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8 de Outubro, 2004 jvasco

De onde vem a Religião?

A religião é natural? Um excelente artigo da Skeptical Inquirer tenta responder a essa pergunta. Analisando as diferentes religiões e processos mentais que lhes dão origem, o autor chega a conclusões surpreendentes.

Estudando as crenças das pessoas (que são diferentes daquilo que as pessoas crêem crer), estudando a forma de como a religião surgiu em diferentes sociedades, quais as diferenças e pontos em comum, qual a relação com a moralidade, com o ritual, o autor mostra que a explicação da religião como «dormência da razão» é uma explicação incompleta.

7 de Outubro, 2004 jvasco

Xiitas vs Sunitas

A violência que o fundamentalismo Islâmico provoca não incide apenas sobre os crentes de outras religiões, ou sobre os ateus e agnósticos.

Mesmo entre os próprios crentes em Alá existe terror e sangue devido a diferentes interpretações do Corão.

Atentem nesta notícia do público, segundo a qual um atentado Xiita no Paquistão matou 39 Sunitas.

5 de Outubro, 2004 jvasco

A Ciência avança

É com diferentes passos, uns maiores, outros menores, que a Ciência avança de dia para dia.

Alguns são reconhecidos e recompensados.

A sociedade só tem a ganhar em ser grata para quem investe o seu esforço e criatividade em prol da Ciência.

Com todos os aspectos questionáveis que podem ser levantados, ainda bem que anualmente os prémios Nobel, tal como outras iniciativas do tipo, vão reconhecendo alguns cientistas.

4 de Outubro, 2004 jvasco

O Corão anotado do Céptico

Já tive várias oportunidades de fazer neste espaço alguma publicidade à Bíblia anotada do Céptico: um excelente trabalho que mostra toda a Bíblia com as suas contradições doutrinais, narrativas e históricas, as suas contradições com os valores politicamente correctos, o seu sexismo e homofobia, as suas falsas profecias, etc… A página em questão está muito bem organizada, e vai sendo enriquecida com o tempo, pelo que vale a pena ir espreitando de vez em quando.

Foi por isso mesmo, aliás, que descobri uma excelente adição: o Corão anotado do Céptico. Ainda não está tão completo como a Bíblia anotada do céptico, mas já proporciona argumentos suficientes para demonstrar que este «livro sagrado» também está repleto de erros, contradições, incoerências, sexismo, homofobia e valores anacrónicos.

2 de Outubro, 2004 jvasco

Madre Teresa

Em 19 de Outubro de 2003, Madre Teresa de Calcutá foi beatificada.

Madre Teresa de Calcutá tinha algumas opiniões polémicas. Considerava, por exemplo, que nem em caso de violação deveria ser permitido o aborto, caracterizando-o como «o maior mal, e o maior inimigo da paz».

Madre Teresa de Calcutá também estabeleceu algumas relações duvidosas, como é o caso de Jean-Claude Duvalier (um ditador a quem Madre Teresa elogiou a forma como «ama os pobres»); Charles Keating (que roubou 252 milhões de dólares no escândalo das poupanças e empréstimos, mas que doou 1.25 milhões para a ordem de Madre Teresa) ou até Robert Maxwell (que roubou 450 milhões de libras dos fundos de pensão dos seus empregados).

Mas uma das coisas mais questionáveis em Madre Teresa é a sua motivação. Em 1981, Madre Teresa disse numa conferência de imprensa: «Eu acho que é muito belo os pobres aceitarem a sua miséria, partilhar a paixão de Cristo. Eu acho que o mundo está a ser muito ajudado pelo sofrimento dos pobres». Apenas poucas centenas de pessoas são ajudadas, mesmo na maior das casas da ordem de Madre Teresa. A título de comparação, A Assembleia de Deus (protestante) serve 18000 refeições apenas em Calcutá, que é mais do que todas as casas da ordem de Madre Teresa juntas. Nenhuma das infra-estruturas em Nova-Guiné (há oito), por exemplo, tem qualquer residente, sendo exclusivamente para converter as pessoas ao Catolicismo.

