Loading

Palmira Silva

19 de Maio, 2006 Palmira Silva

Estreia do Código da Vinci adiada na Índia

A estreia do filme Código da Vinci, um sucesso de bilheteira garantido não obstante as críticas negativas e o acolhimento gélido em Cannes, tem deixado as hostes católicas em polvorosa.

Um pouco por todo mundo os dignitários católicos multiplicam-se em iniciativas contra o que consideram injúrias e mentiras sobre a sua mitologia. Especialmente depois de uma pesquisa divulgada na terça-feira ter indicado que «O Código Da Vinci» abalou a fé na Igreja Católica e prejudicou enormemente a sua credibilidade. Em particular a credibilidade do Opus Dei fica pelas ruas da amargura já que depois da leitura do livro as pessoas ficam quatro vezes mais propensas a ver na Opus Dei uma seita assassina.

Assim não é de estranhar que o Opus Dei tenha criticado duramente não só o filme mas também o grupo Sony depois de confirmar que foram mantidas as cenas do romance «que são falsas, injustas e ofensivas aos cristãos». Manuel Sánchez Hurtado, do Escritório de Informação da Opus Dei em Roma, lembrou que, durante os últimos meses, muitos católicos, cristãos, judeus, muçulmanos (uma clara alusão à guerra dos cartoons) e outros crentes clamaram por respeito, «mas parece que não tiveram êxito».

O Opus Dei tentou, sem sucesso, que a Sony-Columbia retirasse do filme todas as referências à Obra no romance de Dan Brown, em que é apresentada como uma perigosa seita.

Sánchez Hurtado afirmou, quiçá em lamento, que os cristãos «sempre reagiram perante a falta de respeito com uma atitude pacífica, buscando o diálogo e evitando o conflito». Mas o porta-voz da Opus assegurou que este episódio pode servir para que os cristãos «levem mais a sério a fé e para que todos aprendam a compreender e a respeitar os demais».

Não sei se o ciliciado Hurtado pretendia com esta última afirmação referir-se aos católicos indianos, que pretendem ensinar a Dan Brown o respeito pela mitologia católica oferecendo uma recompensa pela sua cabeça, e que conseguiram do governo indiano um adiamento da estreia do filme e muito provavelmente a proibição deste filme na Índia.

De facto, o polémico filme chegou a ser aprovado nesta segunda-feira pelo controle de censura indiano, sem cortes, embora tenha sido classificada para adultos e tenha sido decretado a passagem de uma mensagem dizendo que o filme «é pura ficção e não está baseado em nenhuma pessoa viva ou morta». Mas posteriormente o Ministério de Informação e Difusão da Índia anunciou o adiamento da estreia , três dias antes da data prevista.

O ministro de Informação, Priya Ranjan Dasmunsi, explicou que quinta-feira iria assistir ao filme com líderes religiosos cristãos, antes de tomar uma decisão final, a ser comunicada hoje. Não é muito complicado de prever que o filme será proibido na Índia já que o ministro afirmou:

«Se houver alguma questão que afecte as suas sensibilidades, então não permitiremos a exibição do filme».

Assim, os menos de 2% de católicos indianos conseguiram impôr pela força a censura ao filme!

17 de Maio, 2006 Palmira Silva

Fundamentalismo islâmico na Turquia

Um fanático islâmico semeou o pânico em Ankara, disparando contra os juízes do tribunal adminstrativo de mais alta instância da Turquia, o Conselho de Estado, ferindo 5 deles, dois em estado grave.

Um dos juízes feridos foi muito criticado pelas alas fundamentalistas deste país por ter decidido contra o uso do lenço islâmico por professoras do ensino público, alas conservadoras que incluem o actual primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan.

O assaltante gritou «Allahu akbar» (Deus é grande) enquanto disparava a sua arma sobre os juízes, e, de acordo com Tansel Colasan, que dirige o Conselho de Estado, gritou «Eu sou um soldado de Deus».

Os juízes atingidos pelo delírio religioso do fanático assaltante faziam parte da segunda câmara do tribunal, que trata de assuntos de Educação, e que tem sustentado a natureza secular do ensino turco não obstante a pressão dos fundamentalistas islâmicos.

17 de Maio, 2006 Palmira Silva

E mais censura católica

Artistas cariocas manifestaram-se contra a censura da obra «Desenhando em Terços», de Márcia X., falecida o ano passado, que integrava a exposição «Erotica – Os sentidos na arte», no Rio Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Os artistas usaram uma t-shirt com uma reprodução da obra de Márcia X. e com a frase «EducaAção/Censura Não».

