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19 de Novembro, 2006 lrodrigues

The God Delusion

«Hoje qualquer um de nós poderia dar uma aula a Aristóteles. Poderíamos mesmo maravilhá-lo até ao mais profundo do seu ser. É este o imenso privilégio de termos vivido depois de Newton, Darwin, Einstein, Plank, Watson, Crick e todos os seus colegas».
– Richard Dawkins

Richard Dawkins nasceu em Nairóbi, no Quénia, no dia 26 de Março de 1941.
É actualmente professor na Universidade de Oxford.

Ateu convicto, Richard Dawkins tornou-se famoso com a publicação em 1976 do seu livro «O Gene Egoísta» em que defende uma visão evolucionista centrada no gene, e mais tarde , em 1982 com o livro «O Fenótipo Estendido».
Autor de uma extensa bibliografia, Richard Dawkins publicou recentemente o livro «The God Delusion», onde se manifesta exasperado com os seus colegas que procuram na ciência uma justificação para as suas convicções religiosas.

No dia 23 de Outubro de 2006 Richard Dawkins fez uma extraordinária apresentação precisamente do seu último livro «The God Delusion», numa Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos.
Nestes dois filmes Richard Dawkins lê (no primeiro) alguns excertos do livro, e depois responde (no segundo) a algumas perguntas dos alunos.

Absolutamente imperdível!!!

The God Delusion:

Perguntas e Respostas:

(Publicado simultaneamente no «Random Precision»)

30 de Outubro, 2006 lrodrigues

A Igreja Católica e a Vida Humana

Nestes tempos de intenso debate nacional a propósito do referendo sobre a despenalização do aborto, é notória a profunda dissensão a que se assiste na sociedade portuguesa entre os defensores do “sim” e os defensores do “não”.