Questionável também é o destino das doações feitas à ordem. Madre Teresa recusava-se a comprar equipamento médico. O dinheiro, mesmo aquele que era doado especificamente para caridade, era transferido para o Vaticano para uso geral.

Madre Teresa nunca permitiu o conhecimento das contas da sua ordem, excepto quando a tal foi obrigada por lei.

Obtive estas informações na entrada sobre Madre Teresa da Wikipedia.

28 de Setembro, 2004 jvasco

Na madeira…

Acabei de ler, no Público, a seguinte notícia:

O bispo do Funchal, Teodoro Faria, na homilia que proferiu domingo na inauguração da igreja dos Álamos, enalteceu o espírito criativo e construtivo do presidente do governo regional, elogiou a “política autonómica” e deu “graças a Deus” pelo apoio concedido para a construção daquele templo, o décimo quarto edificado na governação de Alberto João Jardim, apesar do decréscimo demográfico e da cada vez mais baixa participação dos fiéis madeirenses em actos litúrgicos.Também o pároco Manuel Luís destacou sua “visão do desenvolvimento global e harmonioso da região”.

[…]

Muito generosos têm sido os subsídios atribuídos à igreja católica nos anos de eleições regionais < 3,4 milhões em 1996 e quase nove milhões em 2000 < que ocupa a terceira posição (14,1 por cento do total) na tabela de subsídios que é liderada pelo desporto (30,3%), seguido pelos apoios extraordinários concedidos às câmaras (24,4%).
Apesar da quebra registada em 2003 para apenas 2,6 milhões de euros, este montante deve triplicar no corrente ano, também marcado por nova ida às urnas[…]

Queria comentar, mas a notícia fala por si…

27 de Setembro, 2004 jvasco

Não me interpretem mal

Não quero fazer campanha por ninguém.

Não quero, com este artigo, defender este ou aquele partido, nem este ou aquele candidato dentro de um partido.

Mas quando vi o teste (bússola) que o público fez aos diferentes candidatos à liderança do PS, achei que uma das secções tinha algum relevo para este blogue. Vou portanto reproduzir essa secção:

26 de Setembro, 2004 jvasco

1984



Imagem gentilmente cedida pelo Francisco Burnay, da lista de discussão

Ocorreu-me há minutos

Faz cerca de dois anos que li a excelente obra de George Orwell: 1984 – o livro que nos fala sobre o totalitarismo do regime do grande irmão (big brother), falando-nos sobre todos os totalitarismos e sobre toda a opressão.

Mas o livro não se limita a contar a história de um regime tão opressor e esmagador que vigia com câmaras e microfones omnipresentes os movimentos dos membros do partido que mantém o poder. O regime é descrito como implacável e cruel, mas a genialidade do livro (na minha opinião) não está aí.

A genialidade do livro está em descrever a força do regime: refazer a história, manipular a informação e a realidade e, num nível mais avançado, destruir a racionalidade, a lógica e a coerência do pensamento.

Creio que isto é muito verdade: uma sociedade de pessoas incoerentes, de pessoas que respondem apenas às emoções irreflectidas e estímulos do momento, é uma sociedade onde a propaganda pode controlá-las, onde a informação pode ser manipulada, e a realidade das pessoas pode ser “criada”.

Eu, além de me identificar com o ateísmo, identifico-me com o Racionalismo (que é um sistema ateísta). Como uma das grandes qualidades deste sistema, vejo essa: numa sociedade onde ele tem uma aceitação significativa, a ditadura e a opressão são muito mais difíceis, a propaganda é muito menos eficaz, a informação é mais séria a honesta, e a Democracia funciona melhor.

23 de Setembro, 2004 jvasco

Resposta ao Bispo

O texto que segue é uma resposta ao artigo de opinião que o Bispo António Marcelino publicou n’O primeiro de Janeiro. O texto é da minha autoria, mas devo dizer que tive a generosa colaboração do Carlos Esperança.

