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Ricardo Silvestre

8 de Outubro, 2007 Ricardo Silvestre

Ainda sobre a Resolução

Alongando um pouco mais o tema lançado pelo Carlos Esperança, no texto do sitio da EuroNews que está em Português, não se encontra um paragrafo de grande importância que está incluído na Resolução, e que gostava de lançar para o debate:

« creationismo está a afectar «uns quantos» membros da CE, incluindo, Bélgica, França, Alemanha, Grécia, Itália, Holanda, Polónia, Rússia, Servia, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia, e o Reino Unido» ver aqui

Como tal, deixamos de nos encontrar no âmbito do «debate», ou de «recomendações» esotéricas (como se pode ler nalguns comentários ao artigo do Carlos). Estamos a falar de um perigo real. De uma influência negativa. Mas qual a razão para esta ameaça?

Numa leitura mais profunda, não é a democracia no ensino que está as ser defendida, ou o aumentar do conhecimento dos meninos para os deixar decidir por eles próprios. O que está se está a tentar fazer, novamente, é minar o pensamento racional, para um melhor controlo dos crentes.

Vejam o que diz o Professor Reiss (Doutorado em Biologia e Padre na Church of England), «os professores não podem ignorar que existe um cada vez maior número de crianças muçulmanas e cristãs que acreditam no creacionismo».

Ora aqui está! Esta é a preocupação dos teocratas: que as crianças possam saber qual a distinção entre ciência e fantasia, entre realidade e ficção, e como tal, possam perceber as razões das suas crenças, e entender os fundamentos dos seus dogmas.

É a continuada tentativa do controlo do pensamento. Um 1984 religioso.

É por razões como estas que aplaudo uma Resolução que tem a coragem de escrever que: «o Criacionismo pode ser uma ameaça para os direitos do homem». Porque o é! Sem qualquer dúvida.

Para saber mais, visite o NOVA
2 de Outubro, 2007 Ricardo Silvestre

ainda sobre educação

Correndo o risco de ser catalogado irremediavelmente no D.A. como um «Dawkinsiano», deixo aqui um excerto de uma carta do Prof. Dawkins ao Rev. Dr. Heywood, professor de teologia pastoral (e que raio será isso?) da Rippon College sobre o ensino de teologia em Universidades.

«Nós, os que duvidamos que teologia seja sequer uma matéria, estamos à espera de sermos corrigidos. Departamentos Universitários de Teologia podem incluir excelentes professores em história, linguagem, literatura, arte e música sacra, arqueologia, psicologia, antropologia, sociologia, iconologia, e outras matérias importantes. Estes professores serão bem vindos nos apropriados departamentos dentro da Universidade. A teologia pode ser definida como um «corpo de conhecimento que lida com a natureza, atributos e regras de Deus», mas precisa definitivamente de ser demonstrada se é uma disciplina com conteúdos validados para ser ensinada nas Universidades de hoje».

Podemos ver o caso Português: Universidade Católica Portuguesa e a sua Faculdade de Teologia querem «promover, mediante a investigação científica e a docência superior, o estudo da experiência, história e doutrina associadas à fé cristã e a outras tradições religiosas, assim como prestar apoio à Igreja Católica no desempenho da sua missão». Na Faculdade de Teologia da Universidade Católica do Porto homenageia-se um D. António Couto «vertido numa extensa bibliografia que faz dele um caso sério de estudo da Bíblia em Portugal. Herdeiro da mais genuína tradição alegórica, faz uma actualização da palavra bíblica na direcção da cultura de hoje, da vida da Igreja, das inquietações da alma crente». E a Universidade Lusófona, com a licenciatura em «Ciências da Religião, onde se quer no quadro epistemológico das ciências actuais, fazer uma Ciência omnidimensional de Deus ou do religioso ou do sagrado no universo humano».

Lá que queiram estudar experiencias subjectivas, a história, a doutrina e as alegorias da bíblia e as omnidimensionalidades de deus, tudo bem. Pode ser que até que seja «um caso sério». Mais, são Universidades privadas, vai para lá quem quer. Mas «investigação científica»? Não vamos voltar outra vez ao mesmo debate, não?