As divergências políticas estão já marcadas: depois do Primeiro-ministro José Sócrates se ter afirmado publicamente a favor do «sim», apareceu Marques Mendes a dizer que votará «não», numa posição que pretende nitidamente não mais do que uma demarcação política e partidária.
Depois, aparece a Igreja Católica mais uma vez a meter o bedelho e a querer influenciar a sociedade e a vida das pessoas, quer sejam católicas quer não o sejam.
Pela voz de José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa, a Igreja Católica é muito clara a explicar a sua posição:
«…desde o seu início, a Igreja condenou o aborto, porque considera que desde o primeiro momento da concepção, existe um ser humano, com toda a sua dignidade, com direito a existir e a ser protegido».
E vai mais longe quando esclarece que:
«… a condenação do aborto não é uma questão religiosa, mas de «ética fundamental»; trata-se, de facto, de um valor universal, o direito à vida, exigência da moral natural…».
Assim, e defendendo a vida humana como um valor inquestionavelmente absoluto, ao mesmo tempo que considera que desde o primeiro momento da concepção existe já uma vida humana, a Igreja Católica assume uma pretendida coerência de ser contra o aborto.
A vida humana é um valor absoluto, e ponto final!
De tal forma, que a Igreja Católica é inequivocamente contra qualquer forma de aborto.
Mesmo nos casos (previstos na lei actualmente vigente em Portugal) de malformação do feto, de violação ou de perigo de vida para a mulher, a Igreja Católica tem sempre a mesma posição: é contra o aborto.
É assim que (admitamos que muito coerentemente), esse repositório básico da «Doutrina Oficial da Igreja Católica», dos «valores judaico-cristãos» da civilização ocidental, essa fonte de «ética fundamental» que é o «Catecismo da Igreja Católica», pune com a pena de excomunhão «latae sententiae», isto é, pela prática do próprio facto, tanto a mulher que pratica um aborto, como também quem a tenha auxiliado.
Como podia ser de outra maneira: pois não é a vida humana um valor fundamental e absoluto para a Igreja Católica?
Pois. Mas o pior é que não é!
É que enquanto afirma que «a vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção», e que «desde o primeiro momento de sua existência o ser humano deve ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo o ser inocente à vida», esse mesmo tal «Catecismo da Igreja Católica» afirma a propósito da «legítima defesa»:
«Quem defende sua vida não é culpável de homicídio, mesmo se for obrigado a matar o agressor».
Isto explicado melhor quer dizer que a doutrina católica, a tal «ética fundamental» a que se referia o Cardeal Patriarca e tão bem explicada no «Catecismo», nos diz que quando estão em confronto as vidas humanas de um agressor e de um agredido, privilegia-se este último e legitima-se o seu direito a defender-se e a matar o agressor, isto é, a tirar-lhe o tal «valor absoluto» que é sua a vida humana.
Mas quando uma gravidez põe em perigo a vida de uma mulher, não lhe é concedido o direito a abortar.
Desta vez privilegia-se um embrião, a quem se «concedeu» vida logo desde o primeiro momento da concepção, e recusa-se à mulher o direito à sua própria vida, à mesma «legítima defesa» que antes se concedeu a um indivíduo ou a uma sociedade que foram «agredidos».
Uma vez mais, e como ao longo da História tem sido persistente tradição da Igreja Católica, a mulher é tratada como um «objecto» de segunda categoria, e nem sequer a sua vida humana constitui já um «valor absoluto» assim tão fundamental que, quando em confronto, justifique a destruição de um embrião, passe este ou não de um conjunto de meia dúzia de células sem sistema nervoso, estejamos ou não perante uma malformação do feto, seja este ou não resultado de uma violação da mulher.
Mas esta ignóbil hipocrisia da Igreja Católica não fica por aqui:
Enquanto fala no valor absoluto da vida humana a propósito de um embrião, a mesma Igreja Católica Apostólica Romana defende no seu Catecismo… a pena de morte!
Como diz o «Catecismo da Igreja Católica» (§ 2267):
«A legítima autoridade pública tem o direito e o dever de infligir penas proporcionais à gravidade do delito».
«O ensino tradicional da Igreja não exclui, depois de comprovadas cabalmente a identidade e a responsabilidade de culpado, o recurso à pena de morte, se essa for a única via praticável para defender eficazmente a vida humana contra o agressor injusto».
É de facto muito curiosa uma religião que admite a pena de morte!
É de facto muito curioso que haja alguém que ora defende os valores éticos e absolutos da vida humana quando fala de um embrião, para logo a seguir esquecer essa mesma «ética fundamental» quando fala de uma pessoa adulta e admite que os seus semelhantes lhe tirem a vida, esse tal «valor absoluto», como castigo por uma acção por si praticada.
Que haja quem defenda o «sim» e o «não» à despenalização do aborto, isso entendo perfeitamente.
Por isso é que haverá um referendo onde todos devem ter o direito de votar em liberdade e de acordo com a sua consciência.
Mas já não compreendo a profunda hipocrisia e a inqualificável desonestidade intelectual de quem, por se intitular católico e por isso se achar dotado de uma superioridade «ética fundamental», ora se manifesta contra a despenalização do aborto em nome do «valor absoluto» da vida de um embrião, ora, orgulhando-se de pertencer a essa tenebrosa associação que é a Igreja Católica Apostólica Romana, é também e ao mesmo tempo favorável à pena de morte!

(Publicado simultaneamente no «Random Precision»)

28 de Outubro, 2006 lrodrigues

A Defesa da Vida

O «Los Angeles Times» relata que será aprovada na Nicarágua uma lei que criminaliza todas as formas de aborto, incluindo as resultantes de violações, de malformações do feto e até mesmo as que se destinem a salvar a vida da mulher grávida.

