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Carlos Esperança

27 de Agosto, 2017 Carlos Esperança

Os êxtases místicos de santa Teresa de Ávila

A

Piazza Navona e Bernini

Palácios com aquele ar que em Roma
descasca de velhice o mais moderno prédio.
E a fonte de Bernini. Essa água toda
de que ele tinha em Roma o monopólio.
Mas noutra parte a colunata ascende.
E Santa Teresa, ante a seta do anjo,
vem-se de penetrada em voo de pintelhos
que o hábito lhe roçam esvoaçante
num pélvico bater que a estoura de infinito.

(Jorge de Sena)

Chambéry, 27/7/1971

26 de Agosto, 2017 Carlos Esperança

114 papas e 228 testículos depois

A cerimónia de verificação da masculinidade papal, numa Igreja tão misógina como a dos outros dois monoteísmos, terminou há séculos.

O lugar de ‘apalpador’ dos testículos do candidato, antes de ser declarado Papa, foi eliminado, mas a história regista a cerimónia pia.

Vale a pena ler este artigo do blogue do jornal espanhol «País».

25 de Agosto, 2017 Carlos Esperança

Cristo e Maomé

Naquele tempo o anjo Gabriel era o alcoviteiro de serviço. Foi ele que disse a Maria que estava grávida o que outra mulher teria percebido. Foi também ele que, seis séculos depois, se encontrou com Maomé para lhe dizer qual era a sua – dele, Maomé -, missão.

Os anjos viviam muito tempo, embora poucos conhecessem notoriedade, levando existência discreta e anódina. Gabriel distinguiu-se. Fora criado por judeus, que criavam anjos como o Papa JP2 criava santos, que criam em milagres com a mesma fé com que alguns padres rurais acreditaram na existência de Deus.

Maomé nasceu em Meca durante o ano de 571 e viria a morrer em Medina em 632. O Corão e as agências de turismo fizeram santas as duas cidades e há períodos do ano em que uma chusma de fanáticos aí acorre, apesar dos perigos que os espreitam.

Muito parecidas com as largadas de touros, um espetáculo ainda em uso no concelho do Sabugal e noutras localidades portuguesas, as peregrinações têm perigos idênticos. O apedrejamento ao Diabo, um ódio transmitido de geração em geração, salda-se sempre por várias mortes enquanto o Diabo fica incólume, à espera do próximo apedrejamento.

Maomé teve uma vida pouco recomendável, um casamento com uma menina de seis anos, coisa que a Igreja católica também não via com maus olhos, e um casamento com a rica viúva Cadija cuja fortuna lhe permitiu dedicar-se à guerra, à religião e ao plágio do cristianismo.

Depois aconteceu-lhe o mesmo que a Cristo. Começou a ser adorado, correu o boato de que tinha nascido circuncidado, de que tinha ouvido Deus, de que foi para o Paraíso em corpo e alma, enfim, aquele conjunto de coisas idiotas que se dizem dos profetas.

Hoje já ninguém pergunta se tomavam banho, se sofreram prisão de ventre ou foram vítimas das salmonelas, se urinavam virados para Meca ou para o Vaticano, que hábitos sexuais ou manifestações de lascívia tinham.

Cristo e Maomé tornaram-se cadáveres adorados e os incréus cadáveres apetecidos pelos beatos.

23 de Agosto, 2017 Carlos Esperança

Questão de reciprocidade

Leio que Putin, perante o desejo do rei da Arábia Saudita de comprar um grande terreno em Moscovo, para erigir uma grande mesquita a expensas sauditas, lhe terá dito que não havia qualquer problema, só carecia de permissão para edificar, na Arábia Saudita, uma grande igreja ortodoxa.

É irrelevante que a isso se tenha oposto o rei desse Estado Islâmico cujo financiamento do terrorismo é esquecido pelos beneficiários ocidentais da sua riqueza de combustíveis fósseis, ao ponto de lhe conferirem alvará de “amigo do Ocidente”. Argumentar que não seria possível pelo facto de a religião dele ser verdadeira contrariamente ao cristianismo ortodoxo, ou o facto de Putin lhe ter afirmado pensar exatamente o contrário, é irrisório face ao que está em causa.

Neste caso nem a veracidade da notícia é importante, o que está em causa é a cobardia dos governantes dos países democráticos em exigirem a reciprocidade que se impõe na relação entre Estados.

Para quem defende a superioridade moral das democracias e dos Estados laicos perante os totalitarismos religiosos ou políticos, considero um pressuposto ético a exigência da reciprocidade que Putin alegadamente exigiu ao monarca medieval de um país pária que suborna os líderes pusilânimes de países civilizados.

18 de Agosto, 2017 Carlos Esperança

Não gosto de ser atropelado por fanáticos

Depois de Nice e Berlim (2010), Estocolmo e Londres (2017), onde veículos movidos a ódio e conduzidos por crentes tresloucados pelos versículos do Corão, assassinaram 108 transeuntes e estropiaram centenas de outros, juntam-se agora 13 mortos (para já) e uma centena de feridos na cidade de Barcelona.

‘Las Ramblas’, que recordo como espaço cosmopolita onde pessoas de todas as idades e das mais diversas proveniências vagueavam durante a noite, gozando a tranquilidade de uma cidade imensa onde a beleza e a cultura as atraíam, ficaram agora manchadas pelo sangue inocente que facínoras de Alá provocaram.

Os 687 jihadistas detidos em Espanha, desde 2010, não foram prevenção bastante para a macabra sucessão de crimes religiosos que o fascismo islâmico prossegue com metódica e implacável regularidade.

Aos 191 mortos da estação ferroviária de Atocha, juntam-se agora os de Barcelona, e já há notícias de mais crimes da mesma inspiração.

Dizer que o Corão é mal interpretado, e reafirmar que o Islão, de que as maiores vítimas são os próprios muçulmanos, é uma religião de paz é como dizer que o Mein Kampf foi mal compreendido e que o nazismo é uma ideologia patriótica e pacífica.

É tão grave incluir todos os muçulmanos na responsabilidade dos crimes como ingénuo absolver o livro que os intoxica e os clérigos que os acirram.

Não há pachorra!

17 de Agosto, 2017 Carlos Esperança

Nossas Senhoras loucas

Em Lousada e no Funchal
Alerta! As nossas senhoras são
todas loucas e as suas festas matam

Não é de estranhar. As nossas senhoras do cristianismo católico romano são loucas e as suas festas estão a revelar-se cada vez mais assassinas das devotas, dos devotos. O 15 de Agosto de cada ano é o dia maior de todas as nossas senhoras. As populações desconhecem que, como deusas primitivas que são, as nossas senhoras são jibóias em forma humana que se alimentam de devotas, devotos vivos de qualquer idade. Ficam-lhes com o dinheiro e o ouro para os sacerdotes dos seus santuários e, por fim, comem-nas vivas. Este ano, o caso mais gritante em Portugal é o da nossa senhora do monte. no Funchal, com 13 pessoas mortalmente esmagadas pela queda de uma árvore gigante e 50 outras feridas com mais ou menos gravidade. O Governo regional, com as eleições autárquicas à porta, apressa-se a decretar luto regional e lava as mãos como Pilatos. Já em Lousada, foi o andor gigante que caiu e causou alguns feridos. Alerta, pois, devotas, devotos de todo o mundo católico.