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Luís Grave Rodrigues

23 de Março, 2010 Luís Grave Rodrigues

O que é ser católico?

 

Pegavam numa pessoa e atavam-lhe os braços e os pulsos atrás das costas.

Depois, com os braços assim para trás, suspendiam-na por uma corda presa ao tecto.

De seguida, com a vítima já com os braços desarticulados e a gritar de dor, acendiam-lhe uma fogueira por baixo. Mas com um lume não muito forte: somente algumas brasas, o suficiente para a ir fazendo grelhar assim muito lentamente.

Algumas pessoas demoravam quatro ou cinco dias a morrer, no meio da maior agonia.

E foi assim que a Igreja Católica Apostólica Romana se tornou especialista em seres humanos.

Desde o Concílio de Niceia que a Igreja Católica se tornou sinónimo de ódio, de intolerância, de morte, de horror. A História da Igreja Católica não é mais do que um gigantesco banho de sangue.

Foram os que se opuseram à divindade de Cristo, foram os que puseram em causa a virgindade de Maria, foram os merovíngios, foram os cátaros, foram os templários, foram cientistas, foram as bruxas, foram artistas, foram os que ousaram pôr em causa um dogma, foram os homossexuais, foram os judeus, foram muçulmanos, foram pagãos em terras distantes, foram apóstatas, foram os ateus…

Todos, ao longo de quase dois mil anos, torturados e chacinados, mortos de preferência no meio do maior sofrimento e de torturas que só a mente mais doentia poderia engendrar.

Com esta medonha História, que a define e caracteriza e que nem mil anos de pedidos de desculpa poderiam fazer esquecer e muito menos amnistiar, a Igreja Católica continua a ser uma organização absolutamente tenebrosa.

É típico da Igreja Católica a caracterização do sexo como algo de sujo e pecaminoso. Ainda hoje prefere a proibição do uso do preservativo a prescindir de um dogma bíblico da Idade do Bronze, mesmo que isso signifique a disseminação da SIDA e um incontável número de mortos.

A Igreja Católica é contra o aborto, mesmo em caso de perigo de vida para a mãe e, como se não bastasse já desaconselhou a vacina do cancro do colo do útero.

E é por isso que não é mais do que simplesmente típico desta autêntica associação de malfeitores que vive da exploração do medo da morte, o escândalo da ocultação – e por isso a vergonhosa cumplicidade – de milhares de casos de pedofilia, a que o próprio Papa pelos vistos não é estranho.

O que é afinal ser católico?

Ser católico é partilhar uma História e comungar de uma ideologia e de uma filosofia com esta gente?

Se assim é, como pode alguém dotado de um mínimo de decência e lucidez intitular-se católico?

19 de Março, 2010 Luís Grave Rodrigues

Assembleia Geral da AAP – Convocatória

Ao abrigo do disposto no artigo 20º do «Regulamento Interno da Associação Ateísta Portuguesa» convoco todos os sócios da Associação Ateísta Portuguesa para uma Assembleia Geral a realizar no próximo dia 27 de Março de 2010, sábado, pelas 14:00 Horas na Rua do Benformoso, nº 50 (Centro Republicano Almirante Reis) em Lisboa, e com a seguinte

ORDEM DE TRABALHOS

1º- Informações.

2º- Aprovação do Relatório e Contas da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa» relativo ao biénio de 2008/2010;

3º- Apresentação das listas candidatas aos órgãos sociais da Associação Ateísta Portuguesa para o biénio de 2010/2012 que tenham sido entregues ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral ou enviadas para o endereço de correio electrónico da Associação com a antecedência mínima de 24 horas da data da realização da Assembleia Geral, nos termos do disposto no artigo 22º do «Regulamento Interno da Associação Ateísta Portuguesa».

4º- Eleição dos órgãos sociais da Associação Ateísta Portuguesa, por voto directo, universal e secreto de todos os associados no pleno gozo dos seus direitos sociais, para o biénio de 2010/2012.

5º- Tomada de posse dos membros dos órgãos sociais eleitos;

6º- Aprovação do Orçamento da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa para o biénio de 2010/2012;

7º- Plano de Actividades da Associação Ateísta Portuguesa;

8º- Outros assuntos de interesse geral da Associação;

Nota: se à hora da primeira convocatória não estiverem presentes pelo menos metade dos sócios na plenitude dos seus direitos associativos, de acordo com o disposto no n.º 3 do artigo 21º do «Regulamento Interno da Associação Ateísta Portuguesa», a Assembleia Geral da Associação Ateísta Portuguesa reunirá 30 minutos depois, no mesmo local e com a mesma ordem de trabalhos, funcionando com qualquer número de sócios que se encontrar presente.