Associações médicas da Nicarágua e movimentos internacionais de direitos humanos têm criticado fortemente esta legislação, que prevê penas de 6 a 30 anos de prisão para as mulheres que abortem e para os médicos que se atrevam a auxiliá-las.
Estima-se que anualmente se façam cerca de 32.000 abortos clandestinos na Nicarágua sem quaisquer condições de segurança ou salubridade, enquanto foram levados a cabo somente 24 abortos legalmente autorizados nos últimos três anos, incluindo o de uma menina de 9 anos que tinha sido violada em 2003 mas que, segundo a nova lei, não poderia agora abortar.
Médicos da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia daquele país afirmaram em conferência de imprensa que esta lei vai perigar a vida das mulheres e vai fazer com que os médicos se sintam relutantes em levar a cabo quaisquer procedimentos destinados a salvar-lhes a vida.
«Quando uma mulher chega a um hospital com uma hemorragia vaginal, ficamos receosos de fazer alguma coisa: se a tratamos podemos ser condenados e se não a tratamos também», declararam.
Mas Rafael Cabrera, um médico obstetra e líder do «Movimento Sim Pela Vida», afirmou:
«A lei actualmente vigente na Nicarágua permite a abertura de uma porta pela qual os abortos podem ser praticados e nós pretendemos fechar essa porta. Não acreditamos que uma criança possa ser destruída sob o pretexto de que uma mulher pode morrer».
Por trás desta iniciativa está uma instituição milenar, fortemente implantada na Nicarágua e influente em todos os sectores da sociedade, e cujos líderes se mobilizaram activamente para redigir a lei e angariar todos os apoios necessários para a sua aprovação, e que se distingue pela sua forma única e peculiar de defesa de embriões, da dignidade das mulheres e da própria vida humana.
Chama-se Igreja Católica Apostólica Romana.

(Publicado simultaneamente no «Random Precision»)

20 de Outubro, 2006 lrodrigues

Um Problema Conjuntural


«Não só os homossexuais mas também aqueles que os toleram são merecedores da morte»

– Bíblia: Romanos 1:32

«O acto homossexual deve ser punido com a morte».

– Bíblia: levítico 20:13

Moral da história:

A homossexualidade é uma doença incurável que não pode ser tolerada por nenhum bom cristão e deve ser punida com a morte;

A pedofilia é um problema conjuntural que se resolve mudando o padre de freguesia.

(Publicado simultaneamente no «Random Precision»)

18 de Outubro, 2006 lrodrigues

Descubra as Diferenças

Que diferenças existirão verdadeiramente entre as religiões?
Até que ponto os princípios filosóficos se distinguirão nas diferentes religiões de todo o mundo?

Serão semelhantes ou distintas as mensagens que o Deus de cada uma das religiões transmitiu aos seus fiéis, e que todos seguem em busca do respectivo Paraíso?
Até que ponto serão diferentes o Deus dos católicos do Deus dos muçulmanos?

Por outras palavras, será que um católico e um muçulmano, enquanto pessoas religiosas e de fé, são de facto diferentes um do outro?

Respiguemos então ao acaso algumas citações da Bíblia e do Corão, afinal os livros sagrados das duas religiões, a que os respectivos fiéis obedecem como sendo a verdadeira palavra de Deus transmitida aos Homens, e que seguem como constituindo os princípios éticos que os regem em cada momento da sua vida.

Afinal, o que os distinguirá?
Vejamos:

«Fazei-lhes a guerra até que a idolatria cesse e a religião de Alá reine de forma suprema»
– Corão: 8:39
«…matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos»
– Bíblia: Samuel, 15:3

«Massacrem os idólatras onde quer que eles estejam… façam emboscadas em todos os lugares em busca deles»
– Corão: 9:5
«E a minha ira se acenderá, e vos matarei à espada»
– Bíblia: Êxodo, 22:24

«A todos os que massacram em nome de Alá, Ele não permitirá que as suas obras se desvaneçam… Ele admiti-los-á no Paraíso e revelar-se-á a eles».
– Corão: 47:8
«E pelejaram contra os medianitas, como o Senhor ordenara a Moisés, e mataram a todos os homens»
– Bíblia: Números, 31:7

Serão, pois, assim tantas as diferenças entre as duas religiões?
Será que um católico se sente assim tão diferente de um muçulmano?

