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Luís Grave Rodrigues

5 de Junho, 2009 Luís Grave Rodrigues

Desabafo

18 de Maio, 2009 Luís Grave Rodrigues

A Mensagem da Bíblia

 

Consideremos o caso de uma criança educada num país ocidental com uma população de maioria cristã.
 
Não é preciso um grande esforço de imaginação para a vermos ser-lhe repetidamente impingida a existência de seres mágicos e sobrenaturais e a ser-lhe incutida a ideia de que é absolutamente normal tomar como certo algo que se não vê e de cuja existência não existe uma única prova, um único indício.
 
Depois, como «explicação» para este contra-senso, e quando tudo aconselharia que se ensinasse à criança algum sentido de razoabilidade, vemos que é então que se ensina a criança a dar os primeiros passos na senda da mais incrível irracionalidade. Como se não bastasse, ainda ouvimos dizer-lhe que para que essa irracionalidade passe a ser «razoável» e perfeitamente aceitável como princípio de vida, bastará darmos-lhe o nome de… «fé»!
 
E pronto, está aberto o caminho para vermos uma criança aterrorizada com as penas do Inferno e ainda por cima com a ideia incutida de que nem sequer é livre para tomar as suas próprias decisões, por si própria e pelos seus valores éticos e da sociedade em que está inserida, pois passará o resto da sua vida a ser permanentemente vigiada por um ser invisível que está em todo o lado e que tudo vê e tudo sabe.
E que criou as galáxias e os planetas, mas que ao mesmo tempo gosta de ser bajulado com orações e jaculatórias.
 
Um ser tão poderoso que criou todo o Universo, mas que não gosta que os seres humanos usem preservativos e que considera a castidade como uma virtude porque tudo o que se relaciona com sexo tem uma conotação de “sujidade” e tem um cheiro pecaminoso e a enxofre.
 
E que valores, que modelos de moral e de ética vemos a ser ensinados a essa criança?
Para começar, diz-se que esses modelos e esses valores estão todos inscritos e explicados num «livro sagrado» chamado Bíblia, que contém a palavra de Deus ditada aos Homens.
 
Ensina-se depois à criança que os valores que deve seguir e que os critérios éticos que deve adoptar ao longo de toda a sua vida não são os seus, e que não se vivenciam só por si e por aquilo que representam, mas simplesmente porque já antes de si foram instituídos e que, por isso, se devem aceitar e seguir acriticamente e sem discussão.
Como se a criança não estivesse apta a encontrar os seus próprios valores e a sua ética pessoal, mas precisasse que alguém estranho e de fora lhos ensinasse e incutisse.
 
Mas é então que vemos ensinar à criança que o mesmo Deus que lhe é dado como referência dos valores, da moral e da ética a seguir, que o mesmo Jesus Cristo que lhe dão como exemplo de bondade e de amor ao próximo, são antes os maiores facínoras e os mais empedernidos assassinos que alguém possa imaginar.
 
Diz-se à criança que Jesus Cristo é paz e amor, diz-se à criança que ela é «cristã».
Mas depois contam-se-lhe os ensinamentos desse mesmo Jesus Cristo, que disse que tinha vindo à Terra não para trazer a paz, mas sim a espada.
Que disse que tinha vindo tratar somente do seu próprio povo e não de toda a gente.
O mesmo Jesus Cristo que disse para lhe trazerem à sua frente aqueles que não o quisessem seguir e que os matassem à sua frente.
 
A questão é esta:
Que poderemos esperar de uma criança a quem, desde a mais tenra idade, são incutidos os valores de um Deus que nos diz que não se pode trabalhar ao sábado sob pena de morte, que os homossexuais e os judeus devem ser mortos à pedrada e que nos mostra ao longo de todo o «livro sagrado» como se propagam pragas e se assassinam e dizimam populações inteiras?
 
Que poderemos esperar de uma criança a quem são ensinados como exemplos de vida a seguir os de um Jesus Cristo, que antes de mais nada mostrou ser o maior dos xenófobos e o maior dos intolerantes, e que nos deixou como exemplos de ética e de moralidade a própria morte de quem não pensa como ele e simplesmente não o quer seguir?
            
14 de Maio, 2009 Luís Grave Rodrigues

Errar é humano…

De facto impressionantes as imagens televisivas de centenas de milhar de pessoas na sua peregrinação a Fátima neste 13 de Maio.  
 
Sobre aquelas pessoas, disse a reportagem que tinham «uma fé do tamanho do mundo», embora sinceramente eu não perceba o motivo de tamanho insulto.

Mas enfim, lá estava toda aquela gente a celebrar a primeira das aparições da Virgem Maria, que é como quem diz, a mãe de Deus, a três crianças para transmitir uma mensagem aos Humanos.
Devia andar preocupada com a gente, coitada.   
 
De início a mensagem foi considerada um segredo divino tal era o seu significado simbólico e a sua enorme relevância para a História da Humanidade.
Só foi conhecida às prestações e depois de estrategicamente dividida em três partes.  
 
Ora, a mensagem da mãe de Deus era de tal forma importante que a sua última parte só foi conhecida meio século depois de nos ter sido transmitida.

Era uma previsão de que um gajo vestido de branco ia sofrer um atentado.
  
Foi pena que não tivesse sido divulgada mais cedo, esta… previsão.
  