Lisboa, 26 de Fevereiro de 2010

O Presidente da Mesa da Assembleia Geral

Luís Grave Rodrigues

22 de Fevereiro, 2010 Luís Grave Rodrigues

A Parada dos Palhaços

 

No sábado passado um pouco mais de duas mil pessoas desceram a Avenida da Liberdade para se manifestarem contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, recentemente aprovado na Assembleia da República.

O «Portugal Diário», que curiosamente dá a esta notícia o título de “uma manifestação pela liberdade de opção”, quando tudo levaria a supor que se trata precisamente do contrário, relata-nos as opiniões de alguns dos manifestantes, que declararam pomposamente, por exemplo, que daqui a dez anos com esta lei “já não há Portugal” ou que com ela “vai aumentar o número de homossexuais”, o que bem demonstra a mais completa e abstrusa imbecilidade que pelos vistos os unia.

E lá foi descendo a avenida, toda aquela gente, exibindo para quem se quisesse impressionar as mais diversas inutilidades simbolizando a cretinice que ali os trazia, como sejam bíblias, terços, imagens de nossa senhora ou o D. Duarte de Bragança.

E foi assim que estes ilustres cidadãos decidiram exercer a liberdade de expressão que a Constituição Portuguesa lhes consagra, manifestando-se pateticamente contra uma lei maioritariamente aprovada na Assembleia da República, todos eles unidos pela causa comum da sua repugnante homofobia e pelo profundo ódio aos outros seres humanos: freiras e padres, militantes partidários famosos, militantes da extrema-direita mais xenófoba e racista e, pelo que me foi dado ver e pelos símbolos exibidos, todos, mas todos eles… católicos.

17 de Fevereiro, 2010 Luís Grave Rodrigues

O Livro Mais Roubado

 

Segundo o «New York Times», nestes tempos de crise mundial em que assistimos a um recrudescimento até da pequena criminalidade e de roubos nos estabelecimentos comerciais, constatou-se que o livro mais roubado nas livrarias é… a Bíblia!

 

Mas se virmos bem, esta notícia faz todo o sentido.

Por um lado, bem demonstra o relativismo moral típico das religiões e a criteriosa selecção que os crentes fazem daquilo que lhes interessa seguir ou não na sua doutrina.

Pelos vistos o «Não Roubar» é uma das coisas que não lhes interessa seguir.

 

Por outro lado, significa que há cada vez mais pessoas que acham que se há inutilidades que não merecem que nelas gastemos o nosso dinheiro, a Bíblia é precisamente uma delas.

5 de Fevereiro, 2010 Luís Grave Rodrigues

Os Seguidores da Igreja de Cristo

 

 Neil Beagley tinha 16 anos de idade quando morreu, em Junho de 2008.

Sofria de complicações de um bloqueio congénito do tracto urinário, que inundou o seu organismo com ureia, o que lhe causou uma paragem renal, um ataque cardíaco e finalmente a morte.

 

Acontece que a vida de Neil Beagley poderia ter sido salva se os seus pais não se tivessem recusado a procurar tratamento médico.

De facto, Jeff e Marci Beagley, do estado norte-americano do Oregon, estão agora a ser julgados por homicídio por negligência, acusados de terem ignorado os sucessivos avisos de que o seu filho corria risco de vida e necessitava de cuidados médicos urgentes, antes tendo preferido “tratá-lo” com orações.

 

E a coisa parece ser de família, pois no mesmo ano a sua neta Raylene Worthington, de 15 meses de idade, morreu de pneumonia e infecção sanguínea que os seus pais resolveram igualmente tratar com orações.

 

Jeff and Marci Beagley são membros da «Igreja dos Seguidores de Cristo», que se tem celebrizado por rejeitarem a medicina e os cuidados médicos em favor das orações e da cura pela fé.

Na defesa que apresentaram em Tribunal, alegaram que o filho já tinha completado os 16 anos de idade e que, por isso, já tinha todo o direito de se recusar a receber os cuidados médicos de que necessitava e que tinha sido ele próprio a escolher livremente a cura pela fé e pela oração.

