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Palmira Silva

9 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Fugas de Verão

Um dos clérigos islâmicos sobre quem pendia a possibilidade de uma acusação de traição, o Sheikh Omar Bakri Mohammed, saiu de Inglaterra para o Líbano no sábado informou ao Channel 4 News o seu braço direito Anjem Choudary.

“O que ele fez foi fazer a hirja (procurar santuário religioso) para outro lugar porque sentiu que era incapaz de praticar a sua religião.»

O que, dadas as novas medidas de prevenção do terrorismo a implementar no Outono pelo governo de Tony Blair é verdade. De facto, considerando que para Omar Bakri Mohammed praticar a sua religião significava apelar à jihad contra os infiéis, matando tantos quanto possível já que «O texto divino é claro quanto à necessidade de provocar ‘o máximo dano possível’. O operacional tem portanto de certificar-se de que mata o maior número de pessoas que pode matar. Se não o fizer, espera-o o fogo do Inferno.» não será mais possível praticar impunemente a sua religião no Reino Unido.

Choudary revelou ainda que «Ele acredita que foi declarada guerra aos muçulmanos neste país.» o que no caso de Bakri também é verdade se relembrarmos que o Ocidente declarou guerra aos terroristas e Bakri considera que ser terrorista é indissociável de ser muçulmano: «Eu sou um terrorista. Como muçulmano claro que sou um terrorista».

8 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Leituras de Verão


Acabei de ler e recomendo: «Imprimatur, O segredo do Papa» de Rita Monaldi, especialista em História das Religiões e professora na Università della Sapienza, em Roma, e na Staatuniversitat, em Viena, e Francesco Sorti, especialista em música do século XVII. Recomendo especialmente a leitura do apêndice (ou notas) que, sem deixar sombra para dúvidas, atestam a «santidade» de mais um beato (este de Pio XII) candidato a «santo»: o papa Inocêncio IX, originalmente Benedetto Odescalchi.

8 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Dentro dos movimentos de ódio

Na edição de ontem do diário britânico The Times são apresentados os resultados da investigação promovida por um repórter que durante dois meses infiltrou a organização The Sect, aparentemente dirigida por Abu Uzair mas que, tal como a congénere Al Ghurabaa de Abu Izzadeen, é na realidade uma nova face da vigiada Al-Muhajiroun do Ayatollah de Tottenham, Omar Bakri Mohammed, que afirma que «a vida de um descrente não tem qualquer valor».

Recomendo vivamente a leitura do artigo não obstante ser absolutamente estarrecedor ler o que a equipa da Insight decobriu! Ler que os quatro bombistas que semearam o terror em Londres no dia 7 de Julho são referidos como os «quatro fantásticos», que Bakri afirmou, para uma audiência de influenciáveis jovens, ser imperativo aos muçulmanos «instalar o terror nos corações dos kuffar (infiéis)» acrescentando «Eu sou um terrorista. Como muçulmano claro que sou um terrorista». Ou saber que para Bakri apenas os muçulmanos são inocentes e portanto quando afirmou publicamente que condenava o assassínio de civis inocentes se estava de facto a referir apenas aos muçulmanos, uma vez que um kuffar nunca pode ser inocente já que não segue estritamente as leis islâmicas ou Sharia.

Ficamos igualmente a saber que é um dever dos membros destas organizações, que pretendem instalar um estado islâmico no Reino Unido ( e no resto do mundo), não contribuir de alguma forma para o odiado estado britânico. Assim não devem ter emprego nem sequer pagar seguro automóvel, que contribuiriam para o sistema kuffar. Devem viver de subsídios estatais tal como o profeta Maomé que vivia às custas do estado ao mesmo tempo que o atacava.

As provas compiladas pelos repórteres do The Times, que incluem muitas horas de gravações, serão certamente usadas pelas autoridades para apresentar as hoje anunciadas acusações de traição contra os três clérigos Omar Bakri Mohammed, Abu Izzadeen e Abu Uzair.

