De joelhos vos liberto e vos alheio de todos os bens terrenos e espirituais, em nome da fé, com a inspiração divina do Espírito Santo. Ou como se assassina o espírito livre de um povo honesto com promessas de santidade.
De Norte a Sul, de Este a Oeste, o mundo estremece e convulsiona-se, mostrando as garras ao poder desmesurado que o silêncio e a inércia permitiram ascender sem questionar.
Os deuses inventados também se reinventam diariamente e reencarnam em perniciosas figuras bípedes que se insinuam como portadores de uma verdade obscura que concederá a salvação por intermédio do encarceramento do espírito e da maceração do corpo.
Mas há sempre quem resista, quem esteja disposto a lutar contra todos os deuses, sejam eles imateriais ou de carne e osso, pela verdade, pela liberdade, pela justiça, contra tudo e contra todos os que pretendem assassinar cobardemente o direito a sermos o que nascemos: homens livres!
A todos os que lutam, a minha homenagem:
TEMPESTADE
Tu e eu seremos juntos a tormenta,
A pele da noite a recitar trovões
Sobre a cidade adormecida
À beira-medo.
E aguçaremos os gumes dos nossos raios
Nesses sonhos inquietos e dormentes
Que atormentam as pessoas indolentes.
Juntos, tu e eu seremos a mensagem de revolta,
Arautos de tumultos por haver
No despertar tardio das consciências hibernadas.
Tu e eu seremos frios como as espadas
Dos heróis mumificados no bolor dos livros ancestrais,
Lentamente a invernar no cemitério das estantes.
Juntos, tu e eu seremos a palavra apetecida,
A sede interrompida
A chover torrencialmente sobre os lábios desertificados
Dos que se calaram.
Juntos, tu e eu seremos a coragem
Dos que não ousaram!
David Ferreira
1 Coríntios 14: 34-35
Bíblia Sagrada, Edição Pastoral:
“Que as mulheres fiquem caladas nas assembleias, como se faz em todas as Igrejas dos cristãos, pois não lhes é permitido tomar a palavra. Devem ficar submissas, como diz também a lei. Se desejam instruir-se sobre algum ponto, perguntem aos maridos em casa; não é conveniente que as mulheres falem nas assembleias.”
Comentário teológico: “Parece que as reuniões da comunidade de Corinto eram muito desordenadas. Ninguém pedia a palavra, vários falavam ao mesmo tempo e em tudo isso talvez sobressaíssem as mulheres.”
Comentário ateu: Parece que os discernimentos teológicos das comunidades de apologistas cristãos continuam bastante desordenados. Todos pedem a palavra obedientemente, cada um fala na sua vez ordeiramente e em tudo isso sobressai o descaramento indecoroso de quem persiste em cultivar a ablepsia do rebanho como forma de inocentar a misoginia, a morbidez e o terror psicológico que ulceram penitente e transversalmente os irracionais e intolerantes escritos cristãos.
Uma mulher cristã é um paradoxo enigmático que só a incultura, o excesso de paixão e sentimento desregulado, uma irracional aceitação do sofrimento como parte integrante da sua condição, ou a falta de uma simples e exigida leitura crítica e imparcial dos escritos que estão na génese da sua crença pode tornar compreensível.
Reza a lenda que Maomé tinha predileção por criancinhas, tanto que as acolhia no próprio leito.
A lenda morta continua viva e os que que lhe dão vida continuam a matar.
http://edition.cnn.com/2011/WORLD/asiapcf/03/29/bangladesh.lashing.death/index.html
Quando os dissidentes de uma instituição poderosa, uns voluntariamente, outros à força, têm a coragem de lavar a roupa suja em público, nem tudo o que é parece.
http://www.huffingtonpost.com/matthew-fox/the-dark-legacy-of-pope-benedict-xvi_b_2720313.html
A barriga do padre crescia cada vez mais. Descartada a hipótese de uma cirrose, os médicos
decidiram-se por uma cirurgia exploratória, já que não pareciam haver motivos para aquele estranho inchaço.
A cirurgia mostrou que era mera acumulação de líquidos e o problema foi sanado.
Alguns estudantes que se encontravam no hospital resolveram intervir e, quando o padre estava a acordar da recuperação pós-cirúrgica, colocaram-lhe um bebé nos braços.
O padre, espantado, perguntou o que era aquilo e os rapazes disseram que era o que ele tinha na barriga.
Passado o espanto e tomado de ternura, o padre abraçou a criança e não quis
mais separar-se dela. Como se tratava do filho de uma mãe solteira que morrera
durante o parto, os rapazes envidaram todos os esforços para que o padre ficasse com a criança.
Os anos passaram e a criança transformou-se num homem e formou-se em
medicina. Um dia o padre, já velhinho e sentindo que estava a chegar a sua hora, chamou o rapaz e disse:
“- Meu filho! Tenho o maior segredo do mundo pra te contar, mas tenho medo que fiques chocado”.
O rapaz, que já havia intuído de que se tratava, disse compreensivo:
“- Já sei. Adivinhei há muito tempo. O senhor vai dizer-me que é meu pai”.
“-Não, eu sou a tua mãe! O teu pai é o Bispo de Leiria”.
Segundo o muito debatido Argumento Cosmológico Kalam, tudo o que começa a existir tem uma causa. Se tudo o que começa a existir tem uma causa, então a natureza, a realidade concebida no formato que a evolução nos permite apreender, teve uma causa, causa essa que os crentes imputam ao arbítrio de um Deus conceptual.
Mas, se tudo o que começa a existir teve uma causa, como pode alguém filosofar sobre a natureza de um criador absoluto e omnipotente que se consegue teorizar e inferir racionalmente, rejeitando, no mesmo esgar de raciocínio, o conceito análogo e igualmente racional de um criador precedente e gerador deste, ad infinitum, e sem pressupor, ou aceitar sequer, que esse conceito posterior, sendo consequente do que o antecede, ao ser refutado, possa ser reputado filosoficamente como uma irracionalidade desarrazoada?
Todos os que presumem e denunciam as críticas às suas crenças como sendo ofensivas, deverão sempre ter em conta que essas crenças podem ser, de igual modo, consideradas ofensivas por quem as critica.
O direito à crítica de proposições contrárias é inalienável do conceito de liberdade de expressão. O direito a não ser criticado não é um direito sequer, é a alienação do próprio direito à liberdade.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.