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Palmira Silva

1 de Setembro, 2005 Palmira Silva

Neo-criacionismo

O desenho inteligente ou IDiotia (Intelligent Design, ID) é simplesmente uma nova forma, menos acéfala, de introduzir o criacionismo bíblico nas salas de aulas de ciência. Não obstante o cuidado que os IDiotas têm em não referir Deus, apenas um misterioso «designer», e em expurgar qualquer citação bíblica dos seus textos, é óbvia a «guerra» em que estão envolvidos. E são de facto neo-criacionistas como é evidente se considerarmos que o único livro de texto da IDiotia recomendado como «leitura suplementar» nas escolas americanas, «Of Pandas and People», é apenas uma versão revista do criacionismo puro e duro, em que Deus foi substituído pelo tal misterioso «designer» e foram cortadas as passagens bíblicas originais. E embora o livro seja supostamente publicado por uma obscura editora, a «Haughton Publishing Company», na realidade a «Horticultural Printers, Inc.» que imprime rótulos e catálogos de produtos para horticultura e livros de instruções em como operar maquinaria para a indústria do algodão, na realidade, os Pandas são um livro da «Foundation for Thought and Ethics», uma organização devotada a promover o criacionismo.

O templo dos neo-criacionistas disfarçados de IDiotas é o Discovery Institute, uma instituição sem problemas de financiamento que exibe como grande trunfo uma lista de 400 cientistas, na sua maioria ligados ao próprio Instituto, que segundo o DI apresentam grandes dúvidas em relação ao evolucionismo. Bem, desde há uma semana apenas 399, já que um dos mais proeminentes listados, Bob Davidson, professor de Medicina na Universidade de Washington, fez uma retractação pública da sua ligação ao DI. Afirmando estar embaraçado por alguma vez se ter ligado ao DI e ter ficado chocado quando viu que o DI afirma que a evolução é «uma teoria em crise». Afirmação que Davidson considera «Hilariante: foram relizadas milhões de experiências ao longo de mais de um século que suportam a evolução».

Outro dos nomes sonantes dos IDiotas é Michael Behe, autor do livro «A caixa preta de Darwin», professor de Bioquímica no Departmento de Ciências Biológicas da Universidade de Lehigh. Posição IDiota não subscrita por qualquer colega e reiterado numa página institucional devotada a explicar que a posição de Behe não é seguida por mais algum membro do corpo docente da instituição. A posição colectiva do Departamento em relação ao desenho inteligente é a habitual para qualquer cientista digno do nome: não tem qualquer base em ciência e não deve ser considerado algo científico.

Com as guerras da evolução acesas nos Estados Unidos e talvez para acentuar essa posição, no próximo mês de Outubro Ken Miller, da Universidade Brown, um cientistas muito vocal contra as IDiotias, dará uma conferência em Lehigh com o tema «Darwin’s Genome: Answering the Challenge of ‘Intelligent Design’» (O genoma de Darwin: respondendo ao desafio do ‘Desenho Inteligente’).

Considerando que a comunidade científica americana em peso considera a IDiotia apenas uma forma disfarçada de intoduzir religião nas aulas de ciência, sem qualquer resquício de ciência a contaminar o que é demagogia religiosa pura e dura, que a maioria das sociedades e instituições científicas americanas o afirmam nas respectivas páginas (por exemplo a Sociedade Botânica, a Sociedade Geológica, a Sociedade Paleontológica e a American Association for the Advancement of Science, que publica a revista Science) não consigo perceber os méritos do pseudo-debate sobre o ensino paralelo do evolucionismo e da IDiotia em aulas de ciência. A IDiotia simplesmente não é ciência! Pseudo-debates que ameaçam extravasar dos Estados Unidos para a Europa e para a Austrália!

31 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Genoma do chimpanzé

A revista Nature de amanhã é dedicada ao chimpanzé, nomeadamente às excitantes descobertas que o sequenciamento do genoma do Pan troglodytes, apresentado neste número, permitiu. Nomeadamente mais uns pregos para o caixão dos criacionismos, mesmo os neo-criacionismos disfarçados de IDiotias. O Chimpanzee Sequencing and Analysis Consortium, (Consórcio para a sequenciação e análise do genoma do chimpanzé) comparou a sequência genética do Pan troglodytes com o genoma humano e descobriu seis áreas do nosso ADN que foram rigorosamente «esculpidas» por selecção natural. Uma das áreas contém o gene associado àquela que é talvez a mais humana das características, a fala.