Acusações possíveis também pela descoberta prévia pelo The Times de um «chatroom» que era utilizado por Omar Bakri Mohammed para proselitar ao domicílio os seus seguidores. E em que numa dessas conversas afirmou que o Reino Unido era «uma terra de guerra» e que o pacto de segurança, que evitava ataques de muçulmanos britânicos a Inglaterra, tinha acabado e que era obrigação dos muçulmanos lutar a jihad e juntarem-se à Al Qaeda. Ou pela conferência organizada em 2003 pela sua organização al Muhajiroun intitulada «Os 13 magníficos» em honra aos terroristas suicidas do 11 de Setembro. E pelas recentes declarações de Abu Izzadeen e Abu Uzair ao programa Newsnight da BBC2!

6 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Tolerância

Os argumentos dos fundamentalistas religiosos das duas maiores confissões do livro parecem passar nos últimos dias por comparações absurdas com o nazismo.

Depois dos dislates de Dobson referidos no post precedente foi a vez de Mohammad Naseem, o presidente da mesquita central de Birmingham que questionou o envolvimento de muçulmanos nos ataques de 7 de Julho e negou a existência da Al Qaeda. Hoje, em declarações ao programa Today da BBC Radio 4, Naseem comparou a intenção de Blair de deportar estrangeiros que preguem o ódio e encerrar locais de oração onde se louve o terrorismo à demonização dos judeus feita pelo regime nazi!

O deputado por Birmingham Khalid Mahmood já pediu a demissão de Naseem, pedido que o último repudiou dizendo ter os votos de 4000 muçulmanos em contrário.

Pessoalmente deploro os excessos securitários que o fanatismo islâmico está a despoletar. E considero que um dos objectivos dos terroristas já foi atingido: perturbar e alterar o nosso estilo de vida. Mas recordo mais uma vez o paradoxo da tolerância de Karl Popper, que já transcrevi parcialmente no post Delenda Carthago, com que concordo em absoluto:

«Tolerância ilimitada leva necessariamente ao desaparecimento da tolerância. Se formos de uma tolerância absoluta, mesmo com os intolerantes, e não defendermos a sociedade tolerante contra os seus assaltos, os tolerantes serão aniquilados e com eles a tolerância. Assim, devemos reinvidicar, em nome da tolerância, o direito de não tolerar os intolerantes. Devemos reinvidicar que qualquer movimento que prega a intolerância se colocou a si próprio fora da lei e devemos considerar criminoso o incitamento à intolerância e perseguição, do mesmo modo que consideramos criminoso o incitamento ao assassínio ou rapto ou ao reviver do comércio de escravos.»
The Open Society and Its Enemies (1945)

Só espero que a vigilância da intolerância religiosa não se restrinja à islâmica…

6 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Mais terrorismo cristão

No programa de rádio da organização «Focus on the Family» do passado dia 3 de Agosto, dedicado à discussão da blasfema investigação em células estaminais, James C. Dobson, fundador e presidente da maior organização teocrata americana e uma das mais radicais, comparou a investigação em células estaminais embrionárias com as experiências nazis conduzidas com pacientes vivos, durante e antes do Holocausto. Dobson sugeriu ainda que as experiências nazis também poderiam resultar em descobertas que «beneficiariam a humanidade» quando igualou os defensores da investigação a médicos nazis:

«Sabe, aquilo que significa tanto para mim neste assunto é que as pessoas falam no potencial para o bem que vem da destruição destes pequenos embriões e como poderemos resolver o problema da diabetes juvenil (…) Mas eu tenho de perguntar: Na Segunda Guerra Mundial os nazis fizeram experiências em seres humanos de formas terríveis nos campos de concentração, e eu imagino, se quiser dispender o tempo para ler sobre isso, que poderiam ter ocorrido experiências que beneficiariam a humanidade».

Como é óbvio, as reacções de indignação pública às observações de puro terrorismo psicológico do «piedoso» pastor, ouvidas por cerca de 220 milhões de pessoas no mundo inteiro, não se fizeram esperar. Nomeadamente exigindo um pedido de desculpas público pela enormidade de comparar investigação numa célula, obtida a partir da junção de duas células, com experiências que torturaram e mataram de forma ignóbil incontáveis pessoas! Mais concretamente um pedido de desculpa aos sobreviventes do Holocausto, suas famílias e todos os que sintam ofendidos pela ignóbil comparação. Pedido de desculpas que Dobson se recusou a pronunciar, uma vez que para a «Focus on the Family», como diz a respectiva analista de assuntos éticos, Carrie Gordon Earll:

«A analogia com as experiências Nazis é correcta e apropriada. Se algumas desculpas são devidas, são os advogados da destruição de seres humanos embrionários que as deviam fazer».

