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Luís Grave Rodrigues

26 de Outubro, 2010 Luís Grave Rodrigues

A Certificação Oficial

Rezam notícias da nossa vizinha Espanha que começa hoje a ser julgado num tribunal criminal da cidade de Valência um ilustre cidadão de nome Ángel Muñoz Bartrina, que há quase duas décadas se faz passar por vidente e por sacerdote católico, e que fundou uma seita a que chamou «Esclavitud del Sagrado Corazón de Jesús».

O falso padre Ángel Muñoz Bartrina arrisca-se a uma condenação de oito anos de cadeia pelas acusações de fuga ao fisco, de associação criminosa e burla, já que fazia crer aos seus seguidores que era o porta-voz da Virgem Maria e que transmitia mensagens vindas do próprio Diabo.

Moral da História:
Para que alguém goze de benefícios fiscais e se possa dedicar livremente a burlar as pessoas e a extorquir-lhes dinheiro em troca de mensagens da Virgem Maria e de ameaças com as penas do Inferno, tudo isto sem arriscar uma pena de prisão, o melhor é obter previamente uma certificação oficial emitida pela Santa Igreja Católica Apostólica Romana…

19 de Outubro, 2010 Luís Grave Rodrigues

A diferença entre um estadista e um badameco

 

É sabido que Francisco Sá Carneiro estava em processo de divórcio mas que vivia maritalmente com Snu Abecassis.
Mesmo enquanto primeiro-ministro, e até em cerimónias oficiais, sempre assumiu frontalmente a relação com a mulher que considerava então como sua família, e que com ele morreu no trágico acidente de Camarate.
Ninguém nunca se atreveu a questionar sequer essa relação!

Também é sabido que quando Jorge Sampaio era Presidente da República lhe foi discretamente sugerido por ocasião de uma projectada visita oficial ao Vaticano que não se fizesse acompanhar de sua mulher, porque não era com ela casado pela Igreja, mas tão só civilmente.
A resposta de Jorge Sampaio só podia de facto ser uma: preferia então cancelar a visita a ceder a tão ignóbil sugestão.
E o Papa não teve outro remédio que não engolir em seco e recebê-los oficialmente a ambos.

Agora chegou a vez do Presidente francês Nicolas Sarkozy.
Fontes oficiais do Vaticano confirmaram o envio de uma mensagem relacionada com a visita do Sarkozy ao Papa Bento XVI, dizendo que a primeira-dama, Carla Bruni, “não é bem-vinda no Vaticano”, porque nos seus tempos de modelo chegou a posar nua.
Nicolas Sarkozy obedeceu à proibição do Papa e no início de Outubro deslocou-se sozinho ao Vaticano para conversar com Bento XVI deixando a sua mulher sozinha no Eliseu.

Não há dúvida:
Não há mesmo nada melhor do que a religião para transformar um homem num monte de merda.

 

7 de Outubro, 2010 Luís Grave Rodrigues

A Moral da Idade do Bronze

  

O Prof. Robert Edwards foi galardoado com o Prémio Nobel da Medicina pelos seus trabalhos no domínio das Ciências da Reprodução.

No ano de 1978 Robert Edwards (juntamente com Patrick Steptoe, que morreu em 1988) realizou a sua primeira fertilização in vitro e assim nasceu Louise Brown, que se tornou um símbolo do combate científico ao fenómeno da infertilidade.

Desde então, através desta técnica já nasceram mais de 4 milhões de seres humanos.

Não poderia ser mais merecido este prémio Nobel.

E, se pensarmos nos milhões de famílias e de casais inférteis que de outra maneira não poderiam viver a alegria e a felicidade de ter um filho, dir-se-ia até que ninguém ousaria discordar desta distinção.

Mas não!

A Igreja Católica já criticou a atribuição deste prémio Nobel, que considerou “despropositado”.

De facto, desde logo o Catecismo da Igreja Católica considera (§2377) que as técnicas de inseminação e fecundação artificial são “moralmente inaceitáveis”.

