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Ricardo Alves

7 de Novembro, 2010 Ricardo Alves

Se Ratzinger fosse apenas um líder religioso

O problema que Ratzinger gera em cada visita que efectua é amplificado pela sua dupla qualidade de líder religioso e chefe de Estado, e pela sua recusa em separar as duas condições. Em Espanha, foi recebido no aeroporto pelo filho e pela nora do rei, apesar de a visita, supostamente, ter apenas «carácter pastoral» (e não ser uma visita de Estado). E quando partir terá a presença do Primeiro Ministro espanhol no aeroporto.

Em Portugal, sendo uma «visita de Estado», foi recebido no aeroporto pelo Presidente.

Se o Vaticano não fosse reconhecido como «Estado» (e há boas razões para que não o seja), os seus pronunciamentos não seriam tão amplificados pela relevância de alguém que não seria necessariamente recebido pelas mais altas autoridades do Estado. Uma igreja não necessita de ser um Estado, e o problema político que Ratzinger representa seria assim limitado.

Persistiria o problema gerado por os Papas não conseguirem circunscrever-se a «assuntos espirituais», e insistirem em pronunciar-se sobre leis que são feitas para cidadãos, e sobre comportamentos sociais que não se enquadram nos parâmetros do catolicismo.

Se a sobrevivência da «Monarquia Católica do Vaticano» é um problema de laicidade que só estará resolvido quando a ICAR deixar de se arrogar privilégios estatais, a verdade é que só nesse dia poderemos então ter um verdadeiro diálogo, porque mais justo e menos desigual, sobre as ideias que o senhor Ratzinger tem do casamento, da IVG, ou do papel da mulher na sociedade. E aí o problema será outro: o catolicismo não ser uma mera doutrina espiritual, mas também uma doutrina social e política.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

4 de Novembro, 2010 Ricardo Alves

Clérigo inspira tentativa de homicídio

Uma jovem que tentou assassinar um deputado britânico confessou em tribunal que foi inspirada pelos sermões de um clérigo islamista. A jovem de 21 anos não mostra remorsos e considera o tribunal que a condenou a uma pena mínima de 15 anos «ilegítimo». O seu objectivo era punir o deputado trabalhista pelo seu apoio à guerra do Iraque.

A jovem acedeu aos sermões religiosos através do youtube. As autoridades britânicas conseguiram que alguns dos sermões do clérigo Anwar-Al-Alaki, considerado próximo da Al-Qaeda, fossem retirados do site.

3 de Novembro, 2010 Ricardo Alves

As tácticas confusionistas de algum clero católico

Um indivíduo conhecido pelo cognome de «Frei Betto», sacerdote católico, afirmou que «[os torturadores] praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus». Para um católico, parece haver lógica nisto: quem pratica actos de tortura, mesmo que seja católico de crença, prática e (porque não?) sacerdócio,  passa, por esses actos, a ser «ateu militante». O que significaria que há muitos católicos praticantes, inclusivamente sacerdotes, que serão, no original pensar do senhor Carlos Alberto Libânio Cristo (é o verdadeiro nome da criatura) genuínos ateus, até militantes. Ou seja: os padres que abençoavam a tortura eram ateus; os que participaram na inquisição eram ateus; e se algum Papa ordenou um homicídio, era ateu (até militante). Chama-se a isto passar a batata quente, desejo de transferência da culpa, ou confundir o debate.

E como argumenta aqui o Daniel Sottomaior: poderíamos identificar a maldade com o cristianismo ou o islamismo, e dizer que quem mata ou tortura pratica cristianismo militante ou islamismo militante? Ou isso já seria preconceito?

Que dizer mais? Um padre não tem medo nem do ridículo nem da incoerência. Tal destemor é elevado a virtude na sua profissão. Como se vê.

2 de Novembro, 2010 Ricardo Alves

Imorais sois vós, «haramitas» de uma figa

Um grupo islâmico afirma que é «haram» (quer dizer, islamicamente incorrecto) aceitar o dinheiro doado por Pamela Anderson para ajudar as vítimas do tsunami na Indonésia.

Porquê? Porque a famosa actriz ganhou o dinheiro posando nua para a Playboy. Realmente, é indecente. Que morram pessoas na Indonésia, que haja risco de cólera, que haja ONG´s que tentem minorar as privações, até parecer não ser haram, ou seja, imoral. Já que a Pamela tenha ganho o dinheiro posando nua, isso é inaceitável. O diácono Remédios está vivo e de boa saúde, e reside na Indonésia.

