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Palmira Silva

24 de Maio, 2006 Palmira Silva

Código da Vinci: a saga continua

O ministro de Informação indiano, Priya Ranjan Dasmunsi, que a meio da semana passada adiou a estreia do «Código da Vinci» neste país, viu o filme na companhia dos dignitários católicos que pretendiam a proibição do filme no país laico e de população maioritariamente hindu (os católicos são menos de 2%), mas não encontrou algo ofensivo nele.

Assim, embora Donald D’Souza, o dignitário mor da Conferência Episcopal indiana, tenha afirmado que o filme é «inaceitável para a comunidade cristã da Índia», o filme poderá ser visto neste país a partir de sexta-feira, sem cortes, mas com dois imponentes avisos, um no início e outro no final do filme, informando os espectadores de que se trata de uma obra de ficção sem qualquer semelhança com a «verdade histórica» por insistência da Conferência de bispos católicos. Para além disso, a pedido dos mesmos, será interdito a menores de 18 anos, já que os ilustres dignitários, que insistem na necessidade de impingir a sua mitologia em crianças o mais cedo possível, consideram que apenas adultos «sabem distinguir a realidade da ficção».

Os avisos afirmam «Os caracteres e incidentes retratados e os nomes indicados são fictícios e qualquer semelhança com nomes, caracteres e história de qualquer pessoa é pura coincidência e não intencional».

Apenas no estado maioritariamente católico, Nagaland, cujas autoridades expressaram um «ressentimento sério» contra o governo central por este ter permitido a exibição do filme, este será banido. De facto, a Igreja Católica detém uma influência política importante neste estado indiano, cujo principal partido separatista, o NSCN, tem como slogan «Nagaland para Cristo». No entanto, em Kerala os católicos locais tentam igualmente que o filme seja proibido. Em Meghalaya o partido maioritário da coligação local já expressou a sua oposição à permissão de exibição do filme pelo Central Board of Film Certification.

De igual forma, uma organização de direita hindu, o Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS), aproveitou os protestos católicos, que supostamente apoia, para contestar a laicidade do estado e criticar o que considera ser o tratamento preferencial concedido a esta religião ultra-minoritária na Índia, enquanto «A reacção do governo não foi a mesma no que toca a ferir os sentimentos hindus, nomeadamente nos filmes ‘Water’ e ‘Fire’». Estes filmes de Deepa Mehta provocaram fortes reacções dos radicais hindus que queimaram efígies de Deepa Mehta em protesto pelo facto de os filmes não terem sido censurados.

Não se sabe ainda a reacção do Fórum Social Católico (CSF) da Índia que convocou uma greve de fome por tempo indeterminado, em protesto pela estreia no país do filme, e que que pretende ensinar a Dan Brown o respeito pela mitologia católica oferecendo uma recompensa pela sua cabeça.

De facto, o seu dirigente Joseph Dias iniciou uma «greve de fome até à morte» e convidou outros devotos católicos a juntarem-se à iniciativa prometendo não se alimentar (não especificando se as hóstias são consideradas alimento) até o filme ser proibido. Agora que a sua pueril chantagem não funcionou o devoto católico ainda não se pronunciou sobre a continuidade da greve…

23 de Maio, 2006 Palmira Silva

Primeiro-ministro turco condena defesa da laicidade

O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan, que em tempos foi preso por ter declamado versos anti-laicidade, criticou o comandante-chefe das Forças Armadas, o general Hilmi Ozkok, por este ter louvado os protestos anti terrorismo islâmico que marcaram o funeral do juiz Mustafa Yucel Ozbilgin, assassinado em nome de Deus por um fundamentalista islâmico.

Erdogan, cujo partido AKP tem raízes islâmicas, afirmou que o general Gen Hilmi Ozkok foi irresponsável por ter louvado os milhares de turcos que se demonstraram contra o assassínio do juíz pelo fanático que disse tê-lo feito para punir a defesa intransigente da laicidade do juíz.

Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se na quinta-feira em apoio da laicidade, muitos pedindo a demissão de um governo que tem sido repetidamente acusado por grupos seculares de tentar forçar um estilo de vida islâmico.

