Faz hoje anos que a Virgem Maria, a mãe de Deus, apareceu pela primeira vez em Fátima a três crianças para transmitir uma mensagem aos Humanos.
Andava preocupada com a gente, coitada.
De início a mensagem foi considerada um segredo divino tal era o seu significado simbólico e a sua enorme relevância para a História da Humanidade.
Só foi conhecida aos bochechos e depois de cuidadosamente dividida em três partes.
Ora, a mensagem da mãe de Deus era de tal forma importante que a sua última parte só foi conhecida meio século depois de nos ter sido transmitida.
Era uma previsão de que um gajo vestido de branco ia sofrer um atentado.
Foi pena que a “previsão” não tivesse sido divulgada mais cedo.
É que quando os prognósticos são feitos no fim do jogo perdem toda a piada, não é?…
Mas na primeira parte a Senhora «mais brilhante que o Sol» disse de facto uma coisa de particular importância para a Humanidade: disse que devíamos rezar muito a Deus.
Ao que parece, Deus gosta muito que lhe rezem. Faz-lhe bem ao ego, dizem.
Mas a especialidade da Virgem Santíssima era de facto a futurologia.
Pelos vistos a capacidade de adivinhação deve ser um dom especial reservado por Deus às mulheres «puríssimas», que são aquelas cujo canal vaginal só funciona no sentido catolicamente correcto, que é o sentido descendente, e que nunca foi conspurcada por essa coisa suja, horrível e pecaminosa chamada sexo.
Foi assim que vinda dos Céus, onde se encontra de corpo e alma, esta anorgásmica mãe, provavelmente com muito pouco que fazer, resolveu vir ao nosso planeta dizer-nos que a Guerra acabava nesse ano de 1917 e que os soldados portugueses estariam de volta ao solo pátrio já pelo Natal.
O pior de tudo foi que a I Guerra Mundial, a tal guerra de 1914-18 acabou, tal como o próprio nome indica… no ano de 1918.
Então não querem lá ver que a mãe de Deus se enganou, coitadita?
Ou seja:
Quer isto dizer que nesta insigne e extraordinária mensagem transmitida aos Homens a mãe de Deus numa parte fez um prognóstico no fim do jogo, noutra disse uma banalidade e na terceira, ó Céus… enganou-se!
É pois para honrar esta extraordinária mensagem que milhares de pessoas se deslocam todos os anos a Fátima para adorar e rezar à Virgem Maria e para comemorar e celebrar a extrema razoabilidade e a lucidez de tudo isto.
Nas suas últimas declarações o Papa Francisco denunciou o “direito a morrer” como um “falso sentido de compaixão”, considerando a eutanásia ou o suicídio assistido como um pecado contra Deus e contra a criação.
Condenou ainda o aborto e a investigação de células estaminais embrionárias dizendo que isso é “brincar com a vida” e pecar contra o “Deus Criador”
Eis mais um exemplo da imbecil hipocrisia da Igreja Católica e até do próprio Papa, por muito que o considerem “diferente”.
Como considerar uma organização tenebrosa que há dois mil anos é responsável pelos mais cruéis morticínios e pelos mais abjetos crimes contra a Humanidade e contra a Ciência que vem agora falar de “sentido de compaixão”, de “pecado contra Deus” e de “brincar com a vida”, ao mesmo tempo que moral e filosoficamente continua a ser… favorável à PENA DE MORTE?…
E, se a Igreja Católica Apostólica Romana não é excepção, ela caracteriza-se também pela mais profunda e abjecta homofobia e pela mais inqualificável misoginia. Provavelmente mais ainda do que as restantes religiões.
Se não vejamos:
Logo nos princípios fundamentais das religiões cristãs, transmitidos directamente e sem intermediários pelo próprio Deus a Moisés, consta como mandamento: «não cobiçar a mulher alheia».
Ora, quer isto dizer que o próprio Deus reduziu a mulher a um mero e passivo objecto de cobiça, sem autonomia de vontade para a negar ou para lhe resistir.
E quer isto dizer que não resta ao homem outra alternativa para resguardar da cobiça alheia a mulher de que é “proprietário”, não a vontade da própria mulher (que a vontade da mulher não é para aqui chamada), mas somente o último recurso: a vontade divina.
E como a autoridade suprema só tem de legislar em função daquilo que é necessário e que é previsível que aconteça, nem sequer se deu ao trabalho de prever um mandamento que, reciprocamente, proíba a mulher de cobiçar o homem alheio.
Obviamente que a mulher não tem capacidade suficiente para levar a cabo uma tarefa tão masculina como é essa de «cobiçar».
