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Carlos Esperança

12 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

Turquia – O fascismo islâmico avança em silêncio

Denuncio, há muito, o perigo do país onde a laicidade se degradou perante sucessivos atestados de islamita moderado, passados ao líder político pelos regimes democráticos da Europa e pelos EUA.

A escalada na conquista do poder absoluto de Erdogan só foi possível com o incentivo desses países, quando o Irmão muçulmano ganhou democraticamente as eleições, para a decapitação das Forças Armadas e dos Tribunais, guardiões da laicidade.

O assassinato de dois juízes, que subscreveram o acórdão que legitimava a interdição do uso do véu nas Universidades, mereceu de Erdogan palavras públicas de compreensão, em defesa da liberdade, … de usar símbolos religiosos, que a Constituição proibia. Nem aí, sem repúdio pelo assassinato de juízes, houve um sobressalto perante o político que tinha como objetivo combater a laicidade e estimular o fervor islâmico.

A Turquia dispõe do exército mais numeroso da Nato fora dos EUA e do segundo mais poderoso, depois do Reino Unido, com um enorme arsenal nuclear da Nato estacionado no seu território.

Uma tentativa falhada de golpe de Estado, mal esclarecida, permitiu ao presidente entrar na violenta repressão contra a comunicação social, os Tribunais, as universidades e os militares que lhe oferecessem absoluta confiança.

Na última terça-feira, dia 5 de dezembro, quando os convites do reitor da Universidade de Coimbra chegavam a casa dos professores a convidá-los para a missa da Imaculada, em 8 de dezembro, na Turquia começou o julgamento de centena e meia de professores universitários acusados de “terrorismo”, sujeitos a longas penas de prisão, pelo “crime” de terem subscrito, em janeiro de 2016, um abaixo-assinado que apelava a negociações com o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) que Erdogan considera terrorista.

O ato inofensivo de apelar ao retomar das negociações de paz no Sudeste do País não é abrangido pelo direito de expressão e pode estender-se a todos os 1128 professores que assinaram a petição. Resta acrescentar que, segundo a revista Visão, de onde recolhi os dados numéricos, 885 desses professores universitários, signatários da petição, já foram alvos de processos administrativos e disciplinares para os expulsar da docência.

Nas universidades dos países democráticos não há um movimento de solidariedade com os colegas turcos, talvez distraídos com a época natalícia. Por razões geoestratégicas, a Europa, Rússia e EUA preferem o silêncio à coragem de enfrentar a deriva ditatorial.

A Turquia é uma metástase do islamismo político que alastra lenta e silenciosamente sem respeito pelos direitos humanos nem pela herança de Mustafa Kemal Atatürk.

11 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

Jerusalém e a Assembleia da República (AR)

A maldição da cidade santa de três monoteísmos, que se digladiam entre si, transforma-a num barril de pólvora pronto a explodir à aproximação de qualquer detonador.

O proselitismo religioso e o expansionismo sionista conjugaram-se para dificultar a paz e a convivência entre Estados. O caminho do Paraíso que aí buscam, através de orações e bombas, os muçulmanos, judeus e cristãos, fazem da cidade um Inferno, e da região o húmus onde germina o ódio e o terrorismo.

Para ampliar a tragédia, quiçá para antecipar o Armagedão, faltava o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e o anúncio da transferência da embaixada dos EUA de Telavive para Jerusalém, decididos por Trump, contra os avisos de líderes mundiais e as sucessivas decisões da ONU, num intolerável atropelo ao direito internacional.

Jerusalém, cidade do Muro das Lamentações, da Basílica do Santo Sepulcro e do Domo da Rocha, que inclui a Mesquita de Al-Aqsa, foi o local de partida de Cristo e Maomé a caminho do Paraíso de cada um deles, segundo a mitologia das respetivas religiões, e é a cidade onde os judeus ortodoxos cabeceiam o Muro das Lamentações.

Não se sabe se a decisão irracional, de consequências imprevisíveis para a região e para o mundo, teve em vista desviar atenções das investigações por corrupção de Netanyahu e da interferência da Rússia nas eleições que conduziram Trump à presidência e que ora conseguiu, pela primeira vez, unir o mundo. Contra os EUA e Israel.

Portugal “condena o reconhecimento de Jerusalém como capital do Estado de Israel pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump”, com votos favoráveis de todos os partidos, perante um voto apresentado por BE, PS e PAN. Com a enigmática abstenção de João Soares (PS) a várias propostas, houve unanimidade em todos os partidos, PSD, PS, PCP, BE, PEV, PAN, só quebrada no CDS. Vale a pena averiguar os problemas de consciência que dilaceraram o partido mais à direita, onde a líder, prudentemente, votou com outros deputados a condenação dos EUA.