De igual forma, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, relembrou a Constituição Brasileira, segundo a qual é «livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença» para declarar, em nota oficial enviada ao CCBB, que toda a censura é inaceitável e que esperava que o CCBB reconsiderasse sua decisão

Paulo Rogério Caffarelli, director de Marketing e Comunicação do BB, disse que o banco não pretende retirar qualquer outra peça da exposição, como pede uma acção do grupo católico Opus Christi, que quer a retirada de uma tela de Alfredo Nicolaiewsky em que São Jorge está ao lado de um homem com a mão na roupa interior.

A peça de Márcia X., que foi vista por 56 mil pessoas em São Paulo, foi retirada da exposição por pressão do dito grupo católico Opus Christi que possui 700 membros no Brasil. Isto é, 700 pessoas acham-se no direito de decidir o que os muitos milhões de brasileiros podem ou não ver. Enfim, tiveram uma ajudinha da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que ameaçou passarem os padres católicos a incluir a questão da obra de Márcia X nos seus sermões…

Contra qualquer tipo de fundamentalismo, neste caso católico, pode assinar aqui a petição, Censura Não.

16 de Maio, 2006 Palmira Silva

O Código da Vinci e as mulheres

O código da Vinci (trailer promocional aqui)

A estreia esta semana do filme baseado no livro de Dan Brown tem sido precedida por veementes protestos de praticamente todas as religiões institucionais, inclusive aquelas para as quais não é blasfémia a negação da virgindade do mitológico Cristo ou para as quais é indiferente a forma como a Opus Dei é retratada.

De facto, mesmo em países islâmicos o filme é polémico, tendo sido proibido em países inesperados como o Egipto, Jordânia e Líbano.

Esta proibição parece à primeira vista deveras estranha, já que não se percebe como o filme pode ser ofensivo ao islamismo. Especialmente considerando que para o islamismo, uma religião que teve a sua origem no cristianismo, o Cristo é apenas mais um profeta e, como os múltiplos casamentos de Maomé indicam, não há qualquer obrigação dos profetas serem celibatários. Assim como é obrigação dos crentes combater os «sistemas» de fé concorrentes, como pode ser apreciado neste texto de um site oficial do governo do Egipto ( o Supreme Council of Islamic affairs integra o Ministery of Awkaf).

Na realidade, a oposição ao filme por parte de cristãos e muçulmanos tem a ver simplesmente com o facto de que o livro levanta questões, essas sim blasfémias execradas por estas religiões misóginas, sobre o papel das mulheres nas respectivas religiões.

Uma das razões do sucesso do livro tem a ver exactamente com a recuperação do papel da «deusa», a «heresia» pagã que mais trabalho deu ao cristianismo erradicar dos territórios conquistados. Em boa parte através da fabricação do culto mariano…

Aproveitando o fascínio despoletado pelo livro de Dan Brown, a autora do livro «Faith and Feminism: A Holy Alliance», Helen LaKelly Hunt, organizou um site, HerCode.org, em que são abordadas e contestadas a misoginia e a discriminação das religiões instituídas em relação às mulheres.

15 de Maio, 2006 Palmira Silva

Os católicos e o preservativo

Uma sondagem da Aximage para o Correio da Manhã indica que a esmagadora maioria dos católicos nacionais, 84,2%, discorda da posição da Igreja Católica, isto é do Vaticano, em relação ao uso de preservativo.

A discordância dos católicos em relação à doutrina da Igreja acerca do uso do preservativo foi reconhecida por Fernando Castro, presidente da Associação das Famílias Numerosas, que, reconhecendo a «enorme distância» entre o que fazem os católicos e determinadas leis da Igreja «inspiradas no Espírito Santo», afirmou que estes católicos «Estão errados».

Já Jorge Ortiga, arcebispo primaz de Braga e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), manifestou-se «surpreendido» com o resultado desta sondagem.

«Do contacto com as comunidades, essa não é a ideia que tenho, por isso, esse resultado surpreende-me». Mas para o dignitário nacional «sondagens são uma coisa e a realidade outra, por vezes bem diversa».

14 de Maio, 2006 Palmira Silva

A ministra da hipocrisia

Depois da expressiva derrota dos trabalhistas nas eleições locais britânicas Blair remodelou o executivo de Londres. Nesta remodelação, em boa parte um «baralha volta a dar» de ministros, Ruth Kelly, a anterior ministra da Educação, assumiu a pasta da Igualdade e da Mulher, ou como noticia o The Times, a pasta da Hipocrisia.