Quanto a Dobson, depois de disponível para comentar as inúmeras críticas, tentou menorizar as suas afirmações, dizendo que tinham sido «exageradas pelos ultra-liberais que não se importam com a vida humana». Mas reafirmou os supostos «exageros» quando, embora concedendo que os embriões, ao contrário das vítimas nazis não sentem dor ou sofrimento, concluiu que as macabras experiências nazis e a investigação em células estaminais são «moralmente equivalentes uma à outra»! E continuou atacando especialmente o Senador Bill Frist, o líder da bancada Republicana no Senado, que num volte face inesperado para os teocratas que se consideram atraiçoados, se declarou a favor de um reforço no financiamento federal para a investigação em células estaminais.

Assim Dobson negou-se categoricamente a pedir quaisquer desculpas à comunidade judaica pelas suas afirmações. E Carrie Gordon Earll justificou esta recusa do seu presidente afirmando que a comunidade judaica «deveria ser sensível» às «atrocidades» da investigação.

Para azar dos piedosos cristãos, a religião judaica é a única das religiões do livro completamente a favor deste tipo de investigação. Pelo menos os judeus americanos, já que longe de se oporem, a Union of Orthodox Jewish Congregations of America assegurou o reforço do seu apoio à investigação em células estaminais embrionárias. Aliás uma carta da organização endereçada ao Senado assevera isso mesmo.

5 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Blair e a guerra ao terrorismo

Antes de partir de férias, o primeiro ministro britânico Tony Blair anunciou hoje as novas medidas de combate ao terrorismo, a entrar em vigor após um mês de consultas sobre as formas de deportar e exluir do Reino Unido todos os que alimentam o ódio, advoguem a violência como forma de impor as respectivas crenças religiosas ou justifiquem essa violência. E avisou que «Não existam dúvidas que as regras do jogo estão a mudar».

As doze medidas a implementar incluem:

· Nova legislação anti terrorismo no Outono, que inclui a condenação de quem desculpar ou glorificar o terrorismo praticado em qualquer lugar, não apenas no Reino Unido;

· Recusa automática de asilo a alguém que tenha participado em actos de terrorismo ou que tenha algo a ver com terrorismo em qualquer ponto do globo;

· Adição das organizações islâmicas Hizb ut-Tahrir e al-Muhajiroun à lista dos grupos proíbidos

· A consulta sobre formas de ordenar o encerramento de um local de oração que seja usado como um centro para fomentar extremismo;

· Consulta com líderes muçulmanos para estabelecerem uma lista daqueles não adequados para pregar a religião que serão excluídos de Inglaterra.

5 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Contradições

Uma resposta a um procedimento legal do novo guardião da pureza da fé, que substituiu Ratzinger quando este foi elevado ao trono máximo do Vaticano, em 1994 o Arcebispo de Portland, William Levada, está a chocar os devotos católicos americanos.

Em 1994 Stephanie Collopy, que teve uma relação com o então seminarista hoje padre Arturo Uribe, interpôs um processo contra a arquidiocese pretendendo que esta pagasse uma pensão de alimentos para o fruto dessa relação. A arquidiocese contrapôs como razão para não ter de o fazer que Stephanie praticou «relações sexuais desprotegidas – quando (ela) deveria saber que tal poderia resultar em gravidez». Ou seja, a «culpa» da gravidez foi de Stephanie, que deveria ter usado um qualquer método anti contraceptivo, incluindo o tão famigerado preservativo, na sua relação com o futuro padre.

Na altura a história e resposta da arquidiocese mereceram pouca atenção dos media mas tal não aconteceu, certamente devido à nova posicão de Levada como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, quando no mês passado Stephanie voltou à barra do tribunal pretendendo mais apoio financeiro para o seu filho, que sofre de problemas crónicos de saúde. Um artigo na Times detalhou a resposta da arquidiocese, dirigida então pelo agora inquisidor mor Levada.

As reacções de choque por parte dos devotos católicos americanos não se fizeram esperar. Não apenas porque, na boa tradição católica, toda a culpa da gravidez foi assacada a Stephanie, a Eva que tentou o pobre seminarista, mas especialmente porque a argumentação da arquidiocese vai contra tudo o que é debitado pela santa Igreja de Roma, que condena vigorosamente qualquer forma de contracepção não «natural».

E de facto é chocante que uma Igreja que organiza queimas massivas de preservativos em países africanos massacrados pelo flagelo da SIDA, que nem sequer sanciona o uso de preservativos no caso de um casal em que um dos membros está infectado pelo HIV, tenha tentado escapar ao legítimo pagamento de uma pensão de alimentos a uma criança gerada por um dos seus membros com o pretexto de que a mãe deveria ter recorrido a um qualquer método para prevenir a gravidez.

É caso para dizer que as emanações doutrinárias de Roma só são para aplicar quando tal não mexe no bolso da Igreja e que acima de quaisquer considerações «morais» (tal como definidas pela santa Igreja) estão considerações monetárias.

Bem prega Frei Tomás…

5 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Heresia e ADN

Simon Southerton, o biólogo molecular e membro da Igreja de Jesus Cristo dos últimos dias, vulgo mormons, que escreveu o livro «Losing a Lost Tribe: Native Americans, DNA, and the Mormon Church» foi excomungado após um conselho disciplinar em Canberra, Austrália.

Southerton tinha sido acusado pelas autoridades eclesiásticas de adultério e foi oficialmente excomungado sob o pretexto de ter mantido «uma relação inapropriada com uma mulher», quando se encontrava separado da esposa. Mas suponho que não é difícil acreditar que a verdadeira razão é a heresia subjacente ao supracitado livro, em que desmonta as pretensões genealógicas do «Livro de Mormon» e as apresenta como os disparates que de facto são, completamente em desacordo com os dados científicos disponíveis.

4 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Fim do multiculturalismo: últimas notícias

A estação Al Jazeera passou hoje um vídeo do lugar-tenente da Al Qaeda, Ayman al-Zawahri, em que este avisa os britânicos de que a destruição continuará iminente em Londres devido às políticas anti-Islão de Tony Blair:

«As políticas de Blair trouxeram-vos destruição ao centro de Londres e continuarão a trazer-vos mais destruição» continuando com referência aos Estados Unidos e aos ataques do 11 de Setembro «O que viram em Nova Iorque, Washington e Afeganistão são apenas as perdas iniciais e se vocês continuarem as mesmas políticas hostis verão aquilo que os fará esquecer esses horrores» finalizando com um aviso «A nossa mensagem para vós é clara, forte e final: não haverá salvação enquanto não se retirarem da nossa terra, acabarem de roubar o nosso petróleo e recursos e acabarem com o apoio a dirigentes (árabes) infiéis»

Entretanto dois dirigentes islâmicos radicais com nacionalidade inglesa, Abu Uzair (The Sect) e Abu Izzadeen (Al Ghurabaa), incendiaram ainda mais a opinião pública com as suas afirmações numa entrevista no programa Newsnight da BBC2, no qual disseram que a lealdade dos muçulmanos nascidos em Inglaterra deve ser para com o Islão e não para com o seu país natal. Afirmando ainda que não existe mais uma aliança de segurança com Inglaterra por parte dos muçulmanos nascidos em Inglaterra. Os «louváveis suicidas(sic)» e os «mártires» que cometeram os ataques de 7 de Julho, não se consideram mais sujeitos a esta aliança e foi erguida a bandeira da jihad em Inglaterra.

Ambos os grupos foram formados por seguidores do Ayatollah de Tottenham, Omar Bakri Mohammed, o tal que afirma que «a vida de um descrente não tem qualquer valor»!

Sobre o tema multiculturalismo e religião recomendo este excelente artigo no Guardian de hoje! Que relembra os 400 anos de outro acto terrorista, quando os terroristas eram católicos, e as suas consequências…