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16 de Maio, 2005 pfontela

Brincando às eleições

No Irão o processo eleitoral prossegue. Trata-se de um verdadeiro cortejo com características de uma farsa rocambolesca, em que os bobos da festa são sem dúvida aqueles que acreditam que o processo é um sinal de maior democracia no país.

Mais de 1000 pessoas concorreram ao cargo de presidente (ocupado no momento por Mohammad Khatami) e os seus passados são extremamente diversos: temos o guarda redes da equipa nacional que promete mostrar o cartão vermelho ao crime, um vagabundo poliglota licenciado em gestão e astronomia que acha que isso o qualifica para ser presidente, um jovenzinho de 16 anos (cujo programa eleitoral parece que ainda está a ser definido…com a ajuda da mãe), algumas dezenas de mulheres que se valeram de uma ambiguidade linguística na lei para se poderem candidatar e claro sem esquecer os clérigos octogenários que defendem as mais brilhantes virtudes da civilização teocrática.

Mas isto é só um aperitivo, porque o circo ainda mal começou. O conselho de guardiões (o verdadeiro órgão de poder no Irão, o coração da teocracia) juntou-se à festa e já excluiu cerca de metade dos candidatos reformistas (incluindo claro as 89 mulheres que tiveram a lata de se candidatarem em vez de ficarem em casa a lavar pratos e procriar – como aliás qualquer religião de bem que se preze apregoa).

Ebrahim Yazdi, líder do único partido que se pode dizer que possui “inclinações” seculares, já avisou que dado o passado do conselho não espera que as eleições sejam justas mas que mesmo assim fará tudo o que estiver ao seu alcance para provar às autoridades que elas estão erradas (note-se a subtileza: os políticos não são as autoridades, os clérigos é que são). É por estas e outras, igualmente hediondas, heresias que o Sr. Yazdi vive sobre a permanente ameaça de ser preso – as acusações são de conspiração contra a segurança nacional e contra a teocracia.

E é assim que pelos lados do Irão se compõe uma realidade deveras burlesca. Se a situação é esta durante as eleições imagine-se no carnaval.

14 de Maio, 2005 pfontela

Perseguições e mitos I

Todos os que vivem na sociedade Ocidental têm, em maior ou menor grau, conhecimento das grandes perseguições movidas pelo cristianismo (nas suas mais diversas variantes) a heréticos, apóstatas, infiéis, etc. Também é do conhecimento geral que os próprios cristãos foram vítimas de perseguição nos dias do Império Romano, antes de se imiscuírem profundamente no funcionamento da máquina burocrática. O que é desconhecido da maioria é quanto as acusações cristãs dos supostos crimes dos hereges bebem da sua própria história na antiguidade.

Para se ter uma ideia da visão pagã do cristianismo seria bom olhar para este extracto de Minucius Felix, um apologista dos cristãos, que data de cerca do fim do séc. II d.C. (neste episódio ele pede a um pagão para descrever as ideias que possui do cristianismo):

«Dizem-me que, movidos por algum impulso tolo, consagram e adoram a cabeça de um burro, o mais abjecto dos animais. É um culto digno dos costumes que lhe deram origem! Outros dizem que prestam reverência aos órgãos genitais do sacerdote que preside às cerimónias… Quanto à iniciação de novos membros, os detalhes são tão repulsivos como são conhecidos. Uma criança, coberta por massa para iludir os incautos, é posta à frente do candidato a noviço. O noviço apunhala a criança até à morte com golpes invisíveis; ele próprio, enganado pela massa que cobre a criança, pensa que os golpes são inofensivos. Depois – é horrível! – bebem sedentamente o sangue da criança e competem entre si pelos membros. Através desta vítima ficam ligados uns aos outros; e o facto de partilharem do crime força-os a todos ao silêncio. É também amplamente conhecido o que acontece nos seus festins… No dia do festim reúnem-se todos com as suas crianças, irmãs, mães, pessoas dos dois sexos e de todas as idades. Quando o grupo está animado de tanto comer, e a luxúria impura foi atiçada pela bebida, pedaços de carne são atirados a um cão que está amarrado a um candeeiro. O cão salta em busca da carne, indo além da extensão da corrente que o prende. A luz, que teria sido uma testemunha, é derrubada e apaga-se. Agora, na escuridão, tão favorável ao comportamento sem vergonha, eles contorcem-se nos laços de uma paixão que não pode ser nomeada, conforme o acaso decide. E assim todos eles são incestuosos, se não sempre em actos pelo menos por cumplicidade, pois tudo o que um deles pratica corresponde à vontade de todos… É precisamente o secretismo desta religião malévola que prova que tudo isto, ou quase tudo, é verdade.»(1)

