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José Moreira

3 de Janeiro, 2012 José Moreira

Indemnizados

Os padres de uma organização religiosa vão ser indemnizados pelo Estado (ou seja, por todos nós), em cerca de 3,5 milhões de euros devido à má gestão do BPN.

Compreende-se; se fosse um cidadão honesto e trabalhador, só tinha direito a cem mil euros.

25 de Dezembro, 2011 José Moreira

Bento e a humildade

O Papa Bento 16 apelou à humildade.

Eu não sei, ao certo, o que é que B16 entende por humildade, muito sinceramente. Mas a verdade é que ele se refere a Cristo, e de acordo com o que a padralhada nos anda a “ensinar”, Cristo era um gajo humilde: andava a pé ou de burro, vestia humildemente, não calçava sapatos “Prada”, não tinha guarda-costas nem guarda suíça, não tinha estância de férias, aliás, parece que nem gozava férias e até, ao que consta, na última ceia só se comeu pão ázimo e um pouco de vinho, não se sabendo se a martelo ou de cooperativa, provavelmente porque o dinheiro não dava para mais, e o Iscariotes não se dispôs a  adiantar os 30 dinheiros. Um somítico! Nada, pois, de jantaradas indigestas, ou docarias colesterólicas. Isso sim, era humildade. Será a isso que B16 se refere na sua verborreia? Mas por que carga de água não mostra como se faz?

Que tal um pouco mais de vergonha e um pouco menos de hipocrisia?

17 de Novembro, 2011 José Moreira

Feriados… (III)

A ICAR ganhou, mais uma vez. Nem era de esperar outra coisa, com um governo beato e um PR ainda mais.

O dia 5 de Outubro, que comemora a implantação da República e a separação entre Estado e Igreja (o negrito é meu) vai ser eliminado. Os saudosistas de Salazar terão mais um motivo de regozijo.

Parabéns.

14 de Novembro, 2011 José Moreira

Coragem ou suicídio?

Quando cheguei ao fim do vídeo, que me chegou por correio electrónico, fiquei sem saber o que pensar. Esta mulher estava a falar numa estação de televisão árabe, falando árabe, e a ser, certamente, vista e ouvida por milhões de árabes.

Mas valerá a pena ler com atenção a frase que aparece (em castelhano) no fim do filme.

14 de Novembro, 2011 José Moreira

Diálogos improváveis (ou talvez não…)

Ambrósio olhava para mim, sem conseguir esconder um misto de repulsa e surpresa:

– Tu queres dizer que és ateu?

– Exactamente – confirmei.

– Ou seja – insistiu – não acreditas em Deus Nosso Senhor.

– Bem, não é uma questão de acreditar ou não. Deuses não existem, assunto resolvido.

Ambrósio, bom católico, de missa sem gazeta e hóstia na ponta da língua, que nas mãos considerava uma badalhoquice, retorquiu, sem se dar por vencido:

– Claro que deuses não existem. Mas este, existe, não tenhas dúvida.

E, sem me dar tempo a recalcitrar:

– Ou então, diz-me quem fez isto tudo – concluiu com um gesto largo e abrangente.

Tudo, o quê? – quis saber.

– Tudo, porra! o céu, a terra, as estrelas, todos os astros, a água…

Aproveitei as reticências:

– Sabes, sem querer estás-me a explicar como é que o teu deus foi inventado.

Ambrósio engelhou a testa:

– Não percebo…

– Nem eu esperava que percebesses – retorqui sem esconder a ironia. – Vamos por partes: é indubitável que acreditas em Deus…

– Mas nem duvides! elucidou, colocando um visível ponto de exclamação no fim da frase, para que não restassem dúvidas.

– Óptimo – acedi. Quer dizer que confias em Deus.

– Naturalmente – desta vez foi Ambrósio quem mostrou um ar divertido. – Devemos confiar em Deus.

– Quer dizer que rezas a Deus…

– Sem dúvida. Rezo todos os dias. Não me deito sem fazer as minhas orações.

– Assim é que deve ser – acedi eu. – E pedes-lhe o quê? Dinheiro?

Ambrósio mostrou-se agastado e não perdeu a oportunidade de mostrar a tolerância religiosa:

– Dinheiro?! Vocês, ateus, é que são materialistas! Eu não peço dinheiro a Deus, que Deus não quer nada com o dinheiro, que é coisa do Diabo. Agradeço-lhe o ter-me deixado viver mais um dia, e peço-lhe vida e saúde.

– Pois, era aí que eu queria chegar. Estás a dizer-me que nunca foste a um médico.

– Ora, claro que fui! Ainda ontem fui a uma consulta. Mas o que tem a ver…?

– Não, espera aí: tu acreditas em Deus, confias em Deus, pedes vida e saúde a Deus, e vais ao médico? Achas que isso é confiar?

Ambrósio arregalou os olhos, primeiro. Depois, deixou que a face se tornasse rubra de raiva:

– Porra, pá! Já me tinham dito que era inútil falar com ateus. Afinal, sempre é verdade.