Mas na primeira parte a Senhora «mais brilhante que o Sol» disse de facto uma coisa de primordial importância para a toda a Humanidade: disse que devíamos rezar muito a Deus.
  
Ao que parece, Deus gosta muito que lhe rezem.
Faz-lhe bem ao ego, dizem.
  
Mas a especialidade da Virgem Santíssima era de facto a futurologia.
Pelos vistos a capacidade de adivinhação deve ser um dom especial reservado por Deus às mulheres «puríssimas», que são aquelas cujo canal vaginal só funciona no sentido catolicamente correcto, que é o sentido descendente, e que nunca foi conspurcada por essa coisa suja, horrível e pecaminosa chamada sexo.
  
Foi assim que vinda dos Céus, onde se encontra de corpo e alma, esta anorgásmica mãe, coitada, provavelmente entediada e com muito pouco que fazer, resolveu vir ao nosso planeta dizer-nos que a Guerra acabava nesse ano de 1917 e que os soldados portugueses estariam de volta ao solo pátrio já pelo Natal.
  
O pior de tudo foi que a I Guerra Mundial, a tal guerra de 1914-18 acabou, tal como o próprio nome indica… no ano de 1918
  
Então não querem lá ver que a mãe de Deus se enganou, coitadita? 
  
Ou seja:
Quer isto dizer que nesta insigne e extraordinária mensagem transmitida aos Homens a mãe de Deus numa parte fez um prognóstico no fim do jogo, noutra disse uma banalidade e na terceira, ó Céus… enganou-se!   
 
É pois para honrar esta extraordinária mensagem que centenas de milhar fiéis, que ainda por cima dizem que são monoteístas, se deslocam todos os anos a Fátima para adorar e rezar à Virgem Maria e para comemorar e celebrar a extrema razoabilidade e a lucidez de tudo isto.
  
                     
11 de Maio, 2009 Luís Grave Rodrigues

Cristo Rei

 

No próximo dia 17 de Maio passarão 50 anos sobre a inauguração daquilo a que se convencionou chamar o «santuário de Cristo Rei».

 

O monumento foi erigido como pagamento de uma promessa dos bispos portugueses:

“Se Portugal fosse poupado da Guerra, erguer-se-ia sobre Lisboa um Monumento ao Sagrado Coração de Jesus, sinal visível de como Deus, através do Amor, deseja conquistar para Si toda a humanidade».

 

Portugal livrou-se efectivamente da II Guerra Mundial o que, se pensarmos na quantidade de países que não tiveram essa sorte, dá até azo ao desenvolvimento de teorias de que Deus afinal é português.

 

O pior é o impacto visual que a porcaria de um monumento à mais bacoca crendice de meia dúzia de mitómanos causa na paisagem de Lisboa e Almada.

De facto, quando tanto se fala da necessidade de protegermos as zonas ribeirinhas do Tejo do impacto de contentores e de armazéns decrépitos e inúteis, é estranho que ninguém se abalance a falar da poluição visual que causa uma porcaria de uma estátua – ainda por cima feia como tudo – de um sujeito de braços abertos e empoleirado numa enorme peanha de betão.

 

Já faz 50 anos que o monumento foi inaugurado.

Não era já tempo de tirar aquele mamarracho dali?…

 

 

4 de Maio, 2009 Luís Grave Rodrigues

Suprema hipocrisia

 

O Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou que «a Igreja sabe o que fazer se forem detectados casos de gripe suína em Portugal» e ainda que «os padres são das pessoas que mais perto estão das populações e que por isso, podem fazer os avisos necessários».

 

À primeira vista poderíamos até pensar que se trata de uma declaração digna de elogio por parte dos responsáveis católicos portugueses. De facto, se houver uma pandemia todas as ajudas serão poucas, muito mais se vierem de uma instituição que está efectivamente «perto das populações» e que poderia bem «fazer os avisos necessários».

 

Tudo seria muito bonito se estas declarações não revelassem a costumeira hipocrisia de quem persiste em aproveitar cada má notícia, cada calamidade que grassa pelo mundo em proveito de um proselitismo bacoco e de mais uma manobra publicitária dessa tenebrosa multinacional do terror e do negócio da vida eterna que dá pelo nome de Vaticano.

 

A suprema hipocrisia reside obviamente no anúncio de que a Igreja pode fazer às populações «os avisos necessários» a conter a propagação da pandemia.

 

E será que pode?

Lá poder, pode. O pior é quando não quer!

 

Vejamos:

Imaginemos, por mera hipótese, que a Organização Mundial de Saúde anunciava que o vírus desta gripe também se podia transmitir por via sexual e que, por isso, as pessoas deveriam precaver-se do contágio também por esta via e passar a usar preservativo quando tivessem relações sexuais.

 

Pergunto:

Será que também neste caso a Igreja Católica continuava a fazer às populações «os avisos necessários» para conter a propagação do vírus e aconselhava o uso do preservativo?

 

A resposta é mais do que sabida:

– Decerto que não!

 

Como é bom de ver, tal como acontece com uma outra pandemia bem real chamada SIDA, a Igreja Católica continuará sempre a pôr os seus dogmas estúpidos e anacrónicos à frente da própria vida humana.

 

Se a Igreja Católica poderia, em caso de necessidade, «fazer os avisos necessários» às populações de forma a ajudar as autoridades governamentais a conter a propagação de uma pandemia?

– Deixem-me rir!

          

17 de Março, 2009 Luís Grave Rodrigues

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