Resumindo, as grandes acusações que saem deste texto são:
– Infanticídio
– Canibalismo
– Incesto

Estas ideias eram comuns na sociedade romana da altura e ilustram bem a imagem negra que o culto cristão possuía. Convém referir no entanto que estas ideias não eram universais, sempre houve escritores que duvidaram da veracidade de tais afirmações, sendo que em certos círculos a crença nestes mitos era ridicularizada. Mas também não se pode dizer que havia de uma distinção clara entre as classe eruditas de Roma e as massas supersticiosas e em grande medida ignorantes, pois em 112 d.c. Encontramos Plínio o novo como governador da Bítinia (Ásia Menor) a fazer investigações para verificar a autenticidade das acusações (2). E em cerda de 160 d.C. encontramos Cornelius Fronto a acusar publicamente os cristãos dos mesmo crimes (infanticídio, canibalismo e incesto) – Fronto era um senador respeitado e chegou a ser tutor do Imperador Marco Aurélio, sendo plausível acreditar que este esteve por detrás das perseguições movidas ao movimento cristão durante o reinado do seu protegido. Trata-se de facto de uma ideia que era transversal a todas as classes romanas. E mesmo não sendo universalmente aceite gozava de popularidade e de uma credibilidade aparente que foram suficientes para poder ser referida nos mais altos círculos sociais sem causar grande ultraje.

Tanta popularidade que em 177 d.c., em Lyons, deu-se uma das mais famosas perseguições à seita cristã (ou pelo menos uma das melhor documentadas) (3). O motivo inicial para a perseguição foi provavelmente apenas de ordem económica já que meses antes o imperador tinha autorizado a venda de prisioneiros para sacrifício na arena (o custo era significativamente menor do que comprar um gladiador e todas as despesas dos jogos corriam por conta dos grandes proprietários locais) (4). Fica portanto estabelecido um motivo mas não é claro quais foram as respectivas percentagens de interesse e de mito que incitaram o incidente. O certo é que as autoridades e a população colaboraram no processo. Sendo que os escravos dos acusados foram torturados de forma a obter testemunhos que corroborassem as acusações (um método ao qual a santa madre igreja daria bom uso em séculos vindouros). Claro que isto só contribuiu para o fortalecimento dos mitos já existentes e muitos dos indiferentes ao cristianismo passaram a ser abertamente hostis.

Antes de analisar a veracidade de tais acusações convém compreender onde é que está a sua origem, pois se é verdade que os ódios e rivalidades locais podem explicar parte das perseguições eles não explicam tudo. Embora a cultura clássica tenha em grande parte sido destruída estes mitos que tiveram origem no seu seio foram repetidos até á exaustão em perseguições ao longo da história (embora sofrendo sucessivas adaptações ao monoteísmo e o acréscimo de alguns detalhes particulares às respectivas épocas).

(continua em breve)

(1)- Minucius Felix, Octavius – cap. IX e X
(2)- Plínio o novo, epístola X
(3)- Eusebius, Historia Ecclesiastica
(4)- J. Vogt, ‘Zur Religiositat der Christenverfolger im romischen Reich’

11 de Maio, 2005 pfontela

Cinema Europeu

A cadeia televisiva RAI (televisão estatal italiana), vai transmitir amanhã o controverso filme de Theo van Gogh intitulado «Submissão». Como o nome indica o filme é altamente crítico do tratamento das mulheres dentro do islão, dado que inclui mulheres semi-nuas com versos do Corão no corpo. Também parece conter uma entrevista com uma mulher islâmica que conta a forma brutal como foi espancada por ter tentado fugir de casa (a razão para a fuga foi a violação de que foi vitima por parte do seu tio).