O general Ozkok condenou o ataque aos juízes da segunda câmara do Supremo Tribunal Administrativo como um acto de terrorismo levado a cabo por fundamentalistas islâmicos, exortando os turcos a uma defesa constante da laicidade:

«Os protestos e a sensibilidade das pessoas é de facto uma dádiva de esperança e admirável. Mas esta reacção não deve ser limitada a um único dia, a um único acontecimento. Deve ganhar continuidade e deve ser seguida por todos sempre».

22 de Maio, 2006 Palmira Silva

Itália, o Vaticano e o Código da Vinci

Numa altura em que a Zenit tornou público o «Report on the Evolution of the Family in Europe 2006» (relatório da evolução da família na Europa 2006) que indica que na Europa a família «tradicional» já não o é de facto, nem mesmo em países como a Polónia, começaram os esperados embates do Vaticano com o governo de Romano Prodi sobre o tema.

Assim, a ministra da Família, Rosy Bindi, anunciou este domingo de que a Itália vai reconhecer as uniões de facto. Acrescentando que o novo parlamento irá igualmente acabar com a lei absurda sobre a procriação assistida. Rosy Bindi disse que a Itália tem a responsabilidade de debater algum tipo de reconhecimento de uniões civis, mesmo diante das advertências da Igreja Católica de que vai combater qualquer medida que abale a família «tradicional».

O Vaticano já tinha feito saber a Prodi que não aceita uniões fora do casamento e, pela voz do Cardeal Camillo Ruini, o eclesiástico máximo da Conferência de Bispos Italianos, apelou ao voto no grande defensor da família «tradicional» Berlusconi, dizendo que os eleitores italianos «deviam ter em consideração» na decisão do voto assuntos como o aborto e o reconhecimento legal de uniões de facto.

Diria que com 32.8% dos nascimentos em 2004 fora do casamento na Europa dos 15 e 31.6% na Europa a 25, taxas de natalidade como na mui católica Polónia de 1.23 filhos/mulher e 10 milhões de divórcios na Europa dos 15 entre 1990 to 2004, o Vaticano deveria perceber que a maioria dos europeus, mesmo os católicos, se estão nas tintas para os ditames anacrónicos da Igreja em relação à sexualidade e à família «tradicional» e se deveria abster de tentar interferir politicamente de forma a impôr a todos os seus neolíticos preceitos.

De facto, mesmo no país que alberga os ditadores de sotaina parece que os cidadãos estão cada vez mais indiferentes aos apelos do Vaticano. Não só o paladino de óvulos e espermatozóides não foi eleito (por pouco, é certo) como a adaptação do livro de Dan Brown gerou 2 milhões de euros na estreia em Itália, quase o dobro do filme que obteve o recorde anterior, «A Vida É Bela», filme do italiano Roberto Benigni premiado com um Oscar. Os italianos ignoraram o pedido do Vaticano de boicote ao filme e acorreram em massa às salas de cinema. Tarefa ligeiramente dificultada em Roma pelos fanáticos do movimento Militantes Cristãos que cercaram alguns cinemas perto do Vaticano gritando contra Dan Brown.

Para além de que muitos italianos simplesmente ignoram as críticas às uniões de facto reiteradas à exaustão pelo Vaticano, como indicam os 14.9% nascimentos fora do casamento neste país para além de que a taxa de nascimentos próxima da polaca (1.2) mostra claramente o que pensam as italianas sobre a proibição católica de contraceptivos.

21 de Maio, 2006 Palmira Silva

Atentado em Caxemira

Já tinha referido que em Caxemira, alvo de acesas disputas entre a Índia e o Paquistão, o conflito de poder se está a transformar num conflito de religiões.

Este conflito conheceu hoje mais um episódio sangrento com o ataque de fundamentalistas islâmicos a uma manifestação política organizada pelo partido do Congresso, em recordação de Rajiv Gandhi, o primeiro ministro indiano assassinado em 21 de Maio de 1991.

O ataque, que provocou pelo menos 8 mortos e 25 feridos, foi reinvidicado pelas organizações islâmicas Lashkar-e-Toiba e Al-Nasireen e surge escassos dias antes de uma conferência de paz, que deverá ter lugar em Srinagar na quarta-feira, que os fundamentalistas islâmicos tinham prometido perturbar.

21 de Maio, 2006 Palmira Silva

Petro-fundamentalismos

Lyman Stewart (1840-1923) presidente da Union Oil Company e um dos fundadores da Biola University (Bible Institute of Los Angeles), co-autor e financiador dos «The Fundamentals», os textos que cunharam o termo fundamentalismo.