Ao menos é bom saber que desde 1911 aquando da extinção da Faculdade de Teologia na Universidade de Coimbra, que as nossas Universidades Públicas têm se mantido seculares (apesar do lamento dos católicos). Que assim continue a ser!

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1 de Outubro, 2007 Ricardo Silvestre

Clear and present danger

Um recente comentário de um activista muçulmano chamado Anjen Choudary à BBC: «O Reino Unido pertence a Allah», e nós (os muçulmanos) não precisamos de ir para países com a Shari’a (sistema de leis baseado no Corão), «uma vez que o Reino Unido não pertence aos Ingleses», e como tal, deve ser uma obrigação dos muçulmanos introduzir e fazer respeitar a Shari’a nos países onde vivem.

Isto não podia ser mais assustador do que o que se lê. É impossível. No momento onde este estilo de proposição é dita com impunidade, sem receio, sem vergonha na cara, estamos todos num sarilho muito grande. Na Europa, um bastião da racionalidade, do iluminismo, da progressão de liberdades, temos estes fanáticos teocratas a colocarem lentamente a lamina à volta do nosso pescoço.

Como diz Christopher Hitchens aqui: «onde estão as vossas prioridades, senhoras e senhores?!? Aproveitem bem o tempo que vos resta. Isto é mesmo a sério.»


Infelizmente é mais do que ser a sério, é uma ameaça «clara e presente».

28 de Setembro, 2007 Ricardo Silvestre

o programa dos seis passos

De Sam Harris no Washington Post

«Como acreditar em Deus. Seis passos fáceis

1. Você tem mesmo que querer acreditar em Deus
2. Compreensão que, acreditar em Deus na total ausência de evidência é particularmente nobre
3. Percepção que a capacidade humana de acreditar em Deus na ausência de evidência é em si próprio uma prova da existência de Deus.
4. Considerar que a procura de provas da existência de Deus é uma forma de tentação, doença mental ou corrupção do intelecto
5. Referir-se aos passos de 2 a 4 como «fé»
6. Voltar ao passo 2

Este é o estilo de movimento perpétuo que é a crença irracional, e conduz a uma diminuição da atenção e do contacto com a realidade.»

Para além da lógica irrepreensível de Sam fazer as delícias de qualquer pessoa com um córtice frontal desenvolvido, concordo ainda mais com outra brilhante argumento que ele defende.

Racionalidade é inata, e não escolhida. Isto sempre foi um problema para a religião. Composta basicamente por ideias ridículas e pressupostos fantasiosos, as religiões do mundo têm tentado circunvalar este facto, mas ao mesmo sem o poder negar. E o melhor mecanismo encontrado foi inventar a «fé». Fé permite uma pessoa pensar que mantêm padrões de racionalidade, quando na verdade está a aceitar premissas irracionais.

O pior é que as pessoas são levadas (quando não obrigadas) a acreditar piamente nestas «algemas mentais» pelas instituições religiosas, porque estas últimas sabem que, no momento em que o indivíduo consiga perceber este ciclo vicioso, liberta-se dele.

Tem sido assim há demasiado tempo, e esta impunidade tem de ser exposta e desafiada.

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27 de Setembro, 2007 Ricardo Silvestre

Lógica racional vs lógica primitiva

Pegando numa coisa que o Bruno Resende apresentou, baseada no texto «Papa diz que a Igreja primitiva é um modelo para a sociedade» «(…) já que deus desejou tanto a salvação do Homem que não se reservou a seu único filho».

Há uma questão metodológica muito interessante neste tema.

Vamos assumir por um minuto que o deus católico existe. Ele avisou Adão que a Eva não podia comer a maçã. No entanto, ela não obedece e come-a à mesma. Daí vem o pecado original. Jesus Cristo, suposto filho de deus, desce à terra, e morre na cruz para expiar os humanos do seu pecado original. Correcto?

Há uma falha lógica evidente! Se a história de Adão e Eva não é algo para ser interpretado literalmente, como defende a Igreja Católica, então, literalmente, deus faz com que o seu filho morra na cruz por uma pecado não literal, vindo de uma história não literal, com personagens não literais. E pessoas inteligentes acreditam nestas coisas?

