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José Moreira

20 de Outubro, 2012 José Moreira

Distracções…

Ao que parece, a senhora de Lourdes anda bastante distraída. De contrário, tomaria bem conta do negócio.

A não ser que o dinheiro já seja tanto, que haja necessidade de reduzir a receita.

12 de Outubro, 2012 José Moreira

Estamos salvos!!!

Estamos salvos!!!

Finalmente.

Segundo o mui católico “Jornal de Notícias”, uma catrefada de gente vai até Fátima pedir à respectiva senhora para ajudar o país. Desde logo, se levanta a questão: só agora??? Só agora, que o Gaspar y sus muchachos nos foram ao bolso, eu ia dizer que nos tinham ido a outro sítio, mas contive-me, no fim de contas o assunto é religioso, nada de pornografias, dizia eu que só agora é que se lembraram de pedir ajuda????

Claro que isto levanta mais uma série de outras questões. Assim: a dita “rainha de Portugal” não sabe o que se passa no seu reino? Será que é uma figura decorativa, como alguns presidentes da república que eu conheço? Então, se a gaja não manda nada, vão pedir para quê? E é preciso ir a Fátima? É só lá que a senhora atende? Está muito atrasada, a rapariga. A Maya já dá consultas pelo telefone e pela TV.

De qualquer modo, estou convencido de que, finalmente, o país vai ter rumo. Com a senhora a orientar o gado, tudo vai ficar nos conformes: o IRS vai desaparecer, vão ser atribuídos 16 meses de vencimento, o combustível vai ficar mais barato que a água da torneira, e eu sou o coelhinho da Páscoa. Só se lamenta é que os governos, o do Sócrates e o do Passos, não se tenham lembrado de ir fazer uma peregrinações a Fátima, em vez de andarem a pedir caguinhas à troica. No fim de contas, a roupa suja sempre era lavada em casa, e a senhora Merkel ficava sem saber da nossa vida. Uma data de ateus, é o que eles são! Pronto, vou já tratar de mudar de carro, que isto de rezar resulta sempre. Ai não, que não resulta. Eu até ia mais longe, e punha aquela gente toda no governo da nação. Religiosos em vez de políticos, é só a experiência que nos falta. Sim, porque pelos vistos, aquela gente da Opus Dei também não merece nenhuma consideração do Altíssimo. Nem os da Maçonaria, aliás. Gente de devoção mariana é que nos interessa.

Ave Maria…

 

Em simultâneo no “À Moda do Porto

10 de Outubro, 2012 José Moreira

Imagine que não havia religiões

Eu bem sei que o título é recorrente e, até, que corre o risco de não se tornar apelativo. Mas é bom que se insista: o mundo seria bem melhor, se não houvesse religiões.

Confira (mais uma vez) AQUI.

18 de Setembro, 2012 José Moreira

Jesus era casado?

De acordo com um documento que, recentemente, foi traduzido, Jesus era casado – o que aliás, nem é de espantar, dada a tradição judaica.

Segundo a pessoa que traduziu o pedaço de papiro, este refere que Jesus terá dito “A minha mulher…”, para além de outras frases que apontam Maria Madalena como sua esposa.

Haverá polémica, ou o assunto vai ser arquivado juntamente com as ossadas há tempos encontradas?