Pensar-se-ia à primeira vista que o tema do post seria um contrasenso, isto é, que petróleo e religião seriam palavras inesperadas na mesma frase.

Na realidade, o ressurgir anacrónico dos fundamentalismos religiosos e das guerras da religião está intimamente ligado ao ouro negro. Não só porque o petróleo está associado ao Islão radical, Arábia Saudita e Irão, dois dos países que surgem imediatamente da associação, como boa parte dos movimentos fundamentalistas islâmicos são suportados por petrodólares, fonte de financiamento igualmente da expansão preocupante do Islão nas zonas mais pobres de África. As madrassas wahabitas, com fundos sauditas quasi ilimitados, são em muitos locais a única fonte de alimentação, cuidados básicos de saúde e educação para a população. E incubadoras de fanáticos dispostos a dar a vida por honra e glória do profeta.

De igual forma, a associação petróleo e fundamentalismo (cristão) é especialmente válida nos Estados Unidos, já que o próprio termo fundamentalismo deve o seu nome ao dinheiro do petróleo. De facto, a publicação da série de 4 livros, «The Fundamentals», publicados em 1909 pelo Bible Institute de Los Angeles (BIOLA) foi financiada com petrodólares por um dos fundadores do BIOLA, Lyman Stewart, presidente e fundador da Union Oil Company of California (agora a UNOCAL/Chevron) .

A correlação actual petróleo-fundamentalismo islâmico pode estar a mudar drasticamente, na opinião do analista político Michael Weinstein daqui a menos de duas semanas. Caracas será anfitriã da próxima Conferência extraordinária da OPEC e espera-se que no decurso desta reunião Hugo Chavez anuncie que a Venezuela é agora o país mais rico em petróleo do mundo, com reservas muito superiores às da Arábia Saudita.

De facto, Chavez assenta parte da sua oposição à influência americana na América do Sul na sua fé católica. E parece quase tão certo quanto Bush que a sua actividade política tem uma inspiração divina. Mas o seu Deus católico é um Deus socialista que se opõe ao Deus capitalista evangélico de Bush. Um Deus que procura aliados não nos poderes conservadores cristãos emergentes, quasi teocracias, como a Polónia ou a Ucrânia na Europa e os Estados Unidos no continente americano, mas sim nos países em que a teologia da libertação foi marcante há umas décadas (antes de ser violentamente suprimida pelo Vaticano) e há uma inédita base de apoio cristã a políticas de esquerda. Países como a Venezuela, Argentina, Chile (não obstante a sua presidente, Michelle Bachelet ser ateísta), Bolívia, o Brazil e até Cuba (em que Fidel Castro parece quasi um cristão renascido em alguns discursos).

Weinstein aponta ainda que este bloco socialista católico pode ascender no continente americano se nas eleições de Julho próximo o anterior presidente da câmara da Cidade do México, Andre Manuel Lopez Obrador, for, como parece provável, eleito presidente mexicano em substituição de Fox. Obrador tem sido erradamente considerado um cristão evangélico pela frequência com que recheia discursos oficiais com o nome do mítico fundador do cristianismo. Na realidade, Obrador é um católico que tem o apoio dos bispos mexicanos, não obstante ter recusado que sejam estes a decidir as políticas de saúde (leia-se contracepção e aborto) do país no caso de ser eleito. A mesma posição de Chávez, que tantas críticas tem merecido das cúpulas católicas.

O preocupante nesta história é que o Vaticano, com séculos de experiência em relações internacionais e manipulação política, já se apercebeu há muito desta alteração geopolítica. Como indica a recente reunião de Ratzinger com Chávez! E tem em marcha uma série de cartadas que tentarão ser o Vaticano quem ditará os termos de um próximo petro-fundamentalismo!

20 de Maio, 2006 Palmira Silva

Código da Vinci queimado em Itália

A produção de 100 milhões de dólares baseada no romance homónimo de Dan Brown, O Código da Vinci, chegou aos cinemas propulsionada pelos acéfalos protestos das religiões do livro, que se uniram a uma voz para tentar (e conseguir em muitos pontos do globo) censurar e proibir o filme. Acéfalos porque a polémica e os protestos encenados pelos devotos de todos os flavours serviram apenas para garantir que o filme baterá recordes de audiência.