Ao que parece porque «dissociam o acto sexual do acto procriador».

Nem é preciso imaginar qual seria a reacção da Igreja Católica e de tantos e indignados “bons católicos” se de repente a Comissão Nobel desatasse a criticar e a considerar despropositados e imorais os critérios a que o Vaticano recorre para canonizar tanto facínora que andou por aí ou a comentar a protecção que das mais altas instâncias têm merecido tantos padres pedófilos.

Mas o que é absolutamente lamentável é que esta Igreja Católica do século XXI continue a ser regida por meia dúzia de lorpas fanáticos, desde logo a começar pelo facínora do próprio Papa Bento XVI, que persistem em querer determinar a vida das pessoas através de critérios de moralidade estabelecidos por pastores analfabetos da Idade do Bronze.

18 de Setembro, 2010 Luís Grave Rodrigues

Adolph Hitler – Joseph Ratzinger: O Mesmo Combate!

 

 O Papa Bento XVI está de visita ao Reino Unido.

Mal chegou, o líder da Igreja Católica, pôs-se a arengar contra o ateísmo logo no primeiro discurso que fez à sua colega, a prestimosa líder da Igreja Anglicana, também conhecida como Rainha Isabel II.

 

É sempre curioso que o Papa dedique boa parte do seu tempo de pregação e de proselitismo a falar do ateísmo.

Deve ter qualquer coisa lá dentro que o mói…

Mas o que é mais curioso, é que, desta vez, o Papa lembrou-se de fazer uma associação entre o nazismo e o ateísmo.

E diz ele a certa altura do seu discurso:

 

«Ainda em tempo das nossas próprias vidas, podemos recordar como a Grã Bretanha e os seus lideres se opuseram à tirania Nazi que pretendia erradicar Deus da sociedade e a tantos negar a nossa humanidade comum, especialmente aos Judeus, que foram considerados indignos de viver.

«Também recordo a atitude desse regime face a pastores e religiosos cristãos, que falavam de verdade e de amor, e se opuseram aos Nazis e pagaram essa oposição com as suas vidas.

«Ao reflectirmos nos ensinamentos do extremismo ateu do século XX, nunca esqueçamos como a exclusão de Deus, da religião e da virtude da vida pública conduz necessariamente a uma visão truncada do homem e da sociedade e, assim, a uma visão redutora do ser humano e do seu destino».

 

Pois bem:

Curiosidades à parte, o que é absolutamente triste e completamente desonesto da parte deste facínora alcunhado de Bento XVI, é que ele bem sabe que Adolph Hitler era um fervoroso católico e que o infernal regime de terror que fez imperar durante mais de 12 anos por toda a Europa foi inspirado no misticismo cristão e principalmente na mitologia católica.

 

Não esqueçamos que é logo no Evangelho de Mateus (27:25) que encontramos a primeira sentença de morte aos judeus, e que tão bem tem sido obedecida pelos católicos em pogroms e autos de fé ao longo dos últimos dois mil anos:

 

E se o Papa Bento XVI pretende falar do Nazismo à Rainha de Inglaterra, era bom que tivesse a hombridade e a dignidade de lhe fazer também algumas citações do próprio Adolph Hitler.

 

Podemos encontrar no «Pharyngula» mais de meia centena dessas citações, de que respigamos aqui apenas três:

«Acredito hoje que tenho vindo a actuar de acordo com o Criador Todo-Poderoso; ao atacar os judeus estou a lutar pela obra do Senhor»

«Este nosso mundo humano seria inconcebível sem a existência prática de uma crença religiosa»

«Eu sou agora, como sempre fui e sempre serei, um católico»

 

O que isto quer dizer é que, pelos vistos, o Papa Bento XVI e Adolph Hitler sempre têm algo em comum:

– São ambos católicos.

 

E assim, quanto à honestidade, à dignidade e à ética deste Papa, estamos pois conversados.