De facto, é no mínimo bizarro que Ruth Kelly, uma devota Opus Dei, que desde que foi eleita em 1997 faltou, por motivos de consciência, a 12 votações em que estavam em apreciação direitos iguais ou medidas anti-discriminação para homossexuais, votou contra a lei de união civil entre pessoas do mesmo sexo e rejeita a adopção de crianças por casais homossexuais, tenha sido encarregue por Tony Blair de garantir a igualdade de direitos a todos os cidadãos britânicos.

Como comentou a trabalhista Gwyneth Dunwoody ao saber da nomeação «Fico feliz em saber que o primeiro-ministro tem sentido de humor no que toca à nomeação de um ministro para a mulher e igualdade».

De facto, só pode ser uma anedota, de mau gosto, nomear para esta pasta, supostamente para combater qualquer tipo de discriminação, alguém que considera não só ser a homossexualidade uma «depravação grave», «um mal intrínseco», mas também um pecado que todo o político católico, especialmente se membro da Opus Dei, tem por obrigação combater.

O grupo Stonewall exigiu a Blair a renúncia de Kelly e afirmou que a sua designação «é uma bofetada» na luta de décadas em prol dos direitos dos homossexuais britânicos. Alguns blogs ingleses já fazem apostas sobre quanto tempo esta absurda escolha de Tony Blair se aguentará no lugar…

14 de Maio, 2006 Palmira Silva

Ratzinger e a Venezuela

Na reunião de quinta-feira com Hugo Chávez, Bento XVI disse ao presidente venezuelano que estava muito preocupado com a diminuição da influência da Igreja Católica na Venezuela. De facto, a igreja católica venezuelana perdeu boa parte da sua credibilidade e influência junto ao governo a partir de 11 de Abril de 2002, quando a sua hierarquia participou activamente no golpe de Estado que derrubou, por um breve intervalo, o presidente Chávez.

O porta-voz do Vaticano, o Opus Dei Joaquín Navarro-Valls, informou ainda que durante a audiência Bento XVI entregou ao presidente venezuelano uma carta com «pontos de preocupação por parte da Igreja» em relação à Venezuela.

Pontos de preocupação que incluem o «projecto de reforma da educação», que declara a natureza «secular» do ensino e como tal não prevê a obrigatoriedade para todos do ensino da religião católica, e, especialmente, os «programas de saúde pública» da Venezuela, que, horror dos horrores, não só não ilegalizam os contraceptivos como consideram contemplar propostas de legalização do aborto nas condições recentemente viabilizadas na Colômbia: violação, malformações fatais do embrião/feto e quando a vida ou a saúde da gestante está em perigo.

Na realidade, ainda o ano passado os meios católicos se viram «obrigados» a intensas manobras políticas para inviabilizar um projecto lei que pretendia levantar algumas restrições à dracónica lei do aborto na Venezuela, que apenas o permite em caso de risco extremo de vida para a mulher. E mesmo nesta situação a posição da Igreja católica é que este não deve ser permitido. Como escreve um mui católico leitor no site católico em língua espanhola ACIprensa, indignado com a «liberalização» do aborto na Colômbia, «As mães condenadas por Deus a morrer pelos seus filhos devem encarar essa missão com um sorriso, são umas privilegiadas». Neste muito católico site, que censura os comentários considerados não idóneos, pode ler-se ainda um católico apelo a que se atirem ao mar amarrados a pedras os juízes do Tribunal Constitucional que reconheceram o direito à vida e à saúde das mulheres colombianas…

Não obstante Chávez afirmar «Eu sou ainda mais radical. Eu digo que a vida deve ser protegida ainda antes da concepção», isto é, ser pessoalmente contra o uso de contraceptivos, afirmou «ditatorialmente» «Eu, Hugo Chávez, sou contra o aborto, mas não posso impôr a minha posição a todo o país» continuando «Muitos dos que rasgam as vestes em relação ao aborto, esconderam não só abortos mas assassínios… eles veêm fome, crianças pobres e são incapazes de mover uma palha, a vida das crianças que vagueiam nas ruas e daquelas sem escolas também deve ser defendida». E, afronta das afrontas, pediu aos dignitários católicos para debitarem o que quisessem sobre o assunto mas «deixarem as pessoas tomar a decisão».