 

É confrangedor este argumento, tantas vezes repetido, de que é a própria vítima da irracionalidade da fé quem se submete de livre vontade à indignidade que essa mesma fé tantas vezes significa.

 

E é triste a quantidade de pessoas que ainda submetem não só as suas vidas como principalmente as vidas dos seus filhos à irracionalidade da fé e das religiões, e as submetem desde crianças à mais ignóbil lavagem ao cérebro e as condicionam na sua mais básica liberdade de determinação.

3 de Fevereiro, 2010 Luís Grave Rodrigues

O Sumo Patife

          

Talvez como preparativo da sua visita à Grã-Bretanha prevista para Setembro deste ano, o Papa Bento XVI decidiu criticar a legislação que já desde Janeiro de 2009 proíbe as agências de adopção – incluindo as agências católicas – de praticarem qualquer forma de discriminação em razão da orientação sexual.

 

Diz ele assim:

«A Grã-Bretanha é justamente conhecida pelo seu firme empenho na igualdade de oportunidades. Mas algumas leis aprovadas com esse objectivo têm como efeito impor limitações injustas à liberdade das comunidades religiosas actuarem de acordo com as suas crenças».

«Nalguns aspectos essas leis violam a lei natural sobre a qual a igualdade de todos os seres humanos está baseada e pela qual é garantida».

 

Fazendo jus ao seu papel de homófobo-supremo da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, Ratzinger acha que as leis que promovem a igualdade entre os seres humanos afrontam a liberdade de culto e, por isso, defende que as Igrejas devem poder discriminar os cidadãos de acordo com a sua moralidade religiosa.

 

É pois este energúmeno que vem a Portugal em Maio próximo, e que vai ser recebido pelo Presidente da República com honras de Chefe de Estado.

23 de Janeiro, 2010 Luís Grave Rodrigues

As palhaçadas do Sr. Cardeal

 

Argumentando que a família se baseia no contrato entre um homem e uma mulher onde acontece a procriação, o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, afirmou que «a Igreja Católica nunca aceitará o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo».

Mas será que este gajo – que pelos vistos não tem família – nem ao menos percebe a ridícula irrelevância daquilo que anda para aí a dizer?

18 de Janeiro, 2010 Luís Grave Rodrigues

O Insulto

 

A «Agência Ecclesia» noticia que o Papa Bento XVI visitou este Domingo a Sinagoga de Roma, e defendeu que «o Vaticano ajudou os judeus, muitas vezes de forma “escondida e discreta”, durante a II Guerra Mundial».

 

E pronto: numa única e singela frase este Papa imbecil insultou a memória e vilipendiou a coragem, a honra e a dignidade de milhares de pessoas – sim, muitas delas católicas – que durante a noite nazi e o pesadelo do Holocausto ajudaram tantos e tantos judeus, se virmos bem todas elas bem conscientes de que o faziam frequentemente com o risco das suas próprias vidas.

 

Na sua cegueira fanática de limpar a imagem de Pio XII, o Papa de Hitler, com o óbvio fito de o canonizar mal lhe arranje uma curazinha milagrosa a uma maleita qualquer, Ratzinger tem o autêntico desplante de fazer de conta que não sabe que a política oficial do Vaticano foi tudo menos ajudar os judeus.

 

Muito pelo contrário, é perfeitamente conhecida a ajuda dada aos nazis fugitivos no final da Guerra – de Eichmann aos mais sanguinários comandantes de campos de extermínio – a quem foram concedidos passaportes diplomáticos do Vaticano que lhes possibilitaram a fuga para países da América do Sul.

 

Não sem antes Pio XII ter tido o cuidado de celebrar uma Concordata com a Alemanha de Hitler, como sempre procurou fazer com todos os ditadores, o Vaticano ia mantendo um silêncio confrangedor tanto à «Noite de Cristal» como às atrocidades nazis que o mundo ia conhecendo com o desenrolar da Guerra.

 

E se em 1939 o Vaticano concedeu vistos a cerca de 3.000 judeus que pretendiam fugir da Alemanha, só o fez depois de ter obtido garantias de que todos eles se tinham convertido ao catolicismo e já tinham sido convenientemente baptizados!

 

Pois bem:

Se Bento XVI sabe tudo isso muito bem, quando tem a autêntica lata de vir afirmar que «o Vaticano ajudou os judeus» isso só demonstra que este Papa não é sério e é de uma desonestidade intelectual a toda a prova.