1 de Setembro, 2010 Luís Grave Rodrigues

Citação do Dia

 

«Uma semana antes dos acontecimentos de 11 de Setembro de 2001, estive num debate com Dennis Prager, que é uma das mais conhecidas personalidades religiosas da televisão na América.

Ele desafiou-me publicamente a responder ao que chamou «uma pergunta de sim ou não» e eu concordei de boa vontade.

– Muito bem, declarou ele: eu devia imaginar-me ao anoitecer numa cidade desconhecida; devia imaginar que via um grande grupo de homens a aproximar-se de mim. Agora – sentir-me-ia mais seguro, ou menos seguro, se soubesse que estavam apenas a voltar de um encontro de oração?

Como o leitor perceberá, esta pergunta não pode ser respondida com um sim ou um não.

Mas eu respondi como se não fosse hipotética:

– Para me manter apenas na letra “B”, já tive essa experiência em Belfast, Beirute, Bombaim, Belgrado, Belém e Bagdad. Em todos os casos posso dizer com certeza, e apresentar razões para a minha resposta, porque é que me sentiria imediatamente ameaçado se pensasse que o grupo de homens que se aproximava de mim ao anoitecer vinha de uma cerimónia religiosa».

Christopher Hitchens

15 de Julho, 2010 Luís Grave Rodrigues

Gente de Fé

 

 Primeiro,  uma multidão enfurecida opôs-se à construção de uma nova mesquita na Nigéria.

De seguida, um grupo de muçulmanos retaliou atacando uma igreja.

Depois, grupos de cristãos e muçulmanos envolveram-se em violentos confrontos, deixando 8 pessoas mortas e 40 feridas, e seis mesquitas e uma igreja incendiadas.

A polícia enviou já reforços para o local, mas temem-se novos confrontos.

Enfim: gente de fé!…

13 de Maio, 2010 Luís Grave Rodrigues

O Embuste

 

Faz hoje anos que a Virgem Maria, a mãe de Deus, apareceu pela primeira vez em Fátima a três crianças para transmitir uma mensagem aos Humanos.

Andava preocupada com a gente, coitada.
De início a mensagem foi considerada um segredo divino tal era o seu significado simbólico e a sua enorme relevância para a História da Humanidade.

Só foi conhecida aos bochechos e depois de cuidadosamente dividida em três partes.

Ora, a mensagem da mãe de Deus era de tal forma importante que a sua última parte só foi conhecida meio século depois de nos ter sido transmitida. Era uma previsão de que um gajo vestido de branco ia sofrer um atentado.
Foi pena que a “previsão” não tivesse sido divulgada mais cedo.
É que quando os prognósticos são feitos no fim do jogo perdem toda a piada, não é?…

Mas na primeira parte a Senhora «mais brilhante que o Sol» disse de facto uma coisa de particular importância para a Humanidade: disse que devíamos rezar muito a Deus.
Ao que parece, Deus gosta muito que lhe rezem. Faz-lhe bem ao ego, dizem.

Mas a especialidade da Virgem Santíssima era de facto a futurologia.
Pelos vistos a capacidade de adivinhação deve ser um dom especial reservado por Deus às mulheres «puríssimas», que são aquelas cujo canal vaginal só funciona no sentido catolicamente correcto, que é o sentido descendente, e que nunca foi conspurcada por essa coisa suja, horrível e pecaminosa chamada sexo.

Foi assim que vinda dos Céus, onde se encontra de corpo e alma, esta anorgásmica mãe, provavelmente com muito pouco que fazer, resolveu vir ao nosso planeta dizer-nos que a Guerra acabava nesse ano de 1917 e que os soldados portugueses estariam de volta ao solo pátrio já pelo Natal.

O pior de tudo foi que a I Guerra Mundial, a tal guerra de 1914-18 acabou, tal como o próprio nome indica… no ano de 1918.

