30 de Junho, 2006 jvasco
Aos crentes:
Na vossa Igreja, é pecado usar a pílula anticoncepcional?
Se sim, é grave?
Na vossa Igreja, é pecado usar a pílula anticoncepcional?
Se sim, é grave?
Um jogo decisivo entre o Benfica e o Sporting. O árbitro marca falta, sacando de um cartão amarelo.
Os adeptos de um dos clubes estão indignados: nem sequer houve falta.
Os adeptos do outro também: era caso para cartão vermelho.
Quem já não viu situações deste tipo? Quem já não viu multidões inteiras de adeptos terem «visto perfeitamente» algo completamente oposto àquilo que as multidões do clube adversário viram «com toda a clareza»?
Quem já viu sabe que os adeptos não estão a mentir para defender o seu clube: eles realmente acreditam ter visto aquilo que alegam.
Então, uma multidão inteira, em conjunto, viu «perfeitamente» algo que não aconteceu. Essa multidão teve uma alucinação colectiva. As alucinações colectivas acontecem, no mundo inteiro, numa base semanal.
Como é possível? Como é possível que tanta gente, em conjunto, acredite ter visto com clareza algo que é manifestamente falso?
Em primeiro lugar, as pessoas, nesses estados mais emocionais, confundem um pouco aquilo que vêem com aquilo que querem ver. Mas, tendo algum bom senso, se mais ninguém viu aquilo que eles viram, só sendo loucos é que insistirão na confusão.
O que faz as alucinações em massa acontecerem a pessoas razoáveis é o reforço colectivo: cada pessoa vê que as pessoas à volta viram o mesmo, e isso reforça a sua «ligeira sensação» de ter visto algo, transformando-a numa certeza absoluta.
Obviamente não é apenas no futebol que este tipo de alucinações se sucedem. Em todo o mundo e ao longo da histórias elas estiveram sempre presentes. Desde aparições de Isis e Osiris no antigo Egipto, até aparições de Zeus, Neptuno e Afrodite pela Grécia clássica, os tempos actuais presenteiam-nos com milhares de pessoas que já viram ETs, seres magros de olhos muito grandes que pilotam discos voadores (os mesmos que ocasionalmente até raptam seres humanos para fazerem experiências sexuais com eles). Em todo o mundo, existem vários fenómenos de alucinação colectiva que resultam em avistamentos (colectivos) de divindades várias, e outro tipo de seres ou fenómenos inexistentes.
Um dos últimos casos em que isso aconteceu foi na Cova da Iria. Estavam lá os elementos todos: vários milhares de pessoas que estavam lá para ver qualquer coisa; que queriam; que desejavam ardentemente ver qualquer coisa. Depois, umas nuvens ténues passaram pelo Sol, alterando vagamente a sua textura (um fenómeno naturalíssimo que não espantaria ninguém em qualquer outro dia).
Mas as pessoas confundiram então aquilo que estavam a ver com aquilo que queriam ver: algo de especial. É assim que começa a «dança do Sol», toda a gente diz que está a ver algo fascinante, e esta crença é reforçada por todos os outros em redor que também querem ver algo fascinante.
Claro que como nada de extraordinário se passava, cada um dos que «viu» descreve um fenómeno diferente. E claro que nenhum registo fotográfico demonstra um milagre ou uma «dança solar».
Tal como no exemplo do futebol, quem não vê nada sente-se inibido em revelar a sua posição, com medo de provocar a ira dos restantes (lembremo-nos do que aconteceu há 500 anos no Rossio), o que ainda agrava mais a sensação de unanimidade e o reforço colectivo.
Decididamente, a alucinação colectiva não é tão difícil de acontecer quanto parece.
Olhem para o futebol.
Imaginemos uma aldeia isolada onde vivem cerca de 300 pessoas.
Uma delas é Gunther, um poderoso feiticeiro dotado de enormes poderes de presciência.
Na verdade, Gunther é tão poderoso, que até se sente capaz de criar vida humana, livre, do nada. Como sempre foi totalmente respeitador da Liberdade alheia, se as criar, cria-las-á livres, sem qualquer intenção de que estas vão fazer isto ou aquilo.
No dia 17 de Junho ele decide usar este seu poder. Ocorre-lhe criar o cego Matias, ou então a Maria, ou então o Alberto.
Devido à sua presciência, Gunther sabe que se criar o cego Matias, este cego, livre, usará a sua Liberdade para matar 100 aldeões. Se criar o cego, Gunther não terá esse propósito, mas ele sabe que isso é o que se sucederá.
Gunther também sabe que se criar Ana ou Alberto, eles não matarão ninguém. Poderão fazê-lo, claro, porque são livres, mas Gunther sabe que escolherão livremente não o fazer.
Gunther escolhe criar o cego Matias, e este mata 100 aldeões. Os aldeões que sobraram, desgostosos com a morte de seus familiares, juntam-se e arrastam-no para Tribunal: dizem que a sua decisão de criar Matias resultou na morte de 100 pessoas.
E o leitor? Acha condenável a decisão de Gunther?
