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José Moreira

4 de Abril, 2016 José Moreira

Apelo

A todos os leitores do DduA, sejam crentes ou nem por isso, lanço um apelo: calmamente, reflectidamente, se possível desapaixonadamente, sigam esta ligação e leiam o que lá está escrito. Depois, se acharem que vale a pena, comentem e/ou debatam.

6 de Dezembro, 2015 José Moreira

Natal, e tal…

Obviamente, festejo o Natal. Mais exactamente, o “Natalis Solis Invictus”. O tempo em que o Sol, finalmente, começa a vencer as trevas com quem vinha lutando desde o Solstício de Verão, luta que se agravou a partir do Equinócio de Outono, com o Sol a definhar de dia para dia. Por isso, em minha casa se ergue uma árvore, na qual se penduram fitas com pedras nos extremos. Nas noites em que sopra o vento, as pedras batem umas nas outras e/ou nos ramos e troncos da árvore. Com o barulho, os espíritos maus fogem, de modo a que o Sol continue a lutar contra as trevas. As trevas não vencerão, como será confirmado lá mais para diante, no Equinócio da Primavera.

Se não é bem assim, a intenção é que conta.

Claro que poderão afirmar que se trata de paganismo puro. Felicidades! Um ateu pode dar-se a luxos que são interditos a crentes. Já vi, com estes que o fogo há-se consumir, uma testemunha de Jeová solidarizar-se com a morte de um cristão de quem era amiga, acompanhando o respectivo funeral, mas a não entrar na igreja onde se rezavam os responsos. A sua religião não o permitia, disse-me. Eu entrei. Não tenho religião, pelo que posso dar-me ao luxo de entrar em tudo o que seja igreja, mesquita ou sinagoga.

Mas o que me traz aqui é outra questão: por alma de quem o Vaticano ergue uma árvore de Natal na Praça de S. Pedro? Ou antes: o que tem um símbolo pagão a ver com a cristandade?

Alguém me explica?

Ou será que não há grande diferença?

Feliz Natalis Solis Invictus.

22 de Novembro, 2015 José Moreira

O fanatismo é hereditário?

Confesso que acabei por ouvir a notícia um tanto na diagonal. A catadupa de informação (quiçá alguma contra-informação) acerca dos acontecimentos de Paris fez-me, provavelmente, adormecer um pouco. porém ainda consegui apreender que a mãe de um dos suicidas era (é) portuguesa. Nada de especial, já que nunca se sabe para que uma mãe cria um filho. Mas consegui tomar alguma atenção aos antecedentes. A lusa senhora chama-se Lúcia de Fátima. Tem um irmão e uma irmã chamados, respectivamente, Francisco e Jacinta. A D. Lúcia de Fátima ( Fátima é, curiosamente, nome árabe) casou-se com um islamita, e fez uma visita a Póvoa de Lanhoso, terra da sua origem, envergando um véu islâmico. Do casamento nasceu o futuro islâmico radical, que partiu em busca das prometidas virgens.

Coincidência, ou hereditariedade?

Ou teoria da conspiração?

18 de Novembro, 2015 José Moreira

Não generalizemos

Já sabemos que uma andorinha não faz a Primavera, que uma árvore não é uma floresta, que a presunção de inocência um direito consagrado, etc. Mas há suspeições que não deviam existir. Ou a que não se devia dar aso.

25 de Outubro, 2015 José Moreira

O Sínodo e os “homos”

Segundo leio e ouço, o Sínodo dos Bispos “abriu-se” no sentido de a Igreja voltar a acolher no seu seio os casais divorciados e “recasados”; no entanto, nem uma palavra relativamente aos homossexuais , isto apesar de haver homossexuais que se assumem como católicos, vá lá saber-se porquê… Compreende-se. Havendo, reconhecidamente, homossexuais no seio da própria Igreja, é natural que queiram tratar o assunto com pinças. Quiçá limpando a própria casa antes de limpar o exterior… Relativamente ao texto da notícia, segundo a qual o Sínodo”mostrou pouca abertura dos bispos católicos à homossexualidade”, fica-se sem saber a que tipo de “abertura” se referiam e, quanto à homossexualidade, se estavam a referir-se à interna ou à externa.

15 de Setembro, 2015 José Moreira

Cena rural

Na pequena aldeia, fazia um frio impressionante. Postado à janela da casa paroquial, o padre Benevides contemplava a neve que acabara de cair. O deserto da rua foi interrompido pela Luisinha que, mal agasalhada, puxava um corpulento touro pela arreata, apesar dos seus pouco mais que dez anos.  Perante a cena, o bom padre não se conteve, e abriu a janela:

– Aonde vais, Luisinha, com este frio?

– Vou levar o touro ao senhor Cirpiano, para lhe cobrir a vaca.

Chocado com o que ouvira, o pio padre exclamou:

– E o teu pai, ou o teu irmão vais velho, não podiam fazer isso?!

– Não, senhor padre. Já experimentaram, mas não dá, tem de ser o touro mesmo.

26 de Agosto, 2015 José Moreira

Natal, e tal…

Há poucas horas, num grupo de amigos com os pés assentes debaixo da mesa, um comensal proclamava: “Este ano não vai haver Natal”.  Ficámos estupefactos, mas o amigo explicou: “José está preso, Maria morreu, e Jesus foi lançado aos leões”.

Fim de citação.

15 de Agosto, 2015 José Moreira

(Ainda) a IVG

Começo por dizer que não concordo muito com o termo “IVG”, já que uma interrupção pressupõe, em princípio uma retoma, ou continuação. Parece-me que o termo correcto seria CVG (Cancelamento Voluntário da Gravidez).

Adiante.