17 de Setembro, 2012 José Moreira

Humor de Verão – O Sequestro

O comboio seguia, suavemente, a sua marcha. Lentamente, se considerarmos que é lenta uma velocidade de setenta quilómetros à hora para um Alfa Pendular (…) A calma, uma calma densa, espessa, quase palpável, tinha-se instalado, silenciosamente, no interior das carruagens. Uns entretinham-se a ler, outros a mandar mensagens pelo telemóvel, aquele ali atreveu-se a ler o “Memorial do Convento”, e dava gosto vê-lo a avançar e a recuar as páginas, numa atitude de quem não tinha percebido nada do que tinha acabado de ler (…) Alguns passageiros chegavam ao ponto de criar empatia com os assaltantes, com quem dialogavam. Casos curiosos se passaram, curiosos e dignos de registo, como aquela senhora, de saia cinzenta até abaixo do joelho que, mesmo junto ao “Padre Inácio”, desfiava furiosamente um rosário, já ia a meio do segundo terço, os lábios movendo-se freneticamente, talvez porque tivesse concluído que tempo é dinheiro também nas orações, neste caso não se trataria de dinheiro mas sim de graça, sim, porque era graça aquilo que a passageira invocava, a rapidez dos movimentos labiais indicava, sem margem para dúvidas, a velocidade a que as “ave-marias” eram despachadas em direcção ao Altíssimo, as contas de prata passando pelos dedos nus, o crucifixo balançando com patética angústia na extremidade do pio objecto. “Padre Inácio” observava, curioso, o rápido movimento labial que realçava o elegante e bem aparado buço, e lembrava-se dos tempos em que, numa atitude sem precedentes nem subsequentes, o padre Celestino o incumbira de rezar as novenas do mês de Maio, frete a que Adeodato Inácio se entregou a contragosto, e do escândalo que rebentou quando os fiéis começaram a notar que o “Padre Inácio” rezava oito “ave-marias” em vez das dez estabelecidas, grande sacana, estar a gamar duas “ave-marias” entre um “pai-nosso” e uma “glória”, no fim do terço acabavam por ser dez, sim, senhores, DEZ “ave-marias” em falta, “Padre Inácio” estava-se borrifando para o que os fiéis, mais exactamente as fiéis, pudessem pensar, queria era acabar com aquele suplício o mais depressa possível, mas a passageira a que aludo rezava as contas todas, uma por uma, portanto sem qualquer arremedo de batota, movimentava os beiços à velocidade que considerava adequada, indiferente às dúvidas filosóficas do ex-sacerdote, e repetia, incansável, o terço, presumivelmente na esperançosa expectativa, passe a redundância, de que a Senhora se dignasse ouvi-la, costuma-se dizer que água mole em pedra dura tanto dá até que fura, neste caso até mereceria uma atitude positiva por parte da destinatária das orações, nem que fosse uma resposta a despachar, do tipo a ver se a gaja se cala de uma vez, até que foi interrompida por “Padre Inácio”:

— A senhora desculpe, mas não posso deixar de notar o fervor com que reza…

A passageira endereçou-lhe um olhar furibundo:

— Tem que ser! Estou a rezar para que Nossa Senhora nos proteja.

— Desculpe… Nos proteja, de quê?

— De quê?! Ora essa! Nos proteja de bandidos como você!

“Padre Inácio” sentiu como que um sopapo no estômago. Nunca ninguém lhe tinha chamado “bandido”, pelo menos assim em voz alta. Sentiu-se triste, mas decidiu que, dadas as circunstâncias, e até porque tinha vestido a respectiva pele, refiro-me à pele de lobo, era melhor engolir o insulto, mas mantendo a esperança de que não lhe desse qualquer indigestão, odinofagia, dispepsia que fosse. Ensaiou um sorriso meio idiota, e tentou ir às boas com a beata passageira:

— Mas nós já dissemos que não queríamos fazer mal a ninguém…

— Sinal de que as minhas preces foram atendidas. Nossa Senhora nunca me faltou com as suas bênçãos.

“Padre Inácio” decidiu remeter-se ao silêncio, por agora, limitando-se a observar os movimentos labiais da piedosa senhora, e indagando-se acerca da razão por que, rezando em silêncio, as pessoas movimentam os lábios. Que os movimentassem quando rezavam com o sistema de “alta-voz” ligado, compreendia-se, havia necessidade de se criar um uníssono, para que as palavras chegassem ao céu de forma apurada, num coro perfeito, não fazia sentido uma dizer “ave-maria” e outra já ir no “o Senhor é convosco”, dá para imaginar o raio da confusão, lá em cima não daria para perceber fosse o que fosse, Nossa Senhora nem conseguiria saber o que é que estavam a rezar. Mas no caso sub júdice, que é como quem diz, no caso em apreço, não se justificava, uma vez que a senhora rezava sozinha, e podia perfeitamente marcar o seu próprio ritmo, não dependia de nenhum maestro, o compasso seria o que ela decidisse, nada há como a liberdade de escolha, mas a verdade é que a senhora continuava a movimentar os lábios, cada vez mais rapidamente, como se da rapidez dependesse a execução do pedido, fosse ele qual fosse mas não se trata, certamente, de protecção já que, quanto a este tema, o esclarecimento de “Padre Inácio” tinha sido mais do que eloquente.