Gunther está desolado. Sempre soube que o cego seria apanhado e torturado até à morte, como consequência das suas acções, e ele tem um enorme amor pela sua criação. Mas insiste que é inocente: a decisão foi do cego, mesmo que este último deseje ardentemente nunca ter existido, e mesmo que a decisão de o criar tenha pertencido a Gunther.
Penso que este pequeno video foi feito a pensar no público americano, mas não deixa de ser muito interessante dar uma vista de olhos:
Imaginemos que o Henrique Fernandes criava 10 seres. 10 seres vivos. Com inteligência.
Henrique Fernandes criou 2 caminhos. O da esquerda e o da direita.
Henrique Fernandes ama os seres que criou, e quer que escolham o caminho da direita. Por isso cria-os por forma a que estes seres escolham esse caminho. Os seres assim o fazem. Ficam todos felizes.
Mas o Alberto acha que o Henrique Fernandes é mau. Não deu liberdade aos seres que criou. Por isso faz as coisas de maneira diferente: cria 10 seres e dois caminhos, e dá-lhes a Liberdade. E a coisa funciona assim: cada ser pode escolher se quer ir pelo caminho da direita ou da esquerda, mas ele avisa logo que quem for pela esquerda leva um tiro na nuca. Assim sendo, ele dá a Liberdade aos seres de irem pela esquerda (e sofrerem as consequências).
Quando o Alberto cria os seres, já sabe que, da forma que os criou, 9 escolherão o caminho da direita, e apenas um escolherá o caminho da esquerda. E é com a maior das tristezas que Alberto dispara sobre um ser que tanto ama.
O Joaquim acha que o Alberto é cruel e opressor. Que liberdade tem cada ser para escolher a direita ou a esquerda, se o Alberto lhes diz imediatamente que quem for pela esquerda leva um tiro na nuca? Obviamente estaria fora de questão não lhes dizer nada, mas Joaquim tem outra ideia.
Deixa os seres criados em paz, mas deixa pistas espalhadas. Assim sendo, eles podem descobrir, se as interpretarem correctamente e não se deixarem enganar pelas pistas falsas, que quem for pela esquerda leva um tiro na nuca. E, apesar de ao criar 10 seres prever que, da forma que foram criados, apenas um deles pereceberá o enigima e escolherá o caminho certo, é com toda a tristeza que extermina 9 dos 10 seres que criou.
O Jeová não é cruel como o Joaquim. Não vai matar os seres que criou apenas porque escolheram o caminho errado. Simplesmente, entre os 2 caminhos que criou, um deles vai dar a si, e conduzirá á felicidade, e outro afasta-os de si e vai dar à infelicidade eterna. Um castigo que faz a bala na nuca parecer apetecível…
Também não põe lá um engima qualquer. Ao invés manda o seu filho (que também é ele próprio) sacrificar-se (?) para que, no meio de todos os falsos profetas que indirectamente também são criação sua, algumas pessoas possam ter a sorte de contactar com quem conhece a história da ressurreição (grande azar se viverem na Mongólia, e nunca vos tiverem explicado o que aconteceu em Jerusalém por volta do ano 33 dC).
Depois, uma ínfima minoria dos seres que criou tem a Liberdade de ser feliz, enquanto que a outra tem a Liberdade de sofrer por toda a eternidade. Um destino tão monstruoso que eu nem sei se Hitler o merecerá, quanto mais a maioria da humanidade.
Enfim… um Deus de Amor. Um Deus de Liberdade.
30 minutos de radio é tudo quanto Julia Sweeney precisa para explicar como deixou de ser crente. Para quem está à vontade com o inglês, aconselho vivamente: o texto é delicioso.
Jesus morreu pelos nossos pecados.
Morreu?
Segundo a Bíblia não, pois após 3 dias (ou menos…) andava por aí a falar com os discípulos, etc..
Nesse caso, onde está o sacrifício?
Ele não deu a vida pelos nosso pecados se, de facto, não a perdeu.
Como é que se dá a vida por algo, sabendo que se estará vivo e de boa saúde daí a 3 dias?
Onde está o sacrifício?
(nota: texto descaradamente baseado neste video)
Depois de todos os exemplos referidos aqui, aqui, e aqui, eis que nos chega um exemplo bem actual e muito esclarecedor acerca da alegada relação entre religião e obscurantismo.
João Paulo II era contra estudo da origem do Universo, revelou Stephen Hawking.
O excelente humor dos Gato Fedorento continua.
A par da Inépcia (lembram-se?), é do melhor que por cá se faz.
Nunca mais tive acesso a um vídeo ao qual me tinha referido no meu último artigo. Mas o autor do blogue «O calhamaço dos Embustes» deixou na caixa de comentário do meu último artigo uma série de referências muito interessantes…
Este video mostra Edir Macedo a expôr a sua estratégia mercantilista:
É revoltante!
Além disso, não deixa de ser curioso ver este video (menina pastora); ou este outro (queima de uma maldição); ou ainda este outro (fala uma senhora que tinha deixado de frequentar a IURD porque 10% dos seus 40 contos mensais eram uma depesa muito pesada).
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.