A chamada IVG tem servido, entre outras coisas, e principalmente neste espaço, para funcionar como arma de arremesso entre crentes e não-crentes (vulgo ateus, entre os quais me incluo, naturalmente) esquecendo-se, ambos os grupos, de que aceitar a despenalização do aborto, vamos chamar os bois pelos nomes, não é a mesma coisa que concordar com o aborto. Porque antes de “julgar” a Lei, é preciso analisar o “espírito da Lei”. E esse “espirito” (quem foi que disse que só os crentes é que têm espírito?) parece querer dizer-nos que se uma mulher decide abortar, não há nada a fazer: tomou a decisão, e vai levá-la por diante, concorde-se ou não com ela. Então, há duas hipóteses: ou a mulher pratica o aborto em condições de higiene e segurança sanitária, ou recorre a uma abortadeira de vão-de-escada, com as consequências previsíveis. Apenas e só. Partir para a conclusão de que o legislador e quem o apoia mé a favor do aborto porque concorda com esta lei, é o mesmo que dizer que ao despenalizar o consumo de estupefacientes o legislador apoia o tráfico de droga. E não venham argumentar que um aborto é um crime, porque só o é nos termos definidos em lei; outrossim não venham com o argumento de que se trata de um homicídio, porque esse também está tipificado em lei. Basicamente, homicídio é tirar a vida a uma pessoa, e um feto não é uma pessoa. Pelo menos, nunca assisti ao funeral de um feto (“fruto” de aborto, espontâneo ou não), nem ao baptismo de um ente antes do seu nascimento.

De qualquer modo, não é isso que está em causa, mas sim a diferença, que é grande, entre concordar com a despenalização do aborto e concordar com o aborto, “tout-court”.

27 de Julho, 2015 José Moreira

A Dança das Horas

Confesso que nõ sabia. Mas também não posso ter a pretensão de saber tudo. Para isso, lá estão os católicos e afins. Sabia, como toda a gente sabe, que na Europa a hora é mudada duas vezes por ano, dizem que por questões económicas e/ou ambientais. Mas o que eu não sabia, é que há países islâmicos (não sei se são todos) onde a hora também é mudada. Por sazões bem mais prosaicas que as ambientais.

No início do Ramadão, a hora é atrasada 60 minutos. E porquê? É sabido que os muçulmanos não podem comer ou beber entre o nascer e o pôr-do-sol. Dizem que proporciona como que uma “limpeza corporal”. Mas a verdade é que entre o pôr e o nascer do sol, podem desbundar. Ou seja, lá se vai a limpeza. De qualquer modo, entre o nascente e o poente, os muçulmanos entendem que há demasiado tempo. Vai daí, atrasam os relógios uma hora, de modo a encurtar esses 60 minutos ao jejum. Assim, se o ocaso se situa, por exemplo, às 19 horas, basta atrasar o relógio uma hora, e passam a poder comer às 18 horas. Não está mal, mas mostra pouca esperteza: se atrasassem trés ou quatro horas, cumpriam, à mesma, os preceitos corânicos e não passavam tanta larica.

10 de Julho, 2015 José Moreira

A Promessa

Nota prévia: este episódio foi-me relatado na primeira pessoa, e não vislumbro motivos para dele duvidar.

Gervásio, rapaz do norte, tinha regressado de Moçambique. Para trás, tinham ficado vinte e seis meses de guerra. Cumpridas as formalidades da passagem à “peluda”, ei-lo de regresso à cidade natal, onde o aguardavam a família mai-la noiva.

Colocados que foram em dia os assuntos pendentes durante tal período de tempo, e o termo “assuntos” pode ser tudo o que os limites da nossa imaginação permitirem, assente a poeira, acertados os fusos horários, repousado o guerreiro, eis que a doce noiva decide:

– Sabes, temos de ir à Santa Maria Adelaide.

Para quem não sabe, e resumidamente: o corpo de Maria Adelaide de Sam José e Sousa foi encontrado incorrupto, e ainda se mantém, cerca de trinta anos após a inumação. Daí até a o povo a venerar como santa, foi um passo de pardal, embora a ICAR nunca a tenha canonizado, o que, no entanto, não impediu que a venera se faça numa capela, onde está exposto o corpo da “santa” ornamentado com quilos de ouro proveniente de oferendas.

voltemos ao diálogo:

– Desculpa, disseste que…?

– Querido, disse que tínhamos de ir a pé à Santa Maria Adelaide.

– E por alma de quem, posso saber?

– É que eu prometi que lá iríamos, se regressasses são e salvo.

– Duas questões: primeiro, TU prometeste, TU cumprirás a promessa. Segundo, quem te garante que regressei são e salvo graças à “santa”?

– Não me contaste que passaste duas vezes por cima de uma mina e ela não rebentou?

– É verdade.

– E não achas que houve intervenção de alguém “lá em cima”?

– Não. Porque levantei a mina, e verifiquei que  não tinham tirado a cavilha de segurança. Se houve intervenção, foi de alguém “cá de baixo”, que não sabia o que estava a fazer. Se é que se pode chamar a isso “intervenção”.

Mas a jovem não se deixou convencer:

– Seja como for, há uma promessa, e tem de ser cumprida, que eu não gosto de brincar com estas coisas.

– Faz como quiseres, mas vamos ficar assentes neste ponto: eu não prometi nada, portanto, nada tenho a cumprir. Podemos gostar muito um do outro, mas nenhum de nós tem o direito de fazer promessas em nome do outro. Se tu prometeste, cumpre. O mais que posso fazer, como a promessa foi de “ir a pé”, é ir buscar-te de carro a Arcozelo. Mas eu nada tenho de cumprir, já que nada prometi.  E para cumprir o que não prometi, já me bastou o tempo de tropa.