Theo van Gogh pagou com a vida por ter feito este filme (foi vítima de fanáticos islâmicos), existindo outras personagens holandesas que vivem verdadeiramente como prisioneiras por terem tido a coragem de apontar os abusos do islão. Na sociedade Holandesa considera-se seriamente pela primeira vez a introdução de medidas contra a emigração e a limitação da liberdade religiosa.

Os imãs do conselho islâmico de Turim escreveram a todos os indivíduos de influência em Itália e no Vaticano para tentar proibir a exibição deste filme dando como razão que: «o filme retrata de forma negativa costumes e tradições islâmicas». E acrescentaram, em tom de ameaça, que se o filme fosse exibido «poderia causar fortes tensões que poderiam incitar os mais fanáticos a actos que põem em risco a segurança pública».

Entretanto já houve várias ameaças contra executivos e directores da RAI. Mas nem a RAI nem os políticos italianos parecem querer ceder sendo que todos os partidos apoiam a exibição da obra de van Gogh. Para quem tiver oportunidade: o filme vai para o ar amanhã às 23:00 (hora local).

7 de Maio, 2005 pfontela

Os amigos de Ratzinger

Não é novidade que Bento XVI não desperta muitas simpatias fora dos círculos (neo)conservadores, mesmo entre católicos. Entre os católicos que não estão muito felizes com esta escolha do espirito santo parece existir uma solução comum para o problema: pura negação, que se traduz na afirmação que: Ratzinger não é Bento XVI. Claro que como todas as ilusões, esta mais tarde ou mais cedo vai ser quebrada (se é que ainda não foi). Mas mesmo sem o apoio entusiástico de parte dos crentes não se pense que Bento XVI anda sozinho pelos corredores do Vaticano. Longe disso, o que não faltam são organizações que são tão fanáticas e fundamentalistas como o próprio papa.

Entre o rol de aliados de Ratzinger encontram-se grupos como: Focolare, Comunhão e libertação, Neocatechumenate, Renovação Carismática. Embora esta explosão de movimentos tenha ocorrido em grande parte com JPII foi sem dúvida Ratzinger que assegurou o seu lugar permanente dentro da ICAR através de duas coisas: conseguir aprovação papal e criar um nicho teológico onde elas se encaixassem – isto foi feito com a defesa da co-essencialidade das dimensões carismática e institucionais da Igreja, sendo que a primeira deve a sua autoridade, prática e teológica, à sua defesa do primado do papado. Mas não é só por partilharem as mesmas posições que o novo papa gosta deles, muitas destas organizações respondem apenas ao seu líder carismático e estão baseadas em Roma (ou perto) o que significa que podem ser mobilizadas, e controladas, directamente do Vaticano (enquadrando-se maravilhosamente no esquema de centralismo que o papado deseja).

Mas é claro que entre o rebanho as coisas não são nada pacíficas, sendo que muitos dentro da ICAR acusam estes grupos de terem uma visão rígida e monolítica, usarem tácticas de recrutamento coercivas, possuírem uma convicção absoluta de estarem a agir sob um mandato directo de deus, agirem sempre em segredo, usarem controlo mental e de promoverem anti-intelectualismo. Mas mais uma vez (e ao contrário do que os católicos gostam de dizer) as suas vozes não tiveram nem têm qualquer peso. Ratzinger não só aprova entusiasticamente este modelo como afirmou que: «é nestes vários movimentos espirituais que a inserção do leigo na Igreja é realizada».

É com estes actores que se vai desenrolar o próximo capitulo do conflito entre a ICAR e o mundo secular, e quem sabe se mesmo entre facções antagónicas dentro da organização. Tenho a esperança que a Europa seja forte o suficiente para se manter firme na caminhada para uma sociedade mais livre mas devo dizer que vislumbro a sombra do clericalismo cada vez mais próxima.