Mas para qualquer católico que se preze, convencido que estará que a sua religião prega o amor e a paz entre os Homens, mas que ainda tenha dificuldade em responder a estas perguntas, não haverá nada melhor do que saber até que ponto o seu Deus deixou bem claro quais os verdadeiros fundamentos do cristianismo.

É que na Bíblia (Mateus 10:34) Jesus Cristo, isto é, o próprio Deus, transmitiu-nos de facto e de forma clara e inequívoca, e até em discurso directo para que não houvesse confusões, quais os fundamentos e os princípios éticos e filosóficos do cristianismo quando nos disse:
– «Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada».

Será que é preciso dizer mais alguma coisa?
Vindas do próprio Deus dos católicos, estas palavras são, de facto, absolutamente esclarecedoras!…

(Publicado simultaneamente no «Random Precision»)

12 de Outubro, 2006 lrodrigues

A Mãe de Deus

O dia 13 de Outubro é uma data de extrema importância para os católicos de todo o mundo.

De facto, foi no dia 13 de Outubro de 1917 que a mãe de Deus, ela própria, em pessoa, em directo e ao vivo, apareceu pela sexta vez aos três videntes de Fátima, tal como tinha anunciado que ia fazer no dia 13 de Maio desse mesmo ano.

Nesse dia 13 de Outubro, a Virgem Maria, decerto cansada que a tratassem por esse nome (ela lá saberá porquê), disse aos três videntes que queria passar a ser tratada por outro nome mais actualizado.
E disse-lhes então: eu sou a «Nossa Senhora do Rosário».
Segundo rezam as crónicas da época, os videntes não acharam estranho que a mãe de Deus se referisse a ela própria por «Nossa», em vez de «Vossa». Mas isso é um pormenor de somenos importância.

Já que estava ali sem fazer nada, a Vossa Senhora do Rosário aproveitou a oportunidade e resolveu anunciar que queria que no local das aparições fosse construída uma capela em sua honra.
E lá lhe fizeram a vontade, não fosse o Diabo tecê-las. Olá se fizeram!

Rezam ainda as crónicas da época que foi nesse dia que o Sol dançou no céu.
Embora não se conheça ninguém em concreto que tivesse presenciado este milagre, pois todas as pessoas que foram inquiridas individualmente negaram ter visto alguma coisa digna de nota, o que é facto é que para todos os efeitos o Sol dançou, e isso é o que interessa.

Mas o verdadeiro significado das aparições da Cova da Iria é outro completamente diferente e muito mais importante.
Vejamos então:

Um belo dia a mãe do Deus pai, do Deus filho e do Deus Espírito Santo, isto é, a mãe desta gente toda, resolveu vir ao planeta Terra transmitir uma mensagem aos humanos.
Andava preocupada com a gente, coitada.

E então, decerto persuadida da enorme importância desta divina mensagem, a santa progenitora escolheu como seus interlocutores nada menos do que três pastores analfabetos e meio atrasados mentais.
Ainda por cima as «sopas de cavalo cansado» não os tinham ajudado nada, coitados.

Nunca ninguém lhe perguntou a razão desta escolha. Mas da parte de quem gostava de aparecer às pessoas em cima das árvores, também nada é de estranhar.

Dado o inegável significado simbólico e atenta até a enorme relevância para a História da Humanidade, a mensagem foi de início considerada um segredo divino.
Só foi conhecida aos bochechos e depois de cuidadosamente dividida em três partes.

Na primeira parte, esta senhora «mais brilhante que o Sol» resolveu dedicar-se às banalidades. E lá entendeu dizer aos visionários que deviam rezar muito.
Sim, porque Deus gosta muito que lhe rezem. Faz-lhe bem ao ego, dizem.