Algumas das iniciativas de protesto são francamente grotescas. Um exemplo é a queima em praça pública de exemplares do livro, uma iniciativa sob os auspícios da extrema-direita italiana através de Stefano Gizzi da Democracia Cristã e de Massimo Ruspandini da Aliança Nacional, que em reminiscências nostálgicas dos tempos «gloriosos« da Inquisição e dos totalitarismos que ensombraram o século XX pretendem purificar na fogueira as «ofensas graves» do livro.

A orgia de fé, a realizar hoje, numa altura em que se celebra o Ano Mundial do Livro, pretende incitar os cristãos a «reagir com força e convicção a este ataque horrível à pessoa santissima de Jesus».

Incitando a reacções que se repetem um pouco por todo o mundo, como a de María Raquel Mendioroz que, armada de um rosário, arrancou os cartazes das portas da sala de um cinema argentino que exibia o filme, enquanto gritava que tinha sido enviada por Deus para impedir a estreia do filme.

Ou o aviso de uma onda de violência na Rússia, onde a Igreja Ortodoxa denunciou o filme como «uma perigosa provocação» que não deixará de merecer resposta «apropriada» dos cristãos deste país. Aparentemente a devoção pela purificação de blasfémias na fogueira é comum a todas as religiões do livro e um grupo de devotos ortodoxos queimou cartazes do filme em Pushkin Square, no centro de Moscovo. Já na Bielorrússia, a agência Interfax informou hoje a decisão das autoridades de Minsk em suspender a projecção do filme devido à «reacção negativa dos fiéis».

Uma vez que o Directorado Espiritual Central dos muçulmanos russos considera difícil «conter» os muçulmanos e impedir que estes venham para as ruas protestar o que consideram uma injúria análoga à que despoletou a recente guerra dos cartoons parece que de momento estão esquecidas as divergências com os cristãos ortodoxos. As duas religiões maioritárias na Rússia parecem ter aproveitado o pretexto para desencadearam uma cruzada conjunta contra a famigerada «cultura laica»!

20 de Maio, 2006 Palmira Silva

Defesa da laicidade na Turquia

Dezenas de milhares de turcos compareceram ao funeral de Mustafa Yucel Ozbilgin, o juíz assassinado na quarta-feira for um fanático muçulmano no que foi considerado pelo presidente Ahmet Necdet Sezer, ele próprio um juíz, «um ataque à república laica».

Dezenas de milhares de turcos encheram as ruas de Ankara simultaneamente em homenagem ao juíz assassinado em nome de Deus e em defesa da constituição laica do país. As Forças Armadas, as guardiãs da laicidade na Turquia, compareceram em força ao funeral, precedido por uma marcha ao mausoléu de Mustafa Kemal Ataturk, o fundador da Turquia moderna e do estado laico.

Os membros do Governo que compareceram ao funeral foram apupados e recebidos com cânticos de «assassinos fora» e exortações à sua resignação.

O ataque aos juízes da segunda câmara do Supremo Tribunal Administrativo está ligado à defesa intransigente da laicidade do estado por estes juízes, nomeadamente no que respeita à estrita independência da religião e do ensino e à proibição do lenço islâmico em Universidades e instituições públicas.

De facto, o uso do lenço islâmico tem sido transformado num símbolo do Islão radical, um braço de ferro entre aqueles que pretendem transformar a Turquia num estado islâmico e os que defendem a laicidade deste país. O primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, que conta no currículo uma estadia na prisão por ter declamado versos anti-laicidade, tem estado na frente dos que pretendem que a proibição do seu uso seja removida, medida que os fundamentalistas islâmicos consideram o primeiro passo para a restauração de um regime islâmico.

Sumru Cortoglu, o presidente do Conselho de Estado, que declarou Ozbilgin um mártir da laicidade, afirmou perante a imensa multidão que homenageou o juíz:

«A bala que foi disparada contra o seu cérebro foi disparada contra a República turca. Mas a vida de pessoas como ele ajudar-nos-ão a manter a República viva eternamente».

Ahmet Necdet Sezer, muito aplaudido no funeral, avisou que «ninguém será capaz de derrubar o regime laico».