Assim, a Igreja Católica é uma das vozes mais críticas contra Chávez, considerado possuído pelo próprio Belzebu pelo mesmo Cardeal, Rosalio Castillo Lara, que afirma estar a Venezuela a viver em ditadura, sob o jugo do «mais nefasto governo na história da Venezuela». Mais nefasto porque não legisla o que o Vaticano decreta e especialmente porque reduziu o financiamento da Igreja…

Convém recordar que para a Igreja Católica todos os regimes políticos que não acatem os ditames do Vaticano são ditaduras, como expresso pelo finado João Paulo II no seu último livro, «Memória e Identidade», em que este afirmava que não aceitar os ditames dos Evangelhos é uma nova forma de totalitarismo.

Mais de 90% da população da Venezuela é católica, e os representantes do Vaticano detêm uma não despicienda influência política que pode ser determinante nas eleições de Dezembro próximo, facto que Bento XVI certamente relembrou pessoalmente a Chávez.

13 de Maio, 2006 Palmira Silva

Talibans portugueses

Há uns dias referi a recente vitória civilizacional na Colômbia em que, contra os violentos protestos dos dignitários católicos neste país, foi reconhecido pelo Tribunal Constitucional a inconstitucionalidade da lei que criminalizava o aborto em todas as circunstâncias. De facto, esta lei violava os tratados internacionais subscritos por aquele país, nomeadamente a declaração internacional dos direitos do homem, que reconhece a todos o direito à vida e à saúde. A criminalização do aborto no caso em que a saúde ou mesmo a vida da mulher está em risco se a gravidez não for interrompida é uma clara violação destes direitos.

Para a misógina Igreja de Roma só a mera menção de direitos da mulher, nomeadamente o direito à vida, é uma heresia abominável, já que a mulher (excepto no estado embrionário ou fetal) é um sub-humano sem direitos, como implícito nas declarações do Cardeal Alfonso Lopez Trujillo, o dignitário colombiano que acha ser o vírus HIV mais pequeno que um átomo de hélio, já que afirma serem os preservativos permeáveis ao vírus causador da SIDA. O responsável pelo Conselho Pontifical da Família disse à rádio RCN (colombiana) que a decisão de despenalizar o aborto para salvar a vida da gestante foi «um ataque à vida humana».

Seguindo escrupulosamente as indicações do Vaticano neste tema, os piedosos clérigos colombianos já fizeram saber que o aborto é um «pecado» mortal em qualquer circunstância e que uma «boa» mulher católica deve optar por morrer no caso de a sua vida estar em risco por uma gravidez. Para além de considerarem o apelo à desobediência civil à lei, que tem poucas hipóteses de sucesso, os piedosos bispos já fizeram saber que a retaliação para o caso da não acatação das ordens do Vaticano neste país da América do Sul, supostamente laico, será a excomunhão.

Para aqueles que consideram que esta posição incompreensível da ICAR, atentória dos mais básicos princípios morais e civilizacionais, que atribui maior valor a uma célula, um óvulo fecundado, ou a um conjunto de células (o embrião) que a uma mulher, se restringe a países do Terceiro Mundo convém recordar as declarações recentes de Augusto Lopes Cardoso, o mui católico antigo bastonário da Ordem dos Advogados e actual docente da Universidade Católica, subscritor nas últimas eleições de uma carta aberta aos eleitores católicos apelando explicitamente ao voto na direita (apelo ainda mais explícito feito pela Associação Fiducia)*.

Lopes Cardoso defendeu liminarmente a imoral, diria mesmo criminosa, posição de Roma afirmando:

«Em circunstância alguma é admissível a prática de aborto. Nem mesmo quando a saúde da mãe é colocada em risco ou são diagnosticadas más formações nos fetos

*«Diante destas considerações, lançamos aqui um apelo a todos os portugueses: debatam, elucidem os seus círculos familiares, as suas relações sociais e profissionais a respeito do que verdadeiramente está em causa nas eleições do próximo dia 20 de Fevereiro: os valores básicos de uma civilização autenticamente cristã. Não cremos que seja legítimo e patriótico dar o voto a partidos cujos programas preconizem a aprovação de leis que atentem contra a essência da própria ordem moral».

11 de Maio, 2006 Palmira Silva

Vitória civilizacional na Colômbia

Naquele que foi considerado pelos bispos colombianos «um dia muito triste para a Colômbia», o Tribunal Constitucional colombiano legalizou, por uma maioria 5-3, o aborto em caso de violação, malformações fatais do embrião/feto e quando a vida da gestante está em perigo.