Na segunda parte, resolveu dedicar-se às previsões e à futurologia. E lá entendeu por bem prever que a Guerra acabava nesse ano de 1917 e que os soldados portugueses já estariam de volta ao solo pátrio pelo Natal.
O pior foi que a I Guerra Mundial, a tal guerra de 1914-18 acabou, tal como o próprio nome indica, no ano de 1918.
Então não querem lá ver que a mãe de Deus se enganou, coitada?

Finalmente, a terceira e última parte a ser conhecida, aliás mais de meio século depois, fazia mais uma previsão. Desta vez de um atentado ao Papa.
O pior é que as previsões que são conhecidas depois dos acontecimentos que predizem ainda são piores que os prognósticos feitos no fim do jogo.

Ou seja, quer isto dizer que, nesta insigne e extraordinária mensagem transmitida aos Homens, a mãe de Deus numa parte fez um prognóstico no fim do jogo, noutra disse uma banalidade e na terceira, coitadita… enganou-se!

O que é facto é que ainda hoje me custa a entender por que raio terá a mãe de Deus resolvido um belo dia vir à Terra insultar desta maneira os católicos de todo o mundo…

(Publicado simultaneamente no «Random Precision»)

9 de Outubro, 2006 lrodrigues

Deliver Us From Evil

No próximo dia 13 de Outubro vai estrear nos Estados Unidos o documentário «Deliver Us From Evil».
Espero bem que seja em breve também exibido em Portugal.

«Deliver Us From Evil», ou «Livrai-nos do Mal», é na realidade o título adequado para este documentário.
É a história do padre Oliver O?Grady, o mais famoso pedófilo da história da moderna Igreja Católica.

Completamente desprovido de sentido de moral ou de qualquer sentimento de vergonha ou culpa, o padre O?Grady usou o seu carisma e autoridade para violar dezenas de fiéis famílias católicas por todo o Nordeste da Califórnia durante mais de vinte anos.

As suas vítimas vão desde um bebé de 9 meses (!) até a uma senhora de meia-idade, por sua vez mãe de um adolescente também por si violado.

Apesar de repetidos avisos e denúncias, a Igreja Católica conseguiu construir à volta de Oliver O?Grady uma protectora teia de mentiras que iludiu todas as críticas e o protegeu de quaisquer responsabilidades legais.
Documentos da própria Igreja Católica demonstram que desde 1973 o padre Oliver O?Grady violou e sodomizou impunemente um incontável número de crianças, com total e perfeito conhecimento dos seus superiores e das autoridades eclesiásticas católicas.

Enquanto isso, essas mesmas as autoridades eclesiásticas, com especial relevo para o Cardeal de Los Angeles, Roger Mahony, limitavam-se depois de cada escândalo a transferi-lo sucessivamente de paróquia para paróquia.
Apesar de em cada nova paróquia O?Grady uma vez mais começar tudo de novo.

Aliás, é sabido que a só Igreja Católica americana já gastou mais de mil milhões de dólares em acordos indemnizatórios extra-judiciais com vítimas de abusos sexuais para abafar os escândalos e proteger os padres envolvidos.

A autora deste notável documentário, Amy Berg, conseguiu localizar o padre Oliver O?Grady e persuadi-lo mesmo a participar nas filmagens.
O seu relato dos anos que passou nas diversas paróquias da Califórnia é arrepiante, e desprovido de qualquer remorso ou arrependimento.
Mesmo quando confessa abertamente aquilo a que chama «uma irresistível atracção sexual por crianças pequenas, mesmo bebés de poucos meses» e admite abertamente ter usado o ascendente moral que como padre tinha sobre as crianças das sucessivas paróquias por onde passava para depois as violar.

Eis um pequeno filme de uma entrevista com a autora e realizadora do documentário:

Mais perturbadora será talvez a frieza com que o padre Oliver O?Grady calmamente declara que tem a consciência tranquila, e como se considera completamente perdoado pelos seus pecados uma vez que… os confessou já a um padre seu colega.

