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Mariana de Oliveira

26 de Março, 2005 Mariana de Oliveira

História interminável

Depois de assinada a lei que obriga os médicos da Florida a manterem o estado vegetativo de Terri Schiavo, de um juiz federal ter decidido contra a reinserção do tubo de alimentação, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos rejeitou analisar o recurso, apresentado pelos pais de Terri Schiavo, que contestava a decisão judicial que autorizou a remoção do tubo digestivo que alimenta artificialmente a doente.

Com esta decisão, aos pais só resta a intervenção do irmão do mui religioso presidente Bush, o governador da Florida, Jeb Bush, que já assegurou que «continuará a explorar todas as possibilidades legais para manter Terri viva».

No Diário de Notícas, novo órgão informativo da ICAR, Luís Delgado grita e exorta: «Que mundo é este, meu Deus? Gritem, enviem apelos, cartas, e-mails, tudo o que for possível para salvar Schiavo!». Mas salvá-la de quê? De uma não-existência?

22 de Março, 2005 Mariana de Oliveira

A saga continua

Depois de assinada a lei que obriga os médicos da Florida a manterem o estado vegetativo de Terri Schiavo, um juiz federal decidiu contra a reinserção do tubo de alimentação.

De acordo com o magistrado, os pais de Terri Schiavo não foram capazes de provar «uma probabilidade de sucesso substancial» no julgamento sobre o mérito da causa. O magistrado escreveu ainda que «os interesses de liberdade e de vida» foram protegidos pelos tribunais do estado da Florida.

Como nas últimas horas da manhã foi apresentado um recurso da decisão, o caso ainda não está encerrado.

21 de Março, 2005 Mariana de Oliveira

As aparências

Vinda do Renas e Veados, chega a notícia que um bispo católico, em San Diego, recusou um funeral a um católico, por este ser dono de dois bares gays.

De acordo com um representante da diocese, o negócio do falecido era «inconsistente com os ensinamentos católicos» e «as pessoas ficariam escandalizadas se a igreja concedesse um funeral a alguém que se dedicasse a estas actividades».

O mais curioso é que o bispo que recusou a cerimónia fúnebre acordou numa indemnização de 100 000 dólares a um ex-seminarista que alegava ter sido coagido a ter relações sexuais não só com este senhor, mas também com outros clérigos influentes.

20 de Março, 2005 Mariana de Oliveira

Islão no feminino

Amina Wadud, professora de Estudos Islâmicos na Universidade de Commonwealth de Virgínia e autora do livro «Qur”an and Woman: Rereading the Sacred Text from a Woman”s Perspective», foi a primeira mulher presidir a uma oração islâmica onde estiveram presentes ambos os sexos.

Para a organização Muslimwakeup.com – e para o mundo – este é um evento histórico que deve ser celebrado uma vez que «as mulheres muçulmanas vão reclamar o seu direito a ser iguais em termos espirituais e líderes».

Como não podia deixar de ser, as críticas não se fizeram esperar. Talib Abdur-Rashid, imã da mesquita da Irmandade Muçulmana em Harlem, afirmou que «O islão é uma religião de fé e de crença, mas também de lei» e que «não existe nenhum precedente legal», questinonando «o que é que as pessoas da Muslimwakeup perceberam que milhares de milhões de muçulmanos ao longo do tempo não tenham percebido?». Ora, a lei não é imutável e, quando está contra a ideia de Justiça e de Direito, deve ser mudada. Para além disso, os precedentes abrem-se e este é um que deve ser aberto.

Esta é uma iniciativa que todos devemos aplaudir, muçulmanos ou não. A mulher, tanto a muçulmana como a cristã, foi relegada demasiado tempo para segundo plano. É altura de, finalmente, elas se afirmarem como titulares plenos direitos não só dentro da sua própria religião, como também na sociedade.

18 de Março, 2005 Mariana de Oliveira

Não é nada disso

Afinal, a ICAR não está a promover nenhuma campanha para que não se leia nem se compre o «Código Da Vinci».

O que a arquidiocese de Génova se limitou a fazer, ao dar-se conta «da difusão deste livro nas escolas» foi tomar «medidas de reflexão e de confrontação pública também, aberta e decidida». Lá por Tarcisio Bertone ter dito «Não leiam e não adquiram o Código Da Vinci», não significa que exista uma cruzada contra aquela obra. Na verdade, a ICAR até é muito tolerante e sabe mostrar a outra face porque, citando o sociólogo americano Philip Jenkins, o senhor Bertone afirma que «o êxito do livro é só outra prova de que o anti-catolicismo “é a última discriminação aceitável”».

De qualquer maneira, apesar das mentiras escritas por Dan Brown, a ICAR é benevolente.

Pois…

17 de Março, 2005 Mariana de Oliveira

A resposta da PGR

No seguimento da carta, enviada pela Associação República e Laicidade ao senhor Procurador Geral da República, a propósito do «caso Lereno», a Procuradoria Geral da República informou que a queixa seguiu para a Senhora Procuradora-Geral Adjunta, Directora do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa.

17 de Março, 2005 Mariana de Oliveira

The three little shepherds

Descobri n’ A Ilha do Dia Antes que, depois de «A paixão de Cristo», em que Mel Gibson passa duas horas inteiras a mostrar aquela personagem a ser espancada e brutalizada das mais variadas formas (nunca vi um uso tão abusivo de molho de tomate), o realizador está a planear a realização de um filme sobre Fátima.

Parece que Mel Gibson ficou muito bem impressionado com a falecida vidente de Fátima, já para não falar que a sua morte renovou um certo interesse do público pela estória.

Ficamos ansiosamente à espera de mais notícias sobre um eventual «casting» de Catarina Furtado, actriz que já tem experiência neste assunto.

16 de Março, 2005 Mariana de Oliveira

Uma esmolinha, por favor

O reitor da Universidade Católica Portuguesa, ontem, disse esperar «que este novo Governo, que faz da liberdade o seu apanágio, olhe sem receio para a liberdade de ensino, enquanto liberdade de ensinar e de aprender». Numa cerimónia daquela instituição, agradeceu às famílias dos alunos a «coragem que tiveram em exercer o direito à liberdade de ensino», o que «implicou que tivessem de pagar duplamente, primeiro enquanto contribuintes do Estado e depois através das propinas».

A Universidade Católica Portuguesa é uma instituição de ensino superior privada. Por isso, deve encontrar meios para o seu próprio financiamento em nome dessa sua autonomia privada. Para além disso, a Universidade Católica é isso mesmo: católica. Ao pretender um estatuto de financiamento diferente das outras universidades privadas, está a entrar em rota de colisão com o princípio da igualdade e com o princípio da laicidade.

E há um outro factor a considerar: se o Estado não tem verbas para financiar os seus próprios estabelecimentos de ensino superior, como é que irá arranjar fundos para os privados?