23 de Julho, 2006 Palmira Silva
A imbecilidade criacionista
Kent Hovind, o fundamentalista cristão dono do Dinosaur Adventure Land – um parque biblíco perto de Pensacola, Flórida, em que são apresentadas como verdades absolutas fantasias de que a Terra tem apenas seis mil anos, que o Grand Canyon foi formado num dia como consequência do grande dilúvio biblíco e que os homens coexistiram com os dinossauros – é um expoente da paranóia e demais idiossincrasias dos fundamentalistas cristãos.
Como um dos nossos leitores do Comunhão e Libertação que afirmava, com a arrogância insultuosa que é característica deste movimento, ser a teoria da evolução algo sem pés nem cabeça congeminado com o único propósito de «provocar» os cristãos, Hovind afirma que a «abominação» evolucionista é um conspiração satânica com o propósito de estabelecer uma «Nova Ordem Mundial» anti-cristã, com Belzebu nas rédeas. Conspiração que pretende introduzir outras abominações como o aborto, justiça social, ambientalismo e eliminação da pena de morte.
Parte desta suposta conspiração evolucionista foi «revelada» quando as autoridades da Flórida ordenaram o encerramento dos edíficios integrantes do parque, porque Hovind nunca obteve uma licença de construção para os mesmos, licenças que supostamente violavam os sentimentos religiosos profundos dos seguidores da seita de Hovind.
Hovind, que dirige o oxímero [Evangelismo da] Ciência da Criação é literalmente um fundamentalista cristão, isto é, advoga a inenarrância e literalidade da Bíblia, e concumitantemente, é um criacionista puro e duro, daqueles que afirmam que a Terra tem 6 000 anos. Também concumitante com o seu fundamentalismo cristão Hovind é visceralmente anti-semita e vende livros como «Fourth Reich of the Rich» para além de recomendar a leitura da invenção imbecil «The Protocols of the Elders of Zion», um livro que viu a luz do prelo em 1905 como apêndice ao livro «The Great and the Small» do escritor russo Sergei Nilus, pretendendo ser as minutas de um grande encontro de líderes judeus. Os Protocolos de Sião, uma justificação do anti-semitismo, descrevem os meios tortuosos pelos quais, supostamente, os judeus pretendiam causar um colapso político e económico global de forma a facilitar o seu domínio do mundo.
Hovind, que considera ser a segurança social um dos grandes problemas dos Estados Unidos (em conjunto com o ambientalismo e o sistema de impostos), advoga a lapidação das mulheres «promíscuas», é um grande defensor da pena de morte e propõe que a execução de criminosos seja pública – e por lapidação – afirma que a «democracia é um mal e contrária à lei de Deus».
A «satânica» democracia americana prendeu na quinta-feira o devoto cristão com base em 58 acusações federais, proeminente a recusa em pagar impostos, incluindo segurança social para os seus funcionários – que Hovind pretende serem missionários – e ameaças a investigadores do IRS.
Kent Hovind declarou-se inocente de todas as acusações. Aliás afirma nem sequer perceber porque é acusado já que não reconhece direito ao governo federal em o julgar por fraude e evasão fiscal.
De facto, o criacionista afirma que tudo o que o possui não é dele mas sim de Deus e como tal o governo não tem jurisdição sobre os seus bens. Nas suas alegações de inocência Hovind conta com o conselho e ajuda do seu associado Glen Stoll, bem conhecido devido aos seus esquemas fraudulentos pelo IRS americano…