Resta dizer que ao fim de quase 30 anos de abusos e violações o Padre Oliver O?Grady foi preso e julgado pela justiça americana, e condenado a 14 anos de cadeia.
Depois de cumprir 7 anos dessa sentença foi libertado.
A Igreja Católica Apostólica Romana não o abandonou nesta sua desventura: transferiu-o para a sua Irlanda natal, onde agora uma vez mais apascenta em paz um novo rebanho.
De que obviamente fazem parte crianças de todas as idades…


Clique sobre a imagem à direita ->

para aceder ao site e ver um pequeno “trailer” do documentário que nos relata a mais obscura faceta deste nobre mensageiro de Deus, e nos desvenda que tipo de instituição é na realidade a Igreja Católica Apostólica Romana.

A que tanta gente ainda se arroga orgulhosamente de pertencer…

(Publicado simultaneamente no «Random Precision»)

28 de Julho, 2006 lrodrigues

Um problema de saúde pública

Como qualquer outro problema de saúde, a crença num Deus ou a prática de uma religião deveriam ser tratadas como uma doença.

É, de facto, uma epidemia, ou melhor, uma pandemia que paralisa as pessoas individualmente, e até as nações no seu conjunto, e as impede de agir de modo racional.
E constitui uma ameaça cada vez maior para quem pretende viver simplesmente como um homem livre.
Porque as pessoas que acreditam em Deus não se contentam em viver, elas próprias, de acordo com os cânones que imaginaram que lhes foram divinamente transmitidos e que lêem babados num livro que lhes transmite uma mensagem de morte, de raiva e de medo.

Não: pura e simplesmente desconhecem o significado da palavra tolerância, e exigem que todas as outras pessoas vivam da mesma forma.

E persistem em formatar as sociedades e todos os cidadãos, crentes ou não, de acordo com as leis de alguém que não passa, afinal, do produto da sua infantil imaginação.
E que, pobres coitados, não imaginam sequer que não existe!
Quem acredita em Deus nem sequer se apercebe de que não é livre.
Vive a sua vida com uma espécie de «câmara de vídeo» permanente atrás de si, que o vigia, que lhe espiolha os gestos e até mesmo os pensamentos.
Vive num medo constante.
E vive em constante remorso.
Vive diariamente em pânico de desagradar, de pecar, de sair dos eixos, de “cair em tentação”.
E de pagar por isso na «vida eterna» que imagina que existe, sem sequer saber muito bem onde.
E, por isso, vive em constante troca de favores e em negociações abjectas com Deus, pedindo-lhe humildemente perdão de mãos respeitosamente postas e entre duas orações standardizadas, sem se aperceber da ridícula indignidade que isso representa para um ser humano.
Mas mais: quem acredita em Deus nunca saberá ao certo se é verdadeiramente uma pessoa honesta.
Porque se a honestidade é também «aquilo que as pessoas fazem quando ninguém está a ver», então um crente nunca saberá que não roubou, que não enganou, que não fez batota num jogo de cartas simplesmente por uma questão de ética ou de princípio pessoal, ou se não o fez porque algures “alguém o estava a ver” ou porque isso é “pecado”.

E o “pecado” é uma coisa terrível: até o sexo é pecado!!!

E o que é mais triste, é que quem acredita em Deus nem sequer se apercebe de como tudo isto é tão ridículo, tão patético e tão pouco saudável.
Como é de facto muito pouco saudável passar a vida a pedinchar, a entoar cânticos ridículos, a auto-amesquinhar-se, a bajular e, das formas mais abjectas, a louvaminhar imbecilmente alguém que pura e simplesmente… não existe.

E tudo isto para quê?
Para endrominar Deus e comprar-lhe um lugar “no outro mundo”!