(…)

 

Postado de frente para o sentido da marcha, na carruagem-bar, que separava a carruagem “Conforto” das carruagens da classe turística, “Padre Inácio” observava a beata que, incansável, continuava a desfiar o terço.

— Se calhar já pode parar – sugeriu Adeodato Inácio docemente, numa tentativa de quebrar o gelo. – Como viu, não vamos fazer mal a ninguém, já não precisa de rezar mais.

— Preciso, preciso – retorquiu a pia mulher. – Preciso rezar para que Nossa Senhora mande um raio que os fulmine a todos, seus grandessíssimos bandoleiros! – prosseguiu a pia e bondosa senhora, esquecendo-se, lamentavelmente, daquela cena do “assim como nós perdoamos aos nossos inimigos”.

Já a desistir de fazer as pazes com a fanática dama, “Padre Inácio” não conseguiu conter o sarcasmo:

— E olhe uma coisa, tiazinha: tem a certeza de que essas coisas das rezas dão algum resultado? Olhe que eu tenho alguma experiência no ramo, e nunca dei fé de que isso servisse fosse para o que fosse…

Adeodato Inácio sentiu algo de estranho; atrás de si, a porta automática abria-se. Instintivamente, voltou-se, mesmo a tempo de ver uma loira bonita e um punho fechado avançando velozmente, num irrepreensível e implacável “yatsuki” . Sentiu uma pancada seca na ponta do queixo, e mergulhou na escuridão. Tão rapidamente, que nem teve tempo de ouvir a beata matrona declarar:

— Como vês, resulta, homem de pouca fé!

 

José Carlos Moreira in “O Alfa das 10 e 10”, Papiro Editora, Abril 2011

12 de Setembro, 2012 José Moreira

Humor de Verão – “In memoriam”

Há dias, um companheiro de tertúlia convidava-me a assistir a uma missa em memória dos colegas de trabalho falecidos. Como é óbvio, a minha primeira reacção ia ser a de recusar mas, depois, acabei por aceitar, já que assistir não é o mesmo que participar e, por outro lado, sempre quis ver se tinha havido alguma evolução desde os longínquos tempos em que era obrigado ao ajoelha-levanta-senta.

Como a missa era em memória de companheiros, pensei tratar-se de uma missa encomendada por esse companheiro, muito dado às coisas pias, mas logo me desiludi: tratava-se, afinal, de uma missa corriqueira, diária, isto a julgar pelo horário afixado à entrada. Só que o companheiro em questão, pagou por ela como se fosse missa de encomenda. Como se não bastasse, entrou ali tudo quanto era gente, o que quer dizer que a missa não era privada. Fez-me lembrar a situação em que se dá boleia a um amigo e, no fim, pede-se a esse amigo o dinheiro da gasolina. Ou seja, fez-se uma missa normal, e cobrou-se como se fosse privada. O padre limitou-se a dizer que era em memória dos falecidos. Na minha terra, chama-se fraude…

Bom, quanto ao resto, pouco ou nada modificou, a não ser aquela cena ridícula do “saudai-vos, irmãos”, que é uma coisa cuja finalidade não consegui perceber, a princípio. Isto porque nós saudamos os que estão ali à mão se semear, os que estão mais afastados não têm direito à nossa saudação. E fiquei com pena, por causa de uma boazona que estava mais à frente, e a quem eu não tive o ensejo de saudar, como desejava. Depois, debrucei-me sobre o assunto, e compreendi: Jesus disse para amarmos o próximo como a nós mesmos. Ora, naquele caso, próximo é entendido de forma literal: nós saudamos o próximo que está próximo, e não o próximo que está afastado, já que estando afastado não está próximo, por isso já não somos obrigados s amar nem, logicamente, a saudar.

Entendido.

Mas depois, já fora da igreja, ainda fiz uma proposta ao meu companheiro: e se em vez de gastar dinheiro na missa em memória, ele organizasse uns almoços em memória? Era mais proveitoso, e a gente lembrava-se dos falecidos, bastava fazer o habitual minuto de silêncio, que até podiam ser dois, que eu não me importava. Depois, atacávamos o que estivesse sobre a mesa, e não se falava mais no assunto.

O meu companheiro rosnou qualquer coisa que eu não compreendi, mas pareceu-me não ter gostado da ideia.

É um ingrato, é o que é.