Por uma extraordinária coincidência foi recentemente descoberto o primeiro fóssil de um chimpanzé, com cerca de 500 mil anos, que em conjunto com o genoma agora publicado vai certamente dar uma ajuda preciosa a elucidar a árvore filogenética dos primatas!

31 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Centenas de shiitas mortos em Bagdad

Cerca de um milhão de shiitas participavam na sua peregrinação anual em honra de Musa al-Kadhim, o 7º Imam da tradição shiita, que morreu em Bagdad em 799 e se encontra enterrado na mesquita de Kadhimia, quando morteiros disparados sobre a multidão mataram 16 pessoas. Mais morteiros disparados nas imediações da mesquita feriram dezenas de peregrinos. O pânico instalou-se na multidão que atravessava um das pontes sobre o rio Tigre em direcção à mesquita quando correu o rumor que entre eles se encontravam bombistas suicidas. Na debandada que se seguiu um número indeterminado de peregrinos foi esmagado e outros cairam ao rio.

Ainda nenhum grupo reinvidicou o atentado, destinado, segundo o repórter da BBC em Bagdad, John Brain, a fomentar tensões entre shiitas e sunitas, numa altura em que estes últimos rejeitam a proposta de Constituição, que será referendada dia 15 de Outubro.

31 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Falácias

Consegui descobrir o texto da acção que a Associação Internacional de Escolas Cristãs (ACSI) moveu contra a Universidade da Califórnia por esta não reconhecer disciplinas cristãs ou disciplinas de (pseudo)ciência baseadas em livros de duas editoras cristãs.

O texto da acção é demasiado extenso (mais de 100 páginas) para ser lido na íntegra mas logo no início descobre-se que vários alunos não entraram na UC, inclusive um que pretendia seguir medicina (cristã, certamente), devido «à discriminação de perspectivas e discriminação de conteúdos dos acusados em relação à educação em escolas cristãs e a textos cristãos».

Discriminação de conteúdos é simplesmente anedótico. Será que a seguir vão processar o Conselho Médico da Califórnia se este não reconhecer e conceder licenças de prática aos charlatães especialistas que pretendem curar pela fé, oração, água benta, imposição das mãos, defumações ou outra qualquer banha da cobra, com base no facto de tal constituir «discriminação de conteúdo», favorecendo a medicina científica em relação a doutrinas espirituais?

E simplesmente anedóticos são os livros de texto que estão na base da rejeição pela UC das disciplinas de ciência e biologia leccionadas nas escolas que movem a acção. O livro de Biologia do 10º ano de uma das editoras em questão, a Bob Jones University Press, é um bom exemplo.

Assim, logo na Introdução ficamos a saber que «As pessoas que prepararam este livro tentaram consistentemente pôr em primeiro lugar a palavra de Deus e a ciência em segundo (…) Se (…) em algum ponto a palavra de Deus não prevalece os autores pedem desculpa». Diria que não é uma perspectiva científica alternativa mas sim uma tentativa apologética de usar a ciência para impor as IDiotias cristãs, sem nada de científico!

Ainda mais anedótica científica é a seguinte afirmação, que como a quase totalidade do que está disponível online, pretende preparar os alunos contra as «falácias» blasfemas da ciência e seus advogados, os incréus cientistas. Ou seja, trata-se de um livro anti-ciência e não de um livro de ciência! E que pretende garantir que os alunos que o utilizam fiquem efectivamente «vacinados» contra o conhecimento científico para além de impedir a abertura de espírito e desenvolvimento de espírito crítico!

«O mesmo artigo da enciclopédia pode afirmar que o gafanhoto evoluiu há 300 milhões de anos. E pode-se encontrar a descrição de um qualquer insecto a partir do qual supostamente o gafanhoto evoluiu e uma descrição dos insectos que os cientistas dizem ter evoluído do gafanhoto. Pode mesmo encontrar-se uma explicação ‘científica’ da praga bíblica de gafanhotos no Egipto. Estas afirmações são conclusões baseadas em ‘ciência suposta’. Se as conclusões vão contra a palavra de Deus, então as conclusões estão erradas, não importa quantos factos científicos parecem suportá-las».