Contudo, ao longo da História dos Homens o que é verdade é que Deus tem servido de pretexto para a maior parte das guerras e como desculpa para os maiores e mais inimagináveis massacres.
Ao mesmo tempo, esse mesmo Deus, e ainda hoje assim é, tem servido de barreira e de persistente entrave ao desenvolvimento das ciências, das artes, da cultura e da civilização humanas.
Penso que já é tempo de se fazer uma verdadeira avaliação do papel que Deus desempenha nas sociedades modernas.
Porque Deus é, de facto, uma doença.
Uma doença com cura, mas uma doença.
Deus é um vírus.
Uma vírus que se espalha, que é contagioso, que infecta tudo, e corrói até a dignidade humana.
Por isso, mais ainda do que uma doença, Deus é, acima de tudo e cada vez mais, um problema de saúde pública!

(Publicado simultaneamente no «Random Precision»)

27 de Julho, 2006 lrodrigues

O Divórcio Católico

Como toda a gente sabe, o casamento católico é indissolúvel.

Por isso, está completamente fora de questão que a Igreja Católica permita a dissolução por divórcio de um casamento celebrado canonicamente.
Ou seja, numa escala de valores, mesmo em casos comprovados de infelicidade conjugal, mesmo em casos, por exemplo, de extrema violência doméstica, a Igreja Católica dá mais importância ao sacramento religioso e continua impor o casamento para toda a vida.
É como se dissesse a uma mulher que é regularmente sovada pelo marido:
– Casaste-te pela Igreja? Pois olha, ninguém te mandou. Agora aguenta-te à bronca, continua a levar no focinho para o resto da tua vida, e bico calado que a mulher deve obediência ao homem.
Que muitas pessoas que se casaram pela Igreja, e que são católicas, acatem esta santo princípio, acho muito bem: isso, apesar de tudo, compete à sua liberdade individual.
O pior é quando a Igreja Católica faz valer a sua doutrina num determinado país, através de concordatas celebradas com piedosos governantes, e consegue impor a sua doutrina à generalidade dos cidadãos, proibindo-lhes mesmo a dissolução civil de um casamento que foi simultaneamente celebrado pela Igreja.
Era precisamente o que sucedia em Portugal até ao 25 de Abril.
Mas enganam-se os que pensam que isto fica por aqui.
Porque se todas as leis têm excepção, as leis de Deus não lhes podem ficar atrás.
Com efeito, se o casamento católico não pode ser dissolvido por divórcio, pode em vez disso ser… anulado.
E o raciocínio é extremamente curioso:
O casamento canónico pode ser anulado em dois casos distintos: quando houve simulação ou incapacidade de um dos cônjuges.
E, no Código de Direito Canónico, o cânone 1095 estabelece que são incapazes de contrair matrimónio:
1º os que carecem do uso suficiente de razão;
2º os que sofrem de defeito grave de discrição do juízo acerca dos direitos e deveres essenciais do matrimónio, que se devem dar e receber mutuamente;
3º os que por causas de natureza psíquica não podem assumir as obrigações essenciais do matrimónio.
Então, se o divórcio é proibido pela Igreja Católica, engendram-se umas desculpas esfarrapadas quaisquer, nem que seja um atestado médico falso a atestar uma virgindade há muito perdida, e então recorre-se à anulação do casamento.
É tudo a fingir, tudo a fazer de conta, claro, à boa maneira católica, mas toda a gente vive feliz e contente.
Mas atenção que isto não é para toda a gente.
Não!
Esta brilhante solução está reservada somente para aquelas pessoas que tenham umas massas jeitosas para lubrificar a máquina da justiça católica e para contratar um bom advogado especialista em direito canónico, e o problema está resolvido.
E pronto: o que Deus uniu, já pode ser separado!
E já se podem casar outra vez pela Igreja, e começar tudo de novo.
De tal forma que as autoridades eclesiásticas estão já preocupadas com o crescente número de pedidos de anulação de casamento por esse mundo fora.
Só no ano 2000 foram feitos 56.236 pedidos de anulação, sempre com os tais fundamentos em simulação ou incapacidade.
Por isso, cada vez que passarmos por uma Igreja e virmos um casamento católico a decorrer, é bom pensarmos no alto grau de probabilidade de que um dos cônjuges possa ser maluco ou em vez disso, quem sabe, que esteja ali a fingir…

