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Mariana de Oliveira

4 de Abril, 2004 Mariana de Oliveira

Causa Nossa

No blog Causa Nossa, Vital Moreira escreve sobre a inauguração oficial das novas instalações da televisão e rádio públicas.

Estado laico?

A cerimónia de inauguração oficial das novas instalações da RTP e da RDP a sua bênção religiosa pelo cardeal-patriarca de Lisboa. Nada de novo, desde que o Estado Novo procedeu à recuperação da união entre o Estado e a Igreja Católica, situação que a III República não foi capaz de mudar até agora. Só que não se vê meio de compatibilizar a inclusão de cerimónias religiosas em actos públicos com o princípio constitucional da separação entre o Estado e as igrejas, que implica naturalmente uma separação entre a liturgia religiosa e a liturgia oficial do Estado. A seis anos do centenário da implantação da República e do princípio da separação, era altura de o voltar a levar a sério.

31 de Março, 2004 Mariana de Oliveira

Hora da Poesia

Um soneto de Antero de Quental.

DIVINA COMÉDIA

Erguendo os braços para o Céu distante

E apostrofando os deuses invisíveis,

Os homens clamam: – «Deuses impassíveis,

A quem serve o destino triunfante,

Porque é que nos criastes?! Incessante

Corre o tempo e só gera, inextinguíveis,

Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,

Num turbilhão cruel e delirante…

Pois não era melhor na paz clemente

Do nada e do que ainda não existe,

Ter ficado a dormir eternamente?

Porque é que para a dor nos evocastes?»

Mas os deuses, com voz inda mais triste,

Dizem: – «Homens! porque é que nos criastes?!»

28 de Março, 2004 Mariana de Oliveira

Citação do Dia

Um homem que está livre da religião tem uma oportunidade melhor de viver uma vida mais normal e completa.

Sigmund Freud

28 de Março, 2004 Mariana de Oliveira

A América debaixo de Deus

Os Estados Unidos da América orgulham-se de ser o farol mais brilhante da Liberdade e da Democracia. No entanto, entre muitos outros atropelos a direitos e garantias fundamentais, encontra-se o pledge of allegiance ou juramento de lealdade. Em todo o país, as crianças da escola primária começam o dia a recitar este juramento.

Criado no séc. XIX pelo jornalista Francis Bellamy – indivíduo anti-clerical -, o texto, curiosamente, não incluía qualquer referência religiosa. Foi na década de 50 que o Congresso americano votou para acrescentar Deus ao juramento. Assim, actualmente, milhares de crianças juram fidelidade à bandeira e a uma nação indivisível, sob Deus.

Em 2002, Michael Newdow, ateu californiano, resolveu acabar com esta violação do princípio da separação entre religião e Estado e abriu um processo judicial para abolir o uso do juramento nas escolas públicas americanas. Newdow ganhou, mas o processo seguiu, de instância em instância, até chegar ao Supremo Tribunal. Esta semana, o autor do processo foi explicar a sua oposição àquele tribunal.

Newdow diz que o juramento divide a sociedade, que aponta o dedo aos ateus. O juiz-presidente do Supremo Tribunal, William Rehnquist, fez notar que quando a adição de sob Deus foi votada no Congresso, há meio século, a votação foi unânime e, portanto, não haveria sinal de divisão. A isto Newdow retorquiu afirmando que o voto só foi unânime porque nenhum ateu poderia ser eleito para um cargo público.

Os apologistas do juramento defendem-se ainda dizendo que a referência a Deus é tão vaga que apenas tem contornos cívicos e não religiosos e que, para além disso, as crianças não são obrigadas a pronunciar as polémicas palavras. Newdow contra-argumenta que a pressão social a que os alunos são submetidos é incompatível com a protecção da sua liberdade religiosa. O Estado tem de ficar totalmente fora [da religião].

O problema da separação da Igreja do Estado não se coloca apenas neste pledge of allegiance. É bem sabido que os dólares ostentam a frase In God We Trust e a sessão de abertura do Supremo Tribunal começa por God save the United States and this honorable court. Estes são reflexos de um sentimento religioso intensamente enraizado numa sociedade que vê com maus olhos o ateísmo e os movimentos humanistas seculares. Reflexos que encontram expressão em determinados sectores políticos, nomeadamente, no Presidente Bush. É assim que um país que foi pioneiro na defesa da Democracia e da Liberdade se torna num poço de contradições e hipocrisias.

27 de Março, 2004 Mariana de Oliveira

O que vem à rede

Aqui está mais um daqueles e-mails em cadeia que enchem as nossas caixas de correio.

Pergunto-me: será que há alguém que acredita realmente que terá uma vida miserável ou morrerá de maneira idiota se não enviar a missiva para mais de dez pessoas?

Esta foto foi tirada no Bosque Brown aonde aparece uma senhora com seu marido. No canto superior direito aparece a imagem de uma pessoa os cientistas não encontraram uma explicação lógica para isso. Nunca mais se viu o casal da foto, desapareceram inexplicavelmente e crê-se que estão mortos. Não fiz esta mensagem, mas a recebi de alguém que conheço. Diz-se que todos que vêem esta foto terão uma terrível notícia 7 dias após tê-la visto. E isto só pode ser evitado enviando a foto a 15 pessoas. Um rapaz de 19 anos não enviou a foto às 15 pessoas e no sétimo dia após ter visto esta foto foi atropelado e morto.

É melhor enviar, que ter que esperar 7 dias para ver o que acontece.

Lembre-se que amanhã começa o dia 1.

Uhhh…

26 de Março, 2004 Mariana de Oliveira

Momento Poético

Dos Sonetos de Antero de Quental.

HINO À RAZÃO

Razão, irmã do Amor e da Justiça,

Mais uma vez escuta a minha prece.

É a voz dum coração que te apetece,

Duma alma livre só a ti submissa.

Por ti é que a poeira movediça

De astros, sóis e mundos permanece;

E é por ti que a virtude prevalece,

E a flor do heroísmo medra e viça.

Por ti, na arena trágica, as nações

buscam a liberdade entre clarões;

e os que olham o futuro e cismam, mudos,

Por ti podem sofrer e não se abatem,

Mãe de filhos robustos que combatem

Tendo o teu nome escrito em seus escudos!

25 de Março, 2004 Mariana de Oliveira

Há 25 anos

Nos tempos que correm e com o constante atropelo do princípio fundamental da laicidade do Estado perpretado não só por membros de grupos ligados à religião, mas também por elementos do Governo, talvez tenhamos, um dia, um ressurgimento de um movimento semelhante.

JN há 25 anos Manifestação pró-Governo e Igreja

25/3/1979

Uma manifestação levada a efeito, em Braga, com o objectivo de “apoiar o Governo e a Igreja”, ficou marcada por incidentes de que resultaram alguns feridos. A iniciativa partiu de um grupo de bracarenses que se afirmavam como “portugueses e católicos” e os participantes, após concentração na Avenida Central, dirigiram-se em cortejo para o Governo Civil, a fim de fazerem entrega de um documento entretanto aprovado. Nele se dizia que “não temos medo, não somos bombistas, não somos antidemocracia, não somos fascistas, não somos comunistas, não somos marxistas; somos portugueses que damos a cara”. Assim, “gritamos em alta voz e defendemos: Deus, Pátria, Igreja e Família”. Declarou um orador, ao fazer a leitura daquele documento, que “recebemos Portugal dos nossos antepassados, temos de entregar Portugal livre e limpo aos nossos filhos”. Na extensa exposição, perguntava-se “para onde vai Portugal com centenas de milhões de contos de dívidas” e que “Assembleia da República é esta, que em vez de defender sabota os interesses do povo”. Pretendia-se, assim, uma Assembleia que “defenda a vontade do povo, uma maioria não marxista”, e apelava-se à “defesa do Governo Mota Pinto ou de outro que seja participadopor portugueses de boa-vontade”. Feita a leitura do manifesto, organizou-se um cortejo em direcção ao Governo Civil, mas à sua passagem na Praça do Comércio verificou-se o rebentamento de três petardos que causaram ferimentos em quatro pessoas. A PSP deteve um indivíduo que tinha na sua posse uma arma branca e duas dezenas de munições.

25 de Março, 2004 Mariana de Oliveira

Um pobre de espírito, a ex-namorada, uma cartomante e uma bíblia.

Hoje, uma colega da faculdade contou-me uma divertida história que se passou com um amigo dela.

No início desta semana, o rapaz H estava a ter problemas com a namorada: o regresso do seu (dela) antigo amor fê-la pensar, as indecisões começaram a surgir, o tempo para partilhar com os dois pretendentes e com as aulas escasseava… Nada de novo na vida de um jovem adulto. H desesperava, o que devia fazer? Devia inventar estratagemas para saber o paradeiro da sua amada? Devia segui-la e apanhá-la em flagrante delito com o opositor? Devia armar-se em vítima e tentar conquistá-la através da compaixão? H, recorrendo a toda a sua maturidade, fez tudo isso. Mas antes… consultou uma cartomante que lhe disse que ele estava com problemas sentimentais, que havia um outro homem no caminho da sua felicidade e que, um dia, a rapariga iria ver a realidade: H era o homem ideal. Para além disso, também previu muito dinheiro e sorte na vida do jovem.

Tudo o que a senhora viu nas cartas tem uma explicação lógica: indicações que o paciente vai dando ao longo da consulta, comentários generalistas que se aplicam a todas as pessoas independentemente das especificidades das suas vidas e previsões favoráveis que todos gostam de ouvir.

Agora, a cereja no bolo. A irmã de H pegou numa bíblia e abriu-a… e a mão de deus levou-a a um trecho que falava em adultério, traição, sexo desregrado, homens falsos, mulheres devassas, enfim, o pitoresco a que já estamos habituados. Qual foi a interpretação dada ao incidente? Aquilo era um presságio de que o temível adversário era um homem mau e vil, que a rapariga era uma rameira e que, no fim, ela voltaria para o guardião da virtude e da felicidade!

Bem aventurados os pobres de espírito, já dizia o outro.

24 de Março, 2004 Mariana de Oliveira

Ser abençoado

Parece que está montada uma cabala com o intuito de me converter através da tecnologia.

Esta imagem foi-me enviada, para não variar, por correio electrónico.

Confesso perante todos: não sou uma pessoa abençoada; não consigo ver a cara de J.C.

24 de Março, 2004 Mariana de Oliveira

Citador

Eu acredito que a disseminação do catolicismo é o meio mais horrível de degradação política e social deixado no mundo.

Charles Dickens