3 de Junho, 2008 Mariana de Oliveira
Ateus, Agnósticos e cépticos criam primeira Associação Ateísta Portuguesa
Perto de uma centena de ateus, agnósticos e cépticos criaram a primeira Associação Ateísta Portuguesa (AAP) para divulgar esta «filosofia» de vida e combater a «discriminação e os preconceitos pessoais e sociais» de que dizem ser alvo.
A criação da associação coincide com uma «generalizada ofensiva clerical a que Portugal não ficou imune, apesar de o ateísmo não se definir pela mera oposição à religião e ao dogmatismo, em nome da liberdade, da igualdade e da defesa dos direitos individuais», refere a AAP.
Em declarações hoje à agência Lusa, o presidente da comissão instaladora da AAP, Carlos Esperança, disse que os ateus estão a ser «atacados publicamente, de forma violenta», nomeadamente pela religião católica.
«Foi o Papa Bento XVI e depois o Cardeal Patriarca, D. José Policarpo, que considerou o ateísmo o maior drama da humanidade», sublinhou Carlos Esperança.
Para os ateístas, «o grande drama da humanidade é a fome, a guerra, o analfabetismo e o terrorismo», justificou. Carlos Esperança adiantou que a associação surgiu da necessidade da defesa da laicidade do Estado e de todas as correntes religiosas.
«Não podemos sofrer represálias por mudar de crença ou ser anti-crente», sustentou à Lusa.
A AAP defende «os interesses comuns a todos os que escolhem viver sem religião, defendendo o direito a essa escolha e a laicidade do Estado, e combatendo a discriminação e os preconceitos pessoais e sociais que possam desencorajar quem quiser libertar-se da religião que a sua tradição lhe impôs», conforme refere o «Manifesto Ateísta» da associação.
«O direito de não ter religião, ou de ser contra, é igual ao direito inalienável de crer, deixar de crer ou mudar de crença, sem medos, perseguições ou constrangimentos», sublinha o manifesto.
No «Manifesto Ateísta», a associação saúda ainda «todos os livres-prensadores: ateus, agnósticos e cépticos», que «dispensam qualquer deus para viverem e promoverem os valores da liberdade, do humanismo, da tolerância, da solidariedade e da paz».
«O direito de não ter religião, ou de ser contra, é igual ao direito inalienável de crer, deixar de crer ou mudar de crença, sem medos, perseguições ou constrangimentos», acrescenta.
Fonte: Sol, 03 de Junho de 2008.