O que terá levado cinco deputados do CDS a absterem-se e Teresa Caeiro e João Rebelo a votarem contra?

9 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

Momento de poesia

Oração poética

Quando se fala de caridade

deve falar-se de fé e ideologia

e de Isabel Jonet*

que trabalha de graça para Deus,

embora o Nazareno, sem saber a tabuada,

lhe tenha feito uma partida,

baralhando o jogo

com o milagre da multiplicação dos pães…

Alexandre de Castro

Lisboa, Dezembro de 2017

7 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

Os padres mentem

Terça-feira, 20 de julho de 2010 A Igreja e os seus conventos-cárceres franquistas.
 Diário de uns Ateus – É fácil a leitura em espanhol
«La Iglesia es una institución autocrática y absolutista, así como tradicionalmente oscurantista. De ahí que se lleve tan bien con los regímenes totalitarios, en particular el fascismo y el nazismo, dado que se ve replicada en ellos. Así es como la Iglesia ha proporcionado históricamente apoyo moral y justificación ideológica a los más violentos regímenes totalitarios y brutales dictaduras militares en todo el mundo (Europa, América Latina, África, etc.).

Para el papa Pío XII, el régimen ideal de gobierno era el que se daba en la España de Franco y felicitó personalmente a Franco (caudillo “por la gracia de Dios”) por la “victoria católica” en España. Además, en 1953, el Vaticano, con Pío XII a la cabeza, otorgó a Franco, en una solemne ceremonia, la mayor condecoración que concede la Iglesia católica: la Suprema Orden de Cristo.

Para que se saiba, abram o link abaixo.
Blog: Los curas mienten
Entrada: La Iglesia y sus conventos-cárceles franquistas.
6 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

A Universidade de Coimbra e a missa da Imaculada_2

Quando o reitor da Universidade decide convidar os professores, funcionários e alunos para a missa, abdica de ser uma autoridade académica e torna-se o muezim romano que se encarrega de anunciar o momento da oração.

5 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

A Universidade de Coimbra e a missa da Imaculada

A Universidade de Coimbra é capaz do melhor e do pior, de gerar cientistas de elevado mérito e beatos capazes de conduzir a caldeirinha, com o hissope, atrás das saias de um capelão. Tem investigadores notáveis e beatos de rara sofreguidão teófaga, deliciando-se com a missa e hóstia diárias, às vezes os mesmos, assunto que devia ser de natureza particular, e seria de intolerância e mau gosto comentar.

Acontece, porém, que o Magnífico Reitor entende que na Universidade, onde a tradição e os dinheiros públicos mantêm um capelão, deve ser ele e o capelão a convidarem os professores, alunos e funcionários, para a missa de homenagem à padroeira da Universidade – a Imaculada Conceição –, que terá lugar a 8 de dezembro, pelas 12H00, na capela de S. Miguel.

Que o capelão, no exercício das funções, convide os créus a assistir a uma cerimónia da sua religião, compreende-se. Permite, aliás, ver a magnífica capela, uma relíquia da arte sacra, e, no caso dos devotos, venerarem um dos numerosos avatares da mãe de Jesus que o Papa Pio IX, em 8 de dezembro de 1854, tornou obrigatoriamente virgem, como é hábito milenar para as mães de diversos deuses.

O que não é aceitável é que a mais alta entidade académica, de uma Universidade laica, se comporte como o diretor de uma escola confessional ou o mullah de uma madrassa. Quem preside ao areópago da Ciência e das Humanidades não pode dedicar-se às coisas pias, sobretudo num país laico onde a separação das Igrejas e do Estado é obrigatória.

São exemplos destes que levaram uma ilustre e beata professora, quando vice-reitora, a propor a recriação da Faculdade de Teologia, o que não conseguiu porque o bom senso e a formação cívica do corpo docente a inviabilizaram.

Uma faculdade de teologia teria certamente licenciaturas em islamismo, cristianismo e judaísmo, bacharelatos em hinduísmo, xintoísmo e budismo, graduações em lançamento de búzios, mestrados em tarô e bruxaria, e doutoramentos em exoterismo.

Não falei dos méritos – são muitos –, que exornam a Universidade de Coimbra, lamento as atitudes que a desprestigiam. A Universidade devia ser o último reduto na defesa da laicidade e não a vanguarda do convite à genuflexão pia, à prática litúrgica e à devoção.

4 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

A apostasia

À semelhança do que tem feito a Associação Ateísta Portuguesa também em Espanha numerosos cidadãos renunciam à religião em que os batizaram, neste caso a Igreja católica.

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