24 de Abril, 2005 pfontela

Contra a homofobia

Face às violências clericais, e não só, sobre a população LGBT no Ocidente e fora deste (a situação em alguns países toma proporções que eu descreveria como apocalípticas) é cada vez mais importante o combate à discriminação. É esse o objectivo desta iniciativa que visa a criação de um dia internacional contra a homofobia. Para os leitores que estiverem interessados fica o convite para assinarem a petição.

Aproveito a oportunidade para aclarar um pouco as águas na questão do ateísmo e da homofobia. Um ateu por definição rejeita a existência de Deus(es) e esta premissa, por si só, não acarreta consequência alguma para o seu posicionamento em qualquer questão social, política ou económica. Como tal, o facto de alguém ser ateu não implica necessariamente que não seja homófobo, mas são maiores as probabilidades de um crente ser homófobo do que um ateu – porque, em princípio, o ateu desmontou toda a “cangalhada” que vem por arrasto com a religião. Quando isto não acontece temos um caso de crenças secularizadas que, na minha opinião, conseguem ser ainda mais perniciosas do que as que permanecem associadas à religião.

23 de Abril, 2005 pfontela

O defensor

Bento XVI o mais recente papa, tão louvado por alguns sectores católicos, foi acusado de ter intencionalmente ignorarado, durante 7 anos, as queixas contra o frade Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo. O frade em questão é acusado de abusar de nove jovens que estudavam no seu seminário durante as décadas de 40, 50 e 60 mas a abonar em seu favor tem o facto de ter sido um amigo pessoal de João Paulo II – prova de inegável virtude.

Quando em 1997 John R McCann, bispo de Nova York, enviou ao então Cardeal Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, uma carta aberta redigida pelo frade Juan Vaca (uma das nove vítimas que acusam Maciel) o exaltado Bento XVI, perdão, o cardeal Ratzinger (quase me esquecia da transformação mística que ocorre quando alguém se torna papa) não fez nada. Rigorosamente nada. A atitude deste servo do Senhor foi reconhecer que recebeu a carta e guardá-la num lugar remoto e escuro no Vaticano.

Quando questionado sobre a sua posição sobre o assunto Ratzinger sempre se mostrou evasivo e deu a entender que não considerava «apropriado» que se fizessem tais perguntas. Quando um repórter americano, de nome Brian Ross, teve a coragem de tocar no assunto levou uma palmada de reprovação na mão (literalmente) – o que provavelmente explica a atitude da ICAR em geral e de Ratzinger em particular face aos crentes, infantilizados como crianças retardadas que se portam de forma marota. Mas, numa ocasião em que resolveu quebrar o silêncio sobre o assunto, as suas palavras foram: «Não se pode pôr em julgamento um amigo pessoal do papa como Marcial Marciel».

Em Dezembro passado foi finalmente iniciada uma investigação do Vaticano sobre as queixas. Mas não se pense que houve alguma alteração na posição Ratzinger. Tudo não passou de uma manobra para aumentar a suas hipóteses de ser eleito papa, já que tendo a sombra de proteger abusadores a pairar no ar poderia diminuir de forma substancial a probabilidade de ser eleito.

Em suma, Bento XVI apresenta-se sem dúvida alguma como o defensor das tradicionais virtudes do Vaticano. Ainda bem que existe um homem destes preocupado com o estado moral do mundo e com a «ditadura do relativismo».

19 de Abril, 2005 pfontela

Clericalismo – vivo e de boa saúde

No seguimento do artigo do João Vasco chega-nos agora a novidade que a ICAR está a organizar um verdadeiro golpe de Estado em Timor Leste. Foram feitos apelos (por membros influentes da hierarquia católica) a todos os católicos para que viessem para as ruas e expulsassem o primeiro ministro, Mari Alkatiri, que cometeu o crime abominável de querer manter o estado laico e de tornar as aulas de catolicismo não obrigatórias e irrelevantes em termos de nota. Continuam até agora os apelos populistas na rádio católica de Timor a incitar ao derrube do governo. Sendo que de momento a policia impede o acesso das multidões fervorosas ao centro de Dili.

É nestas situações que se vê o quanto a ICAR mudou. Nada. Sedenta de poder e de conformidade a todo o custo continua na sua cruzada de domínio e com Bento XVI como líder episódios destes só se vão tornar mais comuns e mais violentos. Auguro dias difíceis e de muita luta aos defensores do secularismo.

19 de Abril, 2005 pfontela

Está no seguro

A onda de escândalos de abusos sexuais a menores envolvendo padres católicos que abalou a América está a chegar à Europa. No total às mais de 10000 vítimas americanas foram pagos cerca de 840 milhões de dólares e as indemnizações Europeias podem muito bem chegar a esses números, sendo que por exemplo na Grã Bretanha e na Irlanda já existem dezenas de casos a correr contra as respectivas dioceses. Apesar da ICAR ter seguro contra casos de abuso (sim é verdade, os senhores da ICAR fizeram uma apólice de seguro a cobrir essa eventualidade na década de 80) é algo duvidoso que ele cubra todos os casos já abertos. No passado muitos processos foram resolvidos através de acordos extra judiciais em que a condição para receber o dinheiro era a vitima ficar calada mas parece que não vai ser o caso com os processos mais recentes, a ICAR vai pagar mas vai receber toda a atenção que merece.

18 de Abril, 2005 pfontela

A ficção dos direitos da mulher

Para quem gostar de obras de ficção fica aqui uma boa dica: porque que é que os direitos da mulher são uma ficção ocidental. Uma “obra prima” do conservadorismo islâmico que visa convencer-nos que afinal a intolerância religiosa não existe e que os maus da fita são os que querem dar oportunidades de escolha livres a todos os cidadãos independentemente do sexo, nacionalidade, raça, orientação sexual, idade, etc.

Como sempre a sociedade ocidental é definida como um ninho de víboras que querem corromper a pureza islâmica (se por pureza se entender uniformidade à ponta de uma arma então o termo é usado correctamente) e tudo o que dela emana é vilificado. Um texto a recordar, não tanto pela sua qualidade mas pelo facto de muitos dos seus argumentos serem usados repetitivamente por muitos conservadores religiosos, de diferentes quadrantes, para defender posições similares. Sem dúvida que a cúria de Roma (o mais recente aliado das teocracias islâmicas na luta contra a modernidade) não teria problemas em assinar de cruz este género de ideias.

16 de Abril, 2005 pfontela

Bastiões da fé II: o caso grego

Outro reduto da fé radical e abusiva é sem dúvida a Grécia onde a Igreja Ortodoxa Grega se insinuou de tal modo no Estado e nas vidas dos seus cidadãos que durante muito tempo foi impossível promulgar qualquer legislação que ameaçasse a ortodoxia.

Mas os tempos mudaram. Recentemente o público grego tem sido sistematicamente confrontado com escândalos dentro da Igreja. Desde traficantes de droga que se fazem passar por monges para fugir às autoridades (com a aparente cumplicidade da hierarquia da Igreja Ortodoxa Grega – IOG) a altos representantes da mesma Igreja que são acusados de corrupção (subornos a juizes e outros funcionários).

Tudo isto mais a inevitável mudança de mentalidade causou um verdadeiro colapso no apoio à Igreja e à sua posição privilegiada dentro da sociedade grega (cerca de 65% dos gregos são a favor da separação da Igreja e do estado). Pela primeira vez em muitos anos há uma oposição clara ao posicionamento do Estado face à Igreja. Até o parlamento grego partilha este sentimento, no mês passado na tomada de posse do novo presidente muitos deputados saíram da sala ou recusaram-se a levantar-se à entrada do arcebispo Christodoulos (representante máximo da IOG).

Ventos de mudança chegaram à Grécia, parecendo provável que os dias de religião forçada nas escolas gregas (ensinada como é óbvio pela IOG) e salários clericais pagos pelo governo estão a chegar ao fim.