Como seria de esperar a evolução é considerada absurda: «Deus criou os homens e todas as outras espécies de organismos com a capacidade de reproduzirem a respectiva espécie (Gen. 1:12, 21, 25, 28); assim, humanos reproduzem humanos, carvalhos reproduzem carvalhos e gatos reproduzem gatos. A ideia que todas as formas de vida descendem de uma célula ancestral comum que teve origem em moléculas não vivas é absurda».

Um capítulo disponível no sítio da Internet é o Capitulo I: A ciência da vida e o Deus da vida. Onde se podem encontrar pérolas como a da página 9, numa das caixas descrevendo «Aspectos da Biologia». Este aspecto «biológico» em concreto trata da importantissima questão «Como comunica Deus com os homens» e explica que as supostas revelações de Deus a Joseph Smith, o fundador dos mormons, são falsas:

«Foi Joseph Smith revelado por Deus? Baseados nas Escrituras devemos dizer não! O apóstolo Paulo diz que se alguém (incluindo o próprio Paulo ou mesmo um anjo) prega outro qualquer evangelho ele deve ser amaldiçoado (Gal 1:8)». Elucidação de facto indispensável num livro de Biologia!

Mas a minha favorita é a definição de falácia encontrada no livro:

«Falácia: tudo o que contradiz a verdade revelada de Deus, não importa quão científico, quão estabelecido ou quão aparentemente consistente e lógico pareça».

Quiçá terá sido num livro desta editora que J.C. das Neves encontrou a definição de moralismo que aplicou na sua última opinação!

31 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Pastafarians, uma religião de massas

Os delírios IDiotas nos Estados Unidos despoletaram uma série de reacções à altura. Não só o imperdível artigo na minha «Cebola» favorita mas aquele que já é um fenómeno de culto, diria mais uma religião de massas, a Igreja do Esparguete Voador (e respectivas almôndegas), cujos (muitos) seguidores se descrevem como pastafarians.

Os verdadeiros pastafarians vestem-se de acordo com as «sagradas» revelações, à pirata, e é interessante analisar o gráfico que apresenta uma correlação perfeita entre o aquecimento global e o declínio do cumprimento desta regra crucial de como cobrir o corpo decentemente aos olhos do Senhor!

Absolutamente delicioso! Especialmente acompanhado dum bom Aragonês !

Numa nota mais séria, já há mais de 3 anos que foi publicado um artigo respondendo às IDiotias que encontram «problemas graves» na teoria da evolução: 15 respostas ao nonsense criacionista, um artigo de 2002 na Scientific American do seu editor-chefe, John Rennie. Que recomendo! Vivamente!

30 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Fundamentalismo cristão desastroso para o Uganda

O Uganda é um exemplo de sucesso no combate à disseminação do HIV. Graças ao programa ABC (abstem-te, sê fiel e, se não seguires as duas primeiras, usa preservativo) as taxas de infecção baixaram de cerca de 30% nos anos 80 para cerca de 5% actualmente. O programa ABC assenta primariamente em informação e todas as estações de rádio ugandesas, com muitos protestos por parte dos moralistas religiosos, se envolveram na difícil tarefa de informar a população sobre a doença, como prevenir e como usar correctamente preservativos. Um trabalho importante foi desenvolvido localmente por grupos de pessoas infectadas com o vírus que andam de aldeia em aldeia em campanhas de informação e prevenção.

Os moralistas religiosos, nomeadamente na Casa Branca, usam falaciosamente os excelentes resultados ugandeses no combate à SIDA assumindo que apenas o A&B (abstinência e fidelidade) do programa é seguido. O que está longe da realidade! E o piedoso G.W. Bush conseguiu que fosse aprovado um plano de combate à SIDA no continente africano em que os programas exclusivamente A&B recebem a fatia grande do orçamento. Pondo em perigo o combate à disseminação deste flagelo.

Assim, em muitos locais do Uganda há falta de preservativos, como resultado das políticas forçando a abstinência e fidelidade. Nomeadamente devido ao facto de o governo ter cessado há 10 meses a distribuição grátis de preservativos que correspondia a um total de cerca de 80 milhões/ano.

Hoje decorre em Nova Iorque um protesto contra as políticas de abstinência e fidelidade como única arma de combate à SIDA financiadas pelos Estados Unidos e o embargo aos preservativos em curso actualmente. Segundo um relatório das Nações Unidas a falta de preservativos no Uganda é tão grave que muitos homens usam sacos de plástico na tentativa de se protegerem!