2 de Novembro, 2010 Ricardo Alves

Escândalo no Brasil: entidade incorpórea não foi mencionada

Dilma Roussef não agradeceu a «Deus» no seu discurso de vitória. Segundo o portal cristão creio.com, «Em seu primeiro discurso como presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), esqueceu de agradecer Deus por sua vitória. Durante a plenária que demorou 30 minutos (…) Rousseff parabenizou  aliados, teceu elogios ao presidente Luis Inácio Lula da Silva, a liberdade de imprensa, mas em momento algum agradeceu ao Pai por sua vitória».
Onde irá parar o Brasil e os brasileiros? Não apenas elegeram uma mulher para Presidente, como ela teve a atitude inaudita de não agradecer a entidades incorpóreas no seu discurso de vitória. Escândalo, escândalo, escândalo. E enfim, parabéns a tal presidenta e ao Brasil. (Descoberto via Ateus do Brasil.)

30 de Outubro, 2010 Ricardo Alves

Ateus detectados na Somália

O PZ Myers do Pharyngula tem-se dedicado a elencar as organizações de ateus que existem por esse mundo fora (mencionou a Associação Ateísta Portuguesa neste post). Entre outras curiosidades (como um bloguista, evidentemente anónimo, nos Emirados Árabes Unidos), PZ Myers detectou agora a existência de ateus… na Somália.

Num país tão esmagadoramente muçulmano, e no meio de uma guerra civil que já viu o fundamentalismo islamista conquistar o poder episodicamente, não deixa de ser animador ver um blogue que defende «a promoção da razão numa sociedade altamente supersticiosa», e onde se escrevem coisas destas:

  • «Maomé disse aos seu cegos seguidores que se devem tornar “escravos de Alá” ou serem torturados no fogo do inferno para toda a eternidade. Também prometeu o produto de copiosos saques nesta vida e na próxima. (…) Se os muçulmanos pudessem ver que o Islão e Alá não são mais do que uma mentira de Maomé com 1400 anos que ele usou para os escravizar e torná-los no seu bando pessoal de ladrões e assassinos, afastar-se-iam deste culto perverso no espaço de tempo de uma batida de coração. E felizmente para muçulmanos e não muçulmanos este processo já está em marcha.»

Violento? Como a sociedade de onde vem…

26 de Outubro, 2010 Ricardo Alves

Todas as religiões têm os seus fanáticos

A figura mais óbvia de fanático entre os judeus é o rabino Ovadia Yosef. A semana passada, teve estas palavras plenas da paz, compreensão e amor que as religiões abrâamicas espalham pelo mundo.

  • «Os goyim não-judeus só nasceram para nos servir. Sem isso, não têm lugar no mundo – só para servirem os judeus. (…) Porque são necessários os gentios? Eles vão trabalhar, arar e colher. Nós vamo-nos sentar como aristocratas e comer. (…) Com os gentios, será como com qualquer outra pessoa – eles precisam de morrer, mas Deus dar-lhes-à longevidade. Porquê? Imaginem que o nosso burro morre, perderíamos o nosso dinheiro. É o nosso servo… É por isso que têm vidas longas, para servir o Judeu.» (Ha´aretz)

Ovadia Yosef não é um rabino qualquer. É o «líder espiritual» de um partido político, o Shas, que tem quatro ministros no governo israelita.  É o mesmo clérigo que defende a morte dos líderes palestinos, e que atribuiu o furacão Katrina à falta de estudo da Torá. Mas não é um louco isolado. É um homem influente. E a semi-teocracia israelita cada vez dá mais ouvidos a lunáticos como este. Portanto, não vale rir, caro leitor. Todas as religiões têm os seus fanáticos, mas uns são mais relevantes do que outros.

18 de Outubro, 2010 Ricardo Alves

«Ofereçam-me aquilo que já uso», diz padre

Há uma igreja para os lados de Campolide que mete água. Literalmente. É propriedade do Estado, como todas as outras igrejas que, em 1911, se mantiveram propriedade do Estado mas foram cedidas gratuitamente para aí se continuar a realizar o culto católico.

O pároco local, não contente com celebrar cultos religiosos num edifício do Estado sem pagar renda, exige que a República lhe ofereça o edifício, graciosamente. (E fala em «roubo». Estranho roubo, em que o usufruto continua a ser de quem se diz «roubado»…)

Se a moda pegasse, todos os templos católicos do território que são propriedade do Estado poderiam ser reclamados pelas paróquias respectivas. «Gratuitamente».

O Ministério das Finanças já desceu o preço de venda para a bagatela de 233 mil euros. Deveria ser um pouco mais exigente, porque a confissão religiosa em causa é a mesma que constrói modestas catedrais de 70 milhões de euros.

[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]