De facto impressionantes as imagens televisivas de centenas de milhar de pessoas na sua peregrinação a Fátima neste 13 de Maio.
Sobre aquelas pessoas, disse a reportagem que tinham «uma fé do tamanho do mundo», embora sinceramente eu não perceba o motivo de tamanho insulto.
Mas enfim, lá estava toda aquela gente a celebrar a primeira das aparições da Virgem Maria, que é como quem diz, a mãe de Deus, a três crianças para transmitir uma mensagem aos Humanos.
Devia andar preocupada com a gente, coitada.
De início a mensagem foi considerada um segredo divino tal era o seu significado simbólico e a sua enorme relevância para a História da Humanidade.
Só foi conhecida às prestações e depois de estrategicamente dividida em três partes.
Ora, a mensagem da mãe de Deus era de tal forma importante que a sua última parte só foi conhecida meio século depois de nos ter sido transmitida.
No próximo dia 17 de Maio passarão 50 anos sobre a inauguração daquilo a que se convencionou chamar o «santuário de Cristo Rei».
O monumento foi erigido como pagamento de uma promessa dos bispos portugueses:
“Se Portugal fosse poupado da Guerra, erguer-se-ia sobre Lisboa um Monumento ao Sagrado Coração de Jesus, sinal visível de como Deus, através do Amor, deseja conquistar para Si toda a humanidade».
Portugal livrou-se efectivamente da II Guerra Mundial o que, se pensarmos na quantidade de países que não tiveram essa sorte, dá até azo ao desenvolvimento de teorias de que Deus afinal é português.
O pior é o impacto visual que a porcaria de um monumento à mais bacoca crendice de meia dúzia de mitómanos causa na paisagem de Lisboa e Almada.
De facto, quando tanto se fala da necessidade de protegermos as zonas ribeirinhas do Tejo do impacto de contentores e de armazéns decrépitos e inúteis, é estranho que ninguém se abalance a falar da poluição visual que causa uma porcaria de uma estátua – ainda por cima feia como tudo – de um sujeito de braços abertos e empoleirado numa enorme peanha de betão.
Já faz 50 anos que o monumento foi inaugurado.
Não era já tempo de tirar aquele mamarracho dali?…
O Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou que «a Igreja sabe o que fazer se forem detectados casos de gripe suína em Portugal» e ainda que «os padres são das pessoas que mais perto estão das populações e que por isso, podem fazer os avisos necessários».
À primeira vista poderíamos até pensar que se trata de uma declaração digna de elogio por parte dos responsáveis católicos portugueses. De facto, se houver uma pandemia todas as ajudas serão poucas, muito mais se vierem de uma instituição que está efectivamente «perto das populações» e que poderia bem «fazer os avisos necessários».
Tudo seria muito bonito se estas declarações não revelassem a costumeira hipocrisia de quem persiste em aproveitar cada má notícia, cada calamidade que grassa pelo mundo em proveito de um proselitismo bacoco e de mais uma manobra publicitária dessa tenebrosa multinacional do terror e do negócio da vida eterna que dá pelo nome de Vaticano.
A suprema hipocrisia reside obviamente no anúncio de que a Igreja pode fazer às populações «os avisos necessários» a conter a propagação da pandemia.
E será que pode?
Lá poder, pode. O pior é quando não quer!
Vejamos:
Imaginemos, por mera hipótese, que a Organização Mundial de Saúde anunciava que o vírus desta gripe também se podia transmitir por via sexual e que, por isso, as pessoas deveriam precaver-se do contágio também por esta via e passar a usar preservativo quando tivessem relações sexuais.
Pergunto:
Será que também neste caso a Igreja Católica continuava a fazer às populações «os avisos necessários» para conter a propagação do vírus e aconselhava o uso do preservativo?
A resposta é mais do que sabida:
– Decerto que não!
Como é bom de ver, tal como acontece com uma outra pandemia bem real chamada SIDA, a Igreja Católica continuará sempre a pôr os seus dogmas estúpidos e anacrónicos à frente da própria vida humana.
Se a Igreja Católica poderia, em caso de necessidade, «fazer os avisos necessários» às populações de forma a ajudar as autoridades governamentais a conter a propagação de uma pandemia?
– Deixem-me rir!
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.