Não quero parecer ingrato. Na verdade eu deveria estar muito agradecido ao Bispo de Aveiro, D. António Marcelino, pela atenção que nos dispensou ao escrever um artigo sobre a nossa associação (a que, equivocado, chamou ARL, mas não foi culpa dele), e pela visibilidade que consequentemente nos trouxe. Depois disto, até parece de mau tom criticar o texto dele. Mas a desonestidade intelectual é tanta, que não posso deixar de o fazer.

O texto começa por referir a intenção de criar a associação de ateus, passando de seguida a congratular, e bem, a liberdade religiosa em que vivemos. Depois aborda rapidamente as origens históricas do ateísmo e a reacção do concílio Vaticano II.

O que se segue terei de citar: «Assim se justifica socialmente a associação dos ateus, as diversas associações dos homossexuais, os grupos de luta pró-aborto, a militância organizada pelos direitos dos que vivem em união de facto e tantos outros acontecimentos, uns mais recentes que outros. É curioso, porém, verificar que estes grupos e outra gente que navega em águas vizinhas, à medida que defende para si direitos de plena cidadania, os nega a outros portugueses».

Eu poderia ficar perplexo com a ausência de relação entre as associações referidas pelo Bispo, mas a relação existe: são associações que a Igreja Católica preferia que não existissem. Será que se justifica fazer uma acusação falsa e injustificada, a de que estas associações procuram roubar direitos aos outros portugueses? É que, se as associações de homossexuais (por exemplo) procuram roubar direitos aos demais portugueses, eu, como cidadão, quero saber. Será que a militância organizada pelos direitos dos que vivem em união de facto nos quer impor esse estilo de vida? Será que nos querem silenciar? O que é que o Bispo sabe que eu não sei?

Mas mais caricata do que esta acusação infundada, gratuita, desonesta e injusta a associações que existem, é fazer esta acusação grave, num órgão de comunicação social, a uma associação que nem sequer existe!

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) ainda não existe, e a reunião a que se referiu o Bispo era para lançar as bases para que fosse criada. É sintomático: para o Bispo basta que uma associação ateísta exista (se bem que nem sequer era o caso) para que ele a acuse de tentar roubar direitos aos portugueses.

A desonestidade intelectual (um eufemismo para acusações levianas, injustas e mentirosas, que é o que o Bispo faz) não acaba aqui. Impõe-se uma nova citação: «A nova associação anuncia, logo ao nascer, militância aberta em relação aos crentes, porque os ateus, eles sim, é que “valorizam a humanidade e a vida na Terra, como um bem natural”». O leitor deve notar que a expressão “eles sim, é que” subverte completamente o significado do texto que se segue. O sentido do mesmo era «eles também [valorizam …]», mas o Bispo preferiu ser «criativo» na forma como nos citou. Se era para distorcer tão descaradamente o que foi dito, bem poderia ter optado por um «não», em vez do «eles sim, é que».

Depois o Bispo fala no perigo da «tentação dos dogmatismos». Neste ponto devo dizer que ele tem todo o direito de nos chamar à atenção sobre essa matéria, e nós devemos prestar toda a atenção. Afinal ele é um destacado representante da ICAR, que tem o historial que todos lhe reconhecemos, e muita experiência na matéria.

O Bispo também diz que os fundamentalismos são «a cegueira de um raciocínio unidimensional, que já nada tem de humano e, por isso, não tem por que respeitar nem a vida própria, nem a dos outros», afirmação com a qual concordamos. Assumindo-se os membros da futura AAP como adversários do fundamentalismo, até poderíamos pensar que estas eram palavras de encorajamento por parte do Bispo.

Mas o texto que se segue é esclarecedor a esse respeito: «Sei bem que o ateísmo pode ser humanista e que assim é em muitos que se dizem ateus. Porém, quando se corre o tejadilho que impede olhar para o alto, deixa de se procurar e de contemplar o transcendente. O homem que só olha para si, vale menos e dá menos valor aos outros homens.». O Bispo acusa os ateus de valerem menos do que os outros homens. Eis uma acusação que eu nunca desejarei nem permitirei que a AAP faça a respeito dos crentes.

É caso para perguntar: onde está o fundamentalismo?



Vou enviar este texto para o jornal onde o artigo de opinião do Bispo foi publicado.