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Mariana de Oliveira

12 de Junho, 2005 Mariana de Oliveira

Curso de Verão

Entre 13 e 21 de Julho vai realizar-se, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, um curso de Verão intitulado «Religion and International Law: Past and Present».

Os temas principais são os seguintes:
– «As if God existed» – Religion and International Law in History
– The Global Resurgence of Religion Facts Statistics and Analysis
– Religion and Literature in International Law Standard Texts
– The Religious Foundations of the Idea of Human Rights
– The Global Religious Resurgence and International Law
– Religious Freedom in the European Court of Human Rights
– International Law, Global Ethic And the Universability of Human Rights
– God, Global Public Health and International Law
– Secularism, Conscience, Religious Symbols and the Public Sphere
– Jewish Influence on International Law and Human Rights
– Judaic Sources of Democracy
– The Functions of Religious Freedom In a Religiously Divided World
– The French Ideal of «Laicité» and International Human Rights Law
– Religion, Neutrality and European Integration
– Religious Activism, NGO?s and International Popular Mobilization

A língua de trabalho será o inglês e as inscrições terminam no dia 1 de Julho.

12 de Junho, 2005 Mariana de Oliveira

Perdidos e achados

O secretário pessoal do ex-Papa João Paulo II, o bispo Stanislaw Dziwisz, afirmou que, ao contrário das instruções que recebera, não queimou os documentos pessoais de Karol Wojtyla.

No testamento, JP2 pediu expressamente: «Que os meus apontamentos pessoais sejam queimados». Mas Dziwisz considerou os papéis um grande tesouro que deveria ser «guardado e preservado para a posteridade». Afinal, o que interessa o cumprimento de uma vontade póstuma?

O agora arcebispo de Cracóvia assegurou que as notas pessoais do defunto pontífice serão divulgadas ao público de forma gradual, acrescentando que tais documentos poderão ajudar no processo de santificação aberto por Ratzinger, também conhecido por Bento XVI.

Portanto, aguardaremos impacientes o desvelar de tais textos que, de certeza, conterão precisosos ensinamentos que mostrarão que João Paulo II era um Papa sábio, tolerante, ecuménico e que gostava muito dos jovens.

4 de Maio, 2005 Mariana de Oliveira

Malditos amuletos

Um homem de cerca de trinta anos chamado, Mamadou Obotimbe Diabikile, tentou assaltar o Banco de Desenvolvimento do Mali convencido de que estava sob a protecção de um feitiço que o tornaria invisível (A Cabra, ed. nº 132, ano XIV, pág. 23). O ladrão foi preso, tendo sido alvejado antes da detenção pelas forças policiais.

De acordo com fonte policial, o homem trazia consigo «cerca de quinze quilos de amuletos» e possuía mais em casa.
Mamadou declarou às autoridades que queria «vingança» e parecia pertencer a uma seita. No entanto, não foi capaz de dar uma explicação coerente para a tentativa de assalto.

A religião e a superstição podem conduzir a estes comportamentos estranhos e absurdos para qualquer um que consiga articular um raciocínio mais ou menos lógico.

2 de Maio, 2005 Mariana de Oliveira

Fitas e água benta

A Bênção das Pastas é uma cerimónia religiosa católica, presidida pelo Bispo de Coimbra, que se realiza todos os anos em que em que são abençoadas as Pastas com as Fitas dos Quintanistas.

Este ritual pretende «pretende simbolizar, de certo modo, o fim da vida académica do Estudante, traduzindo-se num ritual de passagem que marca a entrada no mundo do trabalho. No compromisso, feito pelos Fitados, parte central da Bênção, estes propõem-se participar na construção duma sociedade mais justa e fraterna».

Esta é uma entre muitas tradições da Praxe que se vive na Academia Coimbrã. Como estudante da Universidade de Coimbra, Quintanista Fitada, e como ateia, não me repugna a existência de uma cerimónia organizada pelos colegas católicos e a eles destinada assim como não me repugnaria uma bênção das pastas budista ou de qualquer outra religião. O que me repugna, isso sim, é o fenómeno de «carneirização». Passo a explicar: há uma semana que amigos me questionam se vou ou não àquela cerimónia sendo a resposta, obviamente, negativa. Ora, muitos se espantam por isso pois, de acordo com eles, é um evento da Praxe ao qual se vai porque sim.

Este espírito de «carneirada» acrítico potencia uma posição de hegemonia da Igreja Católica no panorama universitário. Para além desta cerimónia, a Universidade de Coimbra é acompanhada por diversas instituições religiosas católicas: Serviço Pastoral do Ensino Superior, o Centro Universitário Manuel da Nóbrega, o Centro Académico de Democracia Cristã, uma residência de estudantes da Opus Dei – a Residência de Estudantes da Beira – e um Lar Universitário das Irmãs Doroteias. É contra estas demonstrações de poder e de organização que nós, livres pensadores, devemos lutar com um olhar crítico e perscrutador.

1 de Maio, 2005 Mariana de Oliveira

A luta continua

De acordo com o presidente da FRETILIN, Francisco Guterres «Lu-Olo», a Igreja Católica mantém cárceres privados na residência do bispo de Díli e que cidadãos se encontram lá detidos.

Esta notícia surge depois de doze dias de manifestação, organizada pela ICAR, contra a decisão do governo timorense de tornar o ensino da religião facultativo e pago por aquela confissão religiosa, em 32 escolas nacionais.