E não venham com teorias psicanalista Luterianas ou antropológicas de Chardin sobre o que quer dizer «pecado original» e as interpretações que se deve dar à Bíblia. Esta é a irracionalidade que orienta pessoas que querem ter poder sobre a minha vida e sobre a de outros. Convencidas que sabem ler textos da idade de bronze melhor que todos os outros, e que entendem quais as mensagens divinas que neles se encontram. Dizer que a Igreja primitiva é um modelo para o que quer que seja devia ser uma afronta para qualquer católico racional.

Lá porque quem escreveu a Bíblia era um mau argumentista, um mau biólogo e um mau astrónomo, não quer dizer que as pessoas do Sec. 21 não sejam mais sensatas e perspicazes que isso. Ou se calhar, não. Afinal, uma das funções da fé dogmática é a de anular a inteligência humana.

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26 de Setembro, 2007 Ricardo Silvestre

Convenção da Atheist Alliance de 2007

Inicia-se amanhã em Crystal City, Virginia, a Convenção da Atheist Alliance de 2007.

O rol de prelectores é de fazer qualquer ateísta roer-se de inveja por não poder estar presente: Prof. Dawkins, Prof. Dennet, Sam Harris, Christopher Hitchens, Eugenie Scott, Matthew Chapman (entre outros).

O evento reveste-se de uma grande importância. Para alem de proporcionar a troca de experiências e ideias, vai beneficiar de uma exposição mediática aumentada, resultante dos últimos avanços na difusão do ateísmo (e do novo ateísmo, opinião pessoal) por parte de alguns dos «campeões» da causa.

Espera-se que seja mais uma forma de aumentar a progressão da racionalidade na civilização moderna.

Para quem quiser saber mais, visite aqui o link da AAI, e da conferência aqui. Aqui pode ver o programa.

Para quem tiver interessado, estes são dois sites aqui e aqui, onde se pode adquirir as transmissões on-line da Conferência. Tem de se pagar. Claro. Porque o ateísmo paga impostos e não recebe subsídios do Estado.

25 de Setembro, 2007 Ricardo Silvestre

Serpentes e maçãs

Um professor Americano foi despedido por ter dito aos seus alunos que a história de Adão e Eva não deve ser interpretada literalmente. Steve Bitternam foi avisado que alguns dos seus alunos fizeram saber à Universidade de Southwestern Community que iam procurar «aconselhamento legal» sobre como punir o professor.

Bittterman, 60 anos de idade, disse em declarações à imprensa «pensei que houvesse liberdade académica para se falar destes assuntos. Do meu ponto de vista, a Universidade está essencialmente a ensinar os seus alunos em como funcionar no Sec VIII.»

Hector Avalor, um professor ateísta de religião na Iowa State University diz que este é um caso onde um professor foi penalizado por ter usado uma perspectiva académica sobre as histórias da Bíblia.

Para saber mais, ver aqui

Sim, realmente, nada como histórias com serpentes que falam, jardins com anjos à porta, desertos áridos e necessidades de incesto para fazer com que futuros profissionais e pensadores compreendam os verdadeiros mecanismos da natureza ou das relações humanas.

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20 de Setembro, 2007 Ricardo Silvestre

fazer de conta com assuntos sérios

Vamos recuperar o assunto lançado por Carlos Esperança do padre exorcista.

No texto pode-se ler.

«A falta de fé é a principal causa do aumento do poder satânico no mundo actual. É matemático, quando se abandona a Fé, entregamo-nos à superstição. Isto aplica-se, em nossos dias, a todos nós do mundo ocidental.»

Como podem estas barbaridades serem ditas? Como podem ter uma audiência que lhes preste atenção? E que sequer se pense que algo como isto possa fazer sentido?!