De acordo com Stephen Lewis, o enviado especial da ONU para a crise HIV/SIDA em África, a ideologia fundamentalista cristã subjacente ao programa americano de «auxílio» à SIDA, PEPFAR, é responsável por esta falta de preservativos e terá num futuro muito próximo consequências desastrosas!

29 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Momento Zen de segunda

A opinação de segunda do nosso fazedor de opinião favorito, J.C. das Neves, teve honras de editorial no local onde debita semanalmente a sua verborreia moralista, o Diário de Notícias. J.C. das Neves esmerou-se na escolha do título para a sua prosa semanal «Armadilha do moralismo antimoralista» para nos advertir do perigo dos tempos modernos: o contradictio in terminus que dá o tema à prosa mais hilariante com que o douto moralista alguma vez nos mimoseou.

Hilariante porque o moralista mor cá do burgo afirma que «O moralismo é um vício terrível, que perverte a verdadeira moral e deve ser sempre condenado». Mas, claro, para o J.C. das Neves, paladino intransigente da «verdadeira moral», moralistas são os que não aceitam as suas alarvidades verdades absolutas! E, sobretudo, moralistas são os ateus (será que já considerou estar em oposição ao seu adorado Papa, que diz ser o relativismo ateu o maior mal moderno?) afirmando mesmo que «hoje o maior moralismo sente-se sobretudo nos que se opõem às religiões». Depois do artigo de puro nonsense debitado hoje pelo ilustre opinador católico fico na dúvida sobre onde foi ele ler a definição de moralismo!

29 de Agosto, 2005 Palmira Silva

De pequenino…

No Texas a importância da educação «correcta» desde cedo é certamente reconhecida pelo Conselho de Educação. Por isso, os livros e manuais escolares que podem ser comprados por escolas públicas estão sujeitos a um apertado escrutínio. Escrutínio que uma decisão de um tribunal federal declarou poder ser baseado em pontos de vista discordantes, isto é, podem ser rejeitados livros que não reflictam estritamente «os valores tradicionais, conservadores da maioria dos texanos».

Esta decisão do tribunal federal texano referia-se à acção movida por Daniel Chiras contra o Conselho de Educação do Texas por rejeitar em 2001 o seu livro «Environmental Science: Creating a Sustainable Future» (Ciência do ambiente: criando um futuro sustentável) que foi assim retirado da lista de livros escolares permitidos nas escolas do Texas. Acusado de conter «erros factuais», a única razão prevista por lei para a rejeição de um manual escolar, o livro foi considerado anti-americano, anti-livre iniciativa e anti-cristão pelos grupos de pressão conservadores Citizens for a Sound Economy e Texas Public Policy Foundation. Os «pecados» graves do livros de Chiras, para além de assumir que a Terra tem milhões de anos e não meia dúzia de milhares de anos, passam por indicar que os americanos, apenas 5% da população mundial, geram 25% dos gases de efeito de estufa, por descrever o papel das indústrias americanas na poluição ambiental e, «blasfémia» por que o compararam a Bin Laden, referir a poluição causada pelas companhias aéreas americanas.

Outro grupo teo-conservador, Educational Research Analysts, presidido por Neal Frey, avalia os livros de texto a serem utilizados no Texas com base nos «valores morais» dos teocratas americanos: devem apontar erros nas teorias da evolução, apoiar os valores judaico-cristãos, advogar abstinência estrita em vez de educação sexual e apoiar o capitalismo. Para este pilar da moral e bons costumes texanos os manuais escolares que falhem um destes pontos incorrem em «erros de omissão» e «erros de discriminação de perspectivas»!

28 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Universidade da Califórnia não admite criacionistas

A rede de Universidades públicas americanas mais prestigiada, a Universidade da Califórnia, UC, compreendida por 10 universidades que incluem a Universidade pública mais bem classificada no ranking das Universidades americanas Berkeley, a UCLA (Universidade da Califórnia, Los Angeles) e a UCSD (Universidade da Califórnia, San Diego), apresenta padrões elevados de admissão aos excelentes cursos que ministra, requerendo que os candidatos tenham completado no liceu diversas disciplinas em ciência, matemática, história, literatura e artes.