Não se ficando pela tentativa de invasão do Palácio Governamental, censura de jornalistas e de pressões várias, cidadãos portugueses foram agredidos pelos protestantes.

De acordo com o artigo 12º Constituição da República Democrática de Timor-Leste, «o Estado reconhece e respeita as diferentes confissões religiosas, as quais são livres na sua organização e no exercício das actividades próprias, com observância da Constituição e da lei». Ora, a Lei Fundamental, no artigo 16º, consagra o princípio da igualdade e da universalidade, ou seja, «todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres» e, assim, «ninguém pode ser discriminado com base na cor, raça, estado civil, sexo, origem étnica, língua, posição social ou situação económica, convicções políticas ou ideológicas, religião, instrução ou condição física ou mental». Conjugando estes dois preceitos, temos que o Estado Timorense é laico e que, ao entender que a disciplina de religião e moral, no ensino público, deve ser facultativa e financiada pela confissão religiosa em causa, está apenas a observar os princípios constitucionais mais básicos.

Para além disso, apesar da liberdade de reúnião e de manifestação estar assegurada no artigo 42º, esta implica que seja «pacífica e sem armas». Não parece que o incitamento ao derrube de um governo e a agressão a cidadãos estrangeiros se insira na definição de «pacífico».

Em suma, a Igreja Católica, ao tentar um golpe de Estado – por uma bagatela, diga-se de passagem – está a imiscuir-se nos assuntos de Estado de uma jovem República de forma injustificável e inadmissível numa Democracia civilizada.

24 de Abril, 2005 Mariana de Oliveira

Je vous salue, Bento

No passado dia 21, a Assembleia da República aprovou por maioria um voto de saudação ao novo Papa, Bento XVI, anteriormente conhecido por Ratzinger.

Na declaração de voto lê-se o seguinte: «a Assembleia da República, representando a pluralidade da expressão política do povo português, e tendo em consideração o princípio constitucional da liberdade religiosa e a Concordata celebrada entre o Estado português e a Santa Sé, saúda o novo Papa». Mais uma vez, temos a República Portuguesa a prostrar-se face à ICAR, especialmente quando se menciona a Concordata, que é manifestamente inconstitucional já que viola o princípio da laicidade.

Os deputados ainda expressaram o seu desejo de que o reinado de Bento XVI «corresponda às aspirações dos portugueses, da Europa e do Mundo, a um frutífero diálogo inter-religioso e com os não crentes», sendo esta última aspiração algo quimérica vinda de um Papa que, no passado, se manifestou contra a laicidade, a emancipação das mulheres, os direitos dos homossexuais e que escreveu a declaração «Dominus Iesus».

Temos muito que festejar.

17 de Abril, 2005 Mariana de Oliveira

B. D.

Foi lançado, no passado dia 13, o primeiro livro da série «The Atheist», escrito por Phil Hester, desenhado por John McCrea e publicado pela Desperado Publishings através da Image Comics.

Segundo o criador da banda desenhada, «Antoine Sharpe é apelidado de Ateísta pelos seus colegas de trabalho do gabinete do sub-secretário de Estado de Defesa para a Tecnologia Emergente, uma equipa de desmistificadores. Ele não se importa com a fé ou com a falta dela, mas os seus colegas não conseguem lidar com o seu cepticismo e não o aceitam por causa disso».

O primeiro livro, «Incarnate», conta a história como Sharpe reage ao primeiro caso que não é capaz de desmistificar, um caso sobre possessão em que as almas dos falecidos querem apenas dar mais umas voltas com os corpos dos vivos. Basicamente, os mortos querem festa e regressam aos milhares.

Algo a descobrir pelos aficionados da banda desenhada.

17 de Abril, 2005 Mariana de Oliveira

Ecografia abençoada

Depois de uma tosta de queijo com a cara de Jesus e de uma tartaruga demoníaca, aparece uma ecografia com a cara de Cristo.

Paula Holmes, do Ohio, nos Estados Unidos da América, afirma que teve a ecografia da sua neta pendurada num placard durante anos e que, recentemente, fez esta descoberta.
Não se sabe ainda se a ecografia será vendida em leilão a algum coleccionador destas raridades, mas suponho que, pelo preço certo, a senhora estará disposta a ceder a sua recordação abençoada.

16 de Abril, 2005 Mariana de Oliveira

Pecado corredor

Há uma semana, no Paquistão, homens munidos com bastões divertiram-se a queimar carros e atirar bombas incendiárias numa mini-maratona em Gujranwala, a sul de Islamabad. A corrida, uma das primeira a permitir a participação de mulheres, acabou com a polícia a disparar gás lacrimogénio e a deter mais de cinquenta pessoas.

Este incidente fez com que, no passado dia 11, um grupo de mulheres se manifestasse à frente do parlamento nacional paquistanês contra a «talibanização» do país.

Ao contrário do que muitos comentaristas do Diário Ateísta possam pensar, os autores desta publicação não se limitam a estar atentos (para eles, atacar) às relações da Igreja Católica com a sociedade portuguesa e europeia. Pelo contrário, nós, como ateus e democratas, queremos que todo o mundo se liberte da perniciosa influência das correntes religiosas que defendem a submissão inconstestável a dogmas medievos incompatíveis com a Liberdade e com a Igualdade.