 

Só resta saber quem é que ainda se revê nesta tão curiosa espécie de «líder espiritual»…

13 de Janeiro, 2010 Luís Grave Rodrigues

Mas esta gente não aprende?

 

Segundo a «Agência Ecclesia», a Conferência Episcopal Portuguesa considerou que «a aprovação da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo pelo Governo e pelo Parlamento foi uma precipitação e a ausência de um referendo sobre esta matéria abre uma “ferida democrática”».

De facto, esta gente não aprende!

O que diriam estes energúmenos paramentados de palhaços se o Governo ou a Assembleia da República de Portugal decidissem legislar sobre o celibato do clero, sobre a dimensão das hóstias ou sobre os programas dos seminários onde ainda hoje alguns jovens são deformados e autenticamente amestrados de forma a ingressarem no autêntico circo a que chamam Igreja Católica?

Que os padres, os bispos e outros quejandos opinem sobre aquilo que se passa na vida política do país em que vivem, isso obviamente não oferece reparo.
São cidadãos como todos os outros, claro está. Andam por aí vestidinhos de saias e rendinhas a vender a vida eterna por 30 dinheiros, mas, enfim, também são cidadãos de pleno direito.
E ao contrário do que eles próprios defendem, não podem, enquanto cidadãos, ser discriminados nos seus direitos, liberdades e garantias fundamentais.
Deviam talvez falar mais na pedofilia que grassa no seio da organização tenebrosa a que pertencem, mas isso é também outra conversa.

Mas a Conferência Episcopal Portuguesa tem tanto que se meter na vida dos Órgãos de Soberania de um país democrático e laico por imposição constitucional, como eu tenho de interferir na organização daquele teatro ridículo e miserável a que dão o nome de missa.

Ainda por cima aquela cáfila de trogloditas, completamente alucinados e atarantados pelo voto de castidade, unidos pelos seus sentimentos de intolerância, discriminação e homofobia têm o autêntico desplante de falar de “democracia”, um conceito que lhes é tão estranho como o humanismo ou os direitos humanos, ou até mesmo as mais básicas noções de ética e de decência.

Mas em que século é que estes palhaços pensam que ainda vivem?

4 de Janeiro, 2010 Luís Grave Rodrigues

Blasfémia!

 

E se alguém pensava que o fanatismo que a religião traz às pessoas não nos aquece nem nos arrefece aqui nesta boa e velha Europa, precisamente porque o fanatismo é qualquer coisa distante e exclusiva dos países islâmicos e dos pacóvios evangélicos dos recônditos interiores americanos, a resposta aí está:
– Neste início de ano 2010 assistimos à entrada em vigor na Irlanda de uma lei miserável e imbecil que criminaliza a blasfémia.

Assim como uma espécie de justificação desta aberração cretina e anacrónica – e até perigosa – o ministro da justiça irlandês veio dizer que esta nova lei se justifica porque criminaliza a blasfémia proferida não só contra o cristianismo mas também… contra todas as religiões!

Como se não bastasse, a lei define como blasfemas quaisquer declarações consideradas abusivas ou insultuosas em relação a matérias consideradas sagradas por qualquer religião e que causem revolta a um número substancial de fiéis dessa religião.

É absolutamente típico das «pessoas de fé» considerarem-se muito ofendidas contra qualquer afirmação que contrarie ou ponha em causa os dogmas e as idiotices da sua religião. Decerto porque, lá no fundo, são os primeiros a reconhecer que qualquer religião é, antes de mais, profundamente ridícula.

É por isso que estes piedosos fiéis são sempre os primeiros a tentar limitar as liberdades e os direitos fundamentais dos outros, seja de quem professa outra religião, seja de quem não professa religião nenhuma.

Mas a resposta não se fez esperar: o «Atheist Ireland», um grupo que se reclama ser representante dos ateus irlandeses, já reagiu contra esta lei e fez publicar no seu website diversas «citações anti-religiosas» de ateus famosos, de Richard Dawkins a Björk, passando por Frank Zappa e que podem ser lidas AQUI.

Por mim, continuarei a blasfemar por aqui sempre que isso me der na real gana.
Porque, como diz Thomas Jefferson,
«O ridículo é a única arma que pode ser usada contra proposições ininteligíveis».