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Ricardo Alves

30 de Setembro, 2007 Ricardo Alves

Matar pessoas é matar pessoas

O senhor Sik Kok Kwong, líder dos budistas de Hong Kong, afirmou que «para os budistas, disparar contra monges inocentes é como derramar sangue de Buda», e que «os responsáveis por isso irão para o inferno de Avici» (que é o reservado para os piores crimes).

Que raio de ideia. Quero lá saber do sangue do Buda. Matar pessoas é matar pessoas, sejam monges ou não, estejam vestidas de laranja ou não. Será que um monge é algo mais do que uma pessoa?

[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]
28 de Setembro, 2007 Ricardo Alves

Religião: o bem e o mal

Christopher Hitchens lança um desafio aos crentes:

  • «Podem dizer-me uma declaração ou acção moral, pronunciada ou realizada por uma pessoa religiosa, que não pudesse ser pronunciada ou realizada por um descrente? Ainda estou à espera, depois de vários meses, de uma resposta para isto. Acarreta um corolário casual: também perguntei a audiências amplas e divergentes se conseguem pensar numa declaração ou acção maldosa que derivasse directamente da fé religiosa, e sabem duma coisa? Ninguém fica em silêncio a morder a língua nessa altura.»

Os nossos fiéis crentes querem responder?

28 de Setembro, 2007 Ricardo Alves

Cristo com corpo de cão

Depois de fazerem o mesmo a Maomé, Cristo não podia ficar a rir-se. O artista Stig Ramsing colocou uma escultura de Cristo com corpo de cão e coroa de espinhos numa rotunda do sul da Suécia. Afirmou desejar «que a religião deixe de tomar a sociedade e as pessoas simples por idiotas». Poucas horas depois, a escultura já tinha sido roubada. Terá sido a polícia do religiosamente correcto?
27 de Setembro, 2007 Ricardo Alves

Caro leitor católico

Imagine que está numa cama de hospital, enfraquecido pela doença e amansado pela medicação. Vê aproximar-se da cama um desconhecido, que lhe diz:

-Já pensou em abandonar a sua religião?

Atónito, ainda tenta reagir. Mas o seu interlocutor está de melhor saúde e remata-lhe:

-O «céu» e o «inferno» são tretas. Não há vida depois da morte, esqueça essas ilusões.

Como se sentiria, caro leitor? Agredido? Invadido na sua privacidade? Pois então já sabe como se sente um ateu quando tem de mandar embora um padre que o vem incomodar à cama do hospital.

Imagine ainda que o desconhecido que o incomodou é pago pelo Estado para fazer exactamente o que lhe fez a si. Desagrada-lhe a ideia? Ainda bem. Devo dizer que concordo consigo, caro leitor católico. É justamente porque concordo consigo que defendo que só deve receber assistência espiritual quem a pedir por escrito, e que essa assistência não seja paga pelo Estado. Estamos de acordo?

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
26 de Setembro, 2007 Ricardo Alves

É um padre católico quem o diz

  • «Na devoção a Fátima, “há muita ignorância e ingenuidade”»
    (Luciano Guerra, «Reitor do Santuário de Fátima»).

O senhor Luciano poderia ter dado o passo seguinte e ter assumido que a ignorância e a ingenuidade sempre foram lucrativas para a ICAR.

26 de Setembro, 2007 Ricardo Alves

A resposta das mulheres sauditas

Duas mulheres sauditas responderam com violência depois de abordadas pela Polícia da Comissão para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, que criticara a sua forma de vestir «desapropriada» (estariam de cara à mostra?). Terão gritado insultos e atacado a polícia com «spray» de pimenta.

Esperemos que este género de resposta se generalize. Que as hormonas as libertem da opressão das «Comissões de Virtude». E que Epicuro e Voltaire iluminem o caminho das mulheres sauditas.
24 de Setembro, 2007 Ricardo Alves

As vítimas

Não consigo deixar de me espantar com a obsessão dos católicos em imaginarem-se vítimas de horrorosas perseguições. Em Timor, por exemplo, os católicos não hesitaram em dizer-se «perseguidos» quando a Educação Moral e Religiosa Católica deixou de ser obrigatória (ou seja, acham que não obrigar é sinónimo de perseguir). O caso da 1ª República portuguesa, em que o facto de a ICAR ter sido desestatizada foi considerado uma tentativa de «extinção», é outro caso clássico.

O exemplo mais recente vem da Espanha: o governo instituiu uma disciplina de formação cívica, e em Ibiza há uma exposição considerada blasfema pela ICAR. Tanto bastou para que o arcebispo de Toledo da ICAR, um tal de Antonio Cañizares que até parece que é cardeal, considerasse que existe um «projecto» para «eliminar a Igreja Católica» (!). Num país como a Espanha, em que a ICAR tem mais de vinte mil delegações, controla importantes meios de comunicação social, e o Estado recolhe impostos para a ICAR, qual é o risco de «eliminação» que a ICAR corre? Sem dúvida, o mesmo risco que o futebol, as telenovelas ou o consumo de açúcar: nenhum.

Sempre que ouço falar em «eliminar» uma religião, imagino leis que proíbam cerimónias religiosas na privacidade da casa das pessoas, templos a serem destruídos a camartelo e crentes a serem queimados na praça pública. Tudo isso já aconteceu, em Portugal e também em Espanha. Chamou-se Inquisição, e não creio que os perseguidos fossem católicos. Até desconfio que na sua maioria não seriam católicos.

Falar em «eliminar a Igreja Católica» a propósito de uma exposição artística ou de um curso de cidadania é absurdo e ridículo. A ICAR não é tão frágil que fique «eliminada» ou «erradicada» se o Estado leccionar cidadania aos alunos sem fazer referência à religião. Muito menos fica «eliminada» e «erradicada» por causa de uma colagem na parede de um museu onde se calhar até se paga para entrar. Nem sequer ficaria «eliminada» e «erradicada» se os crentes a abandonassem todos de uma vez, o que, todavia, não me parece que aconteça já amanhã.

Esta obsessão católica em imaginar que os católicos são «perseguidos» é um apelo ao cerrar de fileiras do grupo contra o inimigo externo, e atinge uma histeria só compreensível se pensarmos que toda a ICAR vive da manipulação de emoções, e que tem como seu mito fundamental um drama de perseguição religiosa. Mas de tanto se esganiçarem a gritar «lobo», não se espantem se um dia ninguém acudir. Até porque há igrejas que de cordeiro só têm a pele.
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
24 de Setembro, 2007 Ricardo Alves

O estranho mundo das religiões (24/9/2007)

  1. Na Bélgica, os bispos católicos protestaram contra um anúncio televisivo que mostra um Jesus Cristo com aparência hippie a beber whiskey e a engatar mulheres numa discoteca. Parece que preferem que «Ele» seja mostrado como o chato rezingão e sem sentido de humor descrito na Bíblia. (Ver o vídeo.*)
  2. Na Espanha, os bispos de Valência querem que os católicos protestem contra uma exposição onde Jesus Cristo e Karol Wojtyla são alegadamente misturados com homossexuais. Se não é «gay» nem hetero, será que se pode representá-«Lo» como assexual?
  3. Nos EUA, os sikhs estão ofendidos porque um locutor de rádio comparou os seus turbantes a fraldas. E no entanto, os turbantes também têm uma função higiénica.
  4. No Reino Unido, um dentista do serviço nacional de saúde exigiu a uma paciente que usasse um véu islâmico. Caso contrário, disse ele, ela não receberia a assistência médica a que tinha direito. Demonstra-se mais uma vez que os franceses tiveram razão em proibir o uso do véu islâmico nos serviços públicos.

(*) Agradeço ao «1atento» ter-me indicado o linque para o vídeo.