A lei criminalizando a interrupção voluntária da gravidez em qualquer circunstância era uma das questões «fracturantes» que o clero católico local não queria ver alterada. Aliás, o bispo Fabian Marulanda Lopez, secretário-geral da conferência episcopal colombiana, clamava há uns meses que a Colômbia precisava, em relação ao aborto, de leis mais duras e penas mais pesadas (que os entre 1 a seis anos de cadeia previstos até hoje, mesmo quando o aborto se destinava a salvar a vida da grávida).

Face ao que consideram «uma ressonante vitória do lobby anti-vida», os bispos colombianos consideram a hipótese de incitarem à desobediência civil ao que afirmam ser uma lei «imoral».

De facto, para a Igreja Católica é «imoral» salvar a vida de uma gestante. O modelo de perfeição feminina «cristã» é uma mulher como Gianna Beretta Molla (canonizada com o título Mãe de Família), que se recusou a interromper a gravidez que a matou. Aliás, a encíclica Veritatis Splendor (1993)é muito explícita sobre o tema: João Paulo II afirma que o aborto é um mal intrínseco e que não há excepções que o permitam. Mesmo que essa excepção seja salvar a vida da gestante…

Aparentemente nem neste país em que a ICAR tem uma influência quasi medieval os católicos locais seguem os ditames de Roma. De facto, estima-se que na Colômbia 1 em cada 4 gravidezes terminem em aborto, de vão de escada para as mulheres de menor poder económico, 30% das quais apresentam complicações pós-aborto, que são a 3ª causa de morte para as mulheres colombianas. Para além disso, os estudos de opinião indicam que a esmagadora maioria da população concorda com o levantamento das restrições agora efectivado.

Diria que as tentativas de sublevação popular dos bispos colombianos contra esta lei só terão eco nos fanáticos fundamentalistas que acham não terem as mulheres quaisquer direitos… sequer o direito à vida, consagrado em todos os tratados internacionais!

10 de Maio, 2006 Palmira Silva

Código da Vinci : mundo católico em pé de guerra

O deputado Salvador Zimbaldi, ligado à Fundação João Paulo II, através da rede de evangelização Canção Nova, deu entrada a uma medida cautelar na 2º Vara Cível do Fórum Regional de Santo Amaro (em São Paulo) contra a produtora e distribuidora Sony Pictures para impedir a exibição do filme «O Código da Vinci» no Brasil.

Nas eleições de 2002 Zimbaldi foi eleito maioritariamente com votos católicos das 90 cidades do Estado de São Paulo que possuem retransmissoras da TV Canção Nova. Um levantamento feito pela Agência Anhangüera de Notícias (ANN) indica que 90 municípios foram responsáveis por 51,04% (102.055) dos 199.930 votos válidos que levaram Zimbaldi ao terceiro mandato na Câmara Federal. O deputado mantinha, segundo informações da própria Canção Nova, um programa na TV católica com o nome Atualidades & Fé.

De acordo com informações da Câmara dos Deputados, Zimbaldi, acusado de estar envolvido no «mensalão», foi um dos principais responsáveis pela processo de licenciamento dos geradores e retransmissores para a emissora católica. «Ele (Zimbaldi) ajudou na liberação de nossa emissora«, confirmou o padre Eduardo Dougherty, da TV Século XXI.

Na Índia o Fórum Social Católico (CSF) da Índia convocou uma greve de fome por tempo indeterminado, a partir de sexta-feira, em protesto contra a estreia no país do filme, além de oferecer uma recompensa em dinheiro para quem capturar o escritor Dan Brown «vivo ou morto», pode ler-se no jornal local Hindustan Times. Aliás, a comunidade católica neste país está em pé de guerra com a exibição do filme.

As comunidades católicas um pouco por todo o globo estão a corresponder «adequadamente» ao pedido de boicote ao filme pelo cardeal Angelo Amato

Actualização: Também nas Filipinas o ministro da Presidência, Eduardo Ermida, afirmou hoje que o filme é «blasfemo« e deve ser proibido.

«Depende do Departamento de Revisão e Classificação de Cinema e Televisão (MTRCB), mas, como bom católico, e esta é minha opinião pessoal, não vejo como uma nação católica pode tolerar que essa trama seja propagada em nome da liberdade de expressão», disse Ermida em entrevista colectiva.