1 de Setembro, 2012 José Moreira

Há gente para tudo

Nós sabemos que há pessoas que são capazes das coisas mais incríveis; mas eu pergunto se era preciso chegar a este ponto havendo, como há, tantas “sex-shops” espalhadas por tudo quanto é sítio.

1 de Setembro, 2012 José Moreira

O Cardeal Martini morreu

Para quem nunca ouviu falar dele, Martini não tem nada a ver com “on the rocks” ou com casca de limão; trata-se do Cardeal Carlo Martini, que foi tido como um forte candidato à sucessão de JP2. Obviamente, o Espírito Santo encarregou-se de o desiludir. Mas a notícia reveste-se de algumas curiosidades. Desde logo, o candidato a candidato à sucessão do JPII, sofria da doença de Parkinson. Nada de especial, já que muita gente sofre dessa doença. Aliás, o próprio João Paulo 2º também dela sofria. Ora, ao que parece, sempre é verdade que “santos da casa não fazem milagres”. JP2º curou uma freira, mas não foi capaz de se curar a si nem ao putativo sucessor. Malhas que o Vaticano tece…

Agora, o que é interessante, é o conteúdo da entrevista, que terá sido a última; mas não vou alongar-me sobre ela, para não roubar o prazer aos  caros leitores.

A ler, pelos ateus, naturalmente e, principalmente, pelos crentes católicos.

30 de Agosto, 2012 José Moreira

Os milagres existem

A cada dia que passa, e não obstante o meu ateísmo, cada vez mais me convenço de que, afinal, os milagres existem.

Os ateus que, como eu, passaram pelos genuflexórios e por ali se foram mantendo até terem decidido pensar sozinhos, certamente ouviram contar as fábulas de um rapaz que, para além de conseguir fabricar vinho a partir de água, e isso nem é grande milagre, há quem o fabrique a partir de uvas, até conseguia dar vista aos cegos. Esse rapaz prometeu que haveria de voltar ainda antes de aquela geração se extinguir, e a verdade é que há gente que julga que aquela geração ainda não se extinguiu, e continua à espera que o rapaz regresse. Só que se esqueceram de que o rapaz era político, por isso é que foi pendurado numa cruzeta, e todos sabemos o que são as promessas dos políticos.

Pois bem, cansada de esperar por quem nunca mais aparece nem dá satisfações, uma equipa de investigadores australiana resolveu, sem a ajuda do tal rapaz, dar vista aos cegos. Ou seja, fez um milagre. Não daqueles fatelas, tipo olho-da-dona-guilhermina-de-jesus, mas um milagre a sério. Ou à séria, que eu sou gente fina.

Por isso, meus caros, acreditem em mim: os milagres existem. A Ciência é prova disso mesmo.

29 de Agosto, 2012 José Moreira

Modernices…

O progresso não pára, e quando falo em progresso refiro-me às suas diversas vertentes, onde se inclui, naturalmente, a informática. Na verdade,  a informática evoluiu de tal forma, que a palavra impossível faz, a cada dia que passa, menos e menos sentido. Longe vai o tempo em que, por exemplo, os colaboradores da IURD, eu até julgo que têm um nome mais apropriado, mas colaboradores confunde-se facilmente com cobradores, dizia eu que longe vai o tempo em que os cobradores, perdão, colaboradores da IURD andavam de irmão em irmão, sacando o dízimo e outras oferendas, monetárias, naturalmente, que Deus não se satisfaz com menos. A IURD deu o grande passo, maior que o do falecido Armstrong, e passou a cobrar o dízimo e outras dádivas através do Facebook.

Nada contra, que eu até sou entusiasta das novas tecnologias; mas deixo aqui um sério aviso à ICAR, porque aquela coisa de andar, pelas igrejas, a sacar o óbolo, é mais do que troglodita. Eu proponho que a ICAR comece a usar terminais de pagamento automático para a malta dar o que entender. Claro que se levanta um problema, é que não há lugar a exibicionismos, isto é, se agora o crente pode exibir a nota que vai depositar na bandeja, e fazer, com isso, um certo floreado e, até, provocar aquele pecado mortal que se chama Inveja, com o terminal multibanco ninguém vê o que se dá. Mas paciência, o progresso tem um preço, não é verdade?

Importante e relevante é, contudo, a justificação que é apresentada e, principalmente, os cinco projectos destinatários da massa. A ler com muita atenção.