vezes da responsabilidade de pessoas que se dizem “socialistas” e que praticam, aproveitando-se do desnorte dos partidos políticos com ideologias de progresso, para praticar a mais vergonhosa política conservadora e de regresso ao passado!
É o caso do últimos ministros da Saúde e da Educação (no caso das mulheres-ministro ainda é mais grave!).
Saudações ateístas,
a) leitor devidamente identificado. (cf)
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.