Como está absolutamente fora de questão a própria mulher querer vir um dia… a ser cobiçada…
Na verdade, se alguma coisa é característica da Igreja Católica é o modo como a mulher é encarada como algo sujo e pecaminoso, um ser de segunda categoria e absolutamente desprovido de raciocínio, e que deve ao homem obediência cega.
O próprio celibato do clero não visa mais do que afastar todos aqueles santos homens, representantes de Deus na Terra, dessa coisa abjecta que é a mulher, que só os distrai das sagradas tarefas de Deus e os aproxima inexoravelmente do pecado.
Principalmente desde o Século IV com Santo Agostinho (que deve ter sido um tarado sexual de primeira apanha), o próprio modo como a Igreja Católica encara o sexo – simplesmente como algo porco e um horrível pecado contra Deus – reflecte-se imediatamente no modo como é encarado o “objecto” desse sexo: a mulher.
Assim, como poderia a Igreja Católica permitir a ordenação dessa coisa suja e abjecta que é a mulher? A mulher nem sequer tem dignidade para ajudar à missa, quanto mais para ser padre!
Desde há séculos, a mulher não é mais do que o oposto polo aristotélico do homem, e não serve para mais do que, pela negativa, o afirmar positivamente. Como o mal afirma o bem; como o negativo afirma o positivo.
E não são raros os exemplos históricos das mulheres que, por falharem nesse seu sagrado desígnio, foram queimadas como bruxas. Bastava que alguém desconfiasse que pensavam por si, ou que tão somente demonstrassem qualquer aptidão artística.
As próprias mulheres que se aproximaram de Deus, na pessoa de Jesus Cristo, são tratadas pela Igreja Católica com um machismo e uma misoginia que não se entende que ainda prevaleça e se aceite nos nossos dias.
Teria sido absolutamente normal que Jesus Cristo, afinal um homem, tivesse casado com Maria Madalena, a quem teria tratado como sua igual, e que teria sido sua fiel e confidente companheira. E que o teria acompanhado nos momentos mais difíceis da sua vida, e que nunca o abandonou, nem mesmo na hora da sua morte.
Mas, como está absolutamente fora de questão que Jesus Cristo, Deus e filho de Deus, do alto da sua santidade de Espírito Santo se tenha alguma vez «conspurcado» pelo contacto com uma mulher, desde logo a Igreja Católica imediatamente reduziu a pobre Maria Madalena ao nível mais baixo do escalão mais baixo que já por si era como mulher: passou a ser uma prostituta.
Mas o exemplo mais paradigmático da misoginia da Igreja Católica é o que se passa com a própria mãe de Jesus Cristo, a Virgem Maria.
A Maria de Nazaré foi pura e simplesmente negado ser mulher.
E para que Maria pudesse ser mãe, mesmo sem ser mulher, foi então determinado que fosse virgem, obviamente por intermédio de um dogma, que é para não haver mais discussões.
De tal modo que ninguém se importou que com isso o carpinteiro com quem era casada fosse automaticamente transformado assim numa espécie de «corno manso», incapaz de consumar o seu próprio casamento.
Uma vez mais com a persistente ideia (que para mim é inegavelmente muito suspeita) de que o sexo é uma coisa abjecta e suja, a Igreja Católica passou a tratar a mãe de Jesus como a «Virgem», a «Imaculada» ou outros impropérios do género, fazendo-a subir aos Céus toda ela, em alma e corpo, com hímen e tudo, sem sequer lhe dar direito a ter tido uma simples relação sexual na sua vida terrena.
Porque, para a Igreja Católica, depois de ter tido uma relação sexual a mulher nunca mais será a mesma e não serve já para mais nada.
Ao contrário do que acontece com o homem que, como toda a gente sabe, está acima dessas coisas. Até o seu esperma é sagrado e não pode ser derramado inutilmente, sob pena de morte.
A mulher, não. Porque a mulher já foi «tocada». Já foi «suja». Já tem uma «mácula» que nunca mais sai.
E, nem que fosse só para ser mãe, uma mulher assim «manchada», já não poderia subir aos Céus.
E mais: assim numa coisa que parece muito próxima de uma vulgar e africana excisão ritual de clitóris, nem sequer foi dado a Maria de Nazaré o direito de subir aos Céus sem antes ter tido um orgasmo.
E agora é tarde, porque nos Céus não há cá dessas porcarias.
Porque, como é óbvio, Deus não quer.
Pois se Deus é pai, é filho e é espírito santo, então, e como toda a gente sabe, Deus… é HOMEM!
Uma coisa é certa:
nunca deixará de me surpreender como é que uma MULHER, digna desse nome e orgulhosa da sua condição, pode em plena consciência intitular-se CATÓLICA!
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