Esperemos que de facto assim seja! A bem da paz e dos direitos humanos, palavras desconhecidas dos fundamentalistas de qualquer religião! Porque como tão bem disse o Carlos, a deriva fundamentalista que varre as religiões do livro, os ódios acumulados pelos dignitários eclesiásticos que vêem na secularização a perda de prestígio e influência, a falta de cultura e excesso de fanatismo que exalta os crentes, estão na origem de guerras cujo fim não se vislumbra. E de constantes atropelos dos direitos humanos, especialmente das mulheres, sub-humanos de terceira categoria para estas religiões.

19 de Maio, 2006 Palmira Silva

Vaticano deixa cair queixas de abuso sexual

A Congregação dos Legionários de Cristo e o Movimento Regnum Christi, ambas fundadas pelo padre mexicano Marcial Maciel Degollado, uma «máquina» de angariação de fundos para a Igreja de Roma, reagiram muito favoravelmente ao anúncio pelo Vaticano de que vai passar uma esponja sobre as inúmeras acusações de abuso sexual de menores que pendem há décadas sobre o seu fundador.

Aliás, esta era a conclusão há muito anunciada e em completa concordância com aquela que é a prática centenária da Igreja de Roma em relação ao abuso sexual de menores e adultos vulneráveis perpetrado por membros do clero católico, o encobrimento descarado.

Hoje, foi tornado público que «a Congregação para a Doutrina da Fé, sob a orientação do novo Prefeito, Cardeal William Levada, decidiu – tendo em conta a idade avançada do Pe. Maciel, bem como a sua precária saúde – renunciar a um processo canónico e convidar o Padre a uma vida reservada de oração e penitência, renunciando a qualquer ministério público».Acrescentando que «O Santo Padre aprovou estas decisões».

Apesar de a ICAR ser uma instituição de que já espero tudo esta decisão não deixa de me indignar pela hipocrisia, falta de vergonha e descaramento! Especialmente porque enquanto padres abusadores sexuais são defendidos com unhas e dentes pela hierarquia católica leio que uma professora de uma escola católica que ficou grávida por inseminação artificial foi despedida com alardes de grande indignação pelo seu inadmissível comportamento, contrário à doutrina de Roma.

Sobre Maciel volto a recomendar a leitura de «Vows of Silence: The Abuse of Power in the Papacy of John Paul II», de Jason Berry e Gerald Renner e uma análise do livro no National Catholic Reporter.

19 de Maio, 2006 Palmira Silva

Leitura indispensável

Para acompanhar a leitura da Visão desta semana, recomendo a leitura de outro artigo da Visão «Opus Dei, o exército de Balaguer», escrito há já quatro anos.

Que se inicia explicando as origens da «Obra» em Portugal:

«Tudo começou com um ‘jeitinho’ de Lúcia, a vidente de Fátima, quando se encontrava no Convento das Doroteias de Tuy, em Espanha. A antiga pastorinha incita o homem que recebeu ‘ordens divinas’ para fundar também o Opus Dei em Portugal. Só que, em 1945, Josemaría Balaguer não tinha com ele o passaporte e era preciso que alguém abrisse as fronteiras ao pai da Obra de Deus (Opus Dei, em latim). A solução partiu do convento galego, com um visto caído do céu e Balaguer consegue, por fim, penetrar no nosso país, visitar Fátima e encontrar-se com altos dignitários da Igreja Católica, incluindo o cardeal Cerejeira.»

Boa leitura!

19 de Maio, 2006 Palmira Silva

Tensão religiosa no Quénia

No passado dia 13 uma estação de rádio cristã na capital do Quénia, Nairobi, foi assaltada por homens mascarados que mataram duas pessoas e feriram várias. A estação foi parcialmente destruída pelo fogo depois dos assaltantes terem despoletado uma bomba incendiária.

A estação, Hope FM, da Igreja Pentecostal de Nairobi, passava à altura do ataque um programa em que eram comparados a Bíblia e o Corão, programa que mereceu ameaças por parte de alguns ouvintes, que ligaram para a estação exigindo que o programa fosse interrompido.

A polícia queniana está a investigar a origem dos telefonemas já que de acordo com os trabalhadores da estação os assaltantes gritaram com os produtores do programa que estes não tinham atendido aos seus telefonemas. E ordenaram a um técnico para calar a estação.

O ataque surgiu uns escassos dois meses depois de um jornal, o Standard, e a estação de televisão KTN terem sofrido um ataque semelhante perpetrado por forças policiais a mando do ministro da Segurança, John Michuki, que achou inadmissíveis as críticas ao governo destes dois orgãos da comunicação queniana.