Então não querem lá ver que a mãe de Deus se enganou, coitadita?
Ou seja:
Quer isto dizer que nesta insigne e extraordinária mensagem transmitida aos Homens a mãe de Deus numa parte fez um prognóstico no fim do jogo, noutra disse uma banalidade e na terceira, ó Céus… enganou-se!

É pois para honrar esta extraordinária mensagem que centenas de milhar de pessoas – este ano com Papa e tudo – se deslocam todos os anos a Fátima para adorar e rezar à Virgem Maria e para comemorar e celebrar a extrema razoabilidade e a lucidez de tudo isto.

26 de Abril, 2010 Luís Grave Rodrigues

Será que ainda vamos a tempo de fazer uma coisa destas em Portugal?

 

Um brincalhão qualquer do “Foreign Office”, o ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, resolveu fazer circular um documento com aparência oficial em que se sugeria ao Papa Bento XVI que aproveitasse a sua visita ao Reino Unido em Setembro próximo para lançar a sua própria marca de preservativos «Benedict», para inaugurar uma clínica de abortos e para abençoar um casamento homossexual.

Descoberta a brincadeira, lá foi o brincalhão transferido sabe-se lá para onde, e lá teve o “Foreign Office” de andar a desmentir tudo e a pedir desculpas formais ao Papa e à Santa Sé.

Mas parece que a coisa é bem capaz de não ficar por aqui.

O cardeal Renato Martino, antigo presidente do Conselho Pontifício do Vaticano para a Paz e a Justiça declarou que se o Governo britânico convidou o Papa, deveria tratá-lo com respeito, porque fazer troça das crenças de milhões de católicos, não só no Reino Unido mas em todo o mundo, é de facto muito ofensivo.

E acrescentou que este incidente, de tal modo é ofensivo, poderá mesmo vir a causar o cancelamento da visita do Papa ao Reino Unido.

É pena que os responsáveis pelo Vaticano se ofendam tanto com uma brincadeira de um obscuro funcionário do ministério dos negócios estrangeiros britânico e não se incomodem sequer com a sua persistência em discriminar os seres humanos em razão da sua orientação sexual ou com os efeitos das mortíferas consequências da sua política sobre o preservativo, principalmente na África sub-Sariana.

Isto para não falar do tenebroso escândalo da pedofilia e do sofrimento causado a milhares e milhares de crianças por esse mundo fora, com a miserável complacência das mais altas estruturas da Igreja Católica, incluindo a do Cardeal Joseph Ratzinger.

Mas se uma brincadeira deste género é bem capaz de fazer cancelar a visita do Papa ao Reino Unido, será que em Portugal ainda vamos a tempo?…

                          

5 de Abril, 2010 Luís Grave Rodrigues

Uma questão de dignidade

  

A polémica volta agora à ordem do dia com o anúncio da proibição da burca também na Bélgica.

Já aqui disse que não concordo de forma alguma que a proibição da burca seja uma contradição entre a defesa da liberdade e pôr o Estado a determinar como cada um se pode vestir.

Também não é argumento questionar se foi a própria mulher que escolheu usar uma burca, por querer adoptar o seu simbolismo.

Não o é, porque a dignidade e a liberdade não estão à disposição de ninguém para servir de moeda de troca cultural ou religiosa. São valores éticos e civilizacionais que nos compete a todos defender, e que devem prevalecer sobre quaisquer tradições culturais ou imposições, ou até opções, mais ou menos religiosas.

Talvez a imagem mais simbólica do que a burca significa seja a foto aqui ao lado.

Ela mostra bem que defender o uso da burca é, antes de mais, tolerar a submissão da mulher e o aviltamento e todo o simbolismo que lhe está subjacente.

Porque o que está verdadeiramente em questão é que uma burca não é uma simples peça de roupa!
Uma burca é um símbolo.

E mais do que um símbolo religioso ou cultural, a burca é o símbolo da submissão da mulher, e é um instrumento do aviltamento da sua dignidade, da sua honra e da sua liberdade individual.

Como pode alguém defendê-la?