É a «fé» que faz com que a Igreja Católica, através de charlatães como o padre Amorth, esteja a dizer a alguém como o Prof. António Damásio ou Prof. Carl Zimmer: «os neuro cientistas, os psiquiatras, os fisiologistas, não sabem tanto de doenças como nós, uma vez que nenhum deles fala sobre satánas, do maligno, da possessão demoníaca nos seus livros ou nos seus artigos académicos. Nós sobrepomo-nos ao método científico». Como se pode ser tão leviano, tão inconsciente, tão ignorante!

Quando se abandona a fé, não é na superstição que se cai. Pelo contrário, quando alguém se liberta da fé é que entende que toda a gramática religiosa é absurda e infantil. Esta foi exactamente uma vitória do mundo ocidental

Irracionalidade religiosa em 2007. Seja bem-vindo ao País de Oz. Afinal, Dorothy está mesmo no Kansas.

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18 de Setembro, 2007 Ricardo Silvestre

Olhar para o futuro

Dados publicados em 2005 no Journal of Religion and Society demonstraram uma correlação inversa entre religiosidade (medida por crença em Deus, literacia bíblica, frequência de oração e tempo passado na Igreja) e saúde pública (avaliado por taxa de homicídios, suicídios, esperança média de vida, doenças sexualmente transmissíveis, abortos e gravidez adolescente). Estes dados foram recolhidos em 18 países «desenvolvidos e com regimes democráticos».

(obrigado a Michael Shermer na Skeptic Magazine)

De reparar, que na Europa, alguns dos países mais seculares (Holanda, Suécia, Dinamarca, Finlândia) são dos países com melhor qualidade de vida na Europa.

O Renascimento e a Revolução Cientifica foram dois progressos civilizacionais que ajudam no presente a uma atitude educativa sobre os malefícios da fé dogmática. É mais fácil neste momento defender o óbvio: que a razão e a ciência podem, e devem, ser utilizadas para ajudar as nossas emoções, a nossa moralidade, o nosso entendimento. Esse deve ser o futuro da Humanidade.

E por favor, parem aqueles que tentam associar os Estados totalitários de Stalin ou Mao ou Pol Pot com os «males do ateísmo». Esses Estados eram tudo menos racionais. Eram dogmáticos dentro deles mesmos. Quase como se fossem religiões. Sem espaço para questionamento, para a critica, para o debate, convencidos das suas infalibilidades, e com o «querido líder» como entidade máxima e indiscutível do sistema de crenças.

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17 de Setembro, 2007 Ricardo Silvestre

Ciência vs religião

Em resposta aos continuados apelos que é possível conciliar a religião e a ciência…

Não. Não é possível!

A seguir apresento algumas razões porquê:

Quando uma pessoa doente recupera de uma enfermidade, nunca se dá valor aos médicos, ou aos instrumentos, ou ao conhecimento: foi porque deus assim o quis.

Acreditar sem provas, é tudo o que as pessoas religiosas precisam. Curiosidade, interrogação, estudo, pensamento, atitude crítica é algo que é desaconselhado (se não mesmo proibido) na doutrina da fé.

Uma visão do Homem como o centro do universo e da criação, enfraquece e distorce a complexidade e beleza do mundo natural que o rodeia.

Religião é a forma mais preguiçosa de sair de qualquer problema lógico. Não é preciso qualquer evidência. «Foi um milagre». É uma desculpa barata para não se ter de procurar qual a razão que explique o fenómeno.

Acreditar que somos parte de um plano divino e que existe um deus que regula e comanda a existência causa uma desresponsabilização do indivíduo. A racionalidade, a causalidade e a inteligência tomam segundo lugar perante tal justificação simplista.

A ideia que certos pensamentos não devem ser expressos, ou certas ideias não devem ser exploradas ou que dogma não deve ser questionado, é só por si mesmo perigoso, mas principalmente ignóbil. Esta ideia é anti científica, uma vez esta última é construída com a fundação da contínua interrogação, de desafiar o conhecimento já existente.

E finalmente, fé é o oposto de ciência. No entanto, é a «virtude» mais valorizada em religião, porque serve para manter crenças supersticiosas apesar de existir evidência contra as mesmas.

(Artigo inspirado num texto do Scienceblogs.com)

E de certeza que podem ser acrescentadas muitas mais.

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