(Publicado simultaneamente no «Random Precision»)

26 de Julho, 2006 lrodrigues

O Casamento Católico

Durante todo este tempo que tem durado o processo do casamento entre duas pessoas do mesmo sexo, tenho ouvido, como é absolutamente normal, as mais díspares opiniões, quer contra quer a favor, seja do ponto de vista técnico jurídico, seja de uma perspectiva estritamente pessoal.

Mas o que mais me tem surpreendido é a frequência com que ouço, e leio até publicados em jornais, argumentos do tipo:
«Eu até acho que as pessoas deviam viver a sua vida como muito bem entendem, mas como sou católico não posso concordar com o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo».
Ou:
«O casamento homossexual é uma coisa contra-natura e vai contra as leis de Deus».
Ou ainda:
«Permitir o casamento homossexual viola a “tradição judaico-cristã” do povo português».
Como é óbvio, este tipo de argumentação encheu-me de curiosidade.
Resolvi então procurar saber em que medida o catolicismo não permite que duas pessoas do mesmo sexo celebrem um mero contrato de natureza estritamente civil, o que raio é isso da «tradição judaico-cristã», e também o que é que afinal a lei de Deus diz sobre este assunto, que os católicos pretendem seguir e obedecer com tanta fé e tanto empenho.
Fui então consultar o livro sagrado e a fonte da palavra e da lei de Deus: a Bíblia.
Fiquei então a perceber melhor o que é que significa essa tal coisa de «tradição judaico-cristã» e qual o estilo e a filosofia de vida que os católicos afinal defendem.
E, finalmente, descobri também que se os católicos são ideologicamente contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo são, em contrapartida, a favor de outras coisas muitíssimo curiosas.
Então aqui vai:
O Casamento deve consistir na união entre um homem e uma ou mais mulheres (Génesis 29:17-28 e II Samuel 3:2-5);
O casamento não deve constituir impedimento ao direito de um homem tomar concubinas, mesmo para além da sua mulher ou mulheres (II Samuel 5:13; I Reis 11:3; II Crónicas 11:21);
Um casamento deve ser considerado válido somente se a mulher for virgem; se a mulher não for virgem para o casamento deverá ser condenada à morte e executada por apedrejamento (Deuteronómio 22:13-21);
O casamento entre pessoas de raças diferentes ou entre pessoas de credos distintos deve ser proibido (Génesis 24:3; Números 25:1-9; Esdras 9:12; Neemias 10:30);
Uma vez que o casamento deve ser celebrado para toda a vida, o divórcio deve ser completamente proibido (Deuteronómio 22:19; Marcos 10:9);
Se um homem casado morre sem ter deixado filhos, o seu irmão deve casar com a viúva. Se ele recusar a viúva do seu irmão ou se deliberadamente não lhe der filhos, deverá ser humilhado em público, pagar uma multa e para além disso ser condenado à morte (Génesis 38:6-10; Deuteronómio 25:5-10);
Se uma mulher não encontrar na sua terra um homem que ache adequado para com ele se casar, deve embebedar o seu pai e ter relações sexuais com ele, podendo ainda juntar à festa as irmãs que também se queiram divertir (Génesis 19:31-36).
Em suma:
Se é esta a lei e a palavra do Deus em que baseiam a sua filosofia de vida e o suporte da tal «tradição judaico-cristã», então os malandros dos católicos devem andar por aí a fazer belas coisas às escondidas…

(Publicado simultaneamente no «Random Precision»)