Critérios de admissão que não são satisfeitos pelos alunos das escolas cristãs da Califórnia, que não ministram algumas das disciplinas obrigatórias para a UC ou só as ministram nominalmente. Seguindo a boa tradição cristã da mania da perseguição, ou seja, fazendo publicidade com muitos gritos de perseguição e acusações de discriminação sempre que os seus anacrónicos ditames não são universalmente aceites, na sexta-feira uma associação de escolas secundárias cristãs representando 800 escolas e a Escola Cristã do Calvário acusaram a Universidade da Califórnia de discriminação contra as escolas que ensinam o criacionismo e outros pontos de vista cristãos e interpuseram uma acção contra a UC. Na acção são citadas cartas que o conselho de admissão da UC escreveu à Escola do Calvário dizendo, como seria de esperar, que algumas das disciplinas que esta ministra são demasiado pouco abrangentes para serem aceitáveis. Informando ainda a escola cristã que não aprovaria disciplinas de biologia e ciência assentes em livros de duas editoras cristãs, cujo conteúdo é mais cristão que científico.

O conselho de admissão da UC instruiu ainda as escolas para «submeter à aprovação da UC um curriculum secular de ciência com textos e orientação dos cursos que abordem conteúdos e conhecimento aceite pela comunidade científica». Instruções que as escolas não seguiram e de que só agora se queixam, provavelmente porque os seus alunos não conseguiram entrar na UC.

Patrick H. Tyler, o advogado da associação Advogados para a Fé e Liberdade (um oxímoro) que ajuda os queixosos, afirmou que «Parece que a UC está a tentar secularizar as escolas cristãs e impedir que estas ensinem a partir de um ponto de vista cristão».

Por sua vez a porta voz da UC, Ravi Poorsina, informou não poder comentar os detalhes da acção legal uma vez que a UC ainda não a tinha recebido. Mas disse que a Universidade tinha direito, legalmente reconhecido, a determinar quais os critérios de admissão para os candidatos à UC em termos das disciplinas efectuadas. E referiu que «O que fazemos de facto é para benefício dos estudantes. Estes critérios de admissão foram estabelecidos cuidadosamente pela faculdade e corpo docente para assegurar que os estudantes que cá chegam estão completamente preparados com o conhecimento de espectro largo e as capacidades de pensamento crítico necessárias para terem sucesso». E «Embora as escolas privadas tenham o direito de ensinar o que quiserem, os estudantes dessas instituições podem ser admitidos na UC completando as disciplinas obrigatórias em instituições comunitárias».

Ravi Poorsina declarou ainda que os estudantes das escolas cristãs podem ser admitidos com base apenas nos seus resultados nas provas nacionais SAT (o equivalente aos nossos exames do 12º ano). Mas, quiçá porque os curricula das escolas cristãs não propiciem bons resultados nas provas nacionais, na acção interposta é dito que por esta via de acesso os alunos cristãos têm muito poucas hipóteses de admissão.

Pessoalmente acho que é precisa muita desfaçatez para querer impor às Universidades critérios de admissão que satisfaçam as IDiotias cristãs. E considero que as Universidades americanas de mais prestígio brevemente seguirão o exemplo da UC. Porque alunos que acreditam que a Terra tem menos de 10 000 anos, que o Grand Canyon foi formado num dia pelo grande dilúvio, que Deus «criou» todas as espécies que existem na Terra em seis dias sem margens para evoluções ateias, isto para não falar na total ausência de espírito crítico, não têm lugar numa Universidade séria e digna do nome. Quiçá os delírios criacionistas que infestam os Estados Unidos sejam refreados quando os pais se aperceberem que os filhos tão cristãmente educados só têm lugar em Universidades de 2ª e 3ª categorias.

27 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Mais um pregador do ódio

O fanático pastor da Igreja Baptista de Westboro, Kansas, vai a caminho da odiada Suécia, terra dos sodomitas, «caçar» o respectivo rei, que Phelps considera ser mais um dos odiados homossexuais.

Esta igreja, que afirma ser a homossexualidade um pecado merecedor da morte, é apenas um exemplo dos extremos a que a agenda dos teocratas pode chegar.

Certamente que se o Deus a que Phelps agradece pelos atentados em Londres fosse o Deus cujas «leis» estão expressas no Corão e não na Bíblia alguma medida já teria sido tomada contra ele!