Mas o melhor é mesmo dar a palavra a uma proponente da lei. A Associação República e Laicidade publicou, também ontem, a tradução de um artigo de uma deputada belga de origem muçulmana chamada Fatoumata Sidibé. Leia-se: «Declaro que o véu é o símbolo de um projecto político totalitário».
O sacerdote católico Mário de Oliveira, padre sem paróquia mas livre e sem papas na língua, fala de Ratzinger e das «aparições» de Fátima.
E pede a demissão do Papa-Ratz.
O número de alemães que pagam o «imposto de igreja» está em queda acentuada. As notícias mais recentes indicam várias dioceses em que o número de renúncias a permitir que parte do imposto estatal seja captado pela ICAR triplicou ou quintuplicou.
Na Alemanha, é possível ao contribuinte indicar a comunidade religiosa à qual deseja que parte (8%-9%) do seu imposto seja afecto. As comunidades religiosas beneficiárias são a Igreja Luterana, a ICAR e a Comunidade Judaica. Este «imposto de igreja» permite saber quantos contribuintes pertencem a cada uma das principais comunidades religiosas.
Segundo uma sondagem, 26% dos católicos alemães poderão deixar de contribuir desta forma para a ICAR alemã, que retira 70% do seu financiamento do «imposto de igreja».
Demitiu-se agora o bispo belga Roger Vangheluwe, que assume os seus crimes: «Quando ainda não era bispo e também durante algum tempo depois de ser, abusei sexualmente de um jovem da minha entourage próxima. A vítima ainda está marcada».
Depois das duas demissões noticiadas anteontem, parece indesmentível que a ICAR optou por queimar o que houver para queimar, o mais depressa possível. Esperando que a crise dure o menos possível e que não sobre nada para denunciar. É uma fuga para a frente. Para ser credível, deveria ser acompanhada das denúncias dos casos que ainda não prescreveram.
O jornal «Público» tem um sub-site especial sobre a visita do Papa-Ratz. Encontram-se ali artigos pró e contra, de católicos e de ateus, testemunhos de pedófilos e das suas vítimas, e textos do Papa e dos seus críticos, num fantástico exercício de contraditório e pluralismo como só um jornalista tão «isento» como António Marujo – que recebeu duas vezes o Prémio Templeton – seria capaz.
A ler até cair de sono. O que deve demorar. Muito.
Demitiu-se mais um bispo irlandês, implicado no encobrimento de crimes de abuso sexual de menores. Demitiu-se um bispo alemão acusado de violência física sobre crianças e desvio de dinheiro.
Xeque ao rei?
A António Marto, bispo de Leiria-Fátima da ICAR, pertencem as declarações mais chocantes produzidas por um católico português sobre o escândalo do encobrimento eclesiástico de crimes de abuso sexual de menores. Disse António Marto: «A nossa lei, tanto quanto me consta, não obriga, como a francesa ou a inglesa, a denunciar os casos à Justiça civil, mas, se tal se colocar, fá-lo-emos». O som das declarações é particularmente impressionante pela frieza e indiferença de António Marto (e pode ser ouvido aqui).
Não vou entrar na discussão do que a lei obriga ou não a fazer. Desejo que a lei seja igual para todos, e dificilmente concebo que alguém possa saber de um crime grave (abuso sexual de menor ou homicídio, por exemplo), sem sentir a obrigação ética de o denunciar. O «remorso e a vergonha» não chegam.
Todavia, grande parte dos portugueses consideram a ICAR uma «autoridade moral». Mas como se pode considerar uma autoridade ética quem não afirma claramente a obrigação de denunciar um crime de sangue, em particular quando as vítimas, por serem crianças, podem não compreender os seus direitos?
Era a esta questão que eu gostaria que os católicos honestos respondessem.
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
Podem encontrar aqui uma série fabulosa de fotografias do Papa Ratzinger, que provam como ele é imensamente fotogénico. Guardem-nas que podem vir a ser úteis…
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