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Mariana de Oliveira

13 de Dezembro, 2004 Mariana de Oliveira

Ma-Schambéns

Ma-Schamba

Parabéns ao Ma-Schamba pelo seu primeiro aniversário blogosférico e que continue a mostrar os encantos africanos à aldeia global.

11 de Dezembro, 2004 Mariana de Oliveira

Blasfemos

Fui hoje alertada para a existência de um «post» do Blasfémias intitulado «Fundamentalismo anti-cristão e a necessidade de trabalhar as almas». Li imediatamente o artigo, em que é citado o nosso amigo Josemaría Escrivá, e fiquei encucada. Será que o colaborador do blogue queria mesmo citá-lo? Será que era mesmo a sério? Pelos comentários que li, a resposta é claramente afirmativa e, como o texto é dedicado ao Diário Ateísta, não podemos deixá-lo sem resposta.

Mas o que, concretamente, se diz? Primeiro que «os inimigos de Jesus – e alguns que se dizem seus amigos -, cobertos com a armadura da ciência humana, empunhando a espada do poder, riem-se dos cristãos como o filisteu se ria de David, desprezando-o». Não me parece que nós, cavaleiros de armadura científica matemática ou social, desprezemos os católicos. O que desprezamos, isso sim, é a instituição reguladora da sua fé. Porquê? Porque é castradora de qualquer tipo de pensamento independente que ponha em causa os seus axiomas. Na verdade, a nossa atitude não pode ser considerada de desprezo – uma vez que não desconsideramos o fenómeno ICARiano -, mas sim uma luta contra os excessos intolerantes defendidos pela hierarquia da Igreja Católica.

De seguida pode ler-se: «o gigante dessas falsas ideologias [o Golias do ódio, da falsidade, da prepotência, do laicismo, do indiferentismo] pelas armas aparentemente débeis do espírito cristão – oração, expiação, acção -, despojá-lo-emos da armadura das suas doutrinas erróneas, para revestir os homens, nossos irmãos, com a verdadeira ciência: a cultura e a prática cristãs.» Aqui estamos perante uma clara afirmação autista de que a única e verdadeira ideologia é a católica e que quaisquer outros valores estão completamente errados, especialmente aqueles que pugnam pela laicidade. Ora, a verdade e «o certo e o errado» são relativos e a laicidade que defendemos entende exactamente isto na medida em que deixa espaço para os indivíduos, de acordo com a sua livre consciência, decidam por si mesmos.

Josemaría Escrivá e a sua obra, a Opus Dei, representam os valores opostos que devem imperar numa sociedade livre e plural como deve ser a nossa. Esta organização «propõe-se promover, entre pessoas de todas as classes da sociedade, o desejo da plenitude de vida cristã no meio do mundo». Mas que vida cristã? Uma vida recheada de flagelos corporais, alienação da família e outras práticas deveras questionáveis. Uma vida pautada por indicações e interesses que vão para além do espiritual. Uma vida sem liberdade, especialmente de pensamento.

Não, nós não lutamos contra crentes. Nós lutamos para que todos, crentes ou não, tenham a oportunidade de seguir o seu caminho livres e esclarecidos. Se lutar pela Liberdade é fundamentalismo, então, de facto, somos fundamentalistas… orgulhosamente fundamentalistas.

11 de Dezembro, 2004 Mariana de Oliveira

Parabéns renófilos

Renas e Veados

O Renas e Veados festeja hoje o seu aniversário. O Diário Ateísta felicita toda a equipa renófila pela sua obra que muito tem contribuído para uma maior iluminação da sociedade portuguesa.

11 de Dezembro, 2004 Mariana de Oliveira

Os bons samaritanos

No próximo dia 17 de Dezembro, o Vaticano apresentará uma nova fundação, denominada «O Bom Samaritano», cujo objectivo é ajudar os doentes mais necessitadozinhos, especialmente os que têm sida.

A Santa Sé quer uma instituição aberta a todos os que pretendem ajudar os doentes com sida em África. «Queremos que seja uma instituição que englobe toda a Igreja católica permanecendo fiéis aos nossos ideais prioritários em relação à doença, que são antes de tudo a prevenção e a assistência ao doente», disse o cardeal Lozano Barragán, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde.

E quais serão as actividades promovidas pela fundação? A habitual educação aos valores cristãos de fidelidade, com grande relevo para a castidade, a fidelidade conjugal e a abstinência sexual.

Não há quaisquer informações sobre se a fundação irá canalizar alguns dos recursos da ICAR para a investigação científica de uma possível cura ou vacina definitivas contra esta doença ou mesmo para uma educação isenta e correcta que permita aos indivíduos evitarem o contágio.

9 de Dezembro, 2004 Mariana de Oliveira

O subsídio

A Comissão dos Orçamentos, presidida pelo polaco e democrata-cristão Janusz Lewandowski, adoptou, numa primeira leitura, uma emenda que concede um subsídio de 1 500 000 euros à Igreja Católica para as Jornadas Mundiais da Juventude de Colónia, a realizar em 2005.

A União Europeia, como organização de Estados de Direito pluriculturais, tem obrigatoriamente de seguir determinados princípios de Direito que, actualmente, se consideram fundamentais: o princípio democrático, o princípio da igualdade e o princípio da laicidade. Ora, havendo um órgão daquela organização, presidido por uma personalidade assumidamente religiosa, que autoriza a subvenção de um encontro de derminada religião, cujas instituições estão longe de uma situação de falência, subvertem-se todos aqueles valores que devem imperar nos dias que correm.

8 de Dezembro, 2004 Mariana de Oliveira

Nota pública

Foi hoje publicado no Público o artigo do Carlos sobre a eutanásia, já editado neste Diário.

6 de Dezembro, 2004 Mariana de Oliveira

A Este nada de novo

Segunda-feira, o papa, uma vez mais, disse que a Europa deve encontrar «os modos e os caminhos para construir a paz num clima de frutuosa colaboração, no respeito pelas culturas e os legítimos direitos de todos», desde que não sejam as culturas e os direitos dos heréticos secularistas.

JPII relevou a herança que cada um dos Estados-membros traz e lembrou que o Vaticano «não cessa de defender o direito dos povos a apresentar-se no cenário da história com as suas próprias particularidades, no respeito das legítimas liberdades de cada um». Esse património particular, «claramente marcado pela herança cristã», serviu de pretexto para que o chefe da ICAR reiterasse que aquela instituição «não está nem pode estar à margem da construção europeia». «No actual debate cultural e social, emerge a necessidade de sublinhar as raízes cristãs, das quais o tecido popular tira a linfa vital desde há séculos», afirmou.

João Paulo II aproveitou também para mandar um recado para os políticos europeus: que respeitem o «nobre património de ideais humanos e evangélicos» e que todos se comprometam «na construção de uma sociedade livre, com sólidos fundamentos éticos e morais», desde que esses fundamentos sejam cristãos e, particularmente, católicos.

Não esquecendo os seus fiéis seguidores, enviou também o apelo a «colaborarem com todas as pessoas de boa vontade» – apenas os ICARianos – na luta contra modelos de vida «secularistas e hedonistas».

Portanto, a mensagem do Vaticano, quanto a uma União Europeia pluralista assente nos valores da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, continua a mesma: é tudo muito bonito desde que a ICAR mantenha as rédeas que comandam a sociedade, toda a sociedade.

4 de Dezembro, 2004 Mariana de Oliveira

Apologia da abstinência

O padre Feytor Pinto, presidente da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde, durante o 18º Encontro Nacional da Pastoral da Saúde, afirmou que «a Igreja não está suficientemente atenta ao problema da sexualidade e afectividade humana” e observou que existe algum «desconforto» nos sectores católicos em abordar estes temas. Não é preciso ser um conhecedor profundo da axiologia da Igreja Católica para concluir que não se trata apenas de «desconforto», mas sim de completa condenação de tudo o que esteja com uma sexualidade e afectividade carnais.

De acordo com o padre, este alheamento da ICAR levou a que os principais promotores de campanhas de luta contra a sida sejam organizações não-governamentais que defendam o uso do preservativo como única forma de combater o contágio pelo VIH.

«O drama é que quando as pessoas ouvem falar em sexo seguro pensam apenas na protecção exterior, com o uso do preservativo» e preferem «ignorar a necessidade de mudança dos comportamentos», declarou Feytor Pinto. «Em vez de contrariar os comportamentos, tenta-se eliminar as suas consequências», frisou, lastimando que os organismos de prevenção da sida não falem em abstinência sexual, monogamia ou fidelidade, preferindo não olhar à «prostituição dos valores» em que as relações vivem. Feytor Pinto não fez mais do que seguir as orientações do Vaticano, segundo as quais a epidemica é resultado de uma «imunodeficiência de valores morais e espirituais» e que esta doença não é mais do que uma «patologia do espírito» que deve ser combatida com o «ensino do respeito pela valores sagrados da vida e uma correcta prática sexual»

Nada de novo, então, se passa no seio da Igreja quanto ao combate contra a sida. Para a ICAR a única maneira de combater o vírus é ignorar a necessidade inerente ao ser humano de se relacionar sexualmente com o próximo, independentemente de procurar ou não um compromisso a longo prazo. A defesa da abstinência é contra-natura e é hipócrita.

É de uma irresponsabilidade brutal, assassina até, a posição da ICAR sobre a luta contra o vírus da sida. Estima-se que, actualmente, 36,1 milhões de pessoas estejam contagiadas. Em 2000, foram infectadas cerca de 5,3 milhões de pessoas, sendo 600 000 crianças.

Desde que a epidemia é conhecida, o vírus matou 21,8 milhões de pessoas.


Em 2003 3 milhões de pessoas morreram de doenças relacionadas com o VIH.

Calcula-se que 51% da população mundial infectada com VIH/SIDA (mais de 20 milhões) são mulheres e mais de 60% dos jovens seropositivos são mulheres.

Diariamente, ocorrem 16 000 novas infecções, 55% são mulheres.

E, perante estes dados, vemos uma das organizações que tem mais influência nas sociedades a propagandear que o preservativo não é um meio seguro para combater o contágio. Tudo em nome da manutenção de valores hipócritas que nem os próprios membros da hierarquia da ICAR seguem.

2 de Dezembro, 2004 Mariana de Oliveira

Regresso ao passado

Cristãos, muçulmanos e judeus juntaram-se em Doha, no Qatar, na defesa da «família tradicional» e aprovaram um documento, a «Declaração de Doha», onde se sublinha que «a família é a célula natural e essencial da sociedade», exortando que os governantes «promulguem e apliquem políticas que reforcem a estabilidade do casamento». Não se sabe é qual é o conceito exacto de família tradicional. Será aquela em que a mulher passa do jugo do pai para o do marido? Em que a mulher está confinada às lides da casa? Em que a principal utilidade da mulher é ter filhos e servir de saco de pancada do marido? Em que os filhos estão submetidos à vontade do pai? Isso é que são valores tradicionais, nada dessas tretas de igualdade e de direitos.

A «Declaração de Doha» sublinha a importância de «atender às normas religiosas e morais que contribuem para a estabilidade cultural e o progresso social», progresso esse que não se tem notado nos últimos tempos e que tem andado disfarçado de retrocesso na defesa de direitos, liberdades e garantias.

O cardeal Alfonso López Trujillo, presidente do Conselho Pontifício para a Família e representante do Vaticano neste evento, e que proferiu uma conferência sobre «A complementaridade do homem e da mulher: aproveitar os talentos de mães e pais» (especialmente os talentos culinários e parideiros de mães), afirmou que a família é uma instituição anterior ao Estado, defendendo que «nenhum governo tem o direito de mudar a definição de família ou de matrimónio». Ou seja, os Estados soberanos, como na Idade Média, têm de se submenter a conceitos não-jurídicos de matrimónio fundados em concepções morais e religiosas que não servem a nenhum Estado que se quer de Direito.

Não se ficando por aí, Trujillo declarou que «em todas as culturas e religiões há uma verdade presente: a família está baseada no matrimónio, o único lugar válido e apropriado para o amor conjugal». Não recebem, assim, a bênção todas as relações para-familiares como as uniões de facto que, actualmente, os ordenamentos têm vindo a reconhecer como situações dignas de tutela jurídica.

Parece que o regresso a uma família tradicional implica o regresso da mulher a um papel subalterno de cozinheira e parideira, ao desaparecimento de uma noção contratualista de casamento , à proibição do divórcio e à restauração de costumes tão interessantes como a poligamia e a lapidação feminina.

1 de Dezembro, 2004 Mariana de Oliveira

ENA III: Cardápio

A Comissão Organizadora do ENA III, após uma árdua demanda pelos hóteis, casas de pasto, restaurantes, tascos, centros de congressos e salas de exposições da cidade de Coimbra, encontrou um local para o III Encontro Nacional de Ateus, a realizar no dia 19 de Dezembro.

Quem nos irá dar guarida é o hotel D. Luís, situado em Santa Clara, na margem esquerda do Mondego e com uma bela vista sobre a Lusa Atenas, mais propriamente à frente da rotunda da Ponte Europa.

A refeição, porque não podemos trabalhar correndo o risco de nos dar uma fraqueza, tomará a forma de um bufete composto por, sopa, entradas, dois pratos quentes (peixe e carne), várias saladas (umas de vegetais, outras de polvo e de orelha de porco), carnes frias e uma variedade de sobremesas (doces e fruta).

O preço será de 14 euros com o suplemento de 2,50 euros por pessoa para vinhos ou águas ou refrigerantes.